Great General Mighty Wing

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Great General Mighty Wing

Capa em coreano.
País de origem  Coreia do Norte
Editora(s) State-run Press
Número de páginas 184
Primeira publicação 1994
Argumento Cho Pyŏng-kwŏn
Arte Rim Wal-yong
Personagens principais Mighty Wing

Great General Mighty Wing é uma história em quadrinhos infanto-juvenil[1] publicada pela State-run Press em 1994, na Coreia do Norte. O roteiro é de Cho Pyŏng-kwŏn, com ilustrações de Rim Wal-yong.[2] O personagem é tão famoso no país quanto o Mickey Mouse nos Estados Unidos.[1]

Desenvolvimento[editar | editar código-fonte]

Normalmente, quadrinhos norte-coreanos são feitos de papel reciclável e pintados com tinta azul, que variava de tonalidade de edição para edição.[3] Então, Great General Mighty Wing se destaca por ser um quadrinho completamente em cores.[1]

O quadrinho foi publicado no mesmo ano da morte de Kim Il Sung para propagar a ideologia Juche. Mas é possível que ele estivesse sendo desenvolvido desde 1993. Ele lida com temas como a ocupação japonesa da Coreia e a grande fome da Coreia do Norte.[3]

Disponibilidade[editar | editar código-fonte]

Além das cópias físicas, o quadrinho estava disponível no site educacional do governo da Coreia do Norte, mas foi restrito por senha com a passagem do tempo.[2] Se tornou disponível ao público quando Heinz Insu Fenkl, professor da Universidade Estadual de Nova York, comprou diversos quadrinhos norte-coreanos na China[4] e postou 50 páginas traduzidas para o inglês em seu website.[5]

Análise crítica[editar | editar código-fonte]

No começo do quadrinho, a abelha-rainha acata a sugestão de Mighty Wing de construir um aqueduto para lidar com a seca, porém um dos generais traidores sugere realocar recursos para a construção de uma casa de veraneio. A passagem é uma alusão à seca que a Coreia do Norte passou em 1994, que matou milhares de pessoas e deixou a população sem água potável. Como o tema já é abordado no quadrinho, é possível que a seca já estivesse assolando o país antes do envio oficial de ajuda por outros países nos anos 2000.[3] É possível que o aqueduto seja uma alusão ao projeto de irrigação histórico da Coreia, Yeoldu 3.000 Ri Beol.[1] A negação da rainha em usar recursos públicos para si pode ser uma alusão às dificuldades econômicas que a Coreia do Norte passava durante os anos 90.[5]

Também, o exército das vespas se alia ao exército das aranhas para destruir a colmeia. As vespas são retratadas com estereótipos norte-coreanos sobre os Estados Unidos e o Japão, que ocupou a Coreia em 1910. Já a teia das aranhas se parece com o logotipo da Organização das Nações Unidas. As aranhas lutam prendendo seus inimigos com sua teia, enquanto as vespas usam arco e flecha. É possível que seja uma referência inversa sobre os mísseis Nodong/Scud, testados em maio de 1993. Isso porque arma em coreano significa mugi e arco e flecha significa hwal. Já armas nucleares significam haengmugi. Os Estados Unidos é visto como uma ameaça nuclear pela Coreia.[3]

As abelhas vivem no Jardim das Mil Flores, uma terra autossuficiente que é palco de guerra entre as abelhas, vespas e aranhas. As vespas e aranhas são inimigas naturais das abelhas. As vespas na vida real são conhecidas por invadir colmeias e matar as abelhas pelo mel. As vespas também lutam contra as aranhas na vida real, mas na história elas se aliam para derrotar as abelhas. O general traidor Zing-Zing é provavelmente uma alusão aos estereótipos norte-coreanos sobre os políticos corruptos da União Soviética. Ele se vende aos interesses capitalistas para corromper a rainha.[3]

Na lateral das páginas do quadrinho também estão escritos textos como "nunca pense no inimigo como sendo um cordeiro... sempre o considere como sendo um chacal", ou "você precisa suportar dificuldades e sofrimento para conquistar a felicidade".[5]

Heinz Insu Fenkl também traz que a colmeia se parece com a cidade de Poughkeepsie, na Coreia do Sul. Também traz que na mitologia egípcia, abelhas nasceram das lágrimas do Deus Sol . Já no simbolismo norte-coreano, o grande líder é conhecido como o Deus Sol.[3]

Assim, o quadrinho seria tanto uma maneira de criar devoção à família Kim e a preservação de recursos naturais da Coreia do Norte, e de doutrinação sobre a política bélica do país.[3]

Referências

  1. a b c d Geoffrey Cain (26 de fevereiro de 2010). «The comic books that brainwash North Koreans» (em inglês). The World from PRX. Consultado em 26 de agosto de 2022. Cópia arquivada em 26 de agosto de 2022 
  2. a b Fenkl, Heinz Insu (2008). «Inside North Korea». Azalea: Journal of Korean Literature & Culture (1): 73–76. ISSN 1944-6500. doi:10.1353/aza.0.0043. Consultado em 26 de agosto de 2022 
  3. a b c d e f g Heinz Insu Fenkl (3 de fevereiro de 2008). «from Great General Mighty Wing» (em inglês). Words Without Borders. Consultado em 26 de agosto de 2022. Cópia arquivada em 26 de agosto de 2022 
  4. Geoffrey Cain (26 de fevereiro de 2010). «The comic books that brainwash North Koreans» (em inglês). The World from PRX. Consultado em 26 de agosto de 2022. Cópia arquivada em 26 de agosto de 2022 
  5. a b c Kevin Stahler (29 de setembro de 2013). «Comics in North Korea» (em inglês). Peterson Institute for International Comics. Consultado em 26 de agosto de 2022. Cópia arquivada em 26 de agosto de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]