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Irmandades da Fala

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As Irmandades da Fala foram um conjunto de organizações nacionalistas galegas, ativas entre 1916 e 1936, que lutaram pela reabilitação do galego como língua principal daquela comunidade.

A 5 de janeiro de 1916, Antón Vilar Ponte começou, nas páginas de La Voz de Galiza, uma campanha para a criação duma Liga de Amigos do Idioma Galego e, em março do mesmo ano, publicou o folheto Nacionalismo galego (Apuntes para un libro). A nosa afirmación rexional, virado para a defesa, dignificação e cultivo da língua galega.

A proposta foi bem acolhida por diferentes setores ideológicos, embora houvesse duas tendências principais, a de origem tradicionalista de Antón Losada Diéguez e a liberal democrata.

A 18 de maio de 1916, numa reunião nos locais da Real Academia Galega da Corunha acordou-se a criação duma Irmandade dos Amigos da Fala, e foi nomeado Antón Vilar Ponte como seu Primeiro Conselheiro. De seguida, constituem-se os agrupamentos locais de Santiago de Compostela, Monforte de Lemos, Pontevedra, Ourense e Vilalba.

A 14 de novembro de 1916, apareceu o seu órgão oficial A Nosa Terra, inteiramente em galego (que conta desde o começo com 2000 subscritores).

Em setembro de 1917, colaborou com a Lliga Regionalista catalã para concorrer às eleições parlamentares de fevereiro de 1918, conseguindo competir apenas em três distritos e não ganhando em nenhum.

Da I Assembleia Nacionalista de 17 e 18 de novembro de 1918 resultou um Manifesto Nacionalista que constituiria a base comum de todos os programas do nacionalismo galego até à Guerra Civil de Espanha: a Galiza é definida como nação, sendo reclamada a autonomia integral e a co-oficialidade do galego.

Em 1919, decorreu a II Assembleia Nacionalista em Santiago de Compostela, enquanto que a III Assembleia seria em Vigo, em 1921.

Na IV Assembleia Nacionalista de Monforte, em 1922, as Irmandades dividiram-se, com a Irmandade da Corunha e algumas pequenas da comarca mantendo as formulações originais, e as restantes constituindo a Irmandade Nacionalista Galega, dirigida por Vicente Risco. A Irmandade da Corunha, dirigida por Alfredo Somoza e Ángel Casal, continuou a editar A Nosa Terra durante a ditadura.

Entre 1929 e 1930, as Irmandades foram reorganizadas, culminando na VI Assembleia Nacionalista da Corunha de 1930. Na VII Assembleia Nacionalista de Pontevedra, em dezembro de 1931, decidiu-se a criação de um partido que aglutinasse o galeguismo, que tomou o nome de Partido Galeguista (PG).

A Irmandade da Fala da Corunha tomou a decisão, na assembleia de fevereiro de 1932, de passar a formar parte do PG, conservando o seu nome. Isto provocou a última cisão entre aqueles membros da Irmandade que eram já militantes de outros partidos políticos. A Irmandade da Corunha continuaria em funcionamento até ao golpe de estado de 1936.

No final de 1916, as seis irmandades locais contavam com 200 afiliados, e, em novembro de 1918, as treze irmandades tinham 700 afiliados, a mais importante, a da Corunha com cerca de 350. Em 1919, permanecem 500 afiliados e, em 1924, só restam 200. Depois da ditadura de Primo de Rivera renasceram as Irmandades, que chegaram a dezasseis agrupamentos, com 700 afiliados em 1929 e quarenta e seis agrupamentos em 1931. A maior parte dos afiliados era constituído por intelectuais e profissionais liberais.