Gümüşhane

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Gümüshane)
 Nota: "Argiropólis" e "Argyropouli" redirecionam para este artigo. Para outros significados, veja Argirópolis (Creta) ou Argirópolis (cidade fictícia).
Turquia Gümüşhane

Thera, Tira, Canca, Argiropólis

 
  Distrito (ilçe)  
Postal de Gümüşhane na década de 1910
Postal de Gümüşhane na década de 1910
Postal de Gümüşhane na década de 1910
Localização
Mapa dos distritos da província de Gümüşhane
Mapa dos distritos da província de Gümüşhane
Mapa dos distritos da província de Gümüşhane
Gümüşhane está localizado em: Turquia
Gümüşhane
Localização de Gümüşhane na Turquia
Coordenadas 40° 27' 35" N 39° 28' 40" E
País Turquia
Região Mar Negro
Província Gümüşhane
Administração
Governador (kaymakam) Yusuf Mayda [1]
Prefeito (belediye başkanı) Mustafa Canli (2009, MHP)[2]
Características geográficas
Área total [3] 1 788,8 km²
População total (2012) [4] 44 888 hab.
 • População urbana 32 444
Densidade 25,1 hab./km²
Altitude 1 200 m
Código postal 29000
Prefixo telefónico 456
Sítio Governo distrital: www.gumushane.gov.tr
Prefeitura: www.gumushane.bel.tr

Gümüşhane ou Gumuscane[5] é uma cidade e distrito (em turco: ilçe) do nordeste da Turquia. É capital da província homónima e faz parte da região do Mar Negro. O distrito tem 1 788,8 km² de área e em 2012 a sua população era de 44 888 habitantes (densidade: 25,1 hab./km²), dos quais 32 444 moravam na cidade.[4]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

No passado também grafado como Gumuch-Hane, o nome significa literalmente "casa de prata", uma alusão às minas de prata das proximidades. É composto pela palavra turca gümüş (prata) e a palavra persa خانه‎ (hane; casa). O nome grego antigo da cidade era Tera (Thera) ou Tira (em grego: Θήρα; romaniz.:Thyra), que significa portão ou porta de entrada. No período bizantino a região onde se encontra a cidade era chamada Cáldia. Na primeira metade do século XVI foi também conhecida como Canca. Após o chamado Revivalismo Grego na área, os intelectuais locais passaram a usar um antigo nome para designar a cidade: Argirópolis (Argyròpolis ou Argyropouli; "cidade de prata").

Geografia e clima[editar | editar código-fonte]

Gümüşhane situa-se no interior, a cerca de 100 km por estrada a sul-sudoeste de Trebizonda, esta última situada na costa do mar Negro. A cidade está rodeada rodeada de altas montanhas: a norte encontram-se as montanhas de Zigana-Trebizonda, que fazem parte dos Montes Pônticos; a oeste estendem-se as montanhas de Giresun; a sul ficam as montanhas de Çimen; a leste encontram-se as montanhas de Pulur e Soğanlı. As áreas de montanha constituem 56% da área da província de Gümüşhane.

É uma região onde o trekking (caminhada) é uma atividade popular. O montes Zigana tem um centro de esqui que goza de alguma popularidade entre os amantes de desportos de inverno. O ponto mais alto dessa serra é o pico Abdal Musa, que se ergue a 3 331 metros de altitude.

Nas florestas da região predominam os abetos e os pinheiros-da-escócia. A fauna, nomeadamente avícola é abundante e há muitos lagos, como os do monte Gavurdağı (Karanlık Göl, Beş Göller, Artebel Gölü, Kara Göller, etc.), que se encontram em áreas protegidas.

O clima de Gümüşhane é do tipo continental húmido,[carece de fontes?] com invernos frios e com neve e verões quentes e húmidos. No pico do verão, em julho e agosto, é comum as temperaturas ultrapassarem os 30 °C, mas devido à altitude elevada, à noite a temperatura desce para os 13-14 °C (10 °C em junho e setembro). No inverno é comum a temperatura descer aos 10 °C negativos, e ocasionalmente até abaixo dos 20 °C negativos. A média das temperaturas mínimas é negativa entre dezembro e março e em outubro, novembro e abril é muito próxima de zero. Entre dezembro e fevereiro a média das temperaturas máximas não chega aos 5 °C. A precipitação média anual é de 461 mm mais ou menos distribuída por todos os meses, embora em julho e agosto seja de apenas 13 mm.[6]

Atrações turísticas[editar | editar código-fonte]

