Hoje É Dia de Maria
Hoje é Dia de Maria | |||||||
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Informação geral | |||||||
Formato | minissérie | ||||||
Gênero | Drama Fantasia Musical | ||||||
Duração | 40 minutos | ||||||
Criador(es) | Luiz Fernando Carvalho | ||||||
Baseado em | Contos populares de Câmara Cascudo, Mário de Andrade e Sílvio Romero | ||||||
Elenco | Carolina Oliveira Letícia Sabatella Rodrigo Santoro Daniel de Oliveira Stênio Garcia | ||||||
País de origem | Brasil | ||||||
Idioma original | português | ||||||
Temporadas | 2 | ||||||
Episódios | 13 | ||||||
Produção | |||||||
Diretor(es) | Luiz Fernando Carvalho | ||||||
Roteirista(s) | Luiz Fernando Carvalho Luis Alberto de Abreu Carlos Alberto Soffredini | ||||||
Narrador(es) | Laura Cardoso | ||||||
Tema de abertura | "Que Lindos Olhos Tem Você" (instrumental), artista desconhecido | ||||||
Exibição | |||||||
Emissora original | TV Globo | ||||||
Formato de exibição | 480i (SDTV) | ||||||
Transmissão original | 11 – 21 de janeiro de 2005 | ||||||
Cronologia | |||||||
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Programas relacionados | Hoje É Dia de Maria: Segunda Jornada |
Hoje é Dia de Maria é uma minissérie brasileira produzida pela TV Globo e exibida de 11 a 21 de janeiro de 2005, em 8 capítulos. Com criação, direção e roteiro assinados por Luiz Fernando Carvalho[1] e colaboração de Luiz Alberto de Abreu e Carlos Alberto Soffredini, a partir de uma seleção de contos retirados da oralidade popular brasileira, recolhidos pelos escritores Câmara Cascudo, Mário de Andrade e Sílvio Romero.[2]
Comparada ao então recente lançado Lavoura Arcaica, por apresentar uma linguagem inovadora na televisão, chamou a atenção da crítica e do público pela linguagem diferenciada, teatral e lúdica e por transpor o universo de cultura popular para uma sofisticada produção televisiva, sem tirar sua autenticidade.[3][4]
A minissérie teve uma sequência, intitulada Hoje É Dia de Maria: Segunda Jornada e apresentada na semana da criança, em outubro do mesmo ano.[5]
Produção
[editar | editar código-fonte]Foi um projeto de doze anos, idealizado pelo diretor Luiz Fernando Carvalho, e que virou realidade na comemoração dos 40 anos da Rede Globo. A trama recorreu a elementos folclóricos presentes em contos populares de Câmara Cascudo, Mário de Andrade e Sílvio Romero e na obra do dramaturgo Carlos Alberto Soffredini para contar a fábula de Maria, uma garota órfã que é perseguida pela madrasta.[6][7]
A minissérie foi concebida sob um domo de 360º, sucata do palco de show de rock. Teve trilha sonora assinada por Tim Rescala, concebida a partir de cirandas de Villa-Lobos, César Guerra-Peixe e Francisco Mignone, e parte dos figurinos foram criados pelo estilista Jum Nakao.[8]
A produção de arte precisou envelhecer todos os objetos usados em cena ou adequá-los à linguagem estética da minissérie. Foram criados desde folhas de milho a estandartes de festas populares. O artista plástico Raimundo Rodriguez criou objetos especiais importantes na narrativa, como coroas, adereços de cabeça, carroças e gaiolas. Patos e outros animais do terreiro da casa da protagonista Maria, foram criados e construídos com cabaças pelo marionetista argentino Catin Nardi. A minissérie reuniu também profissionais do grupo de teatro de bonecos Giramundo, responsáveis pela construção do clima lúdico da história. As equipes de arte, figurino e iluminação trabalharam com a ideia de reaproveitar materiais. Tudo foi feito de forma quase artesanal. Entre os muitos bonecos criados para a produção, o Pássaro (Rodrigo Santoro), par romântico da heroína da minissérie, foi o que mais de destacou. Sua confecção exigiu um verdadeiro trabalho de equipe dos integrantes do teatro Giramundo. Além disso, o pássaro ainda passou pelas mãos do artista plástico Raimundo Rodriguez, que trabalhou com metal, material não utilizado em marionetes, para o acabamento final. O objetivo era transformar o pássaro em uma figura mítica. Todos os elementos do pássaro, que pesava 12kg, eram manipulados através de 20 fios. Foram necessários mais de dois meses para que o produto final fosse finalmente construído. As 60 marionetes que representavam os animais foram produzidas pelo Grupo Giramundo, de Minas Gerais.[9]
