Guilherme II da Alemanha

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Guilherme II
Guilherme II da Alemanha
Imperador Alemão
Rei da Prússia
15 de junho de 18889 de novembro de 1918
Predecessor Frederico III
Sucessor Monarquia abolida
Friedrich Ebert
(Presidente do Reich Alemão)
Pretendente ao Trono da Alemanha
9 de novembro de 19184 de junho de 1941
Predecessor Ele mesmo
(Imperador da Alemanha)
Sucessor Guilherme
 
Nascimento 27 de janeiro de 1859
  Palácio do Príncipe Herdeiro, Berlim, Reino da Prússia, Confederação Germânica
Morte 4 de junho de 1941 (82 anos)
  Huis Doorn, Doorn, Utrecht, Países Baixos
Sepultado em 9 de junho de 1941, Huis Doorn, Doorn, Utrecht, Países Baixos
Nome completo  
Frederico Guilherme Vitor Alberto
Esposas Augusta Vitória de Eslésvico-Holsácia
Hermínia Reuss de Greiz
Descendência Guilherme, Príncipe Herdeiro
Eitel Frederico da Prússia
Adalberto da Prússia
Augusto Guilherme da Prússia
Óscar da Prússia
Joaquim da Prússia
Vitória Luísa da Prússia
Casa Hohenzollern
Pai Frederico III da Alemanha
Mãe Vitória, Princesa Real
Religião Luteranismo
Assinatura Assinatura de Guilherme II

Guilherme II (em alemão: Wilhelm II; Berlim, 27 de janeiro de 1859 – Doorn, 4 de junho de 1941) foi o último Imperador Alemão e Rei da Prússia de 1888 até sua abdicação em 1918 no final da Primeira Guerra Mundial. Era o filho mais velho do imperador Frederico III e sua esposa Vitória, Princesa Real do Reino Unido. Era neto da rainha Vitória do Reino Unido e parente de várias casas reais europeias, como o rei Jorge V do Reino Unido e o czar Nicolau II, seus primos.

Guilherme dispensou o chanceler Otto von Bismarck, em 1890, e liderou o Império Alemão para uma política bélica, que ficou conhecida internacionalmente como "Novo Rumo", culminando no seu apoio à Áustria-Hungria, durante a crise política de julho de 1914, que levou à Primeira Guerra Mundial. Bombástico e impetuoso, por vezes Guilherme pronunciava-se de forma pouco cuidadosa sobre assuntos de grande sensibilidade, sem consultar os seus ministros, uma atitude que culminou numa entrevista desastrosa ao Daily Telegraph em 1908, e custou-lhe grande parte de sua influência, autoestima e manchando sua imagem em toda Europa. Paul von Hindenburg e Erich Ludendorff ficaram como os responsáveis políticos do país durante a guerra e deram pouca importância ao governo civil. Guilherme era um líder pouco eficiente, levando a perder o apoio do exército e à sua abdicação em novembro de 1918. Passou os seus restantes anos de sua vida em exílio, nos Países Baixos.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Guilherme nasceu a 27 de janeiro de 1859, no Kronprinzenpalais, em Berlim, sendo o primeiro filho do príncipe Frederico Guilherme da Prússia (futuro imperador Frederico III) e de sua esposa, a princesa Vitória do Reino Unido. Foi o primeiro neto da rainha Vitória e do príncipe Alberto, mas, ainda mais importante, sendo o primeiro filho do príncipe-herdeiro da Prússia. Guilherme passou a ocupar, a partir de 1861, o segundo lugar na linha de sucessão ao trono da Prússia e também, a partir de 1871, ao trono do Império Alemão que, segundo a constituição, era governado pelo rei da Prússia. Era parente de muitas figuras da realeza europeia e, antes de rebentar a Primeira Guerra Mundial, em 1914, tinha uma relação de amizade com os seus primos, o czar Nicolau II da Rússia e o rei Jorge V do Reino Unido.[1] No entanto, frequentemente tratava mal seus parentes.[2]

O parto de Guilherme foi complicado, uma vez que ele ainda se encontrava em posição pélvica, e deixou-lhe o braço esquerdo inválido com paralisia de Erb, o que levou o seu braço esquerdo ser cerca de 15 centímetros mais curto do que o direito, algo que ele tentou esconder durante toda a vida com algum sucesso. Em muitas fotos é possível observar Guilherme a segurar um par de luvas brancas com a mão esquerda, algo que faz com que o seu braço parecesse mais longo, a segurar a mão esquerda com a direita ou com o braço afectado a segurar uma espada ou uma bengala, para proporcionar o efeito de um membro normal a fazer pose de um ângulo digno. Alguns historiadores sugeriram que esta pequena deficiência afectou o desenvolvimento emocional de Guilherme.[3]

Primeiros anos[editar | editar código-fonte]

O príncipe Guilherme, em uniforme prussiano, em 1874.

Desde os seis anos de idade, Guilherme recebeu as suas lições e foi fortemente influenciado pelo seu professor Georg Hinzpeter, que tinha então 39 anos.[4] Quando era adolescente, foi educado em Kassel, no Friedrichsgymnasium e na Universidade de Bonn, na qual se juntou à Associação Estudantil de Bonn. Guilherme era inteligente e captava as coisas rapidamente, mas suas capacidades intelectuais eram ofuscadas pelo seu feitio intratável.

Como herdeiro da Casa de Hohenzollern, Guilherme conviveu desde cedo com a sociedade militar da aristocracia prussiana. Este convívio teve um grande impacto no futuro imperador e, a partir do momento em que atingiu a maioridade, era raro ser visto sem o seu uniforme. A cultura geral da Prússia durante este período contribuiu muito para moldar as suas ideias políticas e suas relações pessoais.

Guilherme via o seu pai, o príncipe herdeiro Frederico, com muito amor e respeito. O estatuto do pai como herói das guerras de unificação foi o principal responsável por esta atitude de Guilherme enquanto mais novo, uma vez que, nas circunstâncias nas quais foi criado, o contacto emocional próximo entre pais e filhos não era encorajado. Mais tarde, quando começou a confraternizar mais com os opositores políticos do pai, Guilherme começou a adoptar uma atitude mais ambivalente em relação a ele, tendo em conta a influência na mãe de Guilherme numa figura que devia possuir independência e forças masculinas. Guilherme também idolatrava o seu avô, Guilherme I, e foi um dos responsáveis pelas tentativas que se realizaram mais tarde para criar um culto do primeiro imperador alemão como Guilherme, o Grande.[5]

Guilherme foi, em vários sentidos, uma vítima da herança das maquinações de Otto von Bismarck. Antepassados seus de ambos os lados da família tinham sofrido doenças mentais e este facto pode explicar a sua instabilidade emocional. Quando Guilherme tinha pouco mais de 20 anos, Bismarck tentou separá-lo dos seus pais (que se opunham a Bismarck e às suas políticas) com algum sucesso. O chanceler pretendia utilizar o jovem príncipe como arma de arremesso contra os seus pais para manter o seu domínio político. Assim, Guilherme começou a ter uma relação pouco funcional com os pais, mas principalmente com a sua mãe inglesa. Numa explosão de raiva em abril de 1889, Guilherme afirmou furiosamente que foi um médico inglês que matou o meu pai e um médico inglês que me deixou aleijado — e tudo isto foi por culpa da minha mãe que nunca deixou os médicos alemães cuidarem dela nem da família mais chegada.[6]

Herdeiro do trono[editar | editar código-fonte]

Guilherme II em 1888, um ano antes de ascender ao trono.

O imperador Guilherme I morreu em Berlim a 9 de março de 1888 e o pai de Guilherme foi proclamado imperador, como Frederico III. Na altura já sofria de um cancro incurável na garganta e passou todos os 99 dias de reinado a lutar contra a doença, acabando por morrer. A 15 de junho do mesmo ano, o seu filho de 29 anos sucedeu-o como imperador da Alemanha e rei da Prússia.

Apesar de ter admirado Otto von Bismarck quando era mais jovem, a impaciência característica de Guilherme não demorou a colocá-lo em oposição ao Chanceler de Ferro, figura dominante na criação do seu império. O novo imperador opunha-se à política estrangeira cuidadosa de Bismarck, preferindo uma expansão vigorosa e rápida para proteger o lugar ao sol da Alemanha. Além do mais, o jovem imperador tinha chegado ao trono com a determinação de governar além de reinar, ao contrário do avô, que tinha deixado grande parte da administração do reino para Bismarck.

Os conflitos entre Guilherme II e o seu chanceler começaram quase imediatamente e envenenaram a relação entre os dois homens. Bismarck achava que Guilherme era um peso morto que podia ser dominado e mostrou pouco respeito pelas suas políticas no final da década de 1880. A gota de água entre os dois estadistas ocorreu quando Bismarck tentou implementar uma lei abrangente antissocialista no início da década de 1890.

