Fundação Oswaldo Cruz

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Fundação Oswaldo Cruz

Fiocruz
Organização
Natureza jurídica Fundação pública[1]
Missão Promover a saúde e o desenvolvimento social, gerar e difundir conhecimento científico e tecnológico, ser um agente da cidadania.
Dependência Governo do Brasil
Ministério da Saúde
Chefia Mário Moreira, presidente[2]
Localização
Jurisdição territorial  Brasil
Sede Rio de Janeiro,  Rio de Janeiro
Histórico
Antecessor Instituto Soroterápico Federal, Instituto de Patologia Experimental de Manguinhos, Instituto Oswaldo Cruz, Fundação Instituto Oswaldo Cruz
Criação 25 de maio de 1900 (123 anos)
Sítio na internet
www.fiocruz.br

Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é uma instituição nacional de pesquisa e desenvolvimento em ciências biológicas, localizada no estado do Rio de Janeiro, Brasil, e vinculada ao Ministério da Saúde. Criada em 1900 pelo renomado médico sanitarista Oswaldo Cruz, é a mais importante instituição de ciência e tecnologia em saúde da América Latina, sendo referência em pesquisas na área de saúde pública.[3]

Sua sede localiza-se no bairro de Manguinhos, na Zona Norte do Rio de Janeiro, onde estão os prédios históricos do antigo Instituto Soroterápico Federal – como o Pavilhão Mourisco, o Pavilhão do Relógio e a Cavalariça.[4]

Pavilhão Mourisco, sede da Fundação Oswaldo Cruz,  no bairro de Manguinhos

A Fiocruz está presente em 10 estados brasileiros, além de um escritório internacional em Maputo, Moçambique. Conta com 16 unidades técnico-científicas, voltadas para ensino, pesquisa, inovação, assistência, desenvolvimento tecnológico e extensão no âmbito da saúde.[5][6]

Histórico[editar | editar código-fonte]

Oswaldo Cruz, pioneiro no estudo das moléstias tropicais e da medicina experimental no Brasil.

As origens da fundação remontam ao início do século XX com a criação do Instituto Soroterápico Federal em 25 de maio de 1900 (cujo objetivo inicial era o de fabricar soros e vacinas contra a peste bubônica). Em 1901, passou para o governo federal, com o nome modificado para Instituto Soroterápico Federal.[7]

Em 12 de dezembro de 1907, passou a denominar-se Instituto de Patologia Experimental de Manguinhos (referência ao nome do bairro carioca onde fica sua sede) e, em 19 de março de 1918, em homenagem a Oswaldo Cruz, passou a chamar-se Instituto Oswaldo Cruz. Em maio de 1970, tornou-se Fundação Instituto Oswaldo Cruz, adotando a sigla Fiocruz, que continua a ser utilizada mesmo depois de maio de 1974, quando recebeu a atual designação de Fundação Oswaldo Cruz.[7]

Seu principal objetivo é a pesquisa e o tratamento das doenças tropicais. Seu trabalho não se limitou ao Rio de Janeiro nem à pesquisa e produção de vacinas. Nas campanhas de saneamento das cidades assoladas por surtos e epidemias de febre amarela, varíola e peste bubônica, teve que enfrentar uma cerrada oposição e um levante popular — a Revolta da Vacina. Ao se ocupar de condições de vida das populações do interior, deu origem a debates que resultaram na criação do Departamento Nacional de Saúde Pública, em 1920.[7]

Em 1970, o instituto e outros órgãos federais foram congregados na Fundação Oswaldo Cruz, mais conhecida como Fiocruz, atualmente considerada uma das mais importantes instituições brasileiras de pesquisa na área da saúde.[7]

Castelo da Fiocruz[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Pavilhão Mourisco
Palácio de Manguinhos, a sede da Fiocruz

O Castelo da Fiocruz, também conhecido como Pavilhão Mourisco ou Palácio de Manguinhos, foi projetado pelo arquiteto português Luiz Moraes Júnior com base em desenhos do próprio Oswaldo Cruz. A edificação começou a ser construída em 1905 e foi inaugurada em 1918. O edifício mescla referências mouriscas e europeias, e situa-se no alto de uma elevação, destacando-se na paisagem. Grande parte dos seus materiais foi importada, com exceção da madeira e do granito, e sua construção foi executada por mão de obra majoritariamente estrangeira.[8][9]

A instituição que receberia seu nome, foi imaginada por Oswaldo Cruz à semelhança ao Instituto Pasteur, em Paris, reunindo a produção de vacinas e remédios, a pesquisa científica e demais atividades ligadas à saúde pública. Hoje, o edifício abriga áreas administrativas da Presidência da Fiocruz e do Instituto Oswaldo Cruz, mas está aberto à visitação, fazendo parte do circuito oferecido pelo Museu da Vida Fiocruz da Casa de Oswaldo Cruz.[9]

Em 1981 o Pavilhão Mourisco, junto a outros edifícios componentes do Núcleo Arquitetônico Histórico de Manguinhos, foi tombado a nível federal pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). A própria Fiocruz atua na preservação e restauração desse conjunto, assim como de todo o patrimônio arquitetônico, arqueológico e urbanístico da Fundação.[10][9]