Em 2005, o roteiro da produção e da sequência foi editado em livro pela Editora Globo.[10] Em dezembro de 2006, Hoje é Dia de Maria foi lançada em DVD, em três discos, que contém a íntegra das duas jornadas.[11]
Episódios
[editar | editar código-fonte]Temporada | Episódios | Exibição original | ||
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Estreia da temporada | Final da temporada | |||
1.ª | 8 | 11 de janeiro de 2005 | 21 de janeiro de 2005 | |
2.ª | 5 | 11 de outubro de 2005 | 15 de outubro de 2005 |
Exibição
[editar | editar código-fonte]Em 2015, a minissérie foi reexibida como telefilme em comemoração aos 50 anos da TV Globo, no especial Luz, Câmera, 50 Anos, sendo exibida em duas partes, nos dias 2 e 4 junho de 2015. Foi a última minissérie exibida na segunda temporada do especial Luz, Câmera, 50 Anos.[12]
Outras Mídias
[editar | editar código-fonte]Foi disponibilizada juntamente com a segunda temporada na íntegra no Globoplay em 10 de julho de 2023.[13]
Sinopse
[editar | editar código-fonte]A fábula infantil de uma menina órfã de mãe, cuja madrasta a seduziu com favos de mel para depois lhe dar o fel. Sua madrasta a enterrou nas terras do pai viajante e lá cresceu um capim muito verde. Quando o pai retornou, ao passar por aquele terreno, ouviu o canto da menina e a desenterrou, ressuscitando-a. Cansada do inferno no lar, causado pela madrasta, Maria foge em busca das franjas do mar, e faz um longo passeio pelos contos populares brasileiros. Em sua viagem, se encontra com vários personagens fantásticos e é amparada pela imagem de Nossa Senhora da Conceição, que dá alento. Ao defender o amigo Zé Cangaia do demônio Asmodeu, que queria lhe comprar a sombra, Maria desafia o Diabo, que, irado, lhe rouba a infância. De um dia para o outro, Maria acorda já adulta, e conhece o seu amado, um jovem vítima de uma maldição: durante a noite é homem, mas ao raiar do dia é transformado num pássaro que sempre a seguiu e protegeu desde menina. O amor de Maria tem dois inimigos: o Diabo Asmodeu e o saltimbanco Quirino, que apaixonado por ela e louco de ciúme, aprisiona seu amado.
Episódios
[editar | editar código-fonte]- Episódio 1: No Sol Levante
- Episódio 2: No País do Sol a Pino
- Episódio 3: Em Busca da Sombra
- Episódio 4: Maria Perde a Infância
- Episódio 5: Os Saltimbancos
- Episódio 6: O Reencontro
- Episódio 7: Neva no Coração
- Episódio 8: Onde o Fim Nunca Termina.
Elenco
[editar | editar código-fonte]Ator/Atriz | Personagem |
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Letícia Sabatella | Maria (adulta) |
Carolina Oliveira | Maria |
Rodrigo Santoro | Amado Fenix (forma humana) |
Daniel de Oliveira | Quirino |
Stênio Garcia | Asmodeu |
Laura Cardoso | Narradora |
Participações especiais
[editar | editar código-fonte]Ator/Atriz | Personagem |
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Fernanda Montenegro | Madrasta |
Juliana Carneiro da Cunha | Mãe |
Osmar Prado | Pai |
Gero Camilo | Zé Cangaia |
Emiliano Queiroz | Asmodeu (velho) |
André Valli | Asmodeu Mágico |
Ricardo Blat | Asmodeu Sátiro |
Rodolfo Vaz | Pato |
Inês Peixoto | Rosa |
Mário César Camargo | Seu Odorico |
João Sabiá | Asmodeu Lindo |
Marco Ricca | 1º Cangaceiro |
Ilya São Paulo | 2º Cangaceiro |
Aramis Trindade | 3º Cangaceiro |
Charles Fricks | 1º Executivo |
Leandro Castilho | 2º Executivo |
Suzana Faini | Velha Carpideira |
Lucy Mafra | Fofoqueira |
Antônio Edson | Asmodeu Brincante |
Denise Assunção | Mucama |
Nanego Lira | Retirante |
Laura Lobo | Menina Carvoeira |
Phillipe Louis | Ciganinho |
Luiz Damasceno | Asmodeu Poeta |
Rafaella de Oliveira | Joaninha |
Thaynná Pina | Joaninha (criança) |
Repercussão
[editar | editar código-fonte]Recepção da crítica
[editar | editar código-fonte]Para o crítico Nilson Xavier, é uma das mais poéticas, originais e belas produções dos últimos anos.[2]
"A minissérie foi muito ambiciosa e muito bem realizada formalmente, seguindo outros projetos de envergadura como Os Maias."