Separação de Bismarck na política de trabalho[editar | editar código-fonte]

Foi durante esta época que Otto von Bismarck, depois de obter a maioria absoluta a favor das suas políticas no Reichstag, decidiu tornar as leis antissocialistas permanentes. O seu Kartell, a maioria da coligação entre o Partido Conservador e o Partido Nacional Liberal, era a favor de tornar estas leis permanentes com apenas uma excepção: o poder policial para expulsar revoltosos socialistas das suas casas. Este poder tinha sido utilizado de forma excessiva, por vezes contra opositores políticos e o Partido Nacional Liberal não queria aprovar a cláusula de expulsão logo desde o início. Bismarck não queria aceitar um projecto de lei modificado, por isso o Kartell dividiu-se neste problema. Os conservadores apenas aceitariam o projecto de lei integral e ameaçou vetá-lo, o que acabaria mesmo por acontecer.

Cartoon satírico publicado na revista 'Punch' que mostra Bismarck como piloto marinho a abandonar um navio observado por Guilherme II.

À medida que o debate continuava, Guilherme começou a interessar-se cada vez mais pelos problemas sociais, principalmente o tratamento dado aos trabalhadores mineiros que fizeram greve em 1889. Seguindo a sua política de participação activa no governo, o kaiser interrompia sistematicamente Bismarck no Conselho para clarificar qual era a sua posição em relação à política social. Bismarck discordava por completo da política de Guilherme e esforçou-se por evitá-la. Mesmo com Guilherme a apoiar a cláusula antissocial, Bismarck pressionou-o para apoiar o veto de todo o projecto, mas quando os seus argumentos não conseguiram convencer o kaiser, o chanceler (de forma pouco característica) deixou escapar o seu motivo para querer que o projecto falhasse: queria que os socialistas se revoltassem até ocorrer um confronto violento que poderia ser utilizado como pretexto para os destruir. Guilherme respondeu que não queria começar o seu reinado com uma campanha sangrenta contra os seus súbditos: "Mas seria terrível se tivesse de manchar os primeiros anos do meu reinado com o sangue dos meus súbditos. Todos os que me querem bem farão os possíveis para evitar uma catástrofe dessas. Quero ser le roi des gueux! (o rei da Multidão!) Os meus súbditos vão saber que o seu rei se preocupa com o seu bem-estar.[7]"

No dia seguinte, quando se apercebeu do seu erro, Bismarck tentou chegar a acordo com Guilherme, concordando com a sua política social para trabalhadores industriais e até chegou a sugerir a organização de um conselho europeu para discutir as condições dos trabalhadores dirigido pelo imperador alemão.

Apesar disso, uma viragem nos acontecimentos acabou por levar ao seu afastamento de Guilherme. Sentindo a pressão e falta de apreço de Guilherme e enfraquecido por conselheiros ambiciosos, Bismarck recusou-se a assinar uma proclamação relacionada com a protecção dos trabalhadores juntamente com Guilherme, tal como exigia a Constituição da Alemanha. Esta decisão foi um protesto contra a interferência crescente de Guilherme na autoridade de Bismarck que nunca tinha sido questionada anteriormente. Bismarck também conspirou discretamente para separar o conselho que Guilherme estimava tanto. O golpe final ocorreu quando Bismarck tentou conquistar uma nova maioria parlamentar e o seu Kartell acabou por perder o poder por completo devido ao fiasco do projecto antissocialista. Os poderes que permaneceram no Reichstag foram o Partido Católico de Centro e o Partido Conservador. Bismarck queria formar um novo bloco com o Partido Central e convidou Ludwig Windthorst, o líder parlamentar do partido, para discutir uma coligação.

Guilherme ficou furioso quando soube da visita de Windthorst. Num Estado parlamentarista, o chefe do governo depende da confiança da maioria parlamentar e tem o direito de formar coligações para garantir uma maioria às suas políticas, mas, na Alemanha, o chanceler tinha de depender da confiança do imperador e Guilherme acreditava que tinha o direito de ser informado antes de os ministros se encontrarem. Depois de uma discussão acesa na casa de Bismarck sobre a autoridade imperial, Guilherme saiu furioso. Pela primeira vez na vida, Bismarck viu-se embrenhado numa situação que não podia utilizar em seu benefício e escreveu uma carta intensa de demissão, onde depreciava a interferência de Guilherme nas políticas estrangeiras e internas e que apenas veio a público após a morte do chanceler. Quando Bismarck compreendeu que estava prestes a ser dispensado:

Apesar de Bismarck ter apoiado leis de segurança social históricas, em 1889-90, estava desiludido com a atitude dos trabalhadores. Opunha-se particularmente ao aumento de salários, ao melhoramento das condições de trabalho e à regulação de relações de trabalho. Além do mais, o Kartell, a coligação política mutável que Bismarck tinha conseguido fomentar desde 1867, tinha perdido a maioria no Reichstag. Bismarck também tentou sabotar o conselho que o kaiser estava a organizar. Em março de 1890, o afastamento de Bismarck coincidiu com a abertura da Conferência dos Trabalhadores em Berlim pelo kaiser.[9][10] Assim, na abertura do Reichstag a 6 de maio de 1890, o kaiser afirmou que o problema que exigia mais atenção era o aumento do projecto sobre a protecção dos trabalhadores.[11] Em 1890, o Reichstag aprovou os Actos de Protecção dos Trabalhadores que melhorou as condições de trabalho, protegeu mulheres e crianças e regulou as relações de trabalho.

Guilherme no controle[editar | editar código-fonte]

Bismarck é dispensado[editar | editar código-fonte]

Guilherme II, retrato no Imperial War Museum, Londres.

Bismarck demitiu-se por insistência de Guilherme II em 1890, aos 75 anos de idade, para ser sucedido por Leo von Caprivi que se tornou chanceler da Alemanha e ministro-presidente da Prússia. Este, por sua vez, foi substituído por Chlodwig, Príncipe de Hohenlohe-Schillingsfürst, em 1894. Após a dispensa de Hohenlohe em 1900, Guilherme nomeou o homem que considerava ser o seu próprio Bismarck, Bernhard von Bülow.

Na política estrangeira, Bismarck tinha conseguido obter um equilíbrio frágil entre os interesses da Alemanha, França e Rússia — a paz estava ao seu alcance e Bismarck tentou mantê-la apesar do crescimento de um sentimento popular contra a Grã-Bretanha (devido à questão das colónias) e principalmente contra a Rússia. Agora, com o afastamento de Bismarck, os russos esperavam uma reviravolta na política de Berlim, por isso chegaram rapidamente a acordo com a França, iniciando o processo que, em 1914, deixaria a Alemanha praticamente isolada.[12]

Quando nomeou Caprivi e depois Hohenlohe, Guilherme estava a iniciar aquele que ficou para a História como "o novo rumo", no qual o kaiser esperava exercer uma influência decisiva no governo do império. Os historiadores ainda não chegaram a um consenso em relação quanto ao nível de sucesso que Guilherme teve ao implementar o "governo pessoal" durante esta época, mas é claro que havia uma dinâmica diferente entre a coroa e o seu político principal (o chanceler) durante a era guilhermina (ver guilherminismo). Estes chanceleres eram mais vistos como criados civis de grande importância do que propriamente estadistas e políticos experientes como Bismarck. Guilherme queria impedir o aparecimento de outro Chanceler de Ferro, uma figura que Guilherme acabaria por detestar e considerar um desmancha-prazeres velho e aborrecido que não tinha permitido que nenhum ministro se aproximasse do imperador a não ser que estivesse na sua presença, estrangulando o poder político efectivo. Após a sua reforma forçada e até à sua morte, Bismarck tornou-se um duro crítico das políticas de Guilherme, mas sem o apoio do arbitro supremo de todas as nomeações políticas (o imperador) havia poucas hipóteses de Bismarck poder exercer uma influência decisiva na sua política.

Algo que Bismarck realmente conseguiu foi a criação do "mito Bismarck". Tal tratava-se da opinião, defendida por alguns e que seria confirmada por eventos futuros, de que, com o afastamento do Chanceler de Ferro, Guilherme II destruiu efectivamente qualquer hipótese que a Alemanha tinha de criar um governo estável e efectivo. Segundo esta opinião, o "novo rumo" de Guilherme foi caracterizado mais como um navio de estado alemão a descontrolar-se, acabando por levar a uma série de crises até à carnificina na Primeira e da Segunda Guerras Mundiais.

