Império colonial alemão
Este artigo ou secção contém uma lista de referências no fim do texto, mas as suas fontes não são claras porque não são citadas no corpo do artigo, o que compromete a confiabilidade das informações. (Março de 2020) |
| Deutsches Kolonialreich Império Colonial Alemão | ||||
|
Império | ||||
| ||||
| Bandeira | ||||
| Continente | Europa, África, Oceania E Ásia | |||
| Capital | Berlim | |||
| Língua oficial | Alemão | |||
| Religião | Cristianismo | |||
| Governo | Monarquia | |||
| Período histórico | Colonialismo | |||
| • 1884 | Fundação | |||
| • 1890 | Tratado de Helgoland–Zanzibar | |||
| • 1904 | Guerras Herero | |||
| • 1919 | Tratado de Versalhes | |||
| • 1919 | Dissolução | |||
Império Colonial Alemão foi o termo empregado para designar uma área ultramarina formada no final do século XIX como parte do Império Alemão, governados por um Kaiser da dinastia Hohenzollern.
Algumas tentativas coloniais não duradouras por estados alemães haviam ocorrido nos séculos anteriores (como as Índias Hanauesas) mas os esforços coloniais da Alemanha Imperial começaram em 1883, quando a Alemanha já estava unificada e necessitada de mercados que suplantassem o trauma do Pânico de 1873, fez a vontade de construir colônias igual as outras nações europeias.
Uma boa parte da persistência veio, no entanto, da discordância do Chanceler Otto von Bismarck na questão colonial, pois tinha firmes crenças de que o foco dos recursos e esforços alemães deveriam ser exclusivamente voltados para assuntos domésticos.
O Império colonial alemão terminou com o Tratado de Versalhes, em 1919, após a I Guerra Mundial. Entre as colônias da Alemanha estavam o Togo, Camarões, a África Alemã do Sudoeste (atualmente a Namíbia), a África Alemã Oriental (atualmente Tanzânia), três territórios que estão atualmente na Papua-Nova Guiné (Kaiser-Wilhelmsland, o Arquipélago de Bismarck, e as Ilhas Salomão alemãs), e vários territórios no Pacífico: as Ilhas Marshall, Ias lhas Caroline e Palau (atualmente os Estados Federados da Micronésia), as Marianas Alemãs (atualmente território dos Estados Unidos), e Samoa. Além disso, "a China Alemã", foi uma concessão colonial em Jiaozhou na Península de Shandong no norte da China. Previamente, em 1849, o Estado Germânico havia tentado outra aventura nas proximidades da China, em uma tentativa prussiana, mais tarde abandonada, de clamar para si a Ilha Formosa.
Situação Inicial
[editar | editar código]
Devido à sua unificação tardia pela Prússia em 1871, a Alemanha entrou tarde na corrida neocolonial por territórios coloniais remotos. Os Estados germânicos anteriores a 1870 tinham organizações e objetivos políticos diferentes,e a política externa germânica até essa época se concentrava na realização da unificação alemã e em assegurar os interesses germânicos na Europa. Por outro lado, os alemães tinham uma tradição de comércio exterior marinho que datava desde a Liga Hanseática; existia uma tradição de emigração alemã (para o leste em direção à Rússia e Romênia e para o oeste para as Américas); e mercadores e missionários do norte da Alemanha mostravam interesse vivo nas terras de ultramar. O surgimento do imperialismo alemão coincidiu com a "partilha da África," durante a qual a Alemanha competiu com outras potências europeias pelo controle do território do último continente inexplorado.
Muitos alemães no final do século XIX viam as aquisições coloniais como uma verdadeira indicação da obtenção do status de nação, e a demanda por colônias prestigiosas ia em conjunto com sonhos de uma Frota de Alto-Mar, que tornar-se-ia uma realidade e seria percebida como uma ameaça pelo Reino Unido.
Devido à tardia entrada da Alemanha na corrida por territórios coloniais, a maior parte do mundo já havia sido colonizada por outras potências europeias; nas Américas, já havia ocorrido uma descolonização, encorajada pela Revolução Americana, pela Revolução Francesa e por Napoleão Bonaparte.
