HMS Bellerophon (1786)

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
HMS Bellerophon

O Bellerophon em detalhe da pintura Scene in Plymouth Sound in August 1815, de John James Chalon em 1816

Grã-Bretanha Reino Unido
Operador Marinha Real Britânica
Fabricante Edward Greaves and Co.
Homônimo Belerofonte
Data de encomenda 11 de janeiro de 1782
Batimento de quilha maio de 1782
Lançamento 6 de outubro de 1786
Comissionamento julho de 1790
Descomissionamento setembro de 1815
Renomeado "Billy Ruffian"
Estado Desmontado
Características gerais
Tipo de navio Navio de linha
Classe Arrogant
Comprimento 51,2 m
Boca 14,3 m
Calado 6 m
Propulsão Três mastros
Armamento 28 canhões de 32 libras
28 canhões de 18 libras
18 canhões de 9 libras
Tripulação 550

O HMS Bellerophon foi um navio de linha de terceira categoria, com 74 canhões,[1] da Marinha Real Britânica. Lançada ao mar em 1786, serviu durante as Guerras revolucionárias francesas e as Guerras Napoleónicas, na sua maioria em bloqueios e serviço de escolta a comboios. Conhecido como "Billy Ruffian" pelos marinheiros, combateu em três batalhas - Glorioso primeiro de Junho, Batalha do Nilo e Batalha de Trafalgar -, e foi o navio a bordo do qual Napoleão Bonaparte se rendeu, pondo fim a uma guerra quase contínua de 22 anos com a França.[1][2]

Construído em Frindsbury,[1] o Bellerophon serviu de navio de reserva, durante a Crise de Nootka e na Guerra Russo-Turca. Entrou em acção, integrado na Frota do Canal, no início das Guerras revolucionárias francesas, e no Glorioso Primeiro de Junho em 1793. O Bellerophon escapou por pouco à captura pelos franceses em 1795, quando o seu esquadrão foi quase derrotado por uma forte frota francesa, mas as ousadas acções do seu comandante de esquadrão, o vice-almirante William Cornwallis, levaram à retirada dos franceses. Em 1797, o navio teve uma pequena participação na intercepção da invasão francesa da Irlanda, e, depois, juntou-se à Frota do Mediterrâneo comandada por John Jervis. Destacado para reforçar a frota do contra-almirante Horatio Nelson em 1798, o Bellerophon fez parte da força que derrotou a frota francesa na Batalha do Nilo. Regressou, então, a Inglaterra e partiu para as Índias Ocidentais, onde passou o período da paz de Amiens em cruzeiros e em escoltas a comboios entre as Caraíbas e a América do Norte.

O Bellerophon regressou a águas europeias com a retomada das guerras com a França, juntando-se a uma frota sob o comando do vice-almirante Cuthbert Collingwood que estava num bloqueio a Cádis. A frota reforçada, comandada então por Horatio Nelson, atacou a força conjunta franco-espanhola. Na Batalha de Trafalgar, a 21 de Outubro, o Bellerophon teve um difícil confronto contras os navios franceses e espanhóis, sofrendo pesadas baixas incluindo a morte do seu capitão, John Cooke.[2] Depois de ser reparado, o Bellerophon partiu para participar no bloqueio das frotas inimigas do Canal da Mancha e do Mar do Norte. Em 1809, zarpou para o Báltico para efectuar ataques aos navios russos e,[2] em 1810, partiu, de novo, para a costa francesa, para participar em acções de bloqueio aos seus portos. Entre 1813 e 1814, prestou serviço de escolta a comboios na América do Norte, e em 1815 recebeu uma comissão para bloquear o porto atlântico francês de Rochefort. Em Julho de 1815, derrotado em Waterloo, e procurando fugir para a América através do bloqueio pelo Bellerophon, Napoleão subiu a bordo "do navio que o perseguiu durante vinte anos" para, finalmente, se render aos britânicos.[3] Foi o último serviço marítimo do Bellerophon. Quando saiu do serviço activo, foi convertido em navio-prisão em 1815,[1] e o seu nome alterado para Captivity em 1824,[1] para ceder a sua designação a outro navio. Seguiu para Plymouth em 1826, onde se manteve ao serviço até 1834, quando os últimos presos saíram. O Almirantado deu ordem para ser vendido em 1836,[1] e posteriormente desmantelado.

