Instituição Fiscal Independente

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Instituição Fiscal Independente

Instituição Fiscal Independente, IFI
Organização
Dependência Senado Federal do Brasil
Chefia Marcus_Pestana, Diretor-Executivo
Vilma Pinto, Diretora
Alexandre Andrade, Diretor
Localização
Jurisdição territorial  Brasil
Sede Senado Federal
Histórico
Criação Novembro de 2016
Sítio na internet
https://www12.senado.leg.br/ifi

A Instituição Fiscal Independente (IFI) é um órgão vinculado ao Senado Federal do Brasil, criada no ano de 2016, com o objetivo de aumentar a transparência das contas públicas do país. Entre suas atribuições, está a divulgação de estimativas de parâmetros e variáveis relevantes para a construção de cenários fiscais e orçamentários, a análise de indicadores econômicos e do contexto socioeconômico, e a mensuração do impacto de eventos fiscais relevantes. Apesar disso, não cabe à IFI apreciar as contas do Presidente da República. Conforme indica a Constituição Brasileira, tal tarefa cabe ao Tribunal de Contas da União.[1]

Criação[editar | editar código-fonte]

A IFI foi instalada com a posse do primeiro diretor-executivo, o economista Felipe Salto, no dia 30 de novembro de 2016.[2] A primeira edição do Relatório de Acompanhamento Fiscal, publicação mensal do órgão, ocorreu em fevereiro de 2017.[3]

Sua criação se deu em um momento de intensos debates sobre as contas públicas. No ano de 2016 no Brasil, em especial, viu-se um crescimento das discussões sobre os rumos do país. O debate político interno foi vice-líder em engajamento mundial no Facebook[4], sendo que tópicos como "pedalada fiscal" e "contabilidade criativa" ganharam cada vez mais atenção.[5]

No mesmo ano, a instituição seria criada pela Resolução nº 42/2016[6], do Senado Federal, após rejeição da proposta de emenda à Constituição (PEC) 83/15, de iniciativa do então presidente do Senado, Renan Calheiros.[7] A redação da resolução enumera as seguintes finalidades:

  • divulgar estimativas de parâmetros e variáveis relevantes para a construção de cenários fiscais e orçamentários;
  • analisar a aderência do desempenho de indicadores fiscais e orçamentários às metas definidas na legislação pertinente;
  • mensurar o impacto de eventos fiscais relevantes, especialmente os decorrentes de decisões dos Poderes da República, incluindo os custos das políticas monetária, creditícia e cambial;
  • projetar a evolução de variáveis fiscais determinantes para o equilíbrio de longo prazo do setor público.

As quatro atribuições da IFI são cumpridas na forma de publicações regulares, de livre acesso, detalhadas na próxima seção.

Publicações[editar | editar código-fonte]

A Instituição Fiscal Independente divulga mensalmente os Relatórios de Acompanhamento Fiscal (RAF), que consistem em avaliações conjunturais e atualizações para os cenários fiscais, traçados com base em parâmetros orçamentários[8]. Eventualmente, a IFI também publica Notas Técnicas, que permitem reagir de maneira tempestiva a eventos que tenham efeitos fiscais relevantes na conjuntura econômica e demandam, por essa razão, posicionamento mais ágil da instituição[9]. A IFI também produz os Estudos Especiais, que abordam temas que exigem análise mais detalhada e aprofundada, aproximando-se de um estudo mais acadêmico, contendo revisão de literatura, exercícios econométricos e avaliações comparadas[10]. Em agosto de 2019, a IFI iniciou a publicação de outro produto, chamado Comentário da IFI (CI), que apresenta impressões iniciais sobre eventos da conjuntura econômica e fiscal ou posicionamentos gerais da IFI sobre tópicos a serem aprofundados em estudos futuros[11].

Equipe[editar | editar código-fonte]

A IFI é dirigida por um Conselho Diretor, composto de três membros:

  • um diretor-executivo, indicado pelo Presidente do Senado Federal;
  • um diretor, indicado pela Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado Federal;
  • um diretor, indicado pela Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor (CTFC) do Senado Federal.

Atualmente, o Conselho Diretor da instituição composta por Marcus Pestana, diretor-executivo indicado pelo Presidente do Senado Federal[12], pela economista Vilma Pinto, indicada pela CAE[13] e pelo economista Alexandre Andrade, indicado pela CTFC[14]. A IFI também possui uma equipe técnica formada por pessoas com formação em economia e uma secretária.

