Free negro
Na história dos Estados Unidos, a locução free negro ou free black ('negro livre') refere-se ao estatuto legal dos afro-americanos não escravizados. Aplicava-se tanto aos escravos libertos quanto aos negros nascido livres, nos Estados Unidos.
O termo foi usado desde o período colonial até a abolição da escravidão nos Estados Unidos, em dezembro de 1865.
História
[editar | editar código-fonte]A escravidão era legal e praticada em todas as colônias europeias na América do Norte, em vários pontos da história. Nem todos os africanos que vinham para a América eram escravos; alguns chegaram mesmo no século XVII como homens livres, como marinheiros trabalhando em navios. Nos primeiros anos coloniais dos Estados Unidos, alguns africanos vinham como servos contratados que foram libertados após um determinado período de anos, assim como muitos dos imigrantes da Europa. Esses servos tornavam-se livres quando completavam seu mandato de escritura; eles também eram elegíveis para os direitos de propriedade de terras na nova colônia na região da Baía de Chesapeake, onde servos contratados eram mais comuns. Já em 1678, uma classe de negros livres existia na América do Norte.[1]
Vários grupos contribuíram para o crescimento da população negra livre:
- crianças nascidas de mulheres livres de cor (ver Partus sequitur ventrem)
- crianças mulatas nascidas de mulheres brancas contratadas ou livres
- crianças miscigenadas (indígenas negras) nascidas de mulheres indígenas livres (a emancipação na década de 1860)[2]
- escravos libertos
- escravos que escaparam de seus senhores[1]
Na maioria dos lugares, os trabalhadores negros eram empregados domésticos ou trabalhadores agrícolas. A mão-de-obra negra era de importância econômica nas plantações de tabaco voltadas para a exportação da Virgínia e Maryland, e nas plantações de arroz e índigo da Carolina do Sul.[3] Entre 1620 e 1780, cerca de 287 000 escravos foram importados para as Treze Colônias, ou 2% dos mais de seis milhões de escravos trazidos da África. A grande maioria dos escravos africanos transportados foi para colônias produtoras de açúcar no Caribe e no Brasil, onde a expectativa de vida era curta e o número de escravos precisava ser continuamente reabastecido.
Free Negroes notáveis
[editar | editar código-fonte]Nascidos antes de 1800
[editar | editar código-fonte]- Richard Allen – fundador da Igreja Metodista Episcopal Africana, primeira denominação negra independente nos EUA, cofundador da Free African Society
- Benjamin Banneker – autor do almanaque, astrônomo, agrimensor, naturalista e fazendeiro
- Elizabeth Freeman – curandeira, parteira e enfermeira que alcançou sua liberdade em 1781
- Prince Hall – conhecido como abolicionista por sua liderança na comunidade negra livre em Boston e como fundador da Maçonaria Prince Hall
- Anthony Johnson (colono) – ex-escravo que se tornou proprietário de escravos
- Absalom Jones – primeiro sacerdote episcopal negro ordenado; santo
- John Berry Meachum – ministro batista, empresário, educador
- Jane Minor – curandeira e emancipadora
- Jean Baptiste Pointe du Sable – fundador de Chicago e comerciante
- Lucy Terry – autora
- Sojourner Truth – abolicionista e ativista dos direitos das mulheres
- David Walker – abolicionista
- Phillis Wheatley – primeira poetisa afro-americana publicada
- Theodore S. Wright – ministro, cofundador da Sociedade Antiesclavagista Americana
1800–1865
[editar | editar código-fonte]- William Wells Brown – escravo fugitivo, autor, dramaturgo, ativista
- Charlotte L. Brown – ativista dos direitos civis na década de 1860 em São Francisco
- Thomas Day – marceneiro preeminente antes da guerra e abolicionista da Carolina do Norte
- Martin Delany – abolicionista, escritor, médico e defensor do nacionalismo negro
- Moses Dickson – abolicionista, soldado, ministro, organizador
- Frederick Douglass – escravo fugitivo, reformador, escritor e estadista
- William Ellison – proprietário e empresário
- Henry Highland Garnet – abolicionista e educador
- Cynthia Hesdra – ex-escrava e empresária de Nova York
- Harriet Jacobs – escritora e abolicionista
- Biddy Mason – enfermeira, parteira, empresária, filantropa
- Mary Meachum – condutora de ferrovia subterrânea e Presidente da Sociedade de Ajuda às Mulheres de Cor
- William Cooper Nell – jornalista
- William Nesbit – ativista dos direitos civis na Pensilvânia
- Solomon Northup – escritor da narrativa de escravos Twelve Years a Slave
- Sarah Parker Remond – conferencista e abolicionista, médica
- Charles Lenox Remond – orador, ativista e abolicionista
- Daniel Payne – educador, administrador de faculdade e autor
- Robert Purvis – abolicionista
- David Ruggles – ativista antiescravidão
- Heyward Shepherd – morto no ataque de John Brown em Harpers Ferry
- Michael Shiner – diarista
- Maria Stewart – jornalista, abolicionista e ativista
- William Still – abolicionista, escritor e ativista
- Pierre e Juliette Toussaint – filantropos
- Harriet Tubman – escrava fugitiva, abolicionista, organizadora da Underground Railway ("regente")
- Harriet Wilson – romancista
Referências
- ↑ a b Frazier, Edward Franklin (1968). The Free Negro Family. [S.l.: s.n.]
