Guarda Suíça
| Ordem | |
|---|---|
| Logotipo oficial da Guarda Suíça Pontifícia | |
| Estandarte da Guarda Suíça no pontificado de Leão XIV, sob o comando de Christoph Graf | |
| Informações Gerais | |
| Competência | Segurança do Papa e do Estado da Cidade do Vaticano; proteção em cerimônias e viagens papais |
| Lema | Acriter et Fideliter ("Com coragem e fidelidade") |
| Patronos | Santo Inácio de Loyola, São Martinho de Tours, São Sebastião, São Nicolau von Flüe |
| Eventos históricos | Guerra de Urbino (1517) Saque de Roma (1527) Batalha de Lepanto (1571) |
| Ereção canônica | 22 de janeiro de 1506 |
| Afiliações | Corpo da Gendarmaria do Estado da Cidade do Vaticano |
| Liderança | |
| Responsável: Christoph Graf, Coronel Nomeado em 7 de fevereiro de 2015 | |
| Vice-responsável | Loïc Marc Rossier, Tenente-Coronel |
| Estrutura | |
| Estrutura | 1 Coronel, 1 Tenente-Coronel, 1 Capelão, 1 Major, 2 Capitães, 3 Tenentes, 1 Sargento-Major, 9 Sargentos, 14 Cabos, 17 Vice-Cabos, 85 Halabardeiros |
| Equipamento | Alabarda, Partasana, Espada cerimonial, SIG SG 550, HK MP7, Glock 19 |
| Trajes e insígnias | Uniforme de gala (vermelho, amarelo, azul), Uniforme regular (azul), Macacão de treinamento (azul claro) |
| Tradições | |
| Cerimônias | Juramento de 6 de maio |
| Aniversário | 6 de maio |
| Localização | |
| Sede | Palazzo Apostolico, 00120 Cidade do Vaticano |
| Coordenadas | 41° 54′ 10″ N, 12° 27′ 12″ L |
| Sítio oficial | |
| www | |
| Dados em Catholic-Hierarchy.org | |
Guarda Suíça Pontifícia (em latim: Custodes Helvetici; em italiano: Guardie Svizzere) é o corpo militar responsável, desde 22 de janeiro de 1506, pela proteção pessoal do Papa e pela segurança da Cidade do Vaticano. Além de ser considerada a menor força armada do mundo, é também o exército mais antigo em funcionamento contínuo. Atualmente, a Guarda é composta por nove oficiais, 41 sargentos e cabos e 85 soldados.[1][2]
Fundada durante o pontificado do Papa Júlio II, a unidade nasceu da tradição de bravura e disciplina dos soldados suíços, frequentemente contratados como mercenários por diversas cortes europeias. Desde então, a Guarda Suíça consolidou-se como símbolo de fidelidade ao sucessor de São Pedro.[3][4]
É a única guarda do mundo cuja bandeira é alterada a cada novo chefe de Estado, pois carrega o brasão pessoal do Pontífice reinante, simbolizando a obediência e lealdade a ele.
Características
[editar | editar código]Todos os anos, no dia 6 de maio,[4] novos recrutas prestam juramento diante do Papa, recordando o heroísmo dos 147 guardas que tombaram em 1527, durante o Saque de Roma, ao defenderem Clemente VII. O juramento é feito com a mão direita erguida e três dedos abertos, em referência à Santíssima Trindade, prometendo fidelidade, obediência e dedicação até mesmo com a entrega da própria vida.
A admissão na Guarda Suíça é estritamente regulada. Para ser aceito, o candidato deve:
- ser do sexo masculino, católico, solteiro (exceto para oficiais e graduados);
- possuir nacionalidade suíça;
- ter entre 19 e 30 anos;
- medir no mínimo 1,74 m;
- possuir formação profissional ou ensino médio concluído;
- ter realizado o serviço militar na Suíça;
- possuir reputação moral e social impecável.[3]
O compromisso inicial é de dois anos, renovável até um máximo de 20. Após cinco anos de serviço, e somente com autorização, os guardas podem contrair matrimônio.[5]
A língua oficial da corporação é o alemão, e o lema da Guarda é “Acriter et fideliter” (“Com coragem e fidelidade”). Seus padroeiros são São Martinho de Tours (11 de novembro), São Sebastião (20 de janeiro) e São Nicolau de Flüe (25 de setembro), patrono da Suíça e modelo de vida cristã e pacífica.