Conselho de Assessoramento Técnico[editar | editar código-fonte]

A IFI também conta com um Conselho de Assessoramento Técnico (CAT), composto por Fabiana Rocha, professora titular do departamento de Economia da Universidade de São Paulo; Felipe Salto, ex-diretor-executivo da IFI e ex-secretário de Estado da Fazenda de São Paulo; José Roberto Afonso, doutor em Economia pela Unicamp; Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central do Brasil; e Yoshiaki Nakano, diretor da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas.[15]

Rede de IFIs da OCDE[editar | editar código-fonte]

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mantém uma rede de consultorias parlamentares e instituições fiscais independentes ("Working Party of Parliamentary Budget Officials and Independent Fiscal Institutions" [1]) com o objetivo de aprimorar o monitoramento parlamentar sobre os processos orçamentários, além de dar suporte às instituições fiscais independentes.[2] Atualmente, a rede é liderada por Mark Hadley, Chief Operating Officer do Congressional Budget Office [3], órgão do Congresso dos Estados Unidos. Seu antecessor foi Robert Chote que, à época, também era Chair do Office for Budget Responsibility [4], órgão público não departamental vinculado ao HM Treasury [5], do Reino Unido.

A Instituição Fiscal Independente brasileira participa da rede desde 2018, na condição de key-partner da OCDE, uma vez que o país não é membro da organização. Naquele ano, ocorreu sua primeira participação no encontro anual da rede [6], em Seul, na Coreia do Sul.

No âmbito desta rede de IFIs, a OCDE publica documentos contendo recomendações, como o Recommendation on Principles for IFIs [7], estudos de caso relativos a países membros, e auditorias realizadas em IFIs de tais países, entre outros. Além disso, disponibiliza uma base de dados em formato de planilha eletrônica ("IFI database"[8]), na qual classifica diversas IFIs de acordo com critérios como base legal, modelo institucional, independência, publicações, etc. Até sua última atualização (2021), a base de dados cobria 36 IFIs e consultorias parlamentares nacionais, em 30 países (incluindo a IFI brasileira), além de quatro subnacionais e uma regional.

Mais recentemente, no contexto da pandemia de coronavírus, foi publicado um levantamento sobre a forma como as IFIs reagiram à nova situação, denominado Independent fiscal institutions: promoting fiscal transparency and accountability during the Coronavirus (COVID-19) pandemic [9]. O documento aborda a reação destas instituições, seja no que se refere ao conteúdo produzido e publicado, seja no que se refere às mudanças operacionais, necessárias durante a pandemia, implementadas pelas IFIs (como o trabalho remoto).

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «Senado aprova criação de Instituição Fiscal Independente». G1. Consultado em 24 de junho de 2020 
  2. «Cerimônia de instalação da IFI». Senado Notícias. 30 de novembro de 2016. Consultado em 20 de setembro de 2021 
  3. «Relatórios de Acompanhamento Fiscal». www12.senado.leg.br. Consultado em 20 de setembro de 2021 
  4. «2016, o ano em que o Brasil não tirou os olhos da Presidência». El País Brasil. Consultado em 24 de junho de 2020 
  5. «'Contabilidade criativa' virou 'pedalada' e pôs PT na lona». UOL Brasil. Consultado em 24 de junho de 2020 
  6. «Resolução do Senado Federal - 42 de 01/11/2016». legis.senado.leg.br. Consultado em 6 de novembro de 2020 
  7. «PEC de Renan que cria a Instituição Fiscal Independente é rejeitada no Senado». Agência Brasil. Consultado em 24 de junho de 2020 
  8. «Relatório de Acompanhamento Fiscal». Instituição Fiscal Independente. Consultado em 24 de junho de 2020 
  9. «Notas Técnicas». Instituição Fiscal Independente. Consultado em 4 de agosto de 2020 
  10. «Estudos Especiais». Instituição Fiscal Independente. Consultado em 4 de agosto de 2020 
  11. Salto, Felipe Scudeler (15 de agosto de 2019). «A crise fiscal federativa e a importância de soluções estruturais». Instituição Fiscal Independente. Consultado em 4 de agosto de 2020 
  12. «Aprovada escolha de Marcus Pestana para direção da IFI». Senado Federal. Consultado em 19 de outubro de 2023 
  13. «Senado aprova o nome de Vilma da Conceição para a diretoria da IFI». Senado Federal. Consultado em 19 de outubro de 2023 
  14. Agência Senado. «Alexandre Andrade é aprovado para diretor da Instituição Fiscal Independente». Senado Federal. Consultado em 28 de janeiro de 2024 
  15. «Conselho de Assessoramento Técnico (CAT) da Instituição Fiscal Independente (IFI) do Senado Federal». Instituição Fiscal Independente. Consultado em 24 de junho de 2020 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]