Gracilinanus agilis
Cuíca-graciosa | |||||||||||||||||
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Estado de conservação | |||||||||||||||||
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1] | |||||||||||||||||
Classificação científica | |||||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||||
Gracilinanus agilis (Burmeister, 1854) | |||||||||||||||||
Distribuição geográfica | |||||||||||||||||
Gracilinanus agilis, popularmente designado como cuíca-graciosa, catita,[2] cuíca, chichica, quaiquica[3] e guaiquica,[4] é um marsupial pertencente a ordem dos didelfimorfos (Didelphimorphia) e família dos didelfiídeos (Didelphidae), sendo um dos menores representantes dessa ordem. A distribuição desta espécie estende-se pela América do Sul, ocorrendo em uma ampla área do Brasil e passando pela Argentina, Uruguai, Bolívia, Peru e o Paraguai.[5] Essa espécie ocorre em formações florestais típicas do Cerrado, tais como, matas de galeria e cerradão, como também em cerrado sensu stricto. É um possível hospedeiro do parasita parasita Gracilioxyuris agilisis.[6]
São animais de hábito noturno, solitários e escansoriais,[7] isto é, exploram tanto o estrato arbóreo quanto o solo. Sua dieta é composta por frutos, invertebrados e pequenos vertebrados,[8][9] além disso podemos destacá-lo como um potencial prestador de serviço ecossistêmico por predar uma das principais pragas da soja, o percevejo-marrom-da-soja (Euschistus heros). Em relação à estratégia reprodutiva, o gênero Gracilinanus é descrito como semélparo parcial, sendo observada uma alta mortalidade de machos após a estação reprodutiva, porém alguns destes sobrevivem até o próximo evento reprodutivo.[carece de fontes] A atividade reprodutiva desse marsupial é sincronizada e começa no final da estação seca, o recrutamento ocorre na estação chuvosa, período de maior disponibilidade de recursos.[10][11]
Etimologia
[editar | editar código-fonte]A designação popular cuíca advém do tupi *ku'ika,[12] enquanto guaiquica do também tupi *wai-kuíka.[4] Já a designação chichica tem origem desconhecida.[13]
Distribuição geográfica e habitat
[editar | editar código-fonte]Essa espécie possui uma ampla distribuição na América latina que abrange o Brasil, nordeste da Argentina e do Uruguai, leste da Bolívia e do Peru e o Paraguai, ocorrendo, principalmente em ambientes florestais.[5] Encontra-se associado a formações florestais típicas do bioma Cerrado, como matas de galeria, cerradão e cerrado sensu stricto. Embora seja uma espécie de hábito escansorial (exploram tanto o estrato arbóreo quanto o chão), este marsupial apresenta uma preferência pelo estrato arbóreo, além disso são animais de hábito noturno e solitários.[2][7]
Morfologia
[editar | editar código-fonte]Apresenta porte pequeno, com comprimento da cabeça e corpo entre 81 e 115 milímetros, comprimento da cauda entre 110 e 158 milímetros e massa corporal entre 13 e 40 gramas. G. agilis apresenta dimorfismo sexual relacionado ao tamanho (fêmeas = 13-25 gramas, machos = 15-40 gramas).[14]
Os olhos são negros e proeminentes com uma faixa de pelos escurecidos ao redor. A pelagem dorsal é marrom-acinzentada e a ventral é constituída de pelos de base cinza e ápice creme. As patas são pequenas e esbranquiçadas. Sua cauda é preênsil, o que auxilia na locomoção nas árvores por funcionar com um quinto membro, além disso, as patas posteriores apresentam polegar opositor, para agarrar nos galhos das árvores, o que proporciona bastante agilidade para escalar árvores.[2]
Assim como os demais marsupiais que ocorrem no Brasil, essa espécie não possui marsúpio verdadeiro, nem dobras abdominais como é o caso de espécies do gênero Didelphis, já as espécies menores como o G. agilis não apresentam nenhum tipo de proteção para os mamilos.[2]
Reprodução
[editar | editar código-fonte]Por se tratar de uma espécie semélpara, parte dos machos morrem após a estação reprodutiva, reproduzindo-se uma única vez ao longo de sua vida.[15] Sua reprodução ocorre na estação de maior pluviosidade (tendo início no final da estação seca e estendendo-se até o final da estação chuvosa), quando há maior disponibilidade de recursos. O período de gestação dura cerca de 15 dias e gera em média sete a oito filhotes. Após o nascimento, os filhotes aderem-se nos mamilos da mãe e permanecem até terminarem seu desenvolvimento. Devido ao fato de não possuir marsúpio nem proteção para os mamilos, as fêmeas permanecem no ninho com seu filhotes recém-nascidos para evitar predação, isto até eles se tornarem menos frágeis, enquanto isso elas diminuem seu metabolismo e vivem de reservas energética.[2]
Dieta