Além da guarda cerimonial, que impressiona pelas vestes de inspiração renascentista — tradicionalmente atribuídas a Michelangelo, mas na realidade projetadas por Jules Repond no início do século XX —, os soldados exercem funções modernas de segurança. Entre estas estão:
- a guarda de honra em cerimônias oficiais e visitas de chefes de Estado,
- a proteção do Papa em viagens internacionais,
- o patrulhamento e vigilância do Vaticano,
- o serviço de segurança à paisana, no qual se misturam entre os fiéis para proteger discretamente o Santo Padre, utilizando equipamentos modernos de comunicação e armamento adequado.[3][6]
História
[editar | editar código]
Inicialmente a Guarda Suíça era um conjunto de soldados mercenários suíços, que combatiam por diversas potências europeias entre os séculos XV e XIX em troca de pagamento. Hoje só servem o Vaticano.
A Guarda Suíça do Vaticano foi oficialmente formada em 1506, atendendo a uma solicitação feita em 1503 pelo Papa Júlio II aos nobres suíços. O financiamento decisivo para o estabelecimento da Guarda foi providenciado por Jakob Függer, influente banqueiro dos papas, cuja contribuição foi fundamental para tornar a iniciativa possível. Cerca de 150 nobres suíços, considerados os mais valentes e habilidosos de seus cantões — Zurique, Uri, Unterwalden e Lucerna — chegaram a Roma sob o comando do capitão Kaspar von Silenen.
A batalha mais expressiva foi em 6 de maio de 1527, quando as tropas invasoras imperiais de Carlos V de Habsburgo, em guerra com Francisco I, entram em Roma. O exército imperial era composto de cerca de 18 000 mercenários. Em frente à Basílica de São Pedro e depois nas imediações do Altar-Mor, a Guarda Suíça lutou contra cerca de 1000 soldados alemães e espanhóis. Combateram ferozmente formando um círculo em volta do Papa Clemente VII visando protegê-lo e levá-lo em segurança ao Castelo de Santo Ângelo. Faleceram 147 guardas dos 189 que a compunham na época, mas em contrapartida 900 dos 1000 mercenários do assalto caíram mortos pelas alabardas dos suíços.
O Papa Pio V (1566–1572) enviou a Guarda Suíça para combater na Batalha de Lepanto, contra os turcos. Com Pio VI a guarda foi dissolvida já que este Papa foi enviado para o exílio por Napoleão. A guarda voltou a formar-se em 1801 e, em 1848, desempenhou um papel decisivo na defesa do Palácio Apostólico frente aos revolucionários nacionalistas italianos.
Quando a Alemanha Nazi ocupou Roma em setembro de 1943, a Guarda Suíça e as outras unidades que na época constituíam as formas armadas papais, como a Guarda Palatina, foram colocadas em estado de alerta. Houve um aumento no número de postos de vigia. Os guardas trocaram as alabardas e espadas por espingardas Mauser 98k, baionetas e cartucheiras com 60 substituições de munição, como medida de precaução. Embora as tropas alemãs patrulhassem o território italiano até à Praça de São Pedro, não houve qualquer tentativa de invasão pela fronteira do Vaticano nem qualquer confronto entre a Guarda Suíça e tropas alemãs. Nessa altura a Guarda tinha apenas 60 homens, pelo que poderia apenas ter feito uma resistência simbólica a qualquer ataque. No próprio dia em que os alemães ocuparam Roma o Papa Pio XII deu ordens que proibiam a Guarda Suíça de derramar sangue em sua defesa.