Por sua importância história, cultural e científica, o Castelo Fiocruz é candidato à Patrimônio Cultural da Humanidade.[9]

Pesquisa[editar | editar código-fonte]

Além do desenvolvimento de novas tecnologias para a fabricação em larga escala das vacinas contra a febre amarela e a varíola, devem ser citadas outras importantes contribuições, como:

  • Descoberta da vacina contra o carbúnculo do gado, ou peste da Manqueira, por Alcides Godoy;
  • Os estudos de micologia de Olympio Oliveira Ribeiro da Fonseca (1895-1978) e Arêa Leão;
  • A descrição completa do fungo responsável pela paracoccidiomicose, mais conhecida por mal de Lutz, por Adolfo Lutz (1855-1940);
  • As pesquisas sistemáticas de helmintos, de Lauro Pereira Travassos (1890-1970);
  • A descrição do ciclo do Schistosoma mansoni (ver Esquistossomose);
  • A causa do tifo exantemático (o germe bacteriforme Rickettsia prowasecki) por Henrique da Rocha Lima;
  • O isolamento do vírus da SIDA em circulação no Brasil, por Bernardo Galvão.
  • Pesquisadores da Fiocruz estão estudando o novo coronavírus COVID-19 em 2020.[11]
  • Em 2020 a Fiocruz realizou a capacitação de profissionais de saúde do Brasil e América Latina para diagnóstico laboratorial do novo vírus causador da covid-19.[12][13][14][15][16][17]

Dados para pesquisa[editar | editar código-fonte]

Arca Dados

O Arca Dados é o repositório oficial da Fiocruz para arquivar, publicar, disseminar, preservar e compartilhar os dados digitais para pesquisa produzidos pela comunidade Fiocruz ou em parceria com outros Institutos ou órgãos de pesquisas, com o objetivo de fomentar novas pesquisas, garantir a reprodutibilidade ou replicabilidade de pesquisas existentes e promover uma ciência aberta e cidadã.

Desde 2017, a instituição vem ampliando o debate no âmbito da ciência aberta, com ênfase na gestão, compartilhamento e abertura de dados para pesquisa, delineando estratégias para o estabelecimento de estruturas, processos e normas para a gestão dos dados oriundos das pesquisas científicas na Instituição.

Um desses resultados é a “Política de gestão, compartilhamento e abertura de dados para pesquisa: princípios e diretrizes”,[18] lançada em 2020, que traz orientações para que os dados para pesquisa, como bens públicos, sejam disponibilizados de forma aberta, ética, íntegra, acessível, de maneira oportuna e responsável, considerando as políticas estratégicas da pesquisa científica nacional, os interesses institucionais e as normas regulatórias vigentes.

Vacina covid-19[editar | editar código-fonte]

Em 2020, a Fiocruz fez uma parceria com a Universidade de Oxford e o laboratório AstraZeneca para a produção da vacina ChAdOx1 (ou só vacina de Oxford) no Brasil. O imunizante, depois de aprovado pela Anvisa, será produzindo no Instituto Bio-Manguinhos, uma unidade da Fundação.[19]

Notas: veja também o especial Observatório Covid-19 e Vacinas contra covid-19

Editora[editar | editar código-fonte]

A Editora Fiocruz foi lançada em 1993,[20] com sede no Rio de Janeiro. Ela produz e difunde livros em saúde pública, ciências biológicas e biomédicas, pesquisa clínica, e ciências sociais e humanas em saúde,[21] além de possuir coleções nos temas de Antropologia e Saúde, Bioética e Saúde, Criança, Mulher e Saúde, Fazer Saúde, História da Saúde, Loucura & Civilização, Saúde dos Povos Indígenas e Temas em Saúde.[22]

Em 2020, durante a Pandemia de COVID-19, a Editora disponibilizou 182 livros sobre o tema de graça.[23] Em 2022, dois livros da Editora sobre COVID-19 foram finalistas do Prêmio Jabuti.[24] No mesmo ano, três livros da Editora foram finalistas no Prêmio Abeu, nas categorias de Ciências Naturais e Matemáticas e Ciências da Vida.[25]

Unidades[editar | editar código-fonte]

Escada do Castelo
Centro de Tecnologia de Vacinas da Fiocruz

Técnico-científicas[editar | editar código-fonte]

A Fiocruz tem 21 unidades técnico-científicas, sendo 11 localizadas no Rio de Janeiro, 10 localizadas em outros estados brasileiros e uma unidade em Maputo, capital de Moçambique.