—Jean-Philippe Tessé, Cahiers du Cinéma
Segundo Jean-Philippe Tessé, na revista francesa Cahiers du Cinéma, a minissérie foi muito ambiciosa e muito bem realizada formalmente, seguindo outros projetos de envergadura como Os Maias.
Prêmios e indicações
[editar | editar código-fonte]Hoje é Dia de Maria recebeu nomeações nacionais e internacionais, totalizando 12 prêmios e 8 indicações.
Ano | Prêmio | Categoria | Indicação | Resultado | Ref. |
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2005 | Indicado | ||||
Indicado | [4] | ||||
Indicado | [4] | ||||
Venceu | |||||
Venceu | |||||
Venceu | |||||
Luis Alberto de Abreu Carlos Alberto Soffredini |
Venceu | ||||
Luis Alberto de Abreu Carlos Alberto Soffredini |
Venceu | ||||
Venceu | |||||
Indicado | |||||
2006 | Venceu | [14] | |||
Venceu | |||||
Venceu | |||||
Indicado | |||||
Indicado | |||||
Indicado | |||||
Luis Alberto de Abreu Carlos Alberto Soffredini |
Indicado | ||||
Venceu | [15] | ||||
Venceu | |||||
Venceu |
Ficha Técnica
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Referências
- ↑ Valmir Santos (9 de janeiro de 2005). «Carvalho invoca a cultura popular em microssérie». Folha de S. Paulo. Consultado em 17 de abril de 2017.
"Diretor associa "Hoje É Dia de Maria" a uma busca pela identidade brasileira
- ↑ a b Nilson Xavier. «Hoje é Dia de Maria». Site Teledramaturgia. Consultado em 12 de abril de 2017
- ↑ Marília Martins (9 de outubro de 2005). «Em Busca da nossa infância brasileira». Revista OGlobo. Consultado em 17 de abril de 2017.
As imagens de Hoje é Dia de Maria são raras. Tudo escapa ao padrão global: é ficção que tem coragem de se revelar como ficção, é uma TV que tem a ousadia de buscar nas origens do cinema a reinvenção da linguagem
- ↑ a b c «Atriz mirim de "Hoje é Dia de Maria" é indicada ao Emmy"». Folha Online. 21 de outubro de 2005. Consultado em 12 de abril de 2017
- ↑ "Hoje é Dia de Maria - segunda jornada é uma joia lapidada com meticulosidade por um artista barroco, que não tem medo de abraçar o excesso de referências universais e regionais para recriar a realidade brasileira com rigor e paixão", em "Correio Braziliense" (15 de outubro de 2005)
- ↑ «Globo reexibe "Hoje é Dia de Maria"». Gazeta do Povo. 28 de maio de 2015. Consultado em 3 de abril de 2017
- ↑ Guzzi, C. P. (2005). «A recriação dos contos populares e a constituição da narradora arquetípica na minissérie Hoje é dia de Maria». Revista Literatura em Debate. pp. 146–159. Consultado em 10 de maio de 2017
- ↑ «Hoje é Dia de Maria, Memória Globo». Consultado em 23 de dezembro de 2015[ligação inativa]
- ↑ Guzzi, C. P. (2012). «Riscando o molde: a função poética como modelo estruturante na transposição da minissérie Hoje é dia de Maria». Cadernos de Letras da UFF. 403 páginas. Consultado em 10 de maio de 2017. Arquivado do original em 5 de agosto de 2017
- ↑ Carvalho, Luiz Fernando; Abreu, Luis Alberto (2006). Hoje é dia de Maria – Roteiros da 1a e 2a jornadas. [S.l.]: Globo. ISBN 9788525040985
- ↑ «Hoje é dia de Maria é lançada em DVD». O Fuxico. 12 de dezembro de 2006. Consultado em 2 de abril de 2016
- ↑ «'Hoje É Dia de Maria' será reexibida no especial 'Luz, Câmera, 50 Anos' da Globo». F5. 18 de maio de 2015. Consultado em 2 de abril de 2016
- ↑ «Lançamentos de julho no Globoplay». Globo Imprensa. 30 de junho de 2023. Consultado em 30 de junho de 2023
- ↑ «Lista de Premiados do ABC Fotografia de 2006». Consultado em 21 de junho de 2017
- ↑ «Prêmio APCA será entregue hoje no Municipal». Folha Online. 4 de abril de 2006. Consultado em 12 de abril de 2017