Hunza

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Hunza (em idioma muisca Chunsa ou Junsa) foi uma das principais cidades da confederação muísca, na época pré-colombiana, sede de governo do zaque (cacique que comandava os povos da zona norte do atual planalto cundiboyacense, no centro de Colômbia).[1] A atual cidade de Tunja acha-se construída sobre essa mesma localização.[2] O nome desta localidade deriva da denominação chibcha do mítico cacique da cidade, Hunzahúa (palavra que significa ‘varão poderoso’). Estando como capital do território muísca, mantinha numerosas fortificações como a de Quiminza, bem como templos e lugares religiosos como o Poço de Hunzahúa e o Santuário do Zaque.[3]

História[editar | editar código-fonte]

Idade Antiga[editar | editar código-fonte]

Os primeiros povoadores primitivos chegaram ao planalto cundiboyacense há aproximadamente 12000 anos. Na região encontraram-se fosséis humanos ―o Homem Temprano, ou Homo do Tequendama data de 6375 a. C.―, utensílios de osso e artefactos líticos (de pedra). No território da cidade encontraram-se impressões arqueológicas desde o ano 150 a. C. Durante mais de dois mil anos estabeleceram-se diferentes grupos humanos emlocalidades da cidade. Os cientistas do Grupo de Arqueológico da UPTC (Colômbia) indicam que em Tunja, o homem pré-histórico procede de diversos povos que se estabeleceram nestas terras. Durante o primeiro milênio após Cristo, as terras foram ocupadas pelos muíscas, um povo da família chibcha proveniente de América Central. Sua via de imigração possivelmente foi através de Panamá para a região andina[4]

Era muísca[editar | editar código-fonte]

Primeira era muísca[editar | editar código-fonte]

Numa era de contínuos confrontos entre chefes locais, propôs-se pacificar a região e para isso se fez um consenso entre os dirigentes muíscas para eleger a um chefe supremo que os governasse. Elegeu-se Hunzahúa, oriundo de Ramiriquí, de quem se tomou o nome da confederação, que se chamou Hunza. Tomou o nome de zaque (‘senhor-grande’, o mesmo que significava zipa entre a comunidade de Bacatá). O zaque exerceu o controle sobre as terras que vão desde o rio Chicamocha até os Sutagaos, e desde as vertentes dos planos de San Juan até as fronteiras dos Panches e os muzos, com toda a terra de Vélez. A unidade instaurada permitiu unificar o idioma e a religião dos muíscas, e só foi rompida a fins do século XV pelo zipa Saguanmachica.

Última era muísca[editar | editar código-fonte]

Em 1490 Saguanmachica, com cinquenta mil soldados decide fazer um ataque em massa ao Zaque, atravessa as terras de Guatavita e em Chocontá enfrenta ao exército de Michua que o superava em quantidade. A batalha prolonga-se por três horas e os dois soberanos morrem.[5] Em seus 18 anos, Quemuenchatocha acedeu ao zacazgo durante a tensa trégua entre as duas comunidades.

Em 1514, o zaque descobriu as intenções expansionistas de Nemequene e solicitou apoio dos caciques de Gameza, Iraca, Duitama e Sáchica, unificando seus exércitos. A batalha desatou-se no Arroio as Voltas.[6] Nemequene, que estava sendo vitoriso, resultou mortalmente ferido, e então suas tropas se retiraram. Sugamuxi, cacique de Iraca, retirou-lhe o apoio, e conseguiu uma trégua cujos termos estavam por cumprir quando ocorreu a chegada dos espanhóis. Ao inteirar-se de que os europeus rodeavam suas terras, Quemuenchatocha não se moveu de sua fortaleza, nem adiantou atos de agressão contra os invasores. Proibiu baixo graves penas que se lhes indicasse o caminho de sua fortaleza e quando se inteirou de que se aproximavam, lhes enviou presentes e emissários de paz, procurando detê-los enquanto escondia suas riquezas.

Conquista espanhola[editar | editar código-fonte]

Descoberta espanhola de Hunza[editar | editar código-fonte]

Gonzalo Jiménez de Quesada saiu de Santa Marta em abril de 1536, numa das expedições para o sul do continente. Seu objectivo foi localizar e conquistar O Dourado. Depois de alguns meses de travessia, encontra numerosos caciques muiscas sobre o atual território do planalto cundiboyacense. Em sua busca, recebe informações a respeito do achado de esmeraldas e outros tesouros em Somondoco e nos Planaltos orientais. Finalmente, em 20 de agosto de 1537, chegaram os conquistadores, vindos com cavalos e cães, e o próprio Gonzalo Jiménez de Quesada chegou aos aposentos de Quemuenchatocha. Encontraram-no sentado numa cadeira enfeitado com muito ouro em seus vestidos e na mesma forma que seus acompanhantes, que aterrorizados fugiram, deixando-o sozinho; o ouro, as esmeraldas e as finas teias foram saqueadas. Este ato da Conquista realizou-se no lugar em onde actualmente se encontra o Convento de San Agustín. Quemuenchatocha foi levado até Suesca, com a esperança de que revelasse o lugar onde tinha ocultado o resto de seus tesouros. Abdicou em favor de seu sobrinho Aquiminzaque e retirou-se à Ramiquirí (Rumiraqui), onde pouco tempo despois morreu.

Colonização de Hunza Tunja[editar | editar código-fonte]

A conquista espanhola do território começou quando Gonzalo Jiménez de Quesada capturou a Quemuenchatocha, que foi sucedido em vida pelo jovem Aquiminzaque. Este último, junto com sua tribo, receberam uma encomenda de Hernán Pérez de Quesada. O novo zaque não se mostrou belicoso em frente aos espanhóis, e inclusive se deixou converter ao catolicismo. As contínuas e numerosas exigências que faziam os espanhóis, geravam desconforto na população muísca.

Aquiminzaque devia confirmar seus núpcias com a filha de cacique de Gámeza e vários chefes se apresentaram na solene cerimónia. A Pérez de Quesada chegou-lhe o rumor que a ocasião seria utilizada para uma revolta geral, pelo que se apresentou a Aquiminzaque e todos os caciques, entre eles os de Toca, Motavita, Samacá, Turquemé, Suta e os fez assassinar.

Em 1540 foi decapitado o zaque Aquiminzaque, e sua queda marcou o fim da dinastia dos zaques hunzas.[7] Os indígenas do zacazgo foram dispersados e escravizados ao longo da nova província de Tunja.[8] Gonzalo Suárez Rendón realizou a «fundação» hispânica da cidade, desta vez com o nome de Tunja.[9]

Últimos governantes[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Cópia arquivada». Consultado em 22 de fevereiro de 2017. Arquivado do original em 15 de dezembro de 2007 
  2. «Hunzahúa», breve biografía posiblemente novelada, en el sitio web Pueblos Originarios.
  3. Hunzahúa y su hermana, artículo en el sitio web Tunja.gov.co.
  4. «Los orígenes remotos de Tunja». Consultado em 22 de fevereiro de 2017. Arquivado do original em 7 de julho de 2011 
  5. «Michua», breve biografía en el sitio web Pueblos Originarios.
  6. «Quemuenchatocha», breve biografía en el sitio web Pueblos Originarios.
  7. «Aquiminzaque», breve biografía en el sitio web Pueblos Originarios.
  8. «Nuestra Historia». Consultado em 22 de fevereiro de 2017. Arquivado do original em 7 de julho de 2011 
  9. «Los orígenes remotos de Tunja».