Italiano do Norte

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Norte-Italiano
Falado(a) em:
Região:
Total de falantes:
Família: Indo-europeia
 Itálica
  Românica
   Italo-Ocidental
    Ocidental
     Galo-ibérica
      Galo-românica/ítalo-românica
       Norte-Italiano
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: ---
Fronteiras linguísticas segundo Def. 1[1][2][3]
Fronteira linguística segundo Def. 2, Línea Massa-Senigallia
Fronteiras linguísticas segundo Def. 3
Os substratos: os povos antigos
O superstrato: o Reino Lombardo de Rotário (636-652)

O italiano do Norte é um grupo sociolinguístico que pertence às línguas românicas. É falado globalmente no norte da Itália e em algumas regiões vizinhas (Ticino na Suíça, Ístria na Croácia, na Eslovênia, Mônaco, sudeste da França e San Marino).

As definições do "italiano do Norte" são contraditórias, como é contraditório o mesmo nome do grupo:

Distribuição geográfica[editar | editar código-fonte]

O domínio linguístico do italiano do Norte corresponde mais ou menos à Itália do Norte ou Padânia.

O limite meridional, entre o italiano do Norte e o italiano em sentido estreito, corresponde à linha La Spezia-Rimini, ou com mais precisão geográfica, a linha Massa-Senigallia. A separação entre as línguas românicas marcada por esta linha as divide em dois grandes grupos: a România ocidental (inclusive o italiano setentrional) e a România oriental (inclusive o Italiano do Centro-Sur). O grupo galoitálico é ao mesmo tempo separado de outros grupos do Nordeste (Veneto, Trentino, Friuli, Tirol do Sur) por uma linha que corre ao este de Bolzano e pela costa oriental do lago de Garda ao norte de Mântua e o rio Pó.

O limite setentrional, entre o italiano do Norte (e o reto-românico) e outras línguas (românicas, germânicas ou eslavas), corresponde às fronteiras políticas entre os vários povos germânicos dominantes depois das migrações dos povos bárbaros, isto é entre lombardos, visigodos, burgúndios e bávaros, que estão refletidas no superstrato[desambiguação necessária] linguístico das línguas românicas atuais:

Para o norte, o italiano do Norte (e o reto-românico) lidam com o alto alemão suíço, derivado do idioma dos alamanos e ao alto alemão bávaro, derivado do idioma dos bávaros e falado atualmente em (Áustria e em Tirol). Nesta zona, Romania submersa, houve substituição linguística dos idiomas românicos.

Para o leste, o italiano do Norte (e o friulano reto-românico) lindam atualmente com duas línguas do grupo eslavo: esloveno e croata.

Classificação e tabela comparativa[editar | editar código-fonte]

Em realidade, não há muita discrepância sobre a classificação das línguas ou dos dialectos do "italiano do Norte" (Ethnologue: Galo-itálico), senão sobre seu estatuto de língua ou línguas independentes com respeito ao que Rohlfs e Pellegrini entendem por "língua italiana", que compreende também o corso. O mesmo vale para os substratos e o superestrato único (vejam-se pelas duas questões as referências iniciais, 1 - 13). Para não obfuscar a descrição com questões de língua contra dialecto, empregar-se-á na tabela o termo neutro idioma. Portanto o grupo pode classificar-se assim:

Classificação Idioma : Código ISO 639-3 Superstrato Substrato Frase Território central Mapas
Grupo (sub-grupo) Latim lat - - (Illa) Claudit semper fenestram antequam cenet. - -
- Italiano[14] ita Longobardo Etrusco (Ella) chiude sempre la finestra prima di cenare. - -
- Toscano[15] - " " Lei la 'hiude sempre la finestra pria di'ccenà. - -
(Galo-itálico) Mapa: [5] Liguriano[16] lij " Liguriano antigo Lê a særa sénpre o barcón primma de çenâ. Ligúria;[17] Mônaco,[18] [6]
- Liguriano tabarquino - " " Lé a sère fissu u barcun primma de çenò. Sardenha[19] [7]
- Piemontês pms " Gaulês cisalpino.[20] Chila a sara sempe la fnestra dnans ëd fai sin-a/siné. Piemonte[21] [8]
((Lombardo)) Lombardo ocidental[22] lmo[23] " " (Lee) la sara semper su la fenèstra primma de sena. Lombardia;[24] Suíça.[25] [9]
- Lombardo oriental - " " (Lé) la sèra sèmper sö la finèstra prima de senà. Lombardia;[26] Trentino[27] -
(Emiliano-romanholo) Emiliano[28] egl " " (Lî) la sèra sänper la fnèstra prémma ed dsnèr. Emília;[29] Toscana.[30] [10]
- Romanholo[31] rgn -[32] " Lìa chìud sèmpr la fnestra prema'de cnè. Romanha;[33] San Marino. [11]
(Vêneto) Mapa: [12]; Vêneto[34] vec " Venético antigo (Eła) ła sàra/sèra senpre el balcón vanti senàr/dixnàr. Vêneto;[35] Brasil[36] [13][37]
Reto-românico Ladino[38] lld " Rético (Ela) la sera semper la fenestra inant zenar. - -
- Romanche roh "[39] " Ella clauda/sèrra adina la fanestra avant ch'ella tschainia. - -
- Friulano fur " Céltico[40] Jê e siere simpri il barcon prin di cenâ. - -
Istriota Istriota[41] ist - " Gila insiera senpro lo balcon preîma da senà. Ístria[42] [14]
- Ocitano oci Visigodo - (Ela) barra totjorn la fenèstra abans de sopar. -
- Português por - - (Ela) fecha sempre a janela antes de jantar. -

