Isabel Clara Eugênia da Espanha

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Isabel Clara Eugénia
Arquiduquesa de Áustria
Isabel Clara Eugênia da Espanha
Retrato por Frans Pourbus filho.
Duquesa de Lothier, Brabante, Limburgo,
Luxemburgo e Gueldres
Marquesa de Namur
Condessa Palatina da Borgonha
Condessa de Artésia, Flandres, Charolais e Hainaut
Reinado 6 de maio de 159813 de julho de 1621
Antecessor(a) Filipe II de Espanha
Sucessor(a) Filipe IV de Espanha
Co-monarca Alberto VII da Áustria
Governadora dos Países Baixos Espanhóis
Reinado 1621 - 1 de dezembro de 1633
Predecessor(a) Alberto VII da Áustria
Sucessor(a) Fernando da Áustria
 
Nascimento 12 de agosto de 1566
  Segóvia, Espanha
Morte 1 de dezembro de 1633 (67 anos)
  Bruxelas, Bélgica
Sepultado em Catedral de São Miguel e Santa Gudula, Bruxelas
Cônjuge Alberto VII da Áustria
Descendência Filipe
Alberto
Ana Maurícia
Casa Habsburgo
Pai Filipe II de Espanha
Mãe Isabel de Valois
Religião Cristianismo
Assinatura Assinatura de Isabel Clara Eugénia
Brasão

Isabel Clara Eugênia da Áustria (Segóvia, 12 de agosto de 1566Bruxelas, 1 de dezembro de 1633) foi Infanta da Espanha e Arquiduquesa de Áustria.[1]

Filha do rei Filipe II de Espanha e de Isabel de Valois (filha do rei Henrique II de França e de Catarina de Médici).[1] Foi governadora dos Países Baixos entre 1598 e 1621.[1] Era a filha mais querida de Filipe II, e lhe foi permitido ajudar em seu pai em seu trabalho, revendo documentos e ajudando-o a traduzir do italiano.

Em 1599, casou-se com Alberto VII, arquiduque de Áustria, filho do imperador Maximiliano II da Germânia.[1] Filha primogênita da rainha Isabel de Valois, foi batizada Isabel (pela mãe) Clara (pelo dia do nascimento) Eugênia (por devoção a Santo Eugênio, arcebispo de Toledo, cujas relíquias Filipe II fez trasladar de St. Denis, na França, para Toledo, em 1565).

Era pretendente à coroa francesa pela mãe.[1] Teve importante papel na execução das ideias políticas do pai, Filipe II e foi companheira de seus anos finais desde que, em 1585 partiu para Turim com a irmã. Por isso casou tarde.

Nos Países Baixos do Sul[editar | editar código-fonte]

Desde a morte de Maria, Duquesa da Borgonha, os principados belgas haviam passado ao domínio da dinastia dos Habsburgo. Durante o reinado do imperador Carlos V (1515-1555), a Bélgica se distinguia por sua elevada urbanização.

Antuérpia era o centro comercial e financeiro da Europa ocidental. A primeira metade do século XVI marca um período de grande prosperidade. Artes e ciências florescem. Um forte crescimento demográfico acentua entretanto o problema da pobreza. Sob Filipe III (1555-1598), rei da Espanha e dos Países Baixos, a agitação social crescerá. O protestantismo se propagara nos Países-Baixos. Filipe II, soberano católico, determinou-se a combater a Reforma por todos os meios. Seu despotismo político e religioso enfrentou a oposição da nobreza e da burguesia. As tensões se transformaram em um movimento de insurreição geral contra ele. Os protestantes radicais se decidem a expulsar os espanhóis das províncias do norte, atuais Países Baixos. As províncias do sul, hoje Bélgica, são reconquistadas pelos espanhóis. A tomada de Antuérpia pelo exército espanhol em 1585 marca um momento de corte definitivo entre os Países Baixos do norte e do sul. No sul, dominado pela Espanha, o catolicismo obrigatório se reinstaura. O principado de Liège permanece independente. O protestantismo conhece nele um sucesso moderado, mas ali também os calvinistas são perseguidos. No decorrer do século XVI o principado consegue satisfatoriamente assegurar sua neutralidade quanto aos territórios vizinhos.

Após 1585, os Países Baixos do sul, exceto Liège, são submetidos à coroa de Espanha. A religião católica ali era obrigatória. Em 1598, pouco antes de morrer, Filipe II dá às províncias do sul um estatuto semi-independente. Os arquiduques Alberto e Isabel governam o país. A Espanha lhes dá grande autonomia em matéria de política interna. Mas em 1621, Alberto, sem descendência, morre e as províncias do sul recaem na soberania direta da Espanha. A partir de então, irão sofrer as consequências do declínio da Espanha, e numerosos territórios são definitivamente perdidos em benefício da França e das Províncias Unidas ao norte.

