Igreja Católica na Tanzânia

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IgrejaCatólica

Tanzânia
Igreja Católica na Tanzânia
Catedral de São José, em Dar es Salaam, na Tanzânia.
Santo padroeiro Imaculada Conceição[1]
Ano 2010[2]
População total 44.840.000
Cristãos 27.540.000 (61,4%)
Católicos 14.080.000 (31,4%)
Paróquias 1.133[3]
Presbíteros 2.754[3]
Seminaristas 1.117[3]
Diáconos permanentes 1[3]
Religiosos 2.371[3]
Religiosas 10.216[3]
Presidente da Conferência Episcopal Gervas John Mwasikwabhila Nyaisonga[4]
Núncio apostólico Marek Solczyński[5]
Códice TZ

A Igreja Católica na Tanzânia é parte da Igreja Católica universal, em comunhão com a liderança espiritual do Papa, em Roma, e da Santa Sé.[6] Ainda que não seja um país que costuma aparecer nas listas de perseguição aos cristãos, há tensões com os muçulmanos.[7] A Tanzânia é marcada por uma política de expansão agressiva do islã fundamentalista, promovida por países produtores de petróleo. As áreas costeiras, o norte da parte continental e a ilha de Zanzibar já são majoritariamente muçulmanos.[8] O relatório de 2020 da Missão Portas Abertas registrou aumento nos ataques a igrejas e cristãos, em relação ao publicado em 2019. Essa realidade ocorre em todas as comunidades cristãs tanzanianas. Em áreas dominadas pelo islã, os ex-muçulmanos convertidos ao cristianismo são os mais afetados. A ameaça de grupos islâmicos violentos na ilha de Zanzibar vem diminuindo, mas a pressão no continente em áreas onde os muçulmanos são dominantes não. Nos últimos tempos, o governo começou a pressionar as igrejas.[7]

História[editar | editar código-fonte]

Os padres agostinianos que acompanharam Vasco da Gama desembarcaram em Zanzibar em 1499. A ilha permaneceu sob o domínio português até os árabes tomarem o controle e expulsar todos os padres em 1698. A atividade missionária católica cessou a partir deste ano até 1860, quando chegaram três padres e seis irmãs. Zanzibar desempenhou um papel importante no início da Igreja na África Oriental, porque os primeiros missionários da Tanganica e Quênia iniciaram seus trabalhos vindos de lá. Os padres espiritanos, que chegaram à ilha em 1863, formaram a primeira missão católica na Tanzânia cinco anos depois e foram confiados à região em 1872.[9]

Primeira igreja católica da África Oriental, construída por escravos, no período colonial.

As ilhas pertenciam ao Vicariato Apostólico de Zanzibar, erigido em 1906, e depois à Diocese de Mombaça e Zanzibar, criada em 1955, cujo bispo residia em Mombaça, no Quênia. Em 1953, a hierarquia da Tanzânia foi estabelecida com duas sés metropolitanas.[9] No dia 3 de março de 1960, o Papa São João XXIII nomeou o primeiro cardeal negro da história da Igreja, o tanzaniano Laurean Rugambwa.[10] Em 1965, o arcebispo de Dar es Salaam foi nomeado administrador apostólico de Zanzibar e Pemba, onde as Irmãs do Preciosíssimo Sangue se encarregavam de uma casa de propriedade do governo para idosos, tuberculosos e leprosos, e administravam uma escola em Zanzibar para crianças de todas as idades e crenças. [9]

A constituição de 25 de abril de 1977 (revisada em outubro de 1984) respeitava a liberdade religiosa e estabeleceu a Tanzânia como um estado secular. O governo concedeu à Igreja isenção de impostos, mas desencorajou o proselitismo quando ofensivo a outras religiões. Enquanto uma Igreja Católica ativa e vital trabalhava para manter relações amistosas com líderes muçulmanos no continente e nas ilhas, um aumento no fundamentalismo islâmico e a imposição da lei islâmica em certas regiões causaram tensões crescentes entre as duas religiões.[9]

Atualmente[editar | editar código-fonte]

O crescimento do islamismo é o maior desafio para a Igreja Católica tanzaniana. Cristãos que não têm um templo próprio, são desprezados e subvalorizados. A superstição também é muito disseminada, e muitos ainda creem em feitiçaria; deficiências são vistas como maldições ou penalizações por uma má ação e albinos são perseguidos, excluídos e mortos para fabricar "curas mágicas" a partir de seus corpos. A Igreja ainda tem grandes dificuldades para combater tais práticas.[8]

Em 2000, havia 769 paróquias atendidas por 1.379 padres diocesanos e 714 padres religiosos. Outros religiosos incluíam aproximadamente 610 irmãos e 6.700 irmãs, muitos dos quais operavam as nove escolas primárias e 172 secundárias da Igreja e cuidavam das grandes populações de refugiados ao norte do país.[9] A Igreja Católica também cuida de muitas universidades na Tanzânia. O governo obriga a Igreja Católica e outras igrejas cristãs a apresentar-se no Ministério do Interior com uma carta de acreditação da hierarquia. São feriados nacionais algumas festividades católicas: Sexta-feira Santa, Segunda-feira de Páscoa e Natal.[6]

Em abril de 2000, uma igreja foi queimada em Zanzibar (predominantemente muçulmana), a segunda tentativa nessa propriedade em três anos. No mesmo ano, Zanzibar, ainda permanecia quase totalmente muçulmana, enquanto no continente as influências muçulmanas eram minoritárias e permaneciam nas regiões do norte.[9] De uma forma geral, a Tanzânia tem vivenciado o medo do aumento da ação terrorista muçulmano.[6]

