História da acrópole de Atenas

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Representação do cerco dos venezianos sobre a Acrópole de Atenas em 1687.[1]

A história da acrópole de Atenas inicia-se na época micénica com a construção de um mégaro, e desenvolve-se no decorrer da tirania de Pisístrato e na era de Péricles (499–429 a.C.). O planalto foi cercado por uma muralha construída pelos pelasgos, que substituíra uma anterior mais antiga. Antes da construção do Pártenon, um templo que ocupara o seu lugar, o Hecatômpedo, havia sido destruído na sequência da invasão persa liderada por Xerxes I.

Sobre essas ruínas, Péricles erigiu o Pártenon, período este em que foram construídos outros dos edifícios mais importantes (o Propileu, o Erectéion e o templo de Atena Nice) repartidos por toda a montanha. A sua conservação permanecera em bom estado até ao século XVI, quando na decorrência do domínio otomano, o Partenão se converte numa mesquita, o Erectéion em harém e o Propileu numa polvoraria.

Ao longo dos séculos os edifícios sofreram várias alterações e na sua maioria foram seriamente danificados em 1687 pelo bombardeamento veneziano, que, sob o comando do general Francesco Morosini, atingiu o Pártenon e destruiu uma vasta área edificada. No século XIX, os restos das esculturas foram transferidos por Lord Elgin para o Museu Britânico de Londres.[2] Em 1987 a acrópole de Atenas foi reconhecida como Património Mundial pela UNESCO.

Primeiras ocupações[editar | editar código-fonte]

A acrópole está localizada num planalto a 150 metros acima do nível do mar na cidade de Atenas e ocupa uma área com cerca de 3 hectares. Era conhecida como Cecrópia, nome do primeiro rei lendário de Atenas, o homem-serpente Cécrope I. Embora os primeiros vestígios arqueológicos remontem ao Neolítico médio, estão documentados assentamentos em Ática desde o início do Neolítico (sexto milénio a.C.). Poucas dúvidas restam sobre a presença de um mégaro micénico no cimo da rocha durante finais da idade do bronze; deste mégaro permanece provavelmente a base de uma coluna de calcário e várias peças de degraus de arenito.[3]

Pouco depois da construção do palácio foi construído um imponente circuito de muralhas poligonais, ao longo de cerca de 760 metros, com até 10 metros de altura e espessura entre 3,5 e 6 metros; este muro constituíra a principal defesa da acrópole até ao século V a.C.[4] O muro consistia de dois parapeitos construídos com enormes blocos de pedra e cimentados com uma argamassa designada de emplecto (em grego clássico: ἔμπλεκτον[5]). O paramento segue a típica convenção micénica que delineia o terreno e a sua entrada principal situava-se a leste. A noroeste havia dois acessos menores, compostos por íngremes e estreitas escadarias de aproximadamente quinze degraus talhados na rocha.[6][7]

Esta entrada secundária situava-se perto do palácio real. A nordeste havia um postigo e uma escada que levava à fonte conhecida como Clepsidra. Existe ainda uma parte da muralha, erigida com pedras diagonais mal recortadas a sul.[8]

Quando Homero menciona a "bem construída Casa de Erecteu",[9] provavelmente referia-se a esta fortificação. No início do século XIII a.C. um terramoto gerou uma fissura na placa setentrional da acrópole. A fenda atingira cerca de 35 metros atingindo uma pedreira de marga macia, na qual foi escavado um poço.[7] Foi construída uma elaborada escada e o poço tornou-se uma importantíssima fonte de água potável durante os cercos sofridos no período micénico.[10] Não existem evidências suficientes capazes de determinar com certeza a existência de um palácio micénico na acrópole; se tal edifício efetivamente existiu, parece então ter sido substituído por pela construção de edifícios posteriores.[11]

Acrópole arcaica[editar | editar código-fonte]

Não se sabe muito sobre os edifícios presentes na acrópole, pelo menos até finais do período arcaico. Nos séculos VII e VI a.C. a acrópole foi tomada por Cilón durante a sua falhada rebelião, e após duas tentativas de Pisístrato, fora estabelecida uma tirania.[11]

Ciriaco Pizzecolli, Pártenon, 1436-1444

Pisístrato construiu o Propileu e foi talvez quem construiu um primeiro templo que antecedeu o Pártenon, que mais tarde ocuparia o seu lugar; foram encontrados fragmentos de esculturas de pedra calcária e a fundação de um enorme templo inacabado.[12] Acredita-se ter sido construído uma muralha circular com nove entradas, a chamada eneápilo,[13] envolta da maior fonte de água, a Clepsidra, a noroeste.

Por volta de 570 e 550 a.C. foi construído um templo de Atena Polias (padroeira da cidade). Este edifício de ordem dórica, construído com pedra calcária, do qual existem vários destroços, é geralmente denominado de Hecatômpedo (em grego clássico: Ἑκατόμπεδον) ou Ur-Parthenon (em alemão: Pártenon original). Não se sabe se este edifício veio a substituir um templo preexistente, um altar ou um mero recinto sagrado. É provável que o Hecatômpedo se encontrasse no sitio em que se erigiu o Pártenon.[14]

Referências

  1. Archaeologia of the city of Athens
  2. Enciclopedia Universal Sopena (1967), Barcelona, Ramón Sopena.
  3. Castleden, Rodney. Routledge, ed. Mycenaeans (em inglês). [S.l.: s.n.] pp. 64–. ISBN 978-1-134-22782-2 
  4. Hurwit 2000, p. 74-75.
  5. ἔμπλεκτος. Liddell, Henry George; Scott, Robert; A Greek–English Lexicon no Perseus Project
  6. Devambez, Pierre (1972), p. 10
  7. a b Hurwit 2000, p. 78.
  8. Pijoan, Historia del arte - 1 (1966), p. 171
  9. Homero. Odisseia. VII, 81. [S.l.: s.n.] 
  10. «The springs and fountains of the Acropolis hill» (em inglês). Hydria Project. Consultado em 18 novembro de 2014. Arquivado do original em 28 de julho de 2013 
  11. a b Pomeroy, Sarah B. (1999). Ancient Greece: A Political, Social, and Cultural History (em inglês). [S.l.]: Oxford University Press. p. 163–. ISBN 978-0-19-509742-9 
  12. «Peisistratos». Encyclopædia Britannica. [S.l.: s.n.] Consultado em 18 de novembro de 2014 
  13. «Acropolis fortification wall» (em inglês). Odysseus. Consultado em 18 de novembro de 2014 
  14. Hurwit, p. 111.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Hurwit, Jeffrey M. (2000). The Athenian Acropolis: History, Mythology, and Archaeology from the Neolithic Era to the Present (em inglês). Cambrígia: Cambridge University Press. ISBN 9780521428347