Desde a tentativa de assassinato do Papa João Paulo II em 13 de maio de 1981, as funções não cerimoniais da guarda passaram a receber uma maior atenção. Os soldados passaram a utilizar pequenas armas de fogo e atuar como uma guarda pessoal moderna, inclusive com membros à paisana acompanhando o Papa em suas viagens ao exterior para sua proteção
Em 4 de maio de 1998 o coronel da Guarda Suíça Alois Estermann, a sua mulher Gladys Meza Romero e o vice-cabo Cédric Tornay foram encontrados mortos no apartamento de Estermann. A versão oficial do Vaticano atribuiu a responsabilidade do delito ao vice-cabo Tornay.
Nas comemorações do 500.º aniversário da Guarda Suíça em abril de 2006, 80 ex-guardas marcharam de Bellinzona no sul da Suíça para Roma, fazendo o mesmo trajeto da marcha dos 200 guardas suíços originais que assumiram o serviço papal em 1505.
Em tempos recentes a guarda atua juntamente com as autoridades italianas para evitar ataques terroristas, sobretudo depois de ameaças do Estado Islâmico do Iraque, Hamas, Hezbollah e do Levante.
A Guarda Suíça hoje
[editar | editar código]Os guardas assinam um contrato de dois anos e obtêm um soldo mensal de 1200 euros. São celibatários (exceto os oficiais, sargentos e cabos) e é-lhes formalmente interdito dormir fora do Vaticano. O seu alojamento é a caserna da guarda. A vida quotidiana é preenchida também com celebrações litúrgicas. A guarda dispõe de uma capela onde oficia o capelão do exército pontifício.
Hierarquia
[editar | editar código]Em 2024, os 135 membros da Guarda Suíça Pontifícia eram divididos em:[1]
Oficiais comissionados
[editar | editar código]- 1 Oberst (coronel — o comandante da Guarda)
- 1 Oberstleutnant (tenente-coronel — vice-comandante)
- 1 Kaplan (capelão — considerado o mesmo posto de tenente-coronel)
- 2 Major
- 2 Hauptmanns (capitães)
- 3 Leutnants (tenentes)
As patentes de capitão a coronel são também denominadas de Oficiais do Staff, sendo que as patentes inferiores a de comandante (coronel) atuam como colaboradores e conselheiros imediatos deste, além de o apoiarem no gerenciamento da Guarda. Os tenentes são chamados de Oficiais Subalternos, cada um deles responsável pelo comando de um esquadrão, sendo que a eles também é atribuído o dever de conduzir o desempenho diário do serviço de guarda.[1]
Oficiais não comissionados (suboficiais)
[editar | editar código]- 1 Feldwebel (sargento-major)
- 9 Wachtmeister (sargentos)
- 14 Korporal (cabos)
- 17 Vizekorporal (vice-cabos)
Recrutas (tropa)
[editar | editar código]- 85 Hellebardier/Gardist (halabardeiros/guardas)
Uniforme
[editar | editar código]

O uniforme que hoje a Guarda usa foi desenhado por Jules Répond[7] (comandante no período 1910–1921) a partir do modelo que se atribui a Michelangelo por volta de 1505, pelo que é considerado um dos uniformes militares mais antigos do mundo, e muito mais vistoso, alegre e colorido que o do século XIX: o capacete é decorado com uma pluma vermelha, as luvas são brancas e a couraça tem reminiscências medievais. A cor vermelha foi introduzida pelo Papa Leão X, em homenagem ao escudo dos Fugger (família) e Médici, e simboliza também o sangue derramado em defesa do Papa.
A Guarda Suíça não utiliza botas, sendo calçadas meias aderentes às pernas e presas à altura dos joelhos por uma liga dourada, sendo eventualmente cobertas por polainas. Em geral, o uniforme recorda o esplendor das cortes do Antigo Regime, e o orgulho de ser soldado, combater e servir o Papa.
