Isaías Samakuva
Isaías Samakuva | |
---|---|
Isaías Samakuva em 2017 | |
Presidente da UNITA | |
Período | 20 de junho de 2003 15 de novembro de 2019 |
Período | 7 de setembro de 2021 11 de março de 2022 |
Dados pessoais | |
Nome completo | Isaías Henriques N'gola Samakuva |
Nascimento | 8 de julho de 1946 (76 anos) Cuíto, Angola |
Progenitores | Mãe: Rosália Ani Ulondo Samakuva Pai: Henrique N'gola Samakuva |
Partido | UNITA |
Isaías Henriques N'gola Samakuva (Cuíto, Bié, 8 de julho de 1946) é um diplomata e político angolano.[1]
Foi presidente da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), o maior partido da oposição em Angola, entre 2003 e 2019. Foi o quarto presidente do partido, e o primeiro eleito após a morte oficial de Jonas Savimbi. Foi também presidente interino do partido entre setembro de 2021 e março de 2022.[2]
Biografia[editar | editar código-fonte]
Isaías Henriques N'gola Samakuva nasceu em 8 de julho de 1946 em Silva Porto-Gare, atual comuna de Cunje (município do Cuíto), na província de Bié. É filho de Henrique N'gola Samakuva e Rosália Ani Ulondo Samakuva.[1][3]
Recebeu sua educação primária na Missão Evangélica de Chissamba, na província do Bié.[4] Concluiu seus estudos secundários na Escola Industrial e Comercial Sarmento Rodrigues (actual Instituto Superior Politécnico do Huambo), na cidade do Huambo.[3]
Em 1970, tornou-se professor na Missão Evangélica de Chissamba e depois cursou teologia no Seminário Emanuel do Dondi da Igreja Evangélica Congregacional em Angola,[3] onde se tornou pastor evangélico.[4]
Militância político-partidária[editar | editar código-fonte]
Ingressou formalmente na UNITA em 1974 na cidade do Cuíto e, um ano depois, foi admitido como funcionário do Ministério do Trabalho no Governo de Transição de Angola.[4] Teve que largar o emprego e participar nas batalhas finais da independência angolana em 1975.[3]
Em 1976, por insegurança política, retirou-se para a zona rural, instalando-se numa das bases do braço armado da UNITA, as Forças Armadas de Libertação de Angola (FALA). Ficou combatendo na Região Militar 25, depois sendo enviado para a Região 45, onde exerceu funções de chefe do Estado-Maior do Comando. Tornou-se chefe do Departamento de Recrutamento e Mobilização da Região Militar do Huambo, em 1977.[3] Entre 1977 e 1978 foi destacado para as operações militares no Cuando Cubango,[4] onde passou a coordenar a logística da UNITA na chamada Frente Sul.[3]
Em 1979 foi delegado à 12ª Conferência Anual da UNITA e eleito membro do Comité Central,[3] tendo sido transferido para a África do Sul como representante da UNITA naquele país,[4] mesmo ainda sob vigência do regime do apartheid.
