Gerhoh de Reichersberg

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Gerhoh de Reichersberg
Gerhoh de Reichersberg
Nascimento 1092
Polling
Morte 27 de junho de 1169 (76–77 anos)
Reichersberg
Cidadania Alemanha
Irmão(ã)(s) Arno of Reichersberg
Ocupação teólogo, provost, escritor
Religião Igreja Católica

Gerhoh de Reichersberg (em latim: Gerhohus Reicherspergensis; em alemão: Gerhoch von Reichersberg; Polling, 1093Reichersberg, 27 de junho de 1169 (76 anos)) foi um dos mais importantes teólogos do Sacro Império Romano-Germânico no século XII, prepósito da Abadia de Reichersberg e cônego regular.

Vida[editar | editar código-fonte]

Gerhoh estudou em Frisinga, Mosburg e Hildesheim. Em 1119, o bispo Hermann de Augsburgo chamou de "scholasticus" da escola catedrática da cidade e, logo depois, embora ainda fosse apenas um diácono, tornou-se cônego da Catedral de Augsburgo. Gradualmente, Gerhoh foi adotando uma atitude cada vez mais estrita nos assuntos eclesiásticos até finalmente se afastar (1121) do simoníaco bispo Hermann, refugiando-se num mosteiro em Raitenbuch, na Diocese de Frisinga. Depois da Concordata de Worms (1122), Hermann se reconciliou com o papa legítimo, papa Calisto II, e Gerhoh e ele compareceram ao Concílio de Latrão em 1123. Na viagem de volta de Roma, Gerhoh renunciou e, com seu pai e dois meio-irmãos, juntou-se aos cônegos regulares de Raitenbuch (1124).

O bispo Conrado I de Regensburgo ordenou-o em 1126 e deu-lhe a paróquia de Cham, que ele futuramente abandonaria por pressões dos seguidores dos Hohenstaufen, ofendidos no Sínodo de Würzburg em 1127. Voltou para Ratisbona e, em 1132, Conrado I de Abensberg, arcebispo de Salzburgo, nomeou-o prepósito de Reichersberg. Conrado enviou-o também várias vezes em missões especiais à Roma; em 1143, Gerhoh acompanhou, juntamente com Arnoldo de Brescia, o cardeal Guido di Castello (futuro papa Celestino II) de Santa Maria in Portico em sua embaixada à Boêmia e Morávia.

Eugênio III (r. 1145-53) gostava muito de Gerhoh, mas as relações deste com seus sucessores foi menos agradável. Durante a eleição papal de 1159, marcada pelo conflito entre Alexandre III e o Vítor IV, Gerhoh se aliou a Alexandre, mas só depois de um longo período de hesitação. Por isso, o partido imperial passou a detestá-lo. Por se recusar a apoiar o antipapa, Conrado foi condenado e banido em 1166 e o mosteiro de Reichersberg foi repetidamente atacado. Forçado a fugir, Gerhoh morreu logo depois de retornar.

Obras[editar | editar código-fonte]

Suas visões reformistas e sua política eclesiástica foram defendidas nas seguintes obras:

  • "De ædificio Dei seu de studio et cura disciplinæ ecclesiasticæ" (Patrologia Latina (P.L.), CXCIV, 1187–1336; Ernst Sackur, 136-202)
  • "Tractatus adversus Simoniacos" (P.L., 1335-1372; Sackur, 239-272; veja também Jaksch em "Mittheilungen des Instituts für österreichische Geschichtsforschung", VI [1885], 254-69)
  • "Liber epistolaris ad Innocentium II. Pont. Max. de eo quis distet inter clericos sæculares et regulares" (P.L., CXCIV, 1375–1420; Sackur, 202-239)
  • "De novitatibus hujus sæculi ad Adrianum IV Papam" (trechos selecionados em Grisar e Sackur, 288-304)
  • "De investigatione Anti-Christi libri III" (trechos selecionados em P.L., CXCIV, 1443–1480; ver também Stülz em "Archiv für österreichische Geschichte", XXII (1858), 127-188; trechos selecionados em Scheibelberger; livro I completo em Sackur, 304-395)
  • "De schismate ad cardinales" (Mühlbacher em "Archiv für österreichische Geschichte", XLVII (1871), 355-382; Sackur, 399-411]
  • Sua última obra foi "De quarta vigilia noctis" ("Oesterreichische Vierteljahresschrift für kath. Theologie" X (1871), 565-606; Sackur, 503-525).

Contudo, sua obra principal não foi terminada. "Commentarius in Psalmos" (P.L., CXCIII, 619-1814; CXCIV, 1-1066) contém muito material importante para um historiador moderno, o que é particularmente verdadeiro no comentário sobre o Salmo 64, já publicado separadamente como "Liber de corrupto Ecclesiæ statu ad Eugenium III Papam" (P.L., CXCIV, 9-120); Sackur, 439-92).

Há ainda algumas obras polêmicas e cartas contra as posições cristológicas de Pedro Abelardo, Gilberto de la Porrée e do bispo Eberardo de Bamberg; outras lidam com os erros de Folmar, prepósito de Triefenstein, no tema da Eucaristia. Wattenbach contesta a atribuição de "Vitæ beatorum abbatum Formbacensium Berengeri et Wirntonis, O.S.B." a Gerhoh.

A edição de Migne (Patrologia Latina) é incompleta e defeituosa. As obras mais importantes para o estudo da história do período foram editadas por Sackur na "Monumenta Germaniæ Historica: Libelli de lite imperatorum et pontificum" III (Hanôver, 1897), 131-525; e novamente por Scheibelberger, Gerhohi Opera adhuc inedita (Linz, 1875).

Atribuição[editar | editar código-fonte]