Vitalidade[editar | editar código-fonte]

Estas línguas locais são faladas hoje nas suas áreas respetivas por um número menor de pessoas que o Italiano, com a parcial exceção da região do Vêneto, onde um pouco menos de metade da população local fala a língua local correntemente.[43] A literatura escrita continua a prosperar nas diferentes variedades e essas mesmas línguas ainda são faladas pela diáspora em países com comunidades de imigrantes italianos, como no Brasil (Talian) e na Argentina.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. Ali, Linguistic atlas of Italy
  2. «Linguistic cartography of Italy by Padova University». Consultado em 15 de maio de 2010. Arquivado do original em 6 de maio de 2008 
  3. «Italian dialects by Pellegrini». Consultado em 15 de maio de 2010. Arquivado do original em 12 de outubro de 2009 
  4. Pellegrini, G.B. (1975) “I cinque sistemi dell'italoromanzo”, Saggi di linguistica italiana (Turin: Boringhieri), pp. 55-87
  5. Allières, Jacques (2001), Manuel de linguistique romane, coll. Bibliothèque de grammaire et de linguistique, París: Honoré Champion
  6. Rohlfs, Gerhard (1937) La struttura linguistica dell’Italia, Leipzig: s.n.
  7. Rohlfs, Gerhard 1966-69 Grammatica storica della lingua italiana e dei suoi dialetti. (3 vol: Fonetica. Morfologia. Sintassi e formazione delle Parole), Einaudi, Torino.
  8. Bec, Pierre (collab. Octave NANDRIS, Žarko MULJAČIĆ) (1970-71), Manuel pratique de philologie romane, París: Picard, 2 vol.
  9. Ibid, tome 2 : français, roumain, sarde, dalmante - index des 2 tomes, Picard, 1971, - réédit. 2000, ISBN 978-2708402300, p. 316: Ao mesmo tempo inovador e arcaizante em relação ao galo-italiano, o reto-friulano deve ser de todos modos integrado dentro do conjunto galo-românico [...] cisalpino, do qual constitui [...] uma área marginal e conservadora. [...] desde o ponto de vista diacrônico, e uma certa unidade, sobretudo entre a Reto-românia e a Cisalpinia pode ser considerado segura. ("À la fois novateur et archaïsant par rapport au gallo-italien, le réto-friulan doit être de toute façon intégré dans l'ensemble gallo-roman [...] cisalpin, dont il constitue [...] une aire 'marginale et conservatrice. [...] vue en diachronie, une certaine unité peut être assurée, surtout entre Raetoromania et Cisalpinia").
  10. Schmid, Heinrich (1956) Über Randgebiete und Sprachgrenzen", Voz Romanica, XV, pp. 79-80
  11. Schorta, Andrea (1959) "Il rumantsch - grischun sco favella neolatina", Annalas da la Società Retorumantscha, LXXII, pp 44-63).
  12. Hull, Geoffrey (1989) Polyglot Italy:Languages, Dialects, Peoples, CIS Educational, Melbourne
  13. Hull, Geoffrey (1982) The linguistic unity of Northern Italy and Rhaetia, tese de doutorado, University of Western Sydney
  14. Florentino antigo ou "clássico".
  15. Florentino moderno.
  16. Incluso o monegasco.
  17. Ligúria: Todas as províncias. Também: Piemonte: parte da província de Alessandria; Emília: parte das províncias de Placência e Parma; França: na zona fronteiriça entre França e Itália e entre ligur e occitano: roiasco (inclusive o brigasco), que se fala no alto vale do Roya (dialeto de transição para o occitano); Córsega, Bonifacio e um tempo nas outras cidades da costa.
  18. Mônaco: Língua co-oficial
  19. Ilhas de San Pietro e Sant'Antioco
  20. Também Liguriano antigo.
  21. Piemonte: Todas as províncias, mas a fronteira linguística non coincide com a política.
  22. Lombardo occidental também ínsubre
  23. Todo o lombardo.
  24. Lombardia ocidental: todas as províncias ao oeste do rio Adda e a norte do rio Pó; Pavia parte septentrional; Sondrio parte ocidental. Também: Piemonte: nas províncias de Novara e Verbania (de transição).
  25. Toda a "Suíça italiana": Cantão de Ticino, quatro vales meridionais do Cantão dos Grisões
  26. Lombardo oriental também oróbico: Lombardia oriental: todas as províncias ao leste do rio Adda; Sondrio parte oriental; com características orientais atenuadas: Cremona
  27. Trentino: sul-oeste.
  28. Bolonha.
  29. Emília: todas as províncias desde Piacenza até Bolonha. Também: Lombardia: Pavia e Mantua (com características de transição ao lombardo
  30. Toscana: província de Massa-Carrara
  31. Fano, Marcas,
  32. O superstrato - o adstrato - do romanholo é o Grego bizantino
  33. Romanha. Também: Marcas: na parte norte.
  34. Incluso o triestino e o talian brasileiro.
  35. Vêneto: todas as províncias. Também: Trentino oriental; Trieste; Ístria e outras partes da Eslovênia e da Croácia
  36. O talian brasileiro.
  37. BR-RS Reg. 4.
  38. Val di Non, Trento.
  39. Posteriormente o alto-alemão suiço.
  40. Os Carnii, mais diferente do dos galos mais ocidentais.
  41. A classificação do istriota é difícil e controvertida. Se considera geralmente um tipo particular de vêneto, um dialeto diferente do vêneto o, em fim, uma língua intermédia entre o vêneto e a dálmata.
  42. Rovinj, istr. Rovèigno, it. Rovigno, na costa sul da Ístria, na Croácia.
  43. [1] (IT)