No Rio de Janeiro[editar | editar código-fonte]

As unidades técnico-científicas localizadas no Rio de Janeiro são as seguintes:

Fundação de apoio:

  • Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec)

Fora do Rio de Janeiro[editar | editar código-fonte]

As unidades técnico-científicas localizadas fora do Rio de Janeiro são as seguintes:

  • Instituto Aggeu Magalhães (IAM) - Fiocruz Pernambuco;
  • Instituto Gonçalo Moniz (IGM) - Fiocruz Bahia;
  • Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD) - Fiocruz Amazônia;
  • Instituto René Rachou (IRR) - Fiocruz Minas Gerais;
  • Instituto Carlos Chagas (ICC) - Fiocruz Paraná;
  • Gerência Regional de Brasília (Gereb) - Fiocruz Brasília;
  • Escritório Técnico Fiocruz Mato Grosso do Sul;
  • Escritório Técnico Fiocruz Rondônia;
  • Escritório Técnico Fiocruz Ceará;
  • Escritório Técnico Fiocruz Piauí;
  • Escritório Internacional em Moçambique - Fiocruz África.

Administrativas[editar | editar código-fonte]

Também existe mais 4 unidades administrativas todas ligadas a presidência da Fiocruz.

  • Coordenação-geral de Infraestrutura dos Campi (Cogic);
  • Coordenação-geral de Administração (Cogead);
  • Coordenação-geral de Gestão de Pessoas (Cogepe);
  • Coordenação-geral de Planejamento (Cogeplan);
  • Coordenação-geral de Gestão de Tecnologia de Informação (Cogetic).
Panorama da sede da fundação

Na imprensa[editar | editar código-fonte]

Devido a seu papel durante a pandemia de covid-19, a Fiocruz foi amplamente citada pela imprensa. Em 03 de janeiro de 2021, o termo "Fiocruz" tinha 2 330 000 resultados para "notícias" na busca no Google.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Fiocruz, ed. (2011). > «Conheça a Fiocruz». Consultado em 24 de abril de 2016 
  2. «Mario Moreira toma posse como presidente da Fiocruz» 
  3. «Radioagência Nacional Mobile». m.radioagencianacional.ebc.com.br. Consultado em 16 de março de 2017 
  4. «Visite a Fiocruz». Fiocruz. Consultado em 3 de janeiro de 2021 
  5. «Unidades e escritórios». Fiocruz: Unidades e escritórios. Fundação Osvaldo Cruz. Consultado em 11 de janeiro de 2021 
  6. « Instituto Gonçalo Moniz – FIOCRUZ BAHIA ». FIOCRUZ BAHIA. Consultado em 27 de outubro de 2021. Cópia arquivada em 28 de outubro de 2021 
  7. a b c d FioCruz (ed.). «História». Consultado em 24 de abril de 2016 
  8. Martins, Ana Cecilia,; Rio de Janeiro (Brazil). Secretaria Municipal de Cultura,. Guia da arquitetura do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro, RJ: [s.n.] OCLC 995850633 
  9. a b c d «Castelo: Patrimônio da ciência». Fiocruz. Consultado em 3 de janeiro de 2021 
  10. «Bens Tombados». IPHAN. Consultado em 3 de outubro de 2020 
  11. Fiocruz - Coronavirus
  12. Fiocruz dá treinamento para diagnóstico do novo coronavirus
  13. Fiocruz capacita países para diagnóstico do novo coronavirus
  14. Profissionais de 9 Estados do Brasil recebem treinamento para diagnóstico laboratorial do novo coronavirus
  15. Fiocruz capacita países da América Latina para diagnóstico laboratorial do novo coronavirus
  16. Fiocruz e OPAS/OMS promovem capacitação para diagnóstico do novo coronavirus
  17. Brasil capacita nove países para diagnóstico do novo coronavírus
  18. FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ (24 de setembro de 2020). «Política de gestão, compartilhamento e abertura de dados para pesquisa: princípios e diretrizes». Arca: Repositório institucional da Fiocruz. Consultado em 16 de setembro de 2022 
  19. «Fiocruz vai entregar vacina contra a Covid-19 em fevereiro». Fiocruz. Consultado em 3 de janeiro de 2021 
  20. «Editora Fiocruz celebra 30 anos com chamada especial para submissão de livros acadêmicos». Editora Fiocruz. 13 de outubro de 2022. Consultado em 30 de outubro de 2022. Cópia arquivada em 30 de outubro de 2022 
  21. «Sobre a Editora». Editora Fiocruz. Consultado em 30 de outubro de 2022. Cópia arquivada em 30 de outubro de 2022 
  22. «Conselho Editorial». Editora Fiocruz. Consultado em 30 de outubro de 2022. Cópia arquivada em 30 de outubro de 2022 
  23. Vitor Paiva (11 de maio de 2020). «Fiocruz disponibiliza download de 182 livros para quarentena». Hypeness. Consultado em 30 de outubro de 2022. Cópia arquivada em 30 de outubro de 2022 
  24. Germana Macambira (25 de outubro de 2022). «Prêmio Jabuti 2022: saiba quais são os primeiros finalistas». Folha de Pernambuco. Consultado em 30 de outubro de 2022. Cópia arquivada em 30 de outubro de 2022 
  25. Eduardo Rosa (18 de outubro de 2022). «Conheça os finalistas do Prêmio ABEU 2022» (em inglês). Associação Brasileira das Editoras Universitárias. Consultado em 30 de outubro de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]