Gümüşhane tem um rico passado histórico, pelo que conta com vários palácios históricos, mesquitas, igrejas, castelos, etc. A Mesquita Süleymaniye encontra-se na antiga localização da cidade e foi mandada construir pelo sultão otomano Solimão, o Magnífico. Outras mesquitas interessantes na cidade são a Mesquita Küçük e a mesquita da "aldeia de Çit". Entre as igrejas podem citar-se por exemplo, a Santa Çakallı, Santa Terzili, Kalur Rock, Samamoni e a igreja de Theodor.[7][8][9]

Há numerosas cavernas, grandes e pequenas, devido à estrutura geológica da região. A de Karaca é a mais popular, devido às suas características específicas. É uma caverna fóssil, com 150 metros de comprimento, situada entre Torul e Gümüşhane. Apresenta interessantes formações de estalactites, estalagmites, colunas e charcos de travertino. Os planaltos escondidos entre as florestas, como os de Zigana, Taşköprü, Artabel, Şiran e Kalis são outra das atrações da região. Em alguns deles são organizados festivais de verão.

A gastronomia regional é outro dos atrativos para turistas, sobretudo para os turcos, que aproveitam as visitas para consumir e adquirir alguns dos produtos regionais. Entre as especialidades locais destacam-se pela sua popularidade o pestil e köme, doces feitos de amora, mel, noz, avelã e leite. Outros pratos regionais são o mantı, lemis, erişte, borani, kuymak, evelek dolması e siron. Entre os produtos naturais destacam-se os frutos de rosa, maçãs e avelãs.[10]

História[editar | editar código-fonte]

Gümüşhane foi fundada cerca de 700 a.C. com nome de Thyra (Tira; Θύρα) por colonos Gregos da Jónia, que foram os primeiros a descobrir prata na região. Outro nomes pelo qual foi conhecida a cidade foram Αργυρόπολις (Argirópolis), Γκιμισχανά e Κιουμουσχανά. Cerca de 840 a.C., Argiropólis passou a fazer parte da província bizantina da Cáldia (Χαλδία). Nos séculos seguintes foi governada pelos Omíadas, beilhique de Mengücek, Império de Trebizonda, Cordeiros Brancos, Safávidas e finalmente foi integrada no Império Otomano. Durante a administração otomana pertecenceu sucessivamente às províncias de Rum, Erzurum e Trebizonda e o que é hoje a província de Gümüşhane foi dividida em quatro kasas: Argyroupolis, Torul (com capital em Ardassa), Şiran (Cheriana) e Kelkit (Keltik). O sanjaco (subprovíncia) onde Argiropólis se situava chegou a ter 37 minas de chumbo argentífero e 6 minas de cobre. Não há provas de que estas minas tivessem sido exploradas durante o período bizantino.

A região prosperou a partir do final do século XV, quando foi repovoada após a queda do Império de Trebizonda em 1461. a nova cidade tornou-se rapidamente um centro de mineiros. O sultão Murade III (r. 1574–1595) parece ter concedido privilégios especiais aos líderes mineiros e a cidade tornou-se um centro de cultura grega. Tinha então cerca de 60 000 residentes. O comércio aumentou e toda a província da Cáldia se desenvolveu. Um exemplo desse desenvolvimento é a cunhagem de moedas com o nome "Kioumous-hane"; outro exemplo foi o estabelecimento de famílias influentes ligadas às minas, como os Sarasitas, os Karatsades, Stavracoglous, Kalimachidises, Grigoranton e outras. A cidade tinha muitas joalherias e artes, nomeadamente ligadas ao culto cristão ortodoxo, também conheceram grande atividade na região.

O crescimento da riqueza e abundância trouxe mudanças positivas para as comunidades. Em 1650 a diocese foi elevada a arquidiocese e foram construídas centenas de igrejas. A partir do século XVIII foram abertas novas escolas e em 1723 o Frontistirion (centro de educação grego) de Argiropólis estava em pleno funcionamento. Esta instituição tornou-se um centro educacional e espiritual da região. Entretanto forma descobertas novas minas em Ak-dag Maden e Argoni, o que originou um grande êxodo de mineiros de Argiropólis. A esta perda de população seguiu-se a guerra russo-turca de 1828-1829, que levou a que a maioria dos habitantes fugisse para o sul da Rússia, Nicomédia (İzmit), Mesopotâmia e outras regiões mineiras, desde Tbilisi até às montanhas de Ak-Dag e do Tauro. Durante esses anos, as tensões entre Gregos e muçulmanos cresceram devido à Revolução Grega e à reveleação dos Stavriotes que se declararam publicamente cristãos ortodoxos, quando até então se diziam muçulmanos mas secretamente praticavam o cristianismo.[11]