No início do século XX, Guilherme começou a concentrar-se mais no seu verdadeiro objectivo: a criação de uma marinha alemã que rivalizasse com a da Grã-Bretanha que pudesse fazer com que a Alemanha se declarasse uma potência mundial. Ordenou que os seus líderes militares lessem o livro do almirante Alfred Thayer Mahan, The Influence of Sea Power upon History ("A Influência do Poder Marítimo na História"), e passava horas a fazer esboços dos navios que queria construir. Bülow e Bethmann Hollweg, os seus chanceleres leais, tratavam dos assuntos internos e Guilherme começou a preocupar outros governos europeus com as suas visões casa vez mais excêntricas sobre a política estrangeira.

Patrocinador da arte e das ciências[editar | editar código-fonte]

Guilherme II promovia entusiasticamente as artes e as ciências, bem como a educação pública e o bem-estar social. Patrocinava a Sociedade Kaiser Guilherme para a promoção da investigação científica; criada por doadores privados abastados e pelo estado, incluía vários institutos de investigação dedicados tanto às ciências puras como às aplicadas. A Academia de Ciências da Prússia conseguiu evitar a pressão do kaiser e perdeu alguma independência quando foi forçada a incorporar novos programas de engenharia e a premiar novas irmandades nas ciências da engenharia em consequência de um presente oferecido pelo kaiser em 1900.[13]

Guilherme II apoiava os modernizadores que tentavam reformar o sistema prussiano da educação secundária que era rígido, tradicional, elitista, autoritário politicamente e inalterado pelo progresso das ciências naturais. Como protector hereditário da Ordem de São João, encorajou as tentativas da ordem cristã para colocar a medicina alemã na linha da frente da prática medicinal moderna através do seu sistema de hospitais, irmandades de freiras enfermeiras e lares por todo o Império Alemão. Guilherme continuou a ser protector desta ordem mesmo após 1918, uma vez que a posição estava essencialmente ligada ao chefe da Casa de Hohenzollern.[14][15]

Personalidade[editar | editar código-fonte]

Os historiadores destacam com frequência o papel da personalidade de Guilherme no rumo que o seu governo tomou. Assim, Thomas Nipperdey conclui que o kaiser era:

O historiador David Fromkin afirma que Guilherme tinha uma relação de amor-ódio com a Grã-Bretanha.[17] Segundo Fromkin:

Langer et al. (1968) destaca as consequências internacionais negativas da sua personalidade errática:

Relação com os parentes estrangeiros[editar | editar código-fonte]

Guilherme na companhia de oito soberanos no funeral do rei Eduardo VII em Inglaterra. Na fotografia encontram-se o rei Haakon VII da Noruega, o rei Fernando I da Bulgária, o rei Manuel II de Portugal, o kaiser, o rei Jorge I da Grécia, o rei Alberto I da Bélgica, o rei Afonso XIII de Espanha, o rei Jorge V do Reino Unido e o rei Frederico VIII da Dinamarca.

Como neto da rainha Vitória, Guilherme era primo direito do rei Jorge V do Reino Unido, bem como da rainha Maria da Roménia, a rainha Maud da Noruega e da rainha Vitória Eugénia de Espanha, assim como da imperatriz Alexandra da Rússia, e também primo da rainha da Suécia Vitória de Baden (filha de sua tia Luisa da Prússia, irmã de seu pai).

Em 1889, a irmã mais nova de Guilherme, Sofia, casou-se com o futuro rei Constantino I da Grécia. Guilherme ficou furioso quando a irmã mais nova se converteu à Igreja Ortodoxa Grega e tentou bani-la da Alemanha.

Contudo, as duas relações mais controversas eram com os seus parentes ingleses. Guilherme ansiava pela aceitação da sua avó, a rainha Vitória, e dos seus parentes ingleses.[20] Apesar do facto de a sua avó o tratar com cortesia e afeição, os seus outros parentes achavam-no arrogante e insuportável e negavam-lhe aceitação.[21] Tinha uma relação particularmente má com o seu tio Bertie, o príncipe de Gales e, mais tarde, rei Eduardo VII. Entre 1888 e 1901, Guilherme nutriu um ressentimento pelo seu tio, um mero herdeiro ao trono, que não o tratava como imperador da Alemanha, mas simplesmente como seu sobrinho.[22] Pelo seu lado, Guilherme zombava do tio com frequência, chamando-lhe o velho pavão e dominava-o com a sua posição de imperador.[23] No início da década de 1890, Guilherme realizou algumas visitas a Inglaterra para a Semana de Cowes na Ilha de Wight e era frequente competir contra o seu tio nas corridas de iate. A esposa de Eduardo, Alexandra, que era dinamarquesa de nascença, também não gostava de Guilherme, tanto como princesa de Gales como depois como rainha, uma vez que nunca tinha perdoado a conquista de Schleswig-Holstein por parte do Reino da Prússia à Dinamarca na década de 1860. Além disso, também não gostava da forma como Guilherme tratava a mãe.[24] Apesar da fraca relação que mantinha com os seus parentes ingleses, quando recebeu a notícia de que a sua avó Vitória estava a morrer em Osborne House em janeiro de 1901, viajou para Inglaterra e estava ao seu lado quando ela morreu, tendo ficado no país para o funeral. Também esteve presente no funeral de Eduardo VII em 1910.

Em 1913, o kaiser Guilherme organizou um grande casamento para a sua única filha, a princesa Vitória Luísa, em Berlim. Entre os convidados estavam o czar Nicolau II, que também não gostava de Guilherme, e o seu primo inglês, o rei Jorge V com a sua esposa, a rainha Maria.

Antissemitismo[editar | editar código-fonte]

O biografo Lamar Cecil tinha identificado o curioso, mas bastante desenvolvido antissemitismo de Guilherme. Cecil refere que, em 1888, um amigo de Guilherme, declarou que o jovem kaiser não gostava dos seus súbditos hebreus, uma impressão que se baseava na percepção que estes possuíam uma influência arrogante na Alemanha e que era tão forte que não podia ser ultrapassada. Cecil conclui que:

A 2 de dezembro de 1919, Guilherme escreveu ao marechal-de-campo August von Mackensen para denunciar a sua abdicação como a vergonha mais profunda, mais repugnante alguma vez perpetrada a uma pessoa na História, os alemães fizeram isto a eles próprios, incitados e enganados pela tribo de Judas (…) que nenhum alemão alguma vez se esqueça disto, nem descanse enquanto estes parasitas não forem destruídos e exterminados do solo alemão![26] Defendia um progrom à la Russe regular, à letra e internacional como a melhor cura e ainda acreditava que os judeus eram um incómodo do qual a humanidade tem de se livrar de uma maneira ou outra. Acredito que a melhor forma seria com gás![27]

Política estrangeira[editar | editar código-fonte]

1898 Cartoon da China imperialista: Um oficial mandarim observa impotente a China, representada como uma tarte, prestes a ser disseminada pela rainha Vitória (Grã-Bretanha), Guilherme II (Alemanha), Nicolau II (Rússia), a Marianne (França) e um samurai (Japão).

A política estrangeira sob Guilherme II enfrentou vários problemas significativos. Talvez o mais aparente fosse o facto de Guilherme ser um homem impaciente, subjectivo nas suas reacções e fortemente influenciado pelos seus sentimentos e impulsos. Era uma pessoa pouco preparada para liderar a política estrangeira num rumo racional. Hoje em dia reconhece-se de forma geral que os muitos actos espetaculares que Guilherme realizou na esfera internacional eram muitas vezes encorajados pela elite alemã da política estrangeira. Houve vários exemplos notórios, tal como o telegrama Kruger em 1896, no qual Guilherme deu os parabéns ao presidente Paul Kruger da República Sul-Africana, pela supressão do Raide Jameson britânico, revoltando assim a opinião pública britânica.

Guilherme inventava e espalhava o medo do perigo amarelo, para despertar o interesse de outros governantes europeus em relação ao perigo que corriam ao invadir a China; mas poucos líderes lhe deram atenção.[28] Sob a liderança de Guilherme, a Alemanha investiu no fortalecimento das suas colónias em África e no Pacifico, mas poucas se tornaram lucrativas e foram todas perdidas, anos depois, durante a Primeira Guerra Mundial. Na Namíbia, uma revolta dos nativos contra o governo alemão levou ao genocídio dos hererós e namaquas, apesar de Guilherme ter, com o tempo, ordenado que este parasse.

Uma das poucas vezes que Guilherme teve sucesso na diplomacia pessoal aconteceu quando apoiou o arquiduque Francisco Fernando da Áustria para o seu casamento com Sofia Chotek em 1900 contra a vontade do imperador Francisco José.[29]

Também conseguiu obter um triunfo na política interna quando a sua filha Vitória Luísa se casou com o duque de Brunsvique em 1913. Esta união ajudou a curar uma zanga entre a Casa de Hanôver e a Casa de Hohenzollern que durava desde a anexação do Reino de Hanôver pela Prússia em 1866.[30]

O discurso do huno[editar | editar código-fonte]

Um cartoon alemão de 1904 a comentar a Entente cordial: John Bull afasta-se com a Marianne, virando as costas a Guilherme II.