Em 5 de maio de 2013 um homem jogou um bomba em uma igreja de Arusha por cima do muro que rodeava a propriedade. Com a explosão pelo menos uma pessoa morreu e outras 60 ficaram feridas.[11] No dia 2 de maio de 2015, uma igreja católica foi incendiada no noroeste da Tanzânia, na cidade de Nyarwele, região de Kagera, próximo às fronteiras com Uganda, Burundi e Ruanda. As chamas destruíram os documentos da paróquia, cadeiras, bancos, livros litúrgicos e um gerador. Foi a terceira igreja incendiada na região desde o início daquele ano, sendo as outras duas igrejas protestantes. Em setembro do mesmo ano, também em Kagera, foi incendiada uma igreja em Kitundu.[12]

Em 4 de dezembro de 2018, o país celebrou o jubileu de 150 anos de sua evangelização na presença de milhares de fiéis, do presidente, John Magufuli, do núncio apostólico da Tanzânia, arcebispo de Nairóbi, cardeal John Njue, e outros dignitários. O local escolhido para as celebrações do jubileu foi Bagamoyo, porque foi antes um antigo ponto de comércio escravagista, que incluía torturas e exportação. A chegada dos missionários transformou a realidade do local. "Celebramos o grande trabalho feito por missionários que vieram para a Tanzânia através de Bagamoyo em 1868. Instalaram a Santa Cruz (em Bagamoyo), um símbolo de redenção da escravidão, um símbolo de fé para nós", afirmou Dom Josaphat Louis Lebulu, arcebispo emérito de Arusha.[13]

Organização territorial[editar | editar código-fonte]

Catedral de Zanzibar.

O catolicismo está presente no país com sete arquidioceses e 27 dioceses, todas listadas abaixo:[3][14]

Conferência Episcopal[editar | editar código-fonte]

A reunião dos bispos do país forma a Conferência Episcopal da Tanzânia, que foi criada em 1969.[4]

Nunciatura Apostólica[editar | editar código-fonte]

A Nunciatura Apostólica da Tanzânia foi criada em 1968.[5]

Visitas papais[editar | editar código-fonte]

O país foi visitado pelo Papa São João Paulo II entre os dias e 5 de setembro de 1990, juntamente com Burundi, Ruanda e Costa do Marfim.[15][16] Na cerimônia de abertura da visita do Pontífice, na Catedral de São José, em Dar es Salaam, ele afirmou sobre a Igreja Católica tanzaniana:[17]

Vocês, que são os filhos espirituais dos missionários, experimentaram a alegria de assistir a uma Igreja vibrante e jovem que surge de seus sacrifícios. É uma Igreja que testemunha a Boa Nova da salvação em meio às alegrias e realizações do povo tanzaniano, assim como suas dores e provações, suas dificuldades e dúvidas. Como membros de uma Igreja peregrina, vocês avançam com a convicção de que "a fé lança uma nova luz em todas as coisas e torna conhecida o ideal completo que Deus estabeleceu para o homem" (Gaudium et Spes, 11). Embora esse ideal seja plenamente realizado apenas na eternidade, ele os inspira a enfrentar os problemas e desafios humanos aqui e agora como os discípulos de Cristo devem: na impressionante imagem de São Paulo", com a verdade presa à cintura e a integridade de um peitoral" , usando sapatos nos pés, a ânsia de espalhar o evangelho da paz, e sempre carregando o escudo da fé (Ef 6, 14-16).
 
Papa São João Paulo II na cerimônia de abertura de sua visita à Tanzânia[17].

Referências

  1. «Tanzania». GCatholic. Consultado em 28 de abril de 2020 
  2. «Tanzania». Pew Forum. Consultado em 28 de abril de 2020 
  3. a b c d e f g «Catholic Dioceses in Tanzania». GCatholic. Consultado em 28 de abril de 2020 
  4. a b «Tanzania Episcopal Conference». GCatholic. Consultado em 28 de abril de 2020 
  5. a b «Apostolic Nunciature - Tanzania». GCatholic. Consultado em 28 de abril de 2020 
  6. a b c «Tanzânia». Fundação ACN. Consultado em 28 de abril de 2020 
  7. a b «Países em observação». Portas Abertas. Consultado em 29 de abril de 2020 
  8. a b «Tanzânia em 2018». Fundação ACN. Consultado em 30 de abril de 2020 
  9. a b c d e f «TANZANIA, THE CATHOLIC CHURCH IN». Encyclopedia.com. Consultado em 28 de abril de 2020 
  10. «1960: Vaticano nomeia primeiro cardeal negro». Deutsche Welle. Consultado em 29 de abril de 2020 
  11. «Explosão em igreja católica da Tanzânia deixa um morto e mais de 60 feridos». G1. 6 de maio de 2013. Consultado em 29 de abril de 2020 
  12. «ÁFRICA/TANZÂNIA - Igreja católica incendiada: terceiro lugar de culto cristão incendiado desde o início do ano». Agência Fides. 9 de maio de 2016. Consultado em 29 de abril de 2020 
  13. «Tanzânia celebra jubileu dos 150 anos de fé católica». Vatican News. 5 de novembro de 2018. Consultado em 29 de abril de 2020 
  14. «Catholic Dioceses in Tanzania». Catholic-Hierarchy. Consultado em 28 de abril de 2020 
  15. «Special Celebrations in a.d. 1990». GCatholic. Consultado em 28 de abril de 2020 
  16. «Viagem Apostólica à Tanzânia, Burundi, Ruanda e Costa do Marfim». Vatican.va. Consultado em 28 de abril de 2020 
  17. a b Papa São João Paulo II (1 de setembro de 1990). «ADDRESS OF HIS HOLINESS JOHN PAUL II TO THE FAITHFUL OF TANZANIA». Vatican.va. Consultado em 28 de abril de 2020 

Ver também[editar | editar código-fonte]