Idris II

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 Nota: Para outros significados, veja Mulei Idris. Para outros significados, veja Idris.
Idris II
Idris II
Dirrã de Idris II
Califa idríssida
Reinado 808-828
Antecessor(a) Idris I
Sucessor(a) Maomé I
 
Nascimento agosto de 791
  Ualila
Morte setembro de 828
  Fez ou Ualila
Descendência Maomé
Amade
Ubaide Alá
Issa
Idris
Jafar
Hâmeza
Iáia
Abedalá
Alcácime
Daúde
Omar
Casa idríssida
Pai Idris I
Mãe Canza
Religião Islamismo xiita zaidita

Idris ibne Idris, melhor chamado de Idris Alazar (Idris, o Jovem), Idris II[1] ou Mulei Idris no Marrocos, foi califa do Califado Idríssida de 808 a 828. Foi antecedido por seu pai Idris I e sucedido por seu irmão Maomé I.

Vida[editar | editar código-fonte]

Dirrã de Aláqueme I (r. 796–822)

Idris era filho de Idris I (r. 789–791), o fundador do Califado Idríssida, e pai de Maomé, Amade, Ubaide Alá, Issa, Idris, Jafar, Hâmeza, Iáia, Abedalá, Alcácime, Daúde e Omar.[2] Sua mãe, a concubina Canza, estava grávida de sete meses de Idris quando seu pai faleceu. Idris nasceu em agosto de 791 em Ualila e foi nomeado em honra ao pai, mas foi chamado Alazar para ser distinguido dele. Segundo a tradição, um dos nobres idríssidas, Raxide, persuadiu os berberes a esperar por seu nascimento, e caso fosse um menino, deveriam proclamá-lo imame. Agiu como seu regente e serviu como tutor e mentor. Em 802, o emir Ibraim ibne Aglabe (r. 800–812) da Ifríquia instigou a revolta de Balul ibne Abde Aluaide entre os mategaras e Raxide foi assassinado. A regência passou para Calide Iázide ibne Ilias, que, no começo de 803, quando Idris tinha 11 anos, proclamou-o imame na mesquita de Ualila.[3]

Logo que ascendeu, Idris fez a paz com Ibraim ibne Aglabe. Em 805, recebeu apoiantes árabes que vieram da Ifríquia e do Alandalus. Logo, decidiu mudar-se de capital na esperança de se livrar da influência berbere, porém fracassou nas suas primeiras investidas em 806-807. Em 808, executou Ixaque ibne Maomé ibne Abdal Hamide, o chefe dos aurabas, por estar contactando os aglábidas. No fim do ano, se estabeleceu na margem direita de Uádi Fez, que era povoado por alguns zenetas, e onde seu pai erigiu o campo militar fortificado de Garuaua, o sítio original da Almedina de Fez. Ele fortificou as muralhas e então em 809 mudou-se à margem esquerda, onde comprou a terra dos Banu Alcair, uma fração dos zauagas, num lugar chamado Macarmada, e fundou o quarteirão oriental que ficou conhecido como Ifríquia e Encosta de Cairuão (Udwat al-Karawiyyin).[4]

No fim de 812, expedicionou contra os masmudas do Alto Atlas e tomou o vale do Nefis. Em 812/813, o magraua Maomé ibne Cazar lhe jurou lealdade[5] e pouco Idris fez campanha contra os nefusas do país em torno de Tremecém. Ele ficou algum tempo na cidade, onde restaurou a mesquita de Agadir e ordenou que seu nome fosse inscrito no mimbar (815). Confiou a cidade e sua província a seu primo Maomé ibne Soleimão ibne Abedalá e voltou a Fez. Na primavera-verão de 818, chegaram ao Magrebe Ocidental grandes levas de rabadias (rabadiyya), comuns de Córdova, no Alandalus, que foram expulsos pelo emir Aláqueme I (r. 796–822). Visando diminuir a presença berbere no distrito da margem direita, chamou-os para viver ali, num lugar que chamar-se-ia Encosta do Alandalus.[4] De acordo com lendas do Magrebe, os hamais (porteiros berberes de antigas cidades da região) receberam certos privilégios sob ele.[6] Também se alega que conduziu campanhas, em data incerta, contra Suz Alacsa e Massa.[7]

Após várias batalhas em seu reinado contra os berguatas, as tribos berberes carijitas e pagãs, morreu em virtude de um acidente, em Fez ou Ualila, em setembro de 828, aos 38 anos. Foi enterrado em Ualila, junto com seu pai. Não foi até o século XV, em 1437/1438, que por razões ligadas à defesa do islamismo contra invasores cristãos e o prestígio da cidade santa de Fez que seu corpo foi levado e redescoberto na Mesquita de Chorfa, onde sua tumba é objeto de veneração pelos atuais marroquinos.[4]

Referências

  1. Eustache 1998a, p. 1032.
  2. Eustache 1998, p. 1035-1036.
  3. Eustache 1998, p. 1031-1032.
  4. a b c Eustache 1998, p. 1032.
  5. Yver 1986, p. 1174-1175.
  6. Huart 1998, p. 139.
  7. Eustache 1998b, p. 1032.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Huart, Cl.; Pellat, Ch. (1998). «Hammal». In: Lewis, B.; Ménage, V. L.; Pellat, Ch.; Schacht, J. The Encyclopaedia of Islam - Vol. III - H-Iram. Leida: Brill 
  • Eustache, D. (1998a). «Idris II». In: Lewis, B.; Ménage, V. L.; Pellat, Ch.; Schacht, J. The Encyclopaedia of Islam - Vol. III - H-Iram. Leida: Brill 
  • Eustache, D. (1998). «Idrisids». In: Lewis, B.; Ménage, V. L.; Pellat, Ch.; Schacht, J. The Encyclopaedia of Islam - Vol. III - H-Iram. Leida: Brill 
  • Eustache, D. (1998b). «Idris I». In: Lewis, B.; Ménage, V. L.; Pellat, Ch.; Schacht, J. The Encyclopaedia of Islam - Vol. III - H-Iram. Leida: Brill 
  • Yver, G. (1986). «Maghrawa». The Encyclopedia of Islam, New Edition, Volume V: Khe–Mahi. Leida e Nova Iorque: BRILL. pp. 1210–1212. ISBN 90-04-07819-3