A Rebelião dos Boxers, uma revolta antiocidental na China, foi controlada em 1900 por uma força internacional composta pela Grã-Bretanha, França, Rússia, Estados Unidos da América, Japão e Alemanha. Contudo, os alemães perderam qualquer prestígio que poderiam ter ganho pela sua participação quando chegaram já depois de as forças britânicas e japonesas terem conquistado Pequim, o local onde a luta era mais feroz. Além do mais, a má impressão que as tropas alemãs provocaram por terem chegado tarde foi ainda piorada pelo discurso mal pensado do kaiser para a despedida das tropas, no qual comandou as suas tropas, no mesmo espírito dos hunos, a não mostrar misericórdia na batalha.[31] Guilherme II proferiu este discurso a 27 de julho de 1900. Dirigia-se às tropas alemãs que estavam de partida para suprimir a Rebelião dos Boxers na China. O discurso estava impregnado da retórica fogosa e chauvinista de Guilherme e expressava claramente a sua visão do poder imperial da Alemanha. Houve duas versões do discurso. O Ministério dos Negócios Estrangeiros publicou uma versão editada onde omitiu um paragrafo particularmente controverso que viram como um embaraço diplomático.[32] A versão editada era a seguinte:

A versão oficial omitiu a seguinte passagem a partir da qual o discurso retirou o seu nome (o negrito foi acrescentado):

O termo huno tornou-se mais tarde uma alcunha preferida da propaganda antialemã dos aliados durante a Primeira Guerra Mundial.[31]

Crise marroquina[editar | editar código-fonte]

Guilherme II com o seu primo, o czar Nicolau II, fotografia no Bundesarchiv, em Koblenz.

Uma das gafes diplomáticas de Guilherme levou à crise marroquina de 1905, quando Guilherme realizou uma visita espectacular a Tânger, em Marrocos. A presença de Guilherme foi vista como uma afirmação dos interesses alemães em Marrocos, competindo directamente com a França. No seu discurso, o kaiser chegou mesmo a fazer algumas declarações a favor da independência de Marrocos. Esta atitude levou a uma fricção com a França que tinha vindo a aumentar os seus interesses em Marrocos e levou também à organização da Conferência de Algeciras que serviu para isolar ainda mais a Alemanha na Europa.[36]

O caso Daily Telegraph[editar | editar código-fonte]

Talvez a gafe que mais prejudicou Guilherme, lhe tenha custado mais prestígio e poder e teve um impacto maior dentro da Alemanha do que no resto da Europa. O caso Daily Telegraph de 1908 foi causado pela publicação em alemão de uma entrevista com um jornal britânico diário que incluía afirmações muito controversas e observações diplomáticas prejudiciais. Guilherme tinha considerado a entrevista como uma oportunidade de promover as suas opiniões e ideias sobre a amizade anglo-germânica, mas os seus ataques de raiva emocionais durante a entrevista acabaram por afastar ainda mais não só os britânicos mas também os franceses, os russos e os japoneses. Entre outras coisas, Guilherme deu a entender que os alemães não queriam saber dos britânicos; que os franceses e os russos tinham tentado incitar a Alemanha a intervir na Segunda Guerra dos Bôeres e que o aumento da construção naval alemã tinha como alvo os japoneses e não os britânicos. Uma das citações mais memoráveis da entrevista foi: Vocês, os ingleses, são loucos, loucos, loucos como as lebres em março.[37] O efeito na Alemanha foi muito significante com muita a gente a pedir seriamente a abdicação do kaiser. Guilherme manteve uma conduta discreta durante muitos meses após o fiasco do Daily Telegraph, porém mais tarde vingou-se ao forçar a demissão do chanceler, o príncipe Bülow, que tinha abandonado o imperador à zombaria do povo quando não editou a transcrição da entrevista antes da sua publicação na Alemanha.[38][39] A crise do Daily Telegraph magoou profundamente a autoconfiança de Guilherme que nunca tinha sido afectada anteriormente. Pouco depois viria a sofrer de uma forte depressão da qual nunca recuperou completamente. Perdeu muita da influência que, até aí, tinha exercido na política interna e externa.[40]

Durante os primeiros 12 anos de reinado de Guilherme, a opinião pública britânica tinha sido bastante favorável em relação a ele, mas tal acabaria por mudar no final da década de 1890. No início da Primeira Guerra Mundial, o kaiser tornou-se o centro da propaganda antialemã como a personificação do inimigo odiado.[41]

Expansão naval[editar | editar código-fonte]

Eduardo VII e Guilherme II em 1910.

Nada do que Guilherme fazia na arena internacional teve mais influência do que a sua decisão de seguir uma política de construção naval massiva. O projecto favorito de Guilherme era criar uma marinha poderosa. Tinha herdado da mãe a paixão pela Marinha Real Britânica que, na altura, era a maior do mundo. Em certa ocasião chegou mesmo a confidenciar ao seu tio, o rei Eduardo VII, que o seu sonho era ter a minha própria frota um dia. A frustação de Guilherme perante o fraco desempenho da sua frota na Revista da Frota durante as celebrações do Jubileu de Diamante da sua avó, a rainha Vitória, juntamente com a incapacidade de exercer uma influência alemã da África do Sul, após o envio do telegrama Kruger, levou Guilherme a tomar passos decisivos na construção de uma frota que rivalizasse com a dos seus primos britânicos. Guilherme teve a sorte de conseguir obter os serviços do dinâmico oficial Alfred von Tirpitz a quem nomeou chefe do Ministério da Marinha Imperial em 1897.

O novo almirante concebeu aquela que ficaria conhecida como a "Teoria do Risco" ou o Plano Tirpitz, através do qual a Alemanha poderia forçar a Grã-Bretanha a cumprir as exigências alemãs na arena internacional através da ameaça que uma frota de batalha poderosa concentrada no mar do Norte representava. Tirpitz tinha todo o apoio de Guilherme na sua defesa de sucessivos projectos navais em 1897 e 1900, através dos quais a marinha alemã foi aumentada para rivalizar com a do Reino Unido. A expansão marítima sob as Leis da Marinha acabou por levar a grandes sacrifícios económicos na Alemanha em 1914 uma vez que, a partir de 1906, Guilherme tinha empenhado a sua marinha a construir um tipo de navio de combate couraçado muito maior e mais caro.

Em 1889, Guilherme reorganizou o nível mais alto de controlo da marinha ao criar o Gabinete da Marinha (Marine-Kabinett), equivalente ao Cabinet da Marinha Imperial que tinha funcionado anteriormente na mesma capacidade tanto para exército como da marinha. O chefe do cabinet era responsável por promoções, nomeações, pela administração e por dar ordens às forças navais. O capitão Gustav von Senden-Bibran foi nomeado o seu primeiro chefe e permaneceu nesta posição até 1906. O Almirantado Imperial que existia foi abolido e as suas responsabilidades divididas entre as duas organizações. Foi criada uma nova posição (equivalente ao comandante supremo do exército) chamada chefe do alto comando do almirantado (Oberkommando der Marine) e quem a detivesse era responsável pelos destacamentos, estratégias e tácticas dos navios. O vice-almirante Max von der Goltz foi nomeado em 1889 e permaneceu no posto até 1895. A construção e manutenção e navios, bem como obter mantimentos eram responsabilidades do secretário de estado do Ministério da Marinha Imperial (Reichsmarineamt) reportava ao chanceler e aconselhava o Reichstag em assuntos navais. O seu primeiro nomeado foi o vice-almirante Eduard Heusner seguido pouco tempo depois pelo vice-almirante Friedrich von Hollmann entre 1890 e 1897. Cada um destes três chefes de departamento reportava em separado a Guilherme II.[42]

Além do aumento da frota, em 1895, o canal de Kiel foi aberto e permitiu movimentos mais rápidos entre o mar do Norte e o mar Báltico.

Primeira Guerra Mundial[editar | editar código-fonte]

O imperador Guilherme com o grão-duque de Baden, o príncipe Óscar da Prússia, o grão-duque de Hesse, o grão-duque de Mecklemburgo-Schwerin, o príncipe Luís da Baviera, o príncipe Max de Baden e o seu filho, o príncipe-herdeiro Guilherme, numa manobra militar no outono de 1909.
Uma composição fotográfica de Guilherme com todos os seus generais.

