Incêndio florestal no Paraná em 1963

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Incêndio florestal no Paraná em 1963
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País
Local
Estatística
Data
Área queimada
20 000 km²
Vitímas mortais
110
Motivo
Ação humana

O Incêndio florestal no Paraná em 1963 foi um grande incêndio que ocorreu na década de 1960, no século XX, no estado do Paraná, Brasil. O incêndio atingiu principalmente a região do norte pioneiro e campos gerais do Paraná[1] além de alguns municípios da região central e norte do estado. É ainda considerado um dos maiores incêndios ocorridos no Brasil e no mundo.[2][3][4][5][6]

Contexto[editar | editar código-fonte]

Em 14 de agosto de 1963 foram noticiados os primeiros focos de incêndios em Guaravera, Paiquerê e Tamarana, que eram distritos de Londrina.[2]

Os meses de agosto e setembro são meses de fortes estiagem no Paraná e o estado vinha passando por um período bem seco.[7] Ainda era inverno, a temperaturas ficaram baixas e os campos do Paraná estavam secos em razão das fortes geadas daquele ano. Como era de costume, os lavradores faziam pequenas queimadas para limpar o terreno. Com os fortes ventos, não demorou muito para o fogo avançar sem controle. Essa combinação de fatores foi o estopim para o fogo se alastrar pelo interior do Paraná.[2][7][8]

Incêndios[editar | editar código-fonte]

Os incêndios começaram a atingir os municípios de Ortigueira, Tibagi, Arapoti, Jaguariaíva até Sengés. Atingindo as áreas rurais e aproximadamente 10% do território do estado foi consumido, cerca de dois milhões de hectares foram completamente devastados, sendo 20 mil hectares de plantações, 500 mil de florestas nativas e 1,5 milhão de campos e matas secundárias.[2]

Mais tarde provocou a perda de pelo menos 15 milhões de araucárias. O relatório do governo estadual da época revelou que o município de Ortigueira teve 90% da área queimada. Mais de 70% das reservas florestais das Indústrias Klabin de Papel e Celulose, cultivadas em uma fazenda de Telêmaco Borba, se perderam. Só nesse local, 200 milhões de araucárias foram destruídas. O fogo cessou naturalmente com a volta da chuva.[1]

Impactos[editar | editar código-fonte]

Aproximadamente 8 mil imóveis, entre casas, galpões e silos, viraram cinzas. Cerca de 5,7 mil famílias – a grande maioria formada por trabalhadores rurais – ficaram desabrigadas. Tratores, equipamentos agrícolas e incontáveis veículos foram atingidos pelo incêndio.[1][2][7]

As queimadas causaram a morte de 110 pessoas. Entretanto, não chegaram a um consenso sobre o número de mortos, que teria sido entre 89 a 250, segundo os jornais da época.[9][10] Deixou ainda milhares de feridos, desalojados e desabrigados. Além de perdas de vida humana, milhares de animais também foram mortos, entre animais silvestres e animais de criação. Os prejuízos foram enormes, devastando lavouras inteiras, reflorestamentos, muitas fazendas e vilas. Ao todo o incêndio atingiu 128 municípios paranaenses.[2] Principalmente municípios da região do norte pioneiro e campos gerais, além de alguns municípios da região central e norte do estado.[2][8][7]

As perdas em todo o estado eram calculadas em 200 milhões de cruzeiros. O Paraná essencialmente agrícola na época, viu sua atividade econômica parar. Os incêndios repercutiram nacionalmente e estamparam as capas dos jornais. A ajuda para combater o incêndio veio de outros estados, com o fornecimento de helicópteros e aviões.[2]

Reações[editar | editar código-fonte]

Hospital Luiza Borba Carneiro, em Tibagi, tornou-se um centro de queimados na época.

No dia 28 de agosto de 1963, durante o governo de Ney Braga, o estado do Paraná chegou a decretar estado de calamidade pública por causa dos incêndios.[2]

Foram enviados ao estado medicamentos, ferramentas agrícolas, roupas e alimentos oriundos de diversos países, como Estados Unidos, Itália, Japão, China e Suíça.[2]

A cidade de Tibagi, na época, se transformou numa central de queimados, recebendo no Hospital Luiza Borba Carneiro pacientes de todo o Paraná, vítimas de queimaduras.[3][11] O hospital de Harmonia, em Telêmaco Borba, também deu suporte aos feridos.[3]

A partir da década de 1960 o Paraná começou a trabalhar na prevenção contra incêndios, desenvolvendo uma parceira entre o governo do estado e empresas, criando assim um sistema de alerta de monitoramentos.[2]

Em 1972 o engenheiro florestal Ronaldo Viana Soares, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR), defendeu sua pesquisa de mestrado propondo a Fórmula de Monte Alegre (FMA) com base em registros de incêndios florestais coletados a partir da década de 1960 na fazenda Monte Alegre (da Klabin), em Telêmaco Borba. A FMA é um índice bastante simples e utiliza apenas a umidade relativa do ar às 13 horas e a precipitação para calcular o risco de incêndio. É um índice que possui 5 classes de risco e é cumulativo, portanto precisa ser calculado todos os dias.[12]

Referências

  1. a b c Hellê Vellozo Fernandes (1973). «Monte Alegre Cidade-Papel». Klabin. Consultado em 29 de agosto de 2017 
  2. a b c d e f g h i j k Diego Antonelli (9 de agosto de 2013). «Quando o Paraná virou um inferno». Gazeta do Povo. Consultado em 29 de agosto de 2017 
  3. a b c Assessoria de Comunicação (23 de agosto de 2013). «Maior incêndio do Paraná aconteceu há 50 anos». Prefeitura Municipal de Tibagi. Consultado em 29 de agosto de 2017. Arquivado do original em 30 de agosto de 2017 
  4. «1963, o ano em que o Paraná queimou». Bem Paraná. 14 de junho de 2016. Consultado em 29 de agosto de 2017 
  5. Letícia Aparecida Paixão, Angelo Aparecido Priori (2015). «As transformações socioambientais da paisagem rural a partir de um desastre ambiental (Paraná, 1963)». Revista Estudos Históricos - FGV. Consultado em 29 de agosto de 2017 
  6. Universidade Federal do Paraná. «Laboratório de Incêndios Florestais». Laboratório de Incêndios Florestais. Consultado em 29 de agosto de 2017 
  7. a b c d «O incêndio de 1963» (PDF). http://www.camaraclara.org.br/. Consultado em 19 de setembro de 2020 
  8. a b «Há 57 anos, incêndio destruiu casas, lavouras e deixou dezenas de feridos no Paraná; FOTOS». G1 Paraná. 19 de setembro de 2020. Consultado em 19 de setembro de 2020 
  9. «O maior incêndio da história do Paraná detalhado no livro: 1963 - Paraná em chamas». Coordenadoria Estadual da Defesa Civil. Consultado em 19 de setembro de 2020 
  10. «O grande incêndio de 1963 no Paraná». Portal Memória Brasileira. Consultado em 19 de setembro de 2020 
  11. «Um dos maiores incêndios do Brasil aconteceu no Paraná em 1963; entenda a história». RPC. 19 de setembro de 2020. Consultado em 19 de setembro de 2020 
  12. «Risco de incêndio pela Fórmula de Monte Alegre». Italo Cegatta. 15 de julho de 2018. Consultado em 19 de setembro de 2020 
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