Durante esses tempos confusos e atormentados, muitas pessoas tornaram-se filantropas, como a família Sarasite e o influente professor Georgios Kyriakidis. Este último convenceu a comunidade a extrair largas somas de dinheiro de várias igrejas para responder às necessidades de educação da cidade. A venda de propriedades, doações e consagrações permitiram a construção de uma nova escola no Frontistirion de Argiropólis, a qual funcionou até à chamada troca de populações entre a Grécia e a Turquia em 1923, quando as populações gregas foram forçadas a abandonar as suas casas para irem viver para a Grécia. O Frontistirion tinha uma escola primária onde eram lecionados sete anos, um liceu com cursos de três anos, uma escola feminina com cursos de seis anos e uma escola profissional de fabrico de tapetes.[12]

Outros edifícios públicos importantes eram a biblioteca da Sociedade Educacional Kyriakidis e a "Metrópole da Cáldia". Por tudo isso, considerava-se que os argiropolitanos tinham alguns dos melhores recursos educativos, devido principalmente à prosperidade económica proporcionada pelas minas.[12]

Depois dos tumultos e confrontos étnicos de 1914-1923, alguns Gregos Pônticos lograram fugir para a Grécia, instalando-se na Macedónia grega. Um pequeno grupo que se fixou em Naousa levou alguns objetos preciosos das suas igrejas na cidade e obras da biblioteca do Frontistirion, incluindo alguns manuscritos e livros raros. Essa coleção é atualmente uma parte valiosa do património de Naousa.

Durante a Primeira Guerra Mundial, Gümüşhane foi ocupada pelo Exército Russo do Cáucaso de 20 de julho de 1916 a 15 de fevereiro de 1918, depois da Revolução Russa.

Notas e referências[editar | editar código-fonte]

  • Este artigo foi inicialmente traduzido, total ou parcialmente, do artigo da Wikipédia em inglês cujo título é «Gümüşhane», especificamente desta versão.
  1. «Gümüşhane İlı». yerelnet.org.tr (em turco). YerelNET. Consultado em 9 de maio de 2013 
  2. «Gümüşhane Beledıyesı». www.yerelnet.org.tr (em turco). YerelNET. Consultado em 9 de maio de 2013 
  3. «Districts of Turkey». www.statoids.com (em inglês). Administrative Divisions of Countries ("Statoids"). 2 de fevereiro de 2008. Consultado em 26 de maio de 2010. Cópia arquivada em 26 de maio de 2010 
  4. a b «Base de dados do sistema de registo de população baseada em moradas (ABPRS)». www.tuik.gov.tr (em turco). Instituto de Estatística da Turquia (TURKSTAT). Consultado em 9 de maio de 2013 
  5. Correia, Paulo (Outono de 2022). «Turquia — apontamentos para ficha de país» (PDF). a folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. Consultado em 2 de fevereiro de 2023 
  6. «Resmi İstatistikler (İl ve İlçelerimize Ait İstatistiki Veriler)». www.dmi.gov.tr (em turco). Meteoroloji Genel Müdürlüğü (Direção Geral de Meteorologia). Consultado em 9 de maio de 2013. Arquivado do original em 30 de abril de 2011 
  7. «Gümüşhane: Mosques, Mausoleums and Churches». www.kulturturizm.gov.tr (em inglês). Ministério da Cultura e Turismo da Turquia. Consultado em 10 de maio de 2013 
  8. «Part 12: Gümüşhane». www.karalahana.com (em inglês). A travel guide of Turkey Black Sea Region (Pontus). 2007. Consultado em 10 de maio de 2013. Arquivado do original em 11 de maio de 2012 
  9. «Gümüşhane». www.karalahana.com (em turco). Consultado em 10 de maio de 2013. Arquivado do original em 4 de maio de 2012 
  10. «Turkish cuisine traditional foods of Black Sea region». www.karalahana.com (em inglês). A travel guide of Turkey Black Sea Region (Pontus). Consultado em 10 de maio de 2013. Arquivado do original em 11 de maio de 2012 
  11. Topalidis, Sam. «Crypto-Christians of the Trabzon Region of Pontos. Who were the crypto-Christians?». www.karalahana.com (em inglês). A travel guide of Turkey Black Sea Region (Pontus). Consultado em 10 de maio de 2013. Arquivado do original em 11 de maio de 2012 
  12. a b Öztürk, Özhan (2011), Pontus: Antik Çağ’dan Günümüze Karadeniz’in Etnik ve Siyasi Tarihi (em turco), Ancara: Genesis Publising, p. 695-701 

Bibliografia complementar[editar | editar código-fonte]

  • The Encyclopedia of Pontian Hellenism, Malliaris Pedia 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

O Commons possui uma categoria com imagens e outros ficheiros sobre Gümüşhane
  • «Gümüşhane». kurumsal.kulturturizm.gov.tr (em turco). Portal institucional do Ministério da Cultura e Turismo. Consultado em 9 de maio de 2013