Governo de von Bismarck
[editar | editar código]Após as Guerras Napoleônicas, poucas tentativas de colonização foram feitas. Apesar do entusiasmo popular e do interesse de certas companhias comercias e sociedades aristocráticas, o Chanceler Otto von Bismarck poria ambições da modalidade colonial em dormência pelos próximos 22 anos (de 1862 à 1884). Sua crença era de que, devido a relativa fraqueza industrial prussiana da época, os territórios disponíveis e viáveis para aquisição no momento para a força naval atual da coroa teriam manutenção excedente ao retorno em recursos naturais e vantagens no desenvolvimento da nação rumo ao status de Grande Potência, comparado ao atual como potência regional.
Bismarck, no entanto, lentamente mudaria seu pensamento acerca deste esforço. Após a derrota da Dinamarca, a mesma tentou barganhar um escambo, em que as Ilhas Nicobar, inicialmente desejadas pela Prússia anterior à Realpolitik, seriam trocadas por um condado em Schleswig. O líder da nação foi rejeitado. O Pânico de 1873 atingiria a Alemanha 2 anos após sua independência, e Bismarck foi obrigado a passar muito de seu tempo dedicado a política doméstica. Os principais pontos que motivariam uma busca futura por colônias seriam os efeitos dessa crise, após muito tempo de indolência quanto ao tema por parte de Bismarck. As colônias eram vistas como uma solução viável para o problema aos olhos da Sociedade de Colonização Alemã por conta da obtenção de mercados cativos que sustentariam a crise de superprodução que se alastrava pela Europa. Os consumidores seriam, hipoteticamente, colonos insatisfeitos com a situação trabalhista em terras imperiais que partiriam para as colônias para desenvolverem ofícios com mais liberdade. Bismarck, com base em sua práxis da estratégia comercial, rejeitava estes argumentos. Sua crença era uma de diplomacia e comércio baseada em entrepostos navais espalhados pelos oceanos, fornecendo um alcance de grande potencial lucrativo para a marinha sem alta demanda de manutenção.[1]
Surgimento do Império
[editar | editar código]Futuramente, começando em 1876, o Estado adaptaria esta visão para um modelo neo colonial buscando a proteção de competição estrangeira. A ilha de Vauva'u, em Tonga, seria entregue como condomínio diplomaticamente. Não era uma colônia, mas uma zona em que a Alemanha poderia exercer atividades econômicas sem, de fato, promover a imigração para o território no Pacífico. Outras ilhas da região iriam passar pelo mesmo processo em 1878 e substituiriam Vauva'u em 1879, seguindo o tratado de amizade que surgiria com George Tupou I, rei do arquipélago.[2] As primeiras colônias de facto seriam Makada, Mioko e o Arquipélago Duque de York, na zona marítima de Nova Guiné. Nova Guiné seria finalmente colonizada em 1884, mesmo ano de aquisição da África Sudoeste Alemã (Abril), Camarões e Togolândia (Ambas em Julho). As Ilhas Marshall seguiriam o padrão em 1885.
Até hoje, as causas para a mudança de valores de Bismarck são razão de debate na comunidade de historiadores alemães, mas é inegável que esteja relacionada à crise de alguns anos antes e a delicada situação política que se formou como consequência na autoridade continental do Reich.
A Conferência do Congo de 1884 viu a importância crucial que a mudança de planos de Bismarck teriam para a Alemanha e a futura e mais agressiva Weltpolitik. Com as reclamações feitas em diversas ilhas africanas, estas que propositamente interferiam com os territórios almejados por outras potências, permitiram que o chanceler estipulasse, como líder da partilha da África, que as desocuparia em troca do reconhecimento da dominância alemã em territórios de maior importância. Foi desta forma que a Alemanha se consolidou em Togo e outros futuros protetorados.
Anos Finais e Queda
[editar | editar código]No início do Século XX, povo Herero do Sudoeste Africano Alemão (hoje Namíbia) se rebelou em 1904, o exército alemão foi enviado para conter os insurgentes e dezenas de milhares de nativos morreram como resultado de um genocídio.
Quando a Primeira Guerra Mundial se encerrou, os Aliados dissolveram o império e o repartiram entre si através do Tratado de Versalhes. Especificado no mesmo, ocorreria a Conferência de Paris em 1919, onde seriam determinados os específicos da repartição das terras ultramarinas entre os vitoriosos. No meio tempo, durante as negociações, a ocupação militar sobre elas permaneceria em vigor.
Note estes pontos no texto extraído do Tratado em si:
Art. 119; Germany renounces in favour of the Principal Allied and Associated Powers all her rights and titles over her oversea possessions.