A crise de Sarajevo[editar | editar código-fonte]

Guilherme era amigo do arquiduque Francisco Fernando da Áustria e ficou profundamente chocado com o seu assassinato a 28 de junho de 1914. Guilherme ofereceu-se para apoiar o Império Austro-Húngaro na sua luta contra a Mão Negra, a organização secreta que tinha planeado o assassinato, e até sancionou o uso de violência por parte da Áustria contra aquela que se pensava ser a fonte do movimento — a Sérvia (esta atitude é muitas vezes chamada "o cheque em branco"). Guilherme queria permanecer em Berlim até se resolver a crise, mas os seus cortesãos aconselharam-no a realizar o seu cruzeiro anual pelo mar do Norte a 6 de julho de 1914. Guilherme fez todos os esforços para se manter informado da crise por telegrama e quando a Áustria entregou o seu ultimato à Sérvia, voltou rapidamente a Berlim. Chegou à cidade a 28 de julho, leu uma cópia da resposta da Sérvia e escreveu na mesma:

O que o kaiser não sabia era que os ministros e generais austríacos já tinham convencido o imperador Francisco José I da Áustria, com 84 anos, a assinar uma declaração de guerra contra a Sérvia. A consequência directa desta atitude foi a mobilização geral da Rússia contra a Áustria em defesa da Sérvia.

Julho de 1914[editar | editar código-fonte]

Na noite de 30 de julho, quando recebeu o documento a informá-lo que a Rússia não iria cancelar a sua mobilização, Guilherme escreveu um longo comentário que incluía as seguintes observações:

O imperador Guilherme numa conversa com o general Otto von Emmich; no fundo encontram-se os generais Hans von Plessen (no meio) e Mariz von Lyncker (à direita).

Alguns autores britânicos mais actuais afirmaram que o que Guilherme II disse realmente foi:

Quando se tornou claro que a Alemanha iria enfrentar uma guerra em duas frentes e que o Reino Unido iria entrar na guerra se a Alemanha decidisse atacar a França através da Bélgica, que permanecia neutra, Guilherme, em pânico, tentou direccionar o ataque principal contra a Rússia. Quando Helmuth von Moltke (o jovem), que tinha escolhido o velho plano de 1905, realizado pelo general alemão von Schlieffen para a possibilidade de uma guerra contra a Alemanha em duas frentes, disse-lhe que tal era impossível, Guilherme respondeu: O seu tio teria-me dado uma resposta diferente![46] Também se pensa que Guilherme terá dito: E pensar que o Jorge e o Nicky me enganaram! Se a minha avó estivesse viva, nunca teria permitido tal coisa.[47]

No plano original de Schlieffen, a Alemanha deveria atacar o inimigo supostamente mais fraco primeiro, ou seja, a França. O plano suponha que a Rússia iria demorar muito mais tempo a preparar-se para a guerra. Derrotar a França tinha sido fácil para a Prússia durante a Guerra Franco-Prussiana de 1870. Na fronteira de 1914 entre a França e a Alemanha, um ataque nesta parte mais a sul de França poderia ser travado pelo forte francês construído ao longo da fronteira. Contudo, Guilherme II conseguiu convencer von Moltke (o jovem) a não invadir também os Países Baixos.

O kaiser-sombra[editar | editar código-fonte]

O papel de Guilherme durante a guerra foi perdendo cada vez mais importância, limitando-se a pouco mais do que cerimónias de entrega de prémios e deveres honoríficos. O alto comando continuou com a sua estratégia mesmo quando se tornou claro que o plano Schlieffen tinha falhado. Em 1916, o império tinha-se tornado efectivamente uma ditadura militar liderada pelo marechal-de-campo Paul von Hindenburg e pelo general Erich Ludendorff.[48] Cada vez mais alienado da realidade e das decisões políticas, Guilherme vacilava entre o derrotismo e os sonhos de vitória, dependendo da sorte dos seus exércitos. Apesar de tudo, Guilherme continuava a deter a última palavra em assuntos de nomeações políticas e foi apenas depois de dar o seu consenso que se realizaram grandes mudanças no alto comando. Guilherme era a favor do afastamento de Helmuth von Moltke, em setembro de 1914, e da sua substituição por Erich von Falkenhayn. Em 1917, Hindenburg e Ludendorff decidiram que Bethman-Hollweg já não era aceitável para eles como chanceler e pediram ao kaiser que nomeasse outra pessoa. Quando perguntou quem iriam eles aceitar, Ludendorff recomendou Georg Michaelis, um homem insignificante que ele mal conhecia. O kaiser não conhecia Michaelis, mas aceitou a sugestão. Em julho de 1917, depois de saber que o seu primo Jorge V tinha mudado o apelido da família real para Windsor,[49] Guilherme afirmou que tinha planos para ver a peça de Shakespeare As Alegres Comadres de Windor.[50][51] O apoio ao kaiser caiu por completo entre outubro-novembro de 1918, no exército, governo civil e entre a opinião pública alemã quando o presidente Woodrow Wilson deixou bem claro que o kaiser não poderia participar nas negociações de paz.[52][53] Nesse ano, Guilherme também foi afectado pela pandemia de gripe espanhola, mas sobreviveu.[54]

Abdicação e luta[editar | editar código-fonte]

Kaiser Guilherme de partida para o seu exílio.

Guilherme estava no quartel-general do Exército Imperial em Spa (Bélgica), quando foi surpreendido pelas revoltas em Berlim e noutros centros urbanos do império rebentaram em finais de 1918. Os motins entre as fileiras da sua adorada Kaiserliche Marine, a marinha imperial, deixaram-no profundamente chocado. Após o rebentar da Revolução Alemã, Guilherme não se conseguia decidir se o melhor seria abdicar ou não. Até certo ponto, aceitou que o mais provável era ter de prescindir da coroa imperial, mas ainda tinha esperanças de conseguir manter o trono da Prússia. Esta crença tornou-se irreal quando, na esperança de preservar a monarquia perante a crescente agitação revolucionária, o chanceler, o príncipe Max de Baden, anunciou que Guilherme iria abdicar de ambos os títulos a 9 de novembro de 1918. Até o príncipe Max foi forçado a abdicar do seu título nesse mesmo dia quando se tornou claro que apenas Friedrich Ebert, líder do Partido Social-Democrata, conseguia exercer algum tipo de controlo efectivo.

Guilherme apenas aceitou abdicar depois que o substituto de Ludendorff, o general Wilhelm Groener, o informou de que os oficiais e soldados do exército voltariam a marchar ordenadamente sob o comando de Paul von Hindenburg, mas nunca lutariam pelo trono de Guilherme na frente doméstica. O último e mais forte apoiante da monarquia tinha sido perdido e, finalmente, até o próprio Hindenburg, defensor da monarquia toda a vida, foi forçado, com algum embaraço, a aconselhar o imperador a desistir da sua coroa.[55]

O facto de que o alto comando poderia vir a abandonar o kaiser um dia tinha sido algo previsto em dezembro de 1897, quando Guilherme visitou Otto von Bismarck pela última vez. Bismarck voltou a avisar o kaiser da influência crescente dos militaristas, principalmente dos almirantes que estavam a pressioná-lo para a construção de uma frota de batalha. O último aviso de Bismarck foi:

Posteriormente, Bismarck previu com razão:

A 10 de novembro, Guilherme (agora chamado Guilherme Hohenzollern, cidadão privado) entrou a bordo do comboio que o levou para o exílio nos Países Baixos, um país que se manteve neutro durante a guerra.[58] Quando o Tratado de Versalhes foi concluído em inícios de 1919, o artigo 227 ordenava expressamente a criminalização de Guilherme por ofensa suprema contra a moral internacional e santidade dos tratados, mas a rainha Guilhermina recusou-se a extraditá-lo, apesar dos pedidos dos Aliados. O rei Jorge V escreveu que via o seu primo como o maior criminoso da História, mas opôs-se à proposta do primeiro-ministro David Lloyd George para enforcar o kaiser. O presidente dos Estados Unidos da América, Woodrow Wilson, rejeitou a extradição, afirmando que castigar Guilherme por ter encetado a guerra iria desestabilizar a ordem internacional e colocar a paz em causa.[59]

Inicialmente, Guilherme estabeleceu residência em Amerongen, onde, a 28 de novembro, publicou a sua declaração de abdicação oficial e dispensou os seus soldados e oficiais do juramento que lhe tinham prestado, terminando assim o reinado de 400 anos dos Hohenzollern na Prússia. Posteriormente, comprou uma casa de campo no município de Doorn, conhecida como Huis Doorn, a 16 de agosto de 1919 e mudou-se para lá a 15 de maio de 1920.[60] Esta seria a sua última casa para o resto da vida. Apesar de ter abdicado, nunca deixou formalmente os seus títulos e tinha esperança de poder regressar à Alemanha no futuro. A República de Weimar deu permissão a Guilherme para retirar 59 vagões, sendo 23 de mobília, 27 com embalagens de todos os tipos, um deles com um carro e outro um barco do Novo Palácio de Potsdam.[61]

Vida no exílio[editar | editar código-fonte]

Guilherme, durante o seu exílio.

