Jacques-Yves Cousteau

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Jacques-Yves Cousteau
Jacques-Yves Cousteau
Jacques-Yves Cousteau, em 1972
Nascimento 11 de junho de 1910
Saint-André-de-Cubzac, Aquitânia
França
Morte 25 de junho de 1997 (87 anos)
Paris, Ile-de-France
França
Nacionalidade francês
Prêmios Medalha Howard N. Potts (1970)
Prêmio Internacional Catalunha (1991)
Campo(s) Oceanografia

Jacques-Yves Cousteau (Saint-André-de-Cubzac, 11 de junho de 1910Paris, 25 de junho de 1997) foi um oficial da marinha francesa, documentarista, cineasta, oceanógrafo e inventor mundialmente conhecido por suas viagens de pesquisa, a bordo do Calypso.[1]

Cousteau foi um dos inventores, juntamente com Émile Gagnan, do Aqualung, o equipamento de mergulho autônomo