[editar | editar código-fonte]A espécie foi descrita como insetívora-onívoro por Fonseca et al. (1996). Camargo (2011) verificou a composição e a variação intrapopulacional da espécie em áreas de cerradão do Brasil central. Nas fezes desses indivíduos foram encontrados: insetos, aranhas, pássaros e frutos. Dos itens encontrados os mais frequentes foram: insetos (com destaque para as ordens Hymenoptera, Isoptera, Hemiptera e Coleoptera) e frutos. Os resultados mostraram que na época da seca, os machos e fêmeas tendem a se alimentar mais de cupins e percevejos. Já na época chuvosa, os machos têm uma preferência maior por formigas, enquanto fêmeas preferem besouros e formigas.[9]
Já as análises realizadas por meio da contagem direta de sementes encontradas nas fezes de G. agilis indicaram que este mamífero se alimenta de plantas pioneiras da família Melastomataceae, Solanaceae e Viscaceae,[9] além disso, as sementes permaneceram viáveis após a passagem no trato digestório, dando indícios que esta espécie de marsupial pode atuar como potencial dispersor de sementes.[carece de fontes]
Serviços ecossistêmicos
[editar | editar código-fonte]Além da espécie apresentar um papel importante como potencial dispersor de sementes,[9] foi verificado por Camargo et al. (2017) que o G. agilis pode atuar como agente de controle do percevejo-marrom-da-soja (Euschistus hero).[16] O Euschistus heros é um percevejo fitófago da família Pentatomidae, que apresenta um aparelho bucal do tipo sugador adaptado para se alimentar da seiva das plantas,[17] Resultados amostrados por Camargo et al. (2017) em áreas de Cerradão de Brasília na estação seca, obtiveram fragmentos de E. heros em todas as amostras fecais de G. agilis analisadas, o que dá indícios que G. agilis possa atuar como potencial agente no controle de E. heros, pois a população local desse percevejo pode sofre redução.[16]
Conservação
[editar | editar código-fonte]Embora a espécie seja vista como quase ameaçada no estado de São Paulo e com dados insuficientes nos estados do Paraná[18] e Rio Grande do Sul,[19] a União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN) classificou a espécie como pouco preocupante na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais.[1] Essa classificação deve-se principalmente devido a sua ampla distribuição geográfica, entretanto, como essa espécie é muito frágil em relação a mudanças no seu habitat, futuramente, pode vir a ser incluída na lista de espécies ameaçadas, principalmente, devido a ações antrópicas que seu ambiente pode vir a sofrer.[carece de fontes]
Referências
- ↑ a b Carmignotto, A. P.; Solari, S.; de la Sancha, N.; Costa, L. (2021). «Agile Gracile Opossum - Gracilinanus agilis». Lista Vermelha da IUCN. União Internacional para Conservação da Natureza (UICN). p. e.T9417A22169828. doi:10.2305/IUCN.UK.2015-4.RLTS.T9417A22169828.en. Consultado em 17 de julho de 2021
- ↑ a b c d e Stumpp, Rodolfo German Antonelli Vidal. «Bicho da Vez - Cuíca-graciosa – (Gracilinanus agilis)». Museu de Zoologia João Moojen, Universidade Federal de Viçosa. Consultado em 16 de julho de 2021
- ↑ «Cuíca». Michaelis
- ↑ a b «Guaiquica». Michaelis
- ↑ a b Jaksic, Fabian M.; Eisenberg, John F.; Redford, Kent H. (1999). «Mammals of the Neotropics, Volume 3, the Central Neotropics: Ecuador, Peru, Bolivia, Brazil». The Journal of Wildlife Management. 65 (3). 598 páginas. ISSN 0022-541X. doi:10.2307/3803112
- ↑ Santos-Rondon, Michelle V. S.; Pires, Mathias M.; Reis, Sérgio F. dos; Ueta, Marlene T. «Marmosa paraguayana (Marsupialia: Didelphidae) as a New Host for Gracilioxyuris agilisis (Nematoda: Oxyuridae) in Brazil». Jornal de Parasitologia. 98 (1): 170-174
- ↑ a b Gardner, A.L. (2005). «Gracilinanus agilis». In: Wilson, D.E.; Reeder, D.M. Mammal Species of the World: A Taxonomic and Geographic Reference 3.ª ed. Baltimore, Marilândia: Imprensa da Universidade Johns Hopkins. p. 6-7. ISBN 978-0-8018-8221-0. OCLC 62265494
- ↑ Bocchiglieri, Adriana; Mendonça, André Faria; Campos, Juliana Bragança (1 de janeiro de 2010). «Diet composition of Gracilinanus agilis (Didelphimorphia, Didelphidae) in dry woodland areas of Cerrado in central Brazil». mammalia. 74 (2). ISSN 1864-1547. doi:10.1515/mamm.2010.019
- ↑ a b c d Camargo, Nícholas (2011). Dieta de Gracilinanus agilis (Didelphimorphia: Didelphidae) em áreas de cerradão no Brasil central: variações intra-específicas e o papel da espécie como potencial dispersor de sementes (PDF). Brasília: Instituto de Ciências Biológicas, Universidade de Brasília. p. 78
- ↑ Mares, Michael A.; Ernest, Kristina A. (1995). «Population and Community Ecology of Small Mammals in a Gallery Forest of Central Brazil». Journal of Mammalogy. 76 (3). 750 páginas. ISSN 0022-2372. doi:10.2307/1382745
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- ↑ Houaiss, verbete chichica
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- ↑ a b Camargo, N. F.; Camargo, A. J. A.; Mendonça, A. F.; Vieira, E. M. (2017). «Potencial serviço ecossistêmico prestado pelo marsupial Gracilinanus agilis (Didelphimorphia: Didelphidae) com a predação do Percevejo-Marrom Euschistus heros (Hemiptera: Pentatomidae)». Planaltina: Embrapa Cerrados. Boletim de Pesquisa (339): 20
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