Em 1922, Guilherme publicou o primeiro volume das suas memórias[62] — um volume muito fino onde insistia que não era culpado pelo rebentar da Grande Guerra e defendia a sua conduta ao longo do reino, especialmente no que dizia respeito à política estrangeira. Durante os seus 20 anos de exílio, recebeu convidados (frequentemente importantes) e manteve-se informado sobre os acontecimentos na Europa. Deixou crescer a barba e permitiu que o seu famoso bigode perdesse volume. Também aprendeu a falar holandês. O antigo kaiser também ganhou um gosto por arqueologia durante o tempo em que residiu no Palácio de Achilleion em Corfu, na Grécia, e escavou o local do Templo de Artemisa na mesma ilha. Foi uma paixão que durou ao longo de todo o seu exílio. Guilherme tinha comprado este palácio, antiga residência da imperatriz Isabel da Áustria, após o seu assassinato em 1898. Também fez planos para grandes edifícios e navios de batalha quando estava aborrecido. Durante o exílio, uma das suas maiores paixões era a caça e empalhou milhares de animais, tanto mamíferos como pássaros. Grande parte do seu tempo era passado a cortar madeira e milhares de árvores foram abatidas durante a sua estadia em Door.[63]

No início da década de 1930, Guilherme esperava que, de alguma forma, o sucesso do Partido Nazi Alemão fosse estimular o interesse pela restauração da monarquia na figura do seu neto mais velho que se tornaria no quarto kaiser. A sua segunda esposa, Hermínia (ver abaixo), fez vários pedidos ao governo nazi em nome do seu marido. No entanto, Adolf Hitler, que era, ele próprio, um veterano da Primeira Guerra Mundial, e os nazis apenas sentiam desprezo pelo homem que culpavam pela maior derrota da Alemanha e os pedidos foram ignorados. Apesar de ter recebido Hermann Göring pelo menos uma vez em Door, Guilherme começou a desconfiar de Hitler. Quando soube do assassinato da esposa do antigo chanceler Kurt von Schleicher escreveu:

Guilherme também ficou chocado com a Noite dos cristais de 9-10 de novembro de 1938, dizendo: Acabei de esclarecer a minha opinião ao Auwi [o seu quarto filho] na presença dos irmãos. Ele teve a coragem de dizer que concordava com as perseguições aos judeus e compreendia o motivo pelos quais estavam a acontecer. Quando lhe disse que qualquer homem decente descreveria estas ações como banditismos, parecia completamente indiferente. Está completamente perdido para a nossa família.[65] Também afirmou: Pela primeira vez na vida tenho vergonha de ser alemão.

Após a vitória da Alemanha sobre a Polónia em setembro de 1939, o ajudante de Guilherme, o general von Dommes, escreveu em seu nome a Hitler, afirmando que a Casa de Hohenzollern permanecia leal e chamou a atenção para o facto de nove príncipes prussianos (um filho e oito netos) estarem a combater na frente, concluindo que devido às circunstâncias especiais que exigem a residência num país estrangeiro neutro, Sua Majestade vê-se forçado a recusar fazer comentário acima mencionado. Assim, o imperador incumbiu-me de realizar esta comunicação.[66] Guilherme admirava muito o sucesso que Hitler conseguiu obter nos primeiros meses da Segunda Guerra Mundial e enviou pessoalmente um telegrama de parabéns na altura da queda de Paris, afirmando: Parabéns, venceu utilizando as minhas tropas. Numa carta dirigida à sua filha Vitória Luísa, a duquesa de Brunsvique, escreveu triunfalmente: Esta é a Entente Cordiale perniciosa do tio Eduardo VII reduzida a nada.[67] Apesar de tudo, quando os nazis conquistaram os Países Baixos em 1940, Guilherme, já debilitado, retirou-se completamente da vida pública. Em maio de 1940, quando Hitler invadiu os Países Baixos, Guilherme recusou um convite de asilo para o Reino Unido de Churchill e preferiu morrer em Huis Doorn.[68]

Durante o seu último ano em Doorn, Guilherme, já idoso, debilitado e com sua saúde mental em estado questionável, acreditava que a Alemanha era a terra da monarquia e, por isso, de Cristo enquanto que a Inglaterra era a terra do liberalismo e por isso pertencia a Satanás e ao Anticristo. Defendia que as classes governantes britânicas pertenciam à maçonaria e estavam completamente infetadas por Judas. Guilherme afirmou que o povo britânico deve ser libertado do Anticristo Judas. Temos de tirar Judas de Inglaterra tal como este foi expulso do continente.[69] Acreditava que a Maçonaria e os Judeus tinham sido os responsáveis pelas duas guerras mundiais com o objetivo de criar um Império Judaico mundial com ouro britânico e americano, mas que o plano de Judas tinha sido completamente destruído e eram eles próprios quem estavam a ser limpos do continente europeu! Agora, segundo Guilherme, a Europa continental estava a consolidar-se e a afastar-se da influência britânica após a eliminação dos britânicos e dos judeus! O resultado final seriam os Estados Unidos da Europa![69] Numa carta dirigida à sua irmã Margarida em 1940, Guilherme escreveu: A mão de Deus está a criar um novo mundo e a fazer milagres (…) Estamos a tornar-nos os Estados Unidos da Europa sob a liderança da Alemanha, um continente europeu unido. E acrescentou: Os Judeus estão a ser afastados das suas posições nefastas em todos os continentes que levaram à hostilidade durante séculos.[66] Em 1940 também se comemoraria o 100.º aniversário da sua mãe e, sobre esta ocasião, Guilherme escreveu de forma irónica a um amigo: Hoje é o 100.º aniversário da minha mãe. Ninguém na Alemanha reparou! Não houve missas nem (…) nenhum comité para recordar o seu trabalho maravilhoso para o (…) bem-estar do nosso povo alemão (…) Ninguém da nova geração sabe alguma coisa dela.[70] Esta simpatia pela mãe contrasta fortemente com o ódio intenso que expressou por ela enquanto esta estava viva.

Morte[editar | editar código-fonte]

Mausoléu onde está sepultado o corpo de Guilherme II.

Guilherme II morreu de uma embolia pulmonar em Doorn, Países Baixos, a 4 de junho de 1941, aos 82 anos de idade, a escassas semanas da invasão alemã da União Soviética. Havia soldados alemães a guardar o seu velório. No entanto, Adolf Hitler não terá ficado satisfeito por um antigo monarca ter a honra de ter soldados alemães presentes em tal cerimónia e quase despediu o general que ordenou a sua presença lá quando este foi descoberto. Apesar de não gostar pessoalmente de Guilherme, Hitler queria que o seu corpo fosse levado para Berlim para um funeral de estado, uma vez que Guilherme tinha sido o símbolo da Alemanha e dos alemães durante a Primeira Guerra Mundial. Hitler achava que tal atitude iria mostrar aos alemães a sucessão direta do Terceiro Reich a partir do velho Kaiserreich (Império Alemão).[71] Contudo, Guilherme tinha expressado que não queria regressar à Alemanha enquanto a monarquia não fosse restaurada e os seus desejos foram respeitados, sendo que as autoridades da ocupação nazi se encarregaram de organizar um pequeno funeral militar com a presença de algumas centenas de pessoas, entre as quais se encontrava August von Mackensen, vestido com o seu antigo uniforme de hussardo imperial, o almirante Wilhelm Canaris e o Reichskommissar dos Países Baixos, Arthur Seyss-Inquart, juntamente com alguns conselheiros militares. O pedido de Guilherme para que a suástica e outros símbolos nazis não fossem exibidos durante as suas exéquias fúnebres foi ignorado e estas surgem em fotografias do funeral tiradas por um fotografo holandês.[72]

Guilherme foi enterrado num mausoléu nos jardins de Huis Doorn que, a partir de então, se tornou um local de peregrinação para monarquistas alemães. No aniversário da sua morte, pequenos mas fiéis grupos de monárquicos reúnem-se em Huis Door para prestar homenagem ao último imperador da Alemanha.[73]

Historiografia[editar | editar código-fonte]

Até aos dias de hoje, surgiram três modas que caracterizam os trabalhos escritos sobre Guilherme. A primeira surgiu de escritores inspirados na corte que o consideravam um mártir e um herói. Estes aceitavam muitas vezes sem críticas as justificações fornecidas nas memórias do kaiser, apesar do fato de que na mídia da Entente ele era demonizado.[74] A segunda partiu daqueles que consideravam Guilherme completamente incapaz de lidar com as grandes responsabilidades da sua posição, viam-no como um governante demasiado imprudente para lidar com poder. Na terceira, que surgiu após a década de 1950, os intelectuais procuraram transcender as paixões da década de 1910 e tentaram retractar Guilherme e o seu reinado de forma mais objectiva.[75]

