Júlio Posenato

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Júlio Posenato (Veranópolis, 1947) é um arquiteto e pesquisador brasileiro dedicado a estudos sobre a italianidade no Brasil.

Formado em 1972 pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul,[1] é o pioneiro no estudo da arquitetura colonial italiana no Rio Grande do Sul, analisando seus materiais, formas, usos e modos de implantação na geografia e estabelecendo a cronologia, as tipologias arquitetônicas e as relações entre forma, função e significado sociocultural desse acervo.[2][3] Também é uma das principais referências sobre a arquitetura colonial italiana no Espírito Santo.[4] Em 2012 presidiu a seção Rio Grande do Sul do ICOMOS-Brasil.[5] Segundo matéria do Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio Grande do Sul, "a paixão pela arquitetura se manifesta de diversas maneiras, assim como sua prática profissional. Para alguns, desenvolver projetos é uma grande realização. Para outros, pesquisar arquitetura é o fascínio que move sua produção. Assim é para Júlio Posenato, arquiteto e urbanista que, apesar de nunca ter sido professor, tem muito a ensinar".[1]

Foi um dos idealizadores do roteiro turístico Caminhos de Pedra, que percorre a zona rural de Bento Gonçalves, visitando importantes exemplares de arquitetura italiana.[6] O projeto teve início em 1993, quando Posenato redigiu o Projeto de Recuperação e Valorização Cultural do Distrito de São Pedro. Em 1990 foi feita uma parceria com o Hotel Dall'Onder, que se responsabilizou pelo restauro das primeiras quatro casas em 1993, e no ano seguinte foi criada a Associação Caminhos de Pedra, que constituiu a base institucional do projeto, seguindo-se investimentos e qualificação do roteiro.[7] Em 1998 Posenato desenvolveu o projeto Caminhos de Pedra – Projeto de Resgate da Herança Cultural, com foco na educação da comunidade para a valorização da história e do patrimônio cultural local, para sua capacitação para aproveitamento sustentável e lucrativo do acervo arquitetônico que possui, e para o resgate de sua identidade histórica.[8] Atualmente o roteiro recebe em média 60 mil turistas por ano.[6]

É também um importante divulgador do talian,[9] participou dos estudos que levaram à sua fixação e normatização,[10] e segundo Darcy Luzzatto, Posenato foi quem propôs o nome pelo qual o dialeto se tornou conhecido.[11] Presidiu a Societá Taliana Massolin de Fiori, criada no final da década de 1980 em Porto Alegre,[12] e manteve a editora Posenato Arte & Cultura, que publicou entre outras obras Homens e Mitos na História de Caxias, de Ângelo Costamilan, obra monumental, segundo o historiador Mário Gardelin,[13] e a reedição fac-similar do importante álbum histórico Cinquantenario della Colonizzazione Italiana nel Rio Grande del Sud, 1875-1925, o marco fundador dos estudos da imigração italiana no sul do Brasil,[14] para o qual fez a apresentação.[15]

Principais publicações:

  • Assim vivem os italianos. Arquitetura da Imigração Italiana no Rio Grande do Sul (1983)
  • Antônio Prado, cidade histórica (1989)
  • Arquitetura da imigração italiana no Espírito Santo (1998)
  • Talian: língua e identidade cultural (1999)
  • A Arquitetura do Norte da Itália e das Colônias Italianas de Pequena Propriedade no Brasil (2004)
  • Pesquisando arquitetura (2016)

Referências

  1. a b "Incentivo à produção e pesquisa em Arquitetura e Urbanismo". Conselho de Arquitetura e Urbanismo do Rio Grande do Sul, 21/12/2016
  2. Filippon, Maria Isabel. A casa do imigrante italiano, a linguagem do espaço de habitar. Mestrado. UCS, 2014, p. 41
  3. Colonetti, Charlie Tecchio; César, Pedro de Alcântara Bittencourt; Silva, Caroline Peccin da. "Formação da gastronomia como atratividade turística: análise dos Caminhos de Pedra (BG-RS) e Pinto Bandeira (RS)". In: Anais do Seminário da ANPTUR, 2016
  4. Ferreira, Márcia Regina Rodrigues. História, memória e educação das sensibilidades: o processo de patrimonialização da Casa Lambert de Santa Teresa- ES. Mestrado. Universidade Federal do Espírito Santo, 2015, p. 66
  5. II Jornadas do Patrimônio Cultural: O Patrimônio da Cultura Brasileira do Século XIX de Origem Europeia. Vitória, 28-30/11/2012. IPHAN
  6. a b Badalotti, Claudine Machado. "Arquitetura e etnicidade: patrimônios materiais e imateriais na rota turística Caminhos de Pedra". In: Oficina Do Historiador, 2014 — Suplemento Especial - I Encontro de Pesquisas Históricas - PUCRS
  7. Brambatti, Luiz Ernesto. "Avaliação de Roteiros de Turismo Rural: o caso da região Uva e Vinho, Rio Grande do Sul, Brasil". In: Turismo e Sociedade, 2019; 12 (2): 45-64
  8. Michelin, Rita Lourdes. A reconstrução da etnicidade na arena turística: o caso do roteiro de turismo rural cultural Caminhos de Pedra - Bento Gonçalves - RS. Mestrado. Universidade de Caxias do Sul, 2008, pp. 46-47
  9. Miazzo, Giorgia. "Afinal, o que é o Talian?" In: Revista Italiano — UERJ, 2011; 2 (1)
  10. Berton, Aline Nizzola. "Oficina de Talian: curricularização e valorização do patrimônio cultural na cidade de Casca/RS". In: XVIII Encontro estadual de História: Direitos humanos, sensibilidades e resistências. Criciúma, 10-13/11/2020
  11. Luzzatto, Darcy Loss. El nostro parlar. Sagra Luzzatto, 1993, pp. 22-23
  12. Mocellin, Maria Clara. Trajetórias em Rede: representações da italianidade entre empresários e intelectuais da região de Caxias do Sul. Doutorado. Universidade Estadual de Campinas, 2008, p. 69
  13. Gardelin, Mário. “Felizes os Costamilan”. Pioneiro, 17/12/1986
  14. De Boni, Luís Alberto & Costa, Rovílio. "Os Italianos no Rio Grande do Sul". In: Cichero, Lorenzo et alii. [De Boni, Luís Alberto & Costa, Rovílio (orgs.)]. Cinquantenario della Colonizzazione Italiana nel Rio Grande del Sud, 1875-1925. Edição fac-similar. Posenato Arte & Cultura, 2000, vol. I, pp. i-xxii
  15. Posenatto, Júlio. [Apresentação]. In: Cichero, Lorenzo et alii. [De Boni, Luís Alberto & Costa, Rovílio (orgs.)]. Cinquantenario della Colonizzazione Italiana nel Rio Grande del Sud, 1875-1925. Edição fac-similar. Posenato Arte & Cultura, 2000, vol. I