Casamento[editar | editar código-fonte]

Neta de Henrique II de França, o pai propôs em 28 de maio de 1593 seu casamento com Henrique de Bourbon (o que abjurou em 25 de julho de 1593 e se tornou Henrique IV) ou com o arquiduque Ernesto da Áustria. Em 2 de agosto de 1598, morreu assassinado Henrique III de França. Então Felipe II iniciou ações políticas, exigindo a coroa para Isabel Clara Eugenia. Os direitos de Isabel ao trono da França, exigido também pelo hugonote Henrique de Bourbon, vieram de ser neta da parte materna de Henrique II de França e sobrinha de Henrique III (irmão de Isabel de Valois), que não teve descendentes diretos. Não obstante, a França era regida pela lei sálica, e Isabel de Valois tinha renunciado a seus direitos ao trono na ocasião de sua união com Filipe II. As ações de Filipe II fizeram com que se unissem católicos e huguenotes franceses ao encontro de soberano estrangeiro, facilitando a ascensão ao trono de Henrique IV e o fim das Guerras de Religião na França.

Arquiduquesa Isabel e seu anão
Por Frans Pourbus, o Jovem, c.1600, na Royal Collection
Infanta Isabel Clara Eugenia
Por Alonso Sánchez Coello, 1585-1588, no Museu do Prado
Realeza Espanhola
Casa de Habsburgo
Descendência

Pensou Filipe II em formar um Estado independente que ela levaria em dote a um arquiduque austríaco Habsburgo, talvez acalentar o sentimento de autonomia dos Países Baixos meridionais. Em 1598, Isabel Clara Eugenia foi nomeada soberana dos Países Baixos. A ata de cessão foi assinada por Filipe II em 6 de maio de 1598, fazendo dela condessa de Flandres até 1621, escolhendo-se por marido o Arquiduque Alberto Ernesto, antigo cardeal, ex-primaz da Espanha, filho do imperador Maximiliano II e de Maria de Habsburgo; era irmão do imperador Rodolfo II.

Casaram-se por procuração ou poderes em Ferrara, em 13 de dezembro de 1598 ao mesmo tempo do casamento de Filipe, príncipe de Astúrias e futuro Filipe III de Espanha com Margarida da Áustria. Bendito por Clemente VIII, o casamento foi ratificado em Valência em 18 de abril de 1599.

O arquiduque Alberto Ernesto, seu primo, pois era neto do imperador Carlos V, havia sido governador de Portugal, era governador então em Bruxelas. Isabel Clara Eugênia levou-lhe como dote o Franco Condado, austríaco até 1678. Felipe II tentava resolver o problema gerado pela Insurreição dos Países Baixos que causaram a Guerra dos Oitenta Anos, por meio do estabelecimento de um ramo autónomo dos Habsburgos. Saberia Filipe III que a irmã não podia ter descendentes?

Em 5 de setembro, os novos soberanos entraram em Bruxelas, com grande regozijo popular. Interveio na política: em 1609 trégua de 12 anos, mas em 1621 a guerra seria recomeçada por decisão do conde-duque de Olivares. Em 1621, morreu seu marido o arquiduque, sem que ela tivesse o ansiado herdeiro. Os Países Baixos mais outra vez passaram à coroa espanhola. Isabel Clara Eugénia manteve a posição de governadora e residiu durante o resto de sua vida ali, alternando sucessos, como o de Breda em 1625, com as falhas e os infortúnios, como aqueles de Bois-le-Duc (1629) e de Maastricht (1632). Anos amargos, em meio de lutas e dificuldades chegou a empenhar as joias para pagar o exército, sem chegar dinheiro da Espanha. Filipe IV de Espanha, seu sobrinho, assessorou-a no governo dos Países Baixos até seu falecimento em 1633.

Descendência[editar | editar código-fonte]

De seu casamento com Alberto VII da Áustria, nasceram três filhos que morreram em uma idade muito jovem:

Referências

  1. a b c d e Jackson, Guida M.; Jackson-Laufer, Guida Myrl; Jackson, Lecturer in English Foundations Department Guida M. (1999). Women Rulers Throughout the Ages: An Illustrated Guide (em inglês). Santa Bárbara: ABC-CLIO. pp. 183–4. ISBN 9781576070918 

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Alberto VII da Áustria
Governadora dos Países Baixos espanhóis

1621 - 1 de dezembro de 1633
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Fernando da Áustria
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