A longa e distinguida carreira do Bellerophon foi perpetuada na literatura e na música popular de Inglaterra, comemorando as conquistas do "Billy Ruffian".

Referências

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Adkin, Mark (2007). The Trafalgar Companion: A Guide to History's Most Famous Sea Battle and the Life of Admiral Lord Nelson. London: Aurum Press. ISBN 1-84513-018-9 
  • Adkins, Roy (2005). Trafalgar: The Biography of a Battle. London: Abacus. ISBN 0-349-11632-6 
  • Adkins, Roy; Adkins, Lesley (2008). Jack Tar: The Extraordinary Lives of Ordinary Seamen in Nelson's Navy. London: Abacus. ISBN 978-0-349-12034-8 
  • Adkins, Roy; Adkins, Lesley (2007). The War for All the Oceans: From Nelson at Trafalgar to Napoleon at Waterloo. London: Abacus. ISBN 978-0-349-11916-8 
  • Brown, Anthony Gary; White, Colin (2006). The Patrick O'Brian Muster Book: Persons, Animals, Ships and Cannon in the Aubrey-Maturin Sea Novels 2 ed. Jefferson: McFarland. ISBN 978-0-7864-2482-5 
  • Clayton, Tim; Craig, Phil (2005). Trafalgar: The Men, the Battle, the Storm. London: Hodder & Stoughton. ISBN 0-340-83028-X 
  • Cordingly, David (2004). Billy Ruffian: The Bellerophon and the Downfall of Napoleon: The Biography of A Ship of the Line, 1782–1836. London: Bloomsbury Publishing. ISBN 0-7475-6544-9 
  • Giles, Frank (2002). Napoleon Bonaparte: England's Prisoner. London: Constable. ISBN 978-1-84119-599-5 
  • Goodwin, Peter (2005). The Ships of Trafalgar: The British, French and Spanish Fleets October 1805. London: Conway Maritime Press. ISBN 1-84486-015-9 
  • Lavery, Brian (2003). Nelson and the Nile: The Naval War against Bonaparte 1798. London: Caxton Editions. ISBN 1-84067-522-5 
  • Lavery, Brian (1989). Nelson's Navy: The Ships, Men and Organisation 1793–1815. London: Conway Maritime Press. ISBN 0-85177-521-7 
  • Lavery, Brian (2003). The Ship of the Line – Volume 1: The Development of the Battlefleet 1650–1850. London: Conway Maritime Press. ISBN 0-85177-252-8 
  • Mackenzie, Colonel Robert Holden (2004). The Trafalgar Roll: The Ships and the Officers. London: Chatham Publishing. ISBN 1-86176-228-3 
  • Marshall, John (1827). Royal Naval Biography; Or, Memoirs of the Services of All the Flag-officers, Superannuated Rear-admirals, Retired-captains, Post-captains, and Commanders, Whose Names Appeared on the Admiralty List of Sea Officers at the Commencement of the Present Year, Or who Have Since Been Promoted; Illustrated by a Series of Historical and Explanatory Notes. With Copious Addenda: Supplement. London: Longman, Rees, Orme, Brown, and Green 
  • Mostert, Noel (2008). The Line Upon A Wind: The Greatest War Fought at Sea Under Sail, 1793–1815. London: Vintage Books. ISBN 978-0-7126-0927-2 
  • Roberts, Andrew (2002). Napoleon & Wellington. London: Phoenix Press. ISBN 1-84212-740-3 
  • Rodger, Nicholas (2005). The Command of the Ocean: A Naval History of Britain 1649–1815. London: Penguin Books. ISBN 978-0-14-028896-4 
  • Winfield, Rif (2007). British Warships in the Age of Sail 1714–1792: Design, Construction, Careers and Fates. London: Seaforth. ISBN 978-1-84415-700-6 
  • Woodman, Richard (2005). The Victory of Seapower: Winning the Napoleonic War 1806–1814. London: Mercury Books. ISBN 1-84560-012-6