A 8 de junho de 1913, antes do início da Primeira Guerra Mundial, o New York Times publicou um suplemento especial dedicado ao 25.º aniversário da coroação do kaiser. A manchete principal dizia o seguinte: Kaiser, governante há 25 anos, louvado como principal instigador da paz. A história que acompanhava este título chamava-o o fator mais importante para a paz que o nosso tempo consegue mostrar e declarava que Guilherme era responsável por ter salvo muitas vezes a Europa da guerra iminente.[76] Até finais da década de 1950, o kaiser era visto pela maioria dos historiadores como um homem de grande influência. Em parte, tal era uma representação dos oficiais alemães. Por exemplo, o presidente Theodore Roosevelt acreditava que o kaiser controlava a política estrangeira da Alemanha porque Hermann Speck von Sternburg, o embaixador alemão em Washington e amigo pessoal do presidente, lhe apresentava mensagens do chanceler von Bülow como se tivessem sido escritas pelo kaiser. Posteriormente, os historiadores diminuíram a importância do seu papel, argumentando que os oficiais mais experientes aprenderam a controlá-lo. Mais recentemente, o historiador John C. G. Röhl retratou Guilherme como uma figura-chave para a compreensão da imprudência e queda do Império Alemão.[77] Assim, coloca-se o argumento de que o kaiser teve um papel muito importante na promoção das políticas de expansão naval e colonial que levaram à grande deterioração das relações da Alemanha com a Grã-Bretanha antes de 1914.[2][78]

Títulos, estilos e brasões[editar | editar código-fonte]

Estilo imperial e real de tratamento de
Guilherme II da Alemanha
Estilo imperial Sua Majestade Imperial
Estilo real Sua Majestade Real
Estilo alternativo Senhor

Títulos e estilos[editar | editar código-fonte]

Brasões[editar | editar código-fonte]

Brasão de Guilherme II como Imperador Alemão
Brasão de Guilherme II como Rei da Prússia

Casamentos e descendência[editar | editar código-fonte]

Guilherme II com a sua primeira esposa, a princesa Augusta Vitória.

Guilherme casou-se com a sua primeira esposa, a princesa Augusta Vitória de Schleswig-Holstein, 27 de Fevereiro de 1881. Augusta e Guilherme eram primos em segundo grau, por ela ser filha de uma sobrinha da rainha Vitória, a princesa Adelaide de Hohenlohe-Langenburg (prima direta da mãe de Guilherme), que por sua vez, era filha da irmã da rainha Vitória, a princesa Feodora de Leiningen. Portanto, Augusta era sobrinha-neta da rainha Vitória. Juntos tiveram sete filhos:

  1. Guilherme da Alemanha (6 de maio de 1882 - 20 de julho de 1951), príncipe-herdeiro da Alemanha e da Prússia desde o nascimento até à implantação da República de Weimar; casado com a duquesa Cecília de Mecklemburgo-Schwerin; com descendência.
  2. Eitel Frederico da Prússia (7 de julho de 1883 - 8 de dezembro de 1942), casado com a duquesa Sofia Calota Holstein-Gottorp de Oldenburgo em 1906 de quem se divorciou em 1926; sem descendência.
  3. Adalberto da Prússia (14 de julho de 1884 - 22 de setembro de 1948), casado com a princesa Adelaide de Saxe-Meiningen; com descendência.
  4. Augusto Guilherme da Prússia (29 de janeiro de 1887 - 25 de maio de 1949), era membro das SA e um grande apoiante de Hitler; casou-se com a princesa Alexandra Vitória de Schleswig-Holstein-Sonderburg-Glücksburg; com descendência.
  5. Óscar da Prússia (27 de julho de 1888 - 27 de janeiro de 1958), casado com a condessa Ina-Maria von Bassewitz; com descendência;
  6. Joaquim da Prússia (17 de dezembro de 1890 - 18 de julho de 1920), considerado para o trono da Irlanda; casado com a princesa Maria-Augusta de Anhalt; com descendência.
  7. Vitória Luísa da Prússia (13 de setembro de 1892 - 11 de dezembro de 1980), casada com Ernesto Augusto de Brunsvique; com descendência. É a avó materna do ex-rei da Grécia, Constantino II, e da rainha Sofia da Espanha (e bisavó do atual rei da Espanha, Filipe VI).

A imperatriz Augusta, conhecida pela alcunha carinhosa de Dona foi uma companheira constante para Guilherme e a sua morte em 11 de Abril de 1921 foi um duro golpe. A sua morte também aconteceu menos de um ano após o seu filho Joaquim se ter suicidado.

Segundo casamento[editar | editar código-fonte]

No mês de janeiro seguinte, Guilherme recebeu uma mensagem de parabéns de um filho do falecido príncipe João Jorge Luís Fernando Augusto Guilherme de Schönaich-Carolath. Guilherme, na altura com 63 anos de idade, convidou o jovem e a sua mãe, a princesa Hermínia Reuss de Greiz, a visitar Door. Guilherme achou Hermínia muito atraente e gostou muito da sua companhia. Os dois casaram no dia 9 de Novembro de 1922, apesar dos protestos dos seus apoiantes monárquicos e dos seus filhos. A filha de Hermínia, a princesa Henriqueta, casou-se com o filho do falecido príncipe Joaquim, Carlos Francisco José, em 1940, mas os dois acabariam por se divorciar em 1946. Hermínia foi uma companheira constante do imperador até à sua morte.