"The demand that Germany renounce all its colonies was declared by the German delegation to be 'in irreconcilable contradiction' to President Wilson’s Fifth Point, which promised an open, frank, and impartial settlement of colonial claims (Foreign Relations, The Paris Peace Conference, 1919, vi, 841)."
Art. 119; Alemanha renuncia a favor das Principais e Associadas Potências Aliadas todos os seus direitos e títulos sobre suas possessões ultramarinas
"A demanda que requisita que a Alemanha renuncie todas suas colônias foi declarada pela delegação alemã como sendo uma 'contradição irreconciliável' ao Quinto Ponto do Presidente Wilson, que prometeu uma resolução aberta, franca e imparcial na questão das reclamações coloniais."[3]
Após a expiração do interlúdio do compromisso de armistício e o fim da guerra, em 11 de Novembro de 1918, Guilherme II da Alemanha declarou que Paul Emil von Lettow-Vorbeck, o general alemão no comando da África Alemã Oriental, seria o único líder do Desfile Schutztruppe de 1919, por seu heroísmo e dedicação. Lettow-Vorbeck foi o único general alemão a não ser derrotado na guerra, e o único a pisar em solos britânico e português, mesmo que fossem eles territórios e protetorados ultramarinos.
Nestes tratados, o Japão ganhou as Ilhas Carolinas e as Ilhas Marianas, a França recebeu Camarões, a Bélgica ganhou uma pequena parte da África Oriental Alemã, e ao Reino Unido coube se apossar dos territórios restantes, tais como a Nova Guiné Alemã, Namíbia e Samoa. O território de Togo foi dividida entre França e Reino Unido.[3]
A maior parte dos territórios adquiridos pelo Reino Unido foi depois repassada às várias colônias que pertenciam à Comunidade Britânica. A Namíbia foi transferida para o controle da África do Sul com um mandato assegurado pela Liga das Nações. Samoa Ocidental foi entregue à Nova Zelândia em uma outro mandato da Liga, assim como Rabaul passou ao controle australiano pelos mesmos termos. Todos estes acordos fizeram com que as próprias colônias britânicas tivessem também suas colônias. Esta política foi influenciada por W. M. Hughes, o primeiro-ministro australiano, que estava assustado com a possibilidade de uma entrega da Nova Guiné para as forças japonesas. Ele garantiu que suas tropas defenderiam o território com a guerra, se necessário, e seu sucesso teve vital importância durante a Segunda Guerra Mundial.
Ver também
[editar | editar código]- Baía de Kiauchau
- Colonização alemã das Américas
- Lista de ex-colônias alemãs
- Rebelião Maji Maji (revolta na Tanzânia)
Referências
[editar | editar código]- Westermann, Großer Atlas zur Weltgeschichte (em alemão)
- WorldStatesmen.org - Império Colonial Alemão (em inglês)
Bibliografia
[editar | editar código]- Boahen, A. Adu, ed. 1985. Africa Under Colonial Domination, 1880-1935. University of California Press, Berkeley. ISBN 978-0-520-06702-8 (1990 Edição refundida).
- Giordani, Paolo (1916). The German colonial empire, its beginning and ending. London: G. Bell
- Smith, W. D. (1974). «The Ideology of German Colonialism, 1840–1906». Journal of Modern History. 46 (1974): 641–663. doi:10.1086/241266
- Stoecker, Helmut, ed. (1987). German Imperialism in Africa: From the Beginnings Until the Second World War. translated by Bernd Zöllner. Atlantic Highlands, NJ: Humanities Press International. ISBN 978-0391033832
- Wesseling, H. L. (1996). Divide and Rule: The Partition of Africa, 1880–1914. translated by Arnold J. Pomerans. Westport, CT: Preager. ISBN 978-0275951375 ISBN 978-0-275-95138-2 (paperback).
- ↑ von Strandmann, Harmut P. (1969). Domestic origins of Germany's colonial expansion under Bismarck. Oxford: Oxford University Press
- ↑ https://en.wikisource.org/wiki/Freundschaftsvertrag_zwischen_dem_Deutschen_Reich_und_Tonga, extraído de Wikisource
- ↑ a b «Papers Relating to the Foreign Relations of the United States, The Paris Peace Conference, 1919, Volume XIII». Office of the Historian. Consultado em 9 de novembro de 2025
|arquivourl=é mal formado: flag (ajuda)