Quando todo adornado, o uniforme completo, incluindo o morrião, pesa quase 4 kg, o que o torna um dos uniformes mais pesados e complexos dentre os exércitos do mundo.[4]
Comandantes da Guarda Suíça
[editar | editar código]Indicam-se seguidamente os comandantes da Guarda Suíça, o seu cantão de origem e o período em que lideraram a Guarda:
- Kaspar von Silenen, de Uri (1506–1517)
- Markus Röist, de Zurique (1518–1524)
- Kaspar Röist, de Zurique (1524–1527)
- Jost von Meggen, de Lucerna (1548–1559)
- Kaspar Leo von Silenen, de Lucerna (1559–1564)
- Jost Segesser von Brunegg, de Lucerna (1566–1592)
- Stephan Alexander Segesser von Brunegg, de Lucerna (1592–1629)
- Nikolaus Fleckenstein, de Lucerna (1629–1640)
- Jost Fleckenstein, de Lucerna (1640–1652)
- Johann Rudolf Pfyffer von Altishofen, de Lucerna (1652–1657)
- Ludwig Pfyffer von Altishofen, de Lucerna (1658–1686)
- Franz Pfyffer von Altishofen, de Lucerna (1686–1696)
- Johann Kaspar Mayr von Baldegg, de Lucerna (1696–1704)
- Johann Konrad Pfyffer von Altishofen, de Lucerna (1712–1727)
- Franz Ludwig Pfyffer von Altishofen, de Lucerna (1727–1754)
- Jost Ignaz Pfyffer von Altishofen, de Lucerna (1754–1782)
- Franz Alois Pfyffer von Altishofen, de Lucerna (1783–1798)
- Karl Leodegar Pfyffer von Altishofen, de Lucerna (1800–1834)
- Martin Pfyffer von Altishofen, de Lucerna (1835–1847)
- Franz Xaver Leopold Meyer von Schauensee, de Lucerna (1847–1860)
- Alfred von Sonnenberg, de Lucerna (1860–1878)
- Louis-Martin de Courten, de Valais (1878–1901)
- Leopold Meyer von Schauensee, de Lucerna (1901–1910)
- Jules Répond, de Friburgo (1910–1921)
- Alois Hirschbühl, Graubünden (1921–1935)
- Georg von Sury d'Aspremont, de Soleura (1935–1942)
- Heinrich Pfyffer von Altishofen, de Lucerna (1942–1957)
- Robert Nünlist, de Lucerna (1957–1972)
- Franz Pfyffer von Altishofen, de Lucerna (1972–1982)
- Roland Buchs, de Friburgo (1982–1998)
- Alois Estermann, de Lucerna (1998)
- Pius Segmüller, de São Galo (1998–2002)
- Elmar Theodor Mäder, de São Galo (2002–2008)
- Daniel Rudolf Anrig, de São Galo (2008–2015)
- Christoph Graf, de Lucerna (2015–)
Ver também
[editar | editar código]- Corpo da Gendarmaria do Estado da Cidade do Vaticano
- Forças Armadas do Vaticano
- Guarda Palatina
- Kaspar Von Silenen
Referências
- ↑ a b c «Pontifical Swiss Guard Pontifical Swiss Guard Structure». The Holy See. Consultado em 9 de maio de 2025
- ↑ «Guarda Suíça: um farol de valores entre modernidade e tradição». Vatican News. 6 de outubro de 2024. Consultado em 9 de setembro de 2025
- ↑ a b c «World's oldest and smallest army: Who is the Swiss Guard protecting the Pope's body». The Times of India (em inglês). 24 de abril de 2025. ISSN 0971-8257. Consultado em 9 de maio de 2025
- ↑ a b c Robinson, Rebecca (7 de maio de 2025). «The world's smallest army with tailor-made uniforms that have 154 pieces». Express.co.uk (em inglês). Consultado em 10 de maio de 2025
- ↑ Página do Vaticano sobre a Guarda Suíça. «Requisitos de admissão». Consultado em 8 de maio de 2010
- ↑ «Eles dariam a vida pelo Papa (III)». Consultado em 8 de maio de 2010. Arquivado do original em 6 de janeiro de 2012
- ↑ Página do Vaticano sobre a Guarda Suíça. «The Uniform of The Swiss Guards». Consultado em 8 de maio de 2010
Ligações externas
[editar | editar código]- «Página do Vaticano sobre a Guarda Suíça» (em alemão, inglês, e francês)
- Origens da Guarda Suíça Pontifícia
- Página da Santa Sé sobre a Guarda Suíça Pontifícia


