Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030

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O Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 (GT Agenda 2030 ou GTSC A2030) é uma coalizão formada por mais de 50 organizações não governamentais, movimentos sociais, fóruns e fundações brasileiras que atuam no seguimento da implementação e monitoramento da Agenda 2030 e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), construídos sobre o legado dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. É cofacilitado pelas ONGs ACT Promoção da Saúde; Gestos - Soropositividade, Comunicação e Gênero; e Instituto Democracia e Sustentabilidade (IDS).

As Organizações da Sociedade Civil (OSCs) cumprem um importante papel no cumprimento da Agenda 2030. O GT incide sobre o Estado brasileiro e as organizações multilaterais, promovendo o desenvolvimento sustentável, o combate às desigualdades e às injustiças e o fortalecimento de direitos universais, indivisíveis e interdependentes, com base no pleno envolvimento da sociedade civil em todos os espaços de tomada de decisão.

Sua formalização ocorreu em 9 de setembro de 2014 e resultou do constante encontro entre organizações da sociedade civil durante o seguimento das negociações da Agenda Pós-2015 e seus desdobramentos.[1] Desde então, vem atuando na difusão, promoção e monitoramento da Agenda 2030, divulgação dos ODS, mobilização da sociedade civil e incidência política junto ao governo brasileiro, governos subnacionais e organismos do sistema Nações Unidas.

O GT Agenda 2030 é fruto do intenso processo em torno das negociações sobre as novas metas globais, a partir de uma articulação nacional liderada pela Associação Brasileira de ONGs (Abong) e desenvolvido em parceria com diversas organizações da sociedade civil já engajadas no processo, que culminou na aprovação da Agenda 2030 durante a Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, na 70ª Assembleia Geral das Nações Unidas.[2][3] O documento "Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável"[4] foi assinado pelos 193 países-membros da ONU, incluindo o Brasil.[5]

Relatório Luz[editar | editar código-fonte]

O Relatório Luz da Sociedade Civil sobre a Agenda 2030 no Brasil é um documento elaborado pelo Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030 (GT Agenda 2030 ou GTSC A2030) que analisa dados oficiais e evidências e mostra o que o Brasil precisa fazer para cumprir o compromisso que assumiu junto à ONU de alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030. É concebido por dezenas de experts que, juntos, cobrem todas as áreas dos 17 ODS.

A publicação tem cinco edições (2017, 2018, 2019, 2020 e 2021) disponibilizadas tanto em português quanto em inglês. A primeira edição foi lançada em Brasília (DF) durante o seminário "Consulta à sociedade civil: avanços e perspectivas da Agenda de 2030 e as prioridades futuras da União Europeia no Brasil", realizado nos dias 6 e 7 de junho de 2017 pelo GT Agenda 2030 em conjunto com a missão da União Europeia no Brasil e a Fundação Friedrich Ebert (FES).[6] Posteriormente, foi lançada também durante a audiência pública "Os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável: Avanços e Desafios na Implementação da Agenda 2030 no Brasil",[7] na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Câmara dos Deputados, em evento conjunto no dia 8 de junho de 2017 com a Frente Parlamentar dos ODS. Foi ainda levada ao Fórum Político de Alto Nível (HLPF, da sigla em inglês) em julho daquele ano, situação em que significou um contraponto ao Relatório Nacional Voluntário (RNV),[8] apresentado pelo governo brasileiro.

A segunda edição do Relatório Luz[9] foi lançada em 11 de julho de 2018, também em Brasília, no auditório do Instituto de Relações Exteriores da Universidade de Brasília (UnB), e apontou para uma regressão em todas as metas pactuadas com a ONU,[10] em especial o aumento da extrema pobreza no país.[11] A terceira edição do Relatório Luz foi lançada em 22 de agosto de 2019, também em Brasília e no auditório do Instituto de Relações Exteriores da UnB, mostrando um cenário de violações e desrespeito aos direitos sociais, ambientais e econômicos no Brasil.

A quarta edição do Relatório Luz[12] foi lançada no dia 31 de julho de 2020 durante audiência pública da Frente Parlamentar Mista em Apoio aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável do Congresso Nacional. Também foram realizados eventos para a comunidade internacional, em inglês e espanhol. Nessa edição foram verificadas 145 das 169 metas acordadas nas Nações Unidas. Ela também registra as dificuldades no levantamento de informações devido ao “apagão de dados” em curso no país, além da inexistência ou insuficiência de informações nas áreas abordadas.

