Hamadã ibne Hamadune

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Hamadã
Nacionalidade Califado Abássida
Etnia Árabe
Progenitores Pai: Hamadune ibne Alharite
Filho(a)(s) Ver árvore abaixo
Ocupação General e governador
Religião Islamismo

Hamadã ibne Hamadune ibne Alharite Ataglibi (Ham(a)dan ibn Ham(a)dun ibn al-Harith al-Taglibi; fl. 868–895) foi um chefe árabe taglibita na Mesopotâmia Superior, e o patriarca da dinastia hamadânida. Junto com outros chefes árabes da região, ele resistiu às tentativas de reimposição do controle abássida sobre a Mesopotâmia Superior nos anos 880, e juntou-se à Rebelião Carijita. Ele foi finalmente derrotado e capturado pelo califa Almutadide (r. 892–902) em 895, mas foi mais tarde libertado como uma recompensa pelos distintos serviços de seu filho Huceine ao califa.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Árvore genealógica dos hamadânidas

Sua família pertenceu a tribo dos taglibitas, estabelecido na Mesopotâmia Superior desde antes das conquistas muçulmanas. A tribo foi particularmente forte na região de Moçul, e veio a dominar a área durante a década da Anarquia em Samarra (861–870), quando os líderes taglibitas tomaram vantagem do colapso da autoridade do governo abássida central para assegurar sua autonomia.[1] Hamadã propriamente aparece pela primeira vez em 868, lutando ao lado dos outros taglibitas contra a Rebelião Carijita na Mesopotâmia Superior.[2]

Em 879, contudo, o governo abássida, em um esforço para restaurar seu controle, substituiu a sucessão dos chefes taglibitas como governadores de Moçul por um comandante turco, Ixaque ibne Cundajique. Isso acarretou a deserção dos chefes taglibitas, inclusive Hamadã, para os rebeldes carijitas.[3] Hamadã tornou-se um líder proeminente na rebelião; assim, ele é mencionado - com a alcunha carijita de "Alxari" - entre os líderes tribais carijitas e árabes na grande vitória por Ixaque em abril/maio de 881, quando o exército rebelde foi derrotado e perseguido para Nísibis e Amida.[2][4]

Mapa da Mesopotâmia Superior

Em 892, um novo califa, Almutadide (r. 892–902), tomou o trono, determinado a restaurar o controle abássida na Mesopotâmia Superior. Em uma série de campanhas, ele conseguiu a submissão de muitos potentados locais, mas Hamadã ofereceu oposição tenaz. Mantendo as fortalezas de Maridim e Ardamuxte (próximo a moderna Cizre), e aliado com as tribos curdas das montanhas do norte da planície mesopotâmia, ele resistiu até 895. Naquele ano, o califa tomou primeiro Maridim e então Ardamuxte, que estava protegida pelo filho de Hamadã, Huceine. Hamadã fugiu diante do exército califal, mas após uma "perseguição épica" (H. Kennedy), finalmente desistiu e rendeu-se em Moçul e foi jogado na prisão.[2][3]

Como H. Kennedy comenta, "esta rendição pode ter parecido o fim da fortuna da família como foi para outros líderes locais na área", mas o filho de Hamadã, Huceine conseguiu preservar a fortuna da família. Huceine entrou em serviço do califa e foi instrumental para o fim da Rebelião Carijita ao capturar seu líder, Harune Alxari. Ele foi recompensado por Almutadide com o perdão califal para seu pai e o direito de organizar e comandar seu próprio corpo de cavaleiros taglibitas, que ele liderou em várias expedições pelos anos seguintes, tornando-se um dos mais proeminentes comandantes do califado. Sua influência permitiu-o tornar-se, na descrição de Kennedy, o "intermediário entre o governo e os árabes e curdos da Jazira [Mesopotâmia Superior]", assim cimentando o domínio da família na área e levando a fundação do poder da dinastia hamadânida sob seus dois sobrinhos, Nácer Adaulá (r. 935–967) e Ceife Adaulá (r. 945–967).[5][6]

Referências

  1. Kennedy 2004, p. 265–266.
  2. a b c Canard 1986, p. 126.
  3. a b Kennedy 2004, p. 266.
  4. Fields 1987, p. 50.
  5. Canard 1986, p. 126ff..
  6. Kennedy 2004, p. 266ff.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Canard, Marius (1986). «Ḥamdānids; Ḥusayn b. Ḥamdān». The Encyclopedia of Islam, New Edition, Volume III: H–Iram. Leida e Nova Iorque: BRILL. ISBN 90-04-09419-9 
  • Fields, Philip M., ed. (1987). The History of al-Ṭabarī, Volume XXXVII: The ʿAbbāsid Recovery. The War Against the Zanj Ends, A.D. 879–893/A.H. 266–279. Albânia, Nova Iorque: Imprensa da Universidade Estadual de Nova Iorque. ISBN 0-88706-053-6 
  • Kennedy, Hugh N. (2004). The Prophet and the Age of the Caliphates: The Islamic Near East from the 6th to the 11th Century (Second ed. Harlow, RU: Pearson Education Ltd. ISBN 0-582-40525-4