- ↑ Seybert, Tony (4 de agosto de 2004). «Slavery and Native Americans in British North America and the United States: 1600 to 1865». Slavery in America. Consultado em 14 de junho de 2011. Cópia arquivada em 4 de agosto de 2004
- ↑ Betty Wood (2013). Slavery in Colonial America, 1619–1776 (link: excerpt and text search).
- ↑ Davey, Monica (24 de junho de 2003). «Tribute to Chicago Icon and Enigma». New York Times. Consultado em 25 de agosto de 2010
- ↑ Andreas, Alfred Theodore (1884). History of Chicago. From the earliest period to the present time, volume 1. [S.l.]: A. T. Andreas. Consultado em 25 de janeiro de 2011
Leitura adicional
[editar | editar código-fonte]- Berlin, Ira. Slaves Without Masters: The Free Negro in the Antebellum South (1974).
- Burton, Orville Vernon. "Anatomy of an Antebellum Rural Free Black Community: Social Structure and Social Interaction in Edgefield District, South Carolina, 1850–1860," Southern Studies: An Interdisciplinary Journal of the South (1982) 21#3 pp. 294–325.
- Curry, Leonard P. The Free Black in Urban America, 1800–1850: The Shadow of the Dream (University of Chicago Press, 1981).
- Diemer, Andrew K. The Politics of Black Citizenship: Free African Americans in the Mid-Atlantic Borderland, 1817–1863 (University of Georgia Press, 2016). xvi, 253 pp.
- Franklin, John Hope. Free Negroes in North Carolina.
- Hancock, Scott. "From "No Country" to "Our Country!" Living Out Manumission and the Boundaries of Rights and Citizenship, 1773–1855." Paths to Freedom: Manumission in the Atlantic World (University of South Carolina Press, 2009), 265–289.
- Horton, James O. Free People of Color: Inside the African American Community (Smithsonian Institution Press, 1993).
- Horton, James O., and Lois E. Horton. Black Bostonian's: Family Life and Community Struggle in the Antebellum North (New York: Holmes and Meier, 1979).
- King, Wilma. The Essence of Liberty: Free Black Women during the Slave Era (2006).
- Lebsock, Susan. "Free black women and the question of matriarchy: Petersburg, Virginia, 1784–1820," Feminist n Mk (1982) 8#2 pp. 271–92.
- Polgar, Paul J. "'Whenever They Judge it Expedient': The Politics of Partisanship and Free Black Voting Rights in Early National New York," American Nineteenth Century History (2011), 12#1 pp. 1–23.
- Rohrs, Richard C., "The Free Black Experience in Antebellum Wilmington, North Carolina: Refining Generalizations about Race Relations," Journal of Southern History 78 (August 2012), 615–38.
- Wilson, Theodore Brantner. The Black Codes of the South. University of Alabama Press, 1965.
Ligações externas
[editar | editar código-fonte]- The University of North Carolina at Greensboro Digital Library on American Slavery: Browse Subjects – Free People of Color