Já a quinta edição do Relatório Luz[13] foi lançada nacionalmente no dia 12 de julho de 2021 durante a audiência pública "Relatório Luz 2021: implementação dos ODS no Brasil (Agenda 2030)",[14] na Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informática (CCTC) da Câmara dos Deputados, em parceria com a Frente Parlamentar Mista de Apoio aos ODS. Também foram realizados eventos para a comunidade internacional, em inglês e espanhol. Pela primeira vez, nenhuma das 169 metas da Agenda 2030 apresentou progresso satisfatório no Brasil.[15][16] Das 169 metas, 92 (ou 54,4%) estão em retrocesso; 27 (16%) estagnadas; 21 (12,4%) ameaçadas; 13 (7,7%) têm progresso insuficiente; e 1 (0,6%) não se aplica à realidade brasileira. Há, ainda, 15 metas (8,9%) que não foram classificadas por falta de dados.[17] Entre os destaques está o aumento da população vivendo em situação de insegurança alimentar.[18][19] Além da análise das metas, o relatório traz 136 recomendações para que o Brasil avance no cumprimento do que foi pactuado em 2015 na ONU.

Referências

  1. Nilo, Alessandra; Hazard, Damien (2014). A Agenda Pós-205: a sociedade civil e o futuro que queremos pautar na ONU. Friedrich-Ebert-Stiftung (FES) Brasil e ABONG. Acessado em: 4 jun. 2019.
  2. ONU. Cúpula das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável. Acessado em: 4 de jun. 2019.
  3. G1. ONU adota metas de desenvolvimento sustentável dos próximos 15 anos. Acessado em: 4 jun. 2019.
  4. ONU (2015). Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Acessado em: 4 jun. 2019.
  5. Agência Brasil (2015). Todos os países da ONU adotam a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. Acessado em: 4 jun. 2019.
  6. Delegação da União Europeia no Brasil (2017). Seminário-Consulta à Sociedade Civil: Avanços e Perspectivas da Agenda 2030 e as Prioridades Futuras da União Europeia no Brasil. Acessado em: 4 jun. 2019.
  7. Câmara dos Deputados. «Seminário - Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável: Avanços e Desafios na Implementação da Agenda 2030 no Brasil». Portal da Câmara dos Deputados. Consultado em 26 de julho de 2021 
  8. BRASIL (2017). Relatório Nacional Voluntário sobre os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável. Acessado em: 4 jun. 2019.
  9. GT Agenda 2030 (11 de julho de 2019). «III Relatório Luz da Sociedade Civil sobre a Agenda 2030 no Brasil». Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030. Consultado em 26 de julho de 2021 
  10. Portal Metrópoles. Brasil regrediu em todas as metas pactuadas com a ONU. Acessado em: 4 jun. 2019.
  11. El País (2015). “A extrema pobreza voltou aos níveis de 12 anos atrás”. Acessado em: 4 jun. 2019.
  12. GT Agenda 2030 (31 de julho de 2020). «IV Relatório Luz da Sociedade Civil sobre a Agenda 2030 no Brasil». Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030. Consultado em 26 de julho de 2021 
  13. GT Agenda 2030 (12 de julho de 2021). «V Relatório Luz da Sociedade Civil sobre a Agenda 2030 no Brasil». Grupo de Trabalho da Sociedade Civil para a Agenda 2030. Consultado em 26 de julho de 2021 
  14. Câmara dos Deputados (12 de julho de 2021). «Relatório Luz 2021: implementação dos ODS no Brasil (Agenda 2030)». Câmara dos Deputados. Consultado em 26 de julho de 2021 
  15. Câmara dos Deputados (12 de julho de 2021). «Relatório aponta que o Brasil não avançou em nenhuma das 169 metas de desenvolvimento sustentável da ONU». Câmara dos Deputados. Consultado em 26 de julho de 2021 
  16. IstoÉ Dinheiro (23 de julho de 2021). «Brasil retrocede na Agenda 2030». IstoÉ Dinheiro. Consultado em 26 de julho de 2021 
  17. Projeto Colabora (12 de julho de 2021). «Fome: retrocesso dramático em um Brasil de retrocessos». Projeto Colabora. Consultado em 26 de julho de 2021 
  18. O Dia (12 de julho de 2021). «Fome no Brasil: relatório aponta ao menos 100 milhões vivendo sob insegurança alimentar». O Dia. Consultado em 26 de julho de 2021 
  19. Extra (15 de julho de 2021). «Insegurança alimentar atinge mais de metade da população brasileira». Extra. Consultado em 26 de julho de 2021 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]