Em 1984, foi nomeado vice-presidente da Comissão dos Negócios Estrangeiros da UNITA,[3] bem como para o Comando Operacional Estratégico (COPE), chefiando a Diretoria-Geral de Logística das FALA.[3]
Em 1986, no VI Congresso do partido, foi eleito para o secretariado permanente e para a direcção do gabinete de Jonas Savimbi.[3] Foi embaixador oficial da UNITA na Europa de 1989 a 1994 e novamente de 1998 a 2002. Entre 1989 e 1993, foi representante da UNITA no Reino Unido;[3] depois foi delegado do partido para a União Europeia.[4]
Após os fracassos dos Acordos de Bicesse (1991) e do Protocolo de Lusaca (1994), Samakuva liderou uma delegação partidária à Comissão Mista criada para monitorar a implementação do Protocolo de Lusaca. Em 2000, foi nomeado chefe da missão externa da UNITA.[4]
Liderança da oposição[editar | editar código-fonte]
Samakuva assumiu a presidência da UNITA em 2003, eleito durante o nono congresso daquele partido. Sucedeu a António Sebastião Dembo[5] e Paulo Lukamba Gato,[6] sendo o primeiro efetivamente eleito após a morte oficial de Jonas Savimbi.[7]
Em 2007 realizou-se o décimo congresso, no qual Samakuva foi reconduzido ao cargo que ocupava desde 2003. Abel Epalanga Chivukuvuku, outra liderança da UNITA, foi o opositor de Samakuva naquelas eleições internas do partido do galo negro.[1]
Samakuva foi o cabeça de chapa na lista nacional da UNITA nas eleições parlamentares de setembro de 2008. Ele foi eleito para a Assembleia Nacional nessa eleição, na qual a UNITA ganhou apenas 16 dos 220 assentos.[8] Apesar de correntes do internas do partido apresentar objeções, Samakuva anunciou em 8 de setembro de 2008 que UNITA aceitava os resultados de eleição. Igualmente liderou o partido nas eleições de 2012 e 2017, com a UNITA ficando em segundo lugar nas duas vezes, porém alcançando crescentes resultados. Seus vice-presidentes durante seu mandato foram Ernesto Mulato,[9] Raúl Danda[10] e Amélia Judith Ernesto.[11]
Perda da liderança partidária[editar | editar código-fonte]
Em 15 de novembro de 2019 Samakuva foi substituído por Adalberto Costa Júnior no comando da UNITA, na eleição para presidente do partido do XIII Congresso.[12]
Em 8 de outubro de 2021 o Tribunal Constitucional declarou nulo o congresso que elegeu Adalberto Costa Júnior. Samakuva foi chamado a reassumir o partido interinamente até a realização de um novo congresso.[13] Foi realizado um novo congresso em dezembro de 2021 porém a contestação de Samakuva seguiu diante de uma nova vitória de Costa Júnior. O litígio foi resolvido judicialmente em março de 2022, com Costa Júnior assumindo definitivamente a presidência da UNITA.[2]
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ a b c «Três "tubarões" vão disputar o XII Congresso da UNITA». Novo Jornal. 4 de Novembro de 2015. Consultado em 23 de Agosto de 2017
- ↑ a b Declarações de Isaías Samakuva livram Adalberto Costa Júnior de “camisa de onze varas”. Jornal O Kwanza. 13 de março de 2022.
- ↑ a b c d e f g h i j k UNITA (1990). The UNITA Leadership. Jamba: União Nacional para a Independência Total de Angola. p. 117-118
- ↑ a b c d e f g «Biografia de Isaías Samakuva, candidato à presidência do partido» (em Portuguese). SAPONOTÍCAS. 15 de dezembro de 2011
- ↑ Reportagem rara sobre general Dembo. Club-K. 25 de fevereiro de 2019.
- ↑ General Lukamba Paulo “Gato”: “Angola ainda tem uma longa caminhada a fazer”. Jornal de Angola. 4 de abril de 2021.
- ↑ Isaías Samakuva é o novo presidente da UNITA. Lusa e PÚBLICO. 27 de junho de 2003.
- ↑ «LISTA DOS DEPUTADOS ELEITOS NAS ELEIÇÕES LEGISLATIVAS DE 2008». Comissão Nacional Eleitoral de Angola. Consultado em 23 de Agosto de 2017. Arquivado do original em 19 de setembro de 2008
- ↑ "2006 é o momento para Angola ter eleições". Público. 13 de março de 2005.
- ↑ Raúl Danda é o novo vice-presidente da UNITA. Rede Angola. 10 de dezembro de 2015.
- ↑ Unita reitera data do seu congresso e suspende militantes. RFI. 29 de novembro de 2021.
- ↑ Angola: TC confirma anulação de Congresso da UNITA que elegeu Costa Júnior. DW. 7 de outubro de 2021.
- ↑ Isaías Samakuva assume liderança da UNITA até à eleição de novo presidente. DW. 8 de outubro de 2021.
Ligações externas[editar | editar código-fonte]