Ancestrais[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Carter 2010, passim.
  2. a b McLean 2001, pp. 478–502.
  3. Putnam 2001, p. 33.
  4. Clay 2007, p. 14.
  5. Hull 2004, p. 31.
  6. Röhl 1998, p. 12.
  7. Ludwig 1927, p. 91.
  8. Balfour 1964, p. 132.
  9. F 1890, p. 1.
  10. Associated Press 1890.
  11. Gauss 1915, p. 55.
  12. Taylor 1967, pp. 238–39.
  13. König 2004, pp. 359–377.
  14. Clark 2003, pp. 38–40, 44.
  15. Sainty 1991, p. 91.
  16. Nipperdey 1992, p. 421.
  17. Fromkin 2008, p. 110.
  18. Fromkin 2008, p. 87.
  19. Langer 1968, p. 528.
  20. King, Greg Twilight of Splendor: The Court of Queen Victoria During Her Diamond Jubilee Year (Wiley & Sons, 2007), pg. 52
  21. King, pg. 52
  22. Magnus, Philip King Edward the Seventh (E.P. Dutton & Co, Inc., 1964) pg. 204
  23. Magnus, pg. 204
  24. Battiscombe, Georgiana, Queen Alexandra (Constable, 1960) pg. 174
  25. LaMar Cecil (1996). Wilhelm II: Emperor and Exile, 1900-1941. UNC. p. 57.
  26. John Röhl, The Kaiser and His Court: Wilhelm II and the Government of Germany (Cambridge University Press, 1994), p. 210.
  27. Röhl (1994) p. 210.
  28. Röhl 1996, p. 203.
  29. Cecil 1996, p. 14.
  30. Cecil 1996, pp. 9.
  31. a b "O Discurso do Huno": Discurso do kaiser Guilherme II à Força de Expedição Alemã Antes da Sua Partida Para a China (27 de julho de 1900)
  32. Dunlap, Thorsten. "Wilhelm II: "Hun Speech" (1900). German History in Documents and Images
  33. Dunlap, Thorsten. Wilhelm II: "Hun Speech" (1900). German History in Documents and Images.
  34. Prenzle, Johannes, Die Reden Kaiser Wilhelms II (em alemão), Leipzig, pp. 209–212
  35. Görtemaker,, Manfred (1996), Deutschland im 19. Jahrhundert. Entwicklungslinien (Volume 274 ed.), Opladen: Schriftenreihe der Bundeszentrale für politische Bildung, p. 357
  36. Cecil 1996, pp. 91–102.
  37. Entrevista do kaiser Guilherme ao Daily Telegraph (28 de Outubro de 1908)
  38. Cecil 1996, vol. 2, pp. 135–7, 143-45.
  39. Donald E. Shepardson, "The 'Daily Telegraph' Affair," Midwest Quarterly (1980) 21#2 pp 207-
  40. Cecil 1996, vol. 2, pp. 138-41.
  41. Reinermann 2008, pp. 469–85.
  42. Herwig, pp. 21–23.
  43. Ludwig 1927, p. 444.
  44. Balfour 1964, pp. 350–51.
  45. Wilmott 2003, p. 11.
  46. Ludwig 1927, p. 453.
  47. Balfour 1964, p. 355.
  48. Craig, pp. 374, 377–78, 393.
  49. The London Gazette: no. 30186. p. 7119. 17 de julho de 1917.
  50. O título origina da peça era "As Alegres Comadres de Windsor".
  51. Books, Google, 2010-03-23, p. xxiii, ISBN 9780307593023
  52. Cecil 1996, p. 283.
  53. Schwabe 1985, p. 107.
  54. Collier 1974
  55. Cecil 1996, vol. 2 p. 292.
  56. Palmer 1976, p. 267.
  57. Taylor 1967, p. 264.
  58. Cecil 1996, vol. 2 p. 294.
  59. Ashton & Hellema 2000, pp. 53–78.
  60. Macdonogh 2001, p. 426.
  61. Macdonogh 2001, p. 425.
  62. Hohenzollern 1922.
  63. Macdonogh 2001, p. 457.
  64. Macdonogh 2001, pp. 452–52
  65. Macdonogh 2001, p. 456.
  66. a b Petropoulos 2006, p. 170.
  67. Palmer 1978, p. 226.
  68. Martin 1994, p. 523.
  69. a b Röhl, p. 211.
  70. Pakula 1995, p. 602.
  71. Sweetman 1973, pp. 654–55.
  72. Macdonogh 2001, p. 459.
  73. Ruggenberg 1998.
  74. «Civilization & Barbarism: Cartoon Commentary & "The White Man's Burden" (1898–1902)». The Asia-Pacific Journal: Japan Focus. Consultado em 20 de maio de 2021 
  75. Goetz 1955, pp. 21–44.
  76. New York Times 1913
  77. Röhl, p. 10.
  78. Berghahn 2003, pp. 281–93.
  79. «William II, German Emperor (Kaiser Wilhelm II) > Ancestors». RoyaList. Consultado em 16 de julho de 2014 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Ashton, Nigel J; Hellema, Duco (2000), Hanging the Kaiser: Anglo-Dutch Relations and the Fate of Wilhelm II, 1918–20, Diplomacy & Statecraft 11 (2): 53–78, doi:10.1080/09592290008406157, ISSN 0959-2296.
  • Associated Press (1890-03-15), The Kaiser's Conference – Trying to Solve the Workingmen's Problem. Formal Organization of the Delegates in Berlin – Seeking a New Government Combination, The New York Times, consultado a 2012-02-15.
  • Balfour, Michael (1964), The Kaiser and his Times, Houghton Mifflin.
  • Mombauer, Annika; Deist, Wilhelm, eds. (2003), Structure and Agency in Wilhelmine Germany: The history of the German Empire, Past, present and Future, The Kaiser: New Research on Wilhelm II's Role in Imperial Germany, Cambridge University Press, ISBN 978-0-521-82408-8, 299 pp.; 12 ensaios.
  • Butler, David Allen (2010), THE BURDEN OF GUILT: How Germany Shattered the Last Days of Peace, Summer 1914, Casemate Publishers, ISBN 9781935149576, retrieved 2012-07-15.
  • Carter, Miranda (2010), George, Nicholas and Wilhelm: Three Royal Cousins and the Road to World War I.
  • Cecil, Lamar (1989), Wilhelm II: Prince and Emperor, 1859–1900, Chapel Hill: University of North Carolina Press, ISBN 0-8078-1828-3.
  • ———————— (1996), Wilhelm II: Emperor and Exile, 1900–1941, ISBN 0-8078-2283-3.
  • Clark, Jr, Robert M (2003), The Evangelical Knights of Saint John, Dallas, TX.
  • Clay, Catrine (2007), King Kaiser Tsar: Three Royal Cousins Who Led the World to War, 432 pp.; popular narrative.
  • Craig, Gordon A, Germany 1866–1945.
  • F, H (1890-03-15), Labor's Cause in Europe – The Kaiser's Conference and the English Strike. Vast Interests the Strike Involves – French Vandalism, Not German, Spoken from Necessity – Tirard's Fall (PDF), London: The New York Times, consultado a 2012-02-15.
  • Fromkin, David (2008), The King and The Cowboy: Theodore Roosevelt and Edward the Seventh, Secret Partners, The Penguin Press.
  • Gauss, Christian (1915), The German Emperor as shown in his public utterances, Scribner, consultado a 2012-02-18
  • Goetz, Walter (Feb 1955), Kaiser Wilhelm II. und die Deutsche Geschichtsschreibung, Historische Zeitschrift (em alemão) 179.
  • Hohenzollern, William II (28 de Outubro de 1908), A entrevista do imperador (excerto), London Daily Telegraph
  • Hohenzollern, William II (1922), My Memoirs: 1878–1918, Harper & bros., Archive.org.
  • Hull, Isabel V (2004), The Entourage of Kaiser Wilhelm II, 1888–1918.
  • König, Wolfgang (2004), The Academy and the Engineering Sciences: an Unwelcome Royal Gift, Minerva: a Review of Science, Learning and Policy 42 (4): 359–77, doi:10.1007/s11024-004-2111-x, ISSN 0026-4695.
  • Langer, William L; et al. (1968), Western Civilization
  • Ludwig, Emil (1927), Wilhelm Hohenzollern: The Last of the Kaisers, New York: GP Putnam's Sons, ISBN 0-404-04067-5
  • Macdonogh (2001), The Last Kaiser: William the Impetuous, London: Weidenfeld & Nicolson, ISBN 978-1-84212-478-9.
  • Martin, Gilbert (1994), First World War.
  • McLean, Roderick R (2001), Kaiser Wilhelm II and the British Royal Family: Anglo-German Dynastic Relations in Political Context, 1890–1914, History 86 (284): 478–502, doi:10.1111/1468-229X.00202, ISSN 0018-2648.
  • New York Times (1913-06-08), KAISER, 25 YEARS A RULER, HAILED AS CHIEF PEACEMAKER; Men of Mark In and Out of His Dominions Write Exclusively for The New York Times Their High Opinion of His Work in Behalf of Peace and Progress During the Quarter Century That Has Elapsed Since He Became King of Prussia and German Emperor, The New York Times, retrieved 2012-02-22.
  • Nipperdey, Thomas (1992), Deutsche Geschichte 1866–1918 (em alemão), 2: Machtstaat vor der Demokratie, translated in Evans, Richard J (1997), Rereading German History: From Unification to Reunification, 1800–1996, Routledge, p. 39.
  • Pakula, Hannah (1995), The Empress Frederick, Touchstone
  • Palmer, Alan (1976), Bismarck, Charles Scribner's Sons.
  • Palmer, Alan (1978), The Kaiser: Warlord of the Second Reich, Charles Scribner's Sons.
  • Petropoulos, Jonathan (2006), Royals and the Reich, Oxford University Press.
  • Reinermann, Lothar (Oct 2008), Fleet Street and the Kaiser: British Public Opinion and Wilhelm II, German History 26 (4): 469, doi:10.1093/gerhis/ghn046.
  • Röhl, John CG; Sombart, Nicholaus, eds. (2005) [1982], Kaiser Wilhelm II: New Interpretations − the Corfu Papers, Cambridge: Cambridge University Press.
  • Röhl, John CG (1998), Young Wilhelm: The Kaiser's Early Life, 1859–1888, Cambridge University Press.
  • ———————— (2004), The Kaiser's Personal Monarchy, 1888–1900, Cambridge University Press, ASIN 0521819202, ISBN 978-0-521-81920-6, 1310 pp.
  • ———————— (1994), The Kaiser and His Court: Wilhelm II and the Government of Germany, Cambridge University Press, ISBN 0-521-40223-9.
  • Ruggenberg, Robert ‘Rob’ (1998), How A German Soldier Still Loves His Dead Kaiser, NL: Greatwar, consultado a 2012-02-18
  • Schwabe, Klaus (1985), Woodrow Wilson, Revolutionary Germany, and peacemaking, 1918–1919.
  • Sainty, Guy Stair (1991), The Orders of Saint John, New York: The American Society of The Most Venerable Order of the Hospital of Saint John in Jerusalem
  • Sweetman, John ‘Jack’ (1973), The Unforgotten Crowns: The German Monarchist Movements, 1918–1945 (dissertação), Emory University.
  • Taylor, AJP (1967), Bismarck: The Man and the Statesman.
  • Weinert, Christoph (2007), Wilhelm II. – Die letzten Tage des Deutschen Kaiserreichs.
  • Wilmott, HP (2003), The First World War, London: Dorling-Kindersley.

Ver também[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Guilherme II da Alemanha
Wikiquote
Wikiquote
O Wikiquote possui citações de ou sobre: Guilherme II da Alemanha
Guilherme II da Alemanha
Casa de Hohenzollern
27 de janeiro de 1859 - 3 de junho de 1941
Precedido por
Frederico III

Imperador Alemão e Rei da Prússia
15 de junho de 1888 - 9 de novembro de 1918
Monarquia abolida