Hermano da Silva Ramos

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Nano da Silva Ramos
Informações pessoais
Nome completo Hermano João da Silva Ramos
Nacionalidade Brasil brasileiro
França francês
Nascimento 7 de dezembro de 1925 (98 anos)
Paris, França
Registros na Fórmula 1
Temporadas 19551956
Equipes Gordini
GPs disputados 7
Títulos 0 (21º em 1956)
Primeiro GP GP dos Países Baixos de 1955
Último GP GP da Itália de 1956

Hermano João da Silva Ramos, também conhecido como Nano da Silva Ramos (Paris, 7 de dezembro de 1925), é um ex-automobilista franco-brasileiro. É o piloto mais velho vivo que correu na Fórmula 1.[1]

Foi o terceiro piloto brasileiro a correr na Fórmula 1. Filho de mãe francesa e de pai brasileiro,[2] herdou do pai, piloto da Bugatti nos anos 30, a paixão pelo automobilismo. Com dupla nacionalidade (brasileira e francesa),[3] nasceu na França e mudou-se para o Rio de Janeiro após a Segunda Guerra mundial. Nano disputou corridas em diversos campeonatos entre os anos de 1947 e 1960, incluindo 7 GPs de Fórmula 1 nas temporadas de 1955 e 1956, cinco Tour de France Auto (1953/1954/1957/1958/1959) e quatro participações nas 24 Horas de Le Mans (1954/1955/1956/1959), pilotando sempre por grandes marcas como MG, Gordini, Ferrari, Aston Martin, Maserati, Jaguar, Cooper, Lotus e Porsche.

Carreira[editar | editar código-fonte]

Nano da Silva Ramos estreou na Fórmula 1 com um Gordini T16 (carro azul no segundo plano)
O último GP na Fórmula 1 foi com o Gordini T32

Sua carreira teve início em 30 de março de 1947 na primeira Prova Internacional de Interlagos/São Paulo para carros Grand Prix, com um carro esporte inglês, o MG TC. Nesta corrida, vencida pelo italiano Achille Varzi, seguido por Chico Landi e Gino Bianco, Nano teve problemas no carro e abandonou a prova. Aos 21 anos, Nano passou a disputar algumas corridas no Brasil por diversão. Após quase quatro anos morando no país, retornou à França e iniciou de vez sua carreira no automobilismo.

Em 1952 foi assistir a edição das 24 Horas de Le Mans como espectador e se apaixonou pelo Aston Martin DB2. Com vários amigos pilotos, resolveu comprar um modelo da marca inglesa e a começar a competir profissionalmente. Com o Aston Martin DB2, venceu o Rallye de Sable de 1953 no circuito de Le Mans. Em 1954 venceu o Torneio de Velocidade de Montlhéry, circuito situado perto de Paris, ficou em segundo lugar na Copa de Paris novamente em Montlhéry e no mês de junho tornou-se o primeiro piloto brasileiro a correr na histórica 24 Horas de Le Mans. Andou entre os primeiros de sua categoria antes de abandonar a prova com a suspensão quebrada.

Em 1955, após algumas atuações de destaque no automobilismo francês, foi convidado para correr na equipe oficial da Gordini. Das 32 corridas que disputou como piloto oficial da equipe francesa, venceu quatro (Paris Cup 1955, Montlhéry 1955/1956 e Tours 1956), disputou provas na Venezuela, Marrocos, Senegal e as 24 Horas de Le Mans de 1955 e 1956 com o modelo T23. Mas, o auge nas competições foram as 7 provas válidas pelo Mundial de Fórmula 1: três em 1955 e quatro em 1956. Nano terminou três corridas e abandonou em quatro, um resultado razoável tendo em vista a precariedade da equipe. “Os carros quebravam muito porque a Gordini não tinha dinheiro para comprar peças novas. A suspensão sempre dava problemas e às vezes até perdíamos as rodas. Era muito perigoso”, comenta.

Na Fórmula 1, Nano estreou no GP da Holanda de 1955, na 8ª colocação, onde o vencedor foi Juan Manuel Fangio, com um Mercedes. No entanto, seu melhor momento na categoria foi no GP de Mônaco de 1956. Nano chegou em 5º lugar conduzindo a Gordini T16 #6 e se tornou o segundo brasileiro a pontuar na categoria, depois que Chico Landi ficou em 4º lugar no GP da Argentina do mesmo ano. Na época, a corrida consistia em 100 voltas pelas ruas do principado. Hermano levou o carro até o final e marcou dois pontos em corrida vencida pelo inglês Stirling Moss, da Maserati.

Em maio de 1957, seu grande amigo das pistas, Alfonso de Portago, morreu em acidente nas Mil Milhas de Brescia (Itália), e deixou Nano bastante chocado com a tragédia. Nano avisou a equipe Gordini que não correria o GP de Mônaco de Fórmula 1 que seria disputado dias depois, pois ele a sua família estavam muito abalados e preocupados com a falta de segurança nas pistas. A decisão pôs fim a sua participação na Gordini. A última corrida pela equipe de Amédée Gordini foi no Grande Prêmio de Nápoles, prova em que teve que abandonar com problemas no freio na volta 14.

