Henry Chamberlain

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Henry Chamberlain
Henry Chamberlain
Nascimento 2 de outubro de 1796
Londres
Morte 1844
Bermudas
Cidadania Brasil
Progenitores
  • Sir Henry Chamberlain, 1st Baronet
  • Elizabeth Harrod
Cônjuge Harriet Mullen
Filho(a)(s) Henry Orlando Chamberlain, 3rd Bt.
Irmão(ã)(s) William Charles Chamberlain, Crawford Chamberlain, Neville Bowles Chamberlain, Eliza Caroline Chamberlain
Ocupação pintor, oficial
Título baronete

Henry Chamberlain (Inglaterra, 1796 - Ilhas Bermudas, 1844) foi um pintor, desenhista e militar inglês, que viajou pelo Brasil e por outros países e colônias da América e da Oceania durante o século XIX. Embora fosse um artista amador, seu registro meticuloso e acurado da topografia das cidades brasileiras é de grande importância para o conhecimento da paisagem urbana da época, e suas pinturas e aquarelas muito valorizadas por colecionadores brasileiros em virtude de seu valor etnográfico. Em 1821, publicou na Inglaterra o pioneiro álbum Views & Costumes of Rio de Janeiro, com 36 gravuras de bairros e paisagens da capital fluminense.[1]

Vida e obra[editar | editar código-fonte]

Pouco tempo após ingressar na Artilharia Real Britânica, Henry Chamberlain partiu para o Brasil na companhia de seu pai, o homônimo Sir Henry Chamberlain, cônsul-geral no país e encarregado dos negócios da Inglaterra na corte do Rio de Janeiro entre 1815 e 1829, famoso pelas festas e recepções oficiais fartamente ilustradas nas crônicas do Palácio do Catete escritas por Maria Graham e Lord Amherst, entre outros. Durante sua curta estadia no Brasil, entre 1819 e 1820, Henry Chamberlain faria diversos registros, em desenhos, aquarelas e pinturas, de valor documental e etnográfico.[2]

Quitandeiras da Lapa, 1819-1820
MASP, São Paulo
O Mercado de Escravos, 1822
Museu da Chácara do Céu, Rio de Janeiro

Chamberlain visitou e registrou as paisagens de São Paulo e Ouro Preto, mas elegeu por excelência a cidade do Rio de Janeiro como objeto de suas representações artísticas.[1] Ao retornar para a Inglaterra, publicou Views & Costumes of Rio de Janeiro, um álbum com 36 gravuras em água-tinta, coloridas e acompanhadas de textos descritivos, representando a vida cotidiana, os hábitos e as paisagens urbanas do Rio, lançado em fascículos a partir de 1821 - anterior, portanto, às famosas Viagens Pitorescas de Rugendas e Debret.[1][3]

O amadorismo das criações artísticas de Chamberlain - observável na ausência ou deficiência da perspectiva e na não aplicação do claro-escuro - deve ser entendido como uma reafirmação de seu caráter totalmente incidental, devidamente contextualizado como um passatempo bastante recorrente entre os estrangeiros residentes na corte do Rio de Janeiro e em outras regiões do país durante o século XIX.[1] Apesar disso, seu paisagismo mostra-se acurado e fiel às características topográficas dos sítios retratados, servindo até hoje como base para a reconstituição relativamente fidedigna das ruas e quarteirões do Rio de Janeiro à época.[3]

Chamberlain também retratou os tipos populares das cidades brasileiras, dedicando especial atenção ao registro das vestimentas e indumentárias, à maneira de Joaquim Cândido Guilhobel, mas preocupando-se também com a ilustração das relações sociais que observou nas ruas do Rio de Janeiro - como o trabalho dos escravos, a movimentação no Largo da Glória e o burburinho dos mercados. Alguns pesquisadores também apontam em sua obra a presença de um senso de humor característico da escola inglesa do século XVIII, seguindo a tradição de William Hogarth.[3]

Após sua estadia no Brasil, Chamberlain prossegue sua carreira militar, atingindo o posto de capitão.[4] Visitaria outras localidades tidas como "exóticas", como a Nova Zelândia e as Ilhas Bermudas - onde viria a falecer aos 48 anos de idade, vítima de febre amarela, quando já tinha abandonado quase que por completo a pintura há mais de vinte anos.[1]

Em 1943, o álbum Vistas e Costumes da Cidade do Rio de Janeiro e Cercanias foi publicado em São Paulo e no Rio de Janeiro pela Editora Kosmos, com tradução e introdução de Rubens Borba de Moraes.[5] Suas pinturas, gravuras e aquarelas integram os acervos do Museu de Arte de São Paulo, dos Museus Castro Maya no Rio de Janeiro, e do Museu Imperial de Petrópolis[6], além da Coleção Brasiliana da Fundação Estudar, em depósito na Pinacoteca do Estado de São Paulo.[carece de fontes?]

Ver também[editar | editar código-fonte]

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Referências

  1. a b c d e Marques, 1998, pp.189.
  2. Marques, 1998, pp.191.
  3. a b c «Chamberlain, Henry - Comentário Crítico». Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais. Consultado em 2 de março de 2010 
  4. «Chamberlain, Henry - Biografia». Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais. Consultado em 2 de março de 2010 
  5. «Chamberlain, Henry - Histórico». Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais. Consultado em 2 de março de 2010 
  6. «Chamberlain, Henry - Acervos». Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais. Consultado em 2 de março de 2010 

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Bardi, Pietro Maria & Manuel, Pedro (1979). Arte no Brasil. São Paulo: Abril Cultural 
  • Lago, Pedro Corrêa do (1998). Iconografia paulistana do século XIX. São Paulo: Metalivros 
  • Marques, Luiz (org.) (1998). Catálogo do Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand. Arte da península ibérica, do centro e do norte da Europa. III. São Paulo: Prêmio. pp. 189–191. CDD-709.4598161