Em 1958, Nano voltou ao automobilismo nas categorias Turismo-Esporte e F2. Na F2 disputou duas provas pela equipe Cooper T45 de Alan Brown e obteve um segundo lugar no Grande Prêmio de Pau (França), atrás de Maurice Trintignant e sétimo lugar no Grande Prêmio de Reims (França). Na categoria Turismo-Esporte disputou uma corrida pela Lotus, as 3 Horas de Pau na qual saiu vencedor, e os bons resultados o levaram a assinar contrato com a Ferrari. Após um começo difícil, abandonou o Grande Prêmio de Pau ao errar um freada e bater no muro, Nano foi chamado a Maranello para conversar com Enzo Ferrari, então presidente da equipe, que disse: “Um dia disse à Farina que a coisa mais importante numa corrida é o piloto se manter na pista, a segunda é andar rápido. Não vou dizer isso uma segunda vez’’. Após o episódio, Nano obteve bons resultados: ganhou o Grande Prêmio de Spa (Bélgica) e ficou em terceiro lugar no Tour de France Auto e no Circuito d’Auvergne (França) sempre conduzindo uma 250 GT. Nas 12 Horas de Reims, Nano teve como companheiro de equipe Phil Hill, campeão mundial de Fórmula 1 em 1961, mas após uma pane no motor no final da corrida, conseguiram apenas a sétima posição.

Em 1959 disputou, mais uma vez, as 24 Horas de Le Mans, dessa vez a bordo de uma Ferrari 250 Testarossa, número 15, com o inglês Cliff Allison, seu companheiro de equipe. Com um carro que demonstrava um excelente desempenho, Nano fez o melhor tempo nos treinos classificatórios especiais, com velocidade média de 200 km/h, e foi destaque na primeira página do jornal francês Le Figaro. No entanto, o excelente desempenho nos treinos não foi o mesmo na corrida. O sonho de conquistar a vitória terminou após quatro horas de corrida quando Nano abandonou a prova com problemas no câmbio. Foi a primeira vez que os três carros da Ferrari que largaram não completaram as 24 Horas de Le Mans. Em setembro, pela categoria Turismo, Nano ganhou o Tour de France Auto com o Jaguar MK2. Pela equipe italiana Scuderia Centro Sud, com uma Maserati 250F, Nano participou de três provas não oficiais de Fórmula 1 e obteve seu melhor resultado em Aintree (Inglaterra), no XVI BARC 200 Grand Prix, onde conseguiu a quarta colocação.

A última corrida da carreira de Nano foi no Grande Prêmio do Rio de Janeiro, em novembro de 1960, numa prova para carros esporte disputada no circuito da Barra da Tijuca. Pilotando um Porsche RS 1500, Nano ficou na segunda posição atrás de Mário de Araújo Cabral, primeiro piloto português a correr na Formula 1. Aos 35 anos, Nano deixou o automobilismo, trabalhou na indústria audiovisual e imobiliária nos anos seguintes e hoje vive em Biarritz, no sul da Franca, com sua mulher Nelly.

Nano é membro ativo da Associação dos Ex-Pilotos de Grand Prix e comparece com alguma freqüência em homenagens e demonstrações de carros antigos. Convidado pela organização do Le Mans Classic, pilotou em julho de 2012, aos 86 anos, um MG 1936. No ano seguinte foi homenageado pela organização das 24 Horas de Le Mans e entrou para o hall da fama do circuito. Em 2014 foi novamente convidado para participar do Le Mans Classic, evento que será realizado no mês de julho. Aos 88 anos, Nano pilotará o mesmo carro que conduziu há 60 anos, um Aston Martin DB2.

Resultados na F1[editar | editar código-fonte]

(legenda)

Ano Equipe Chassi Motor 1 2 3 4 5 6 7 8 Pontos Posição
1955 Equipe Gordini Gordini Type 16 Gordini L6 ARG MON 500 BEL NED
8
E
GBR
Ret
E
ITA
Ret
E
0 NC
(34º)
1956 Equipe Gordini Gordini Type 16 Gordini L6 ARG MON
5
E
500 BEL 2 21º
Gordini Type 32 Gordini L8 FRA
8
E
GBR
Ret
E
GER ITA
Ret
E


24 Horas de Le Mans[4][editar | editar código-fonte]

Ano Equipe Co-Pilotos Chassi Pneus Classe Voltas Posição
Geral
Posição
Na
Categoria
Motor
1954 França Jean-Paul Colas 27 França Jean-Paul Colas Aston Martin DB2/4 Vignale D S
3.0
121 DNF DNF
Aston Martin 2.9L I6
1955 França Automobiles Gordini 30 França Jacques Pollet Gordini T15S E S
3.0
145 DNF DNF
Gordini 2.0L I8
1956 França Automobiles Gordini 16 França André Guelfi Gordini T23S E S
3.0
90 DNF DNF
Gordini 2.5L I6
1959 Itália Scuderia Ferrari 15 Reino Unido Cliff Allison Ferrari 250 TR59 D S
3.0
41 DNF DNF
Ferrari 3.0L V12

Referências

  1. «Este brasileiro é o piloto de F1 mais idoso ainda vivo». flatout. Consultado em 7 de dezembro de 2023 
  2. Paolozzi, Rémi. «A Brazilian tune in Paris». 8W. Forix. Consultado em 6 de novembro de 2012 
  3. «Drivers: Hernando da Silva Ramos». grandprix.com. Inside F1. Consultado em 6 de novembro de 2012 
  4. «Hermano 'Nano' da Silva Ramos (F-BR)» (em francês ou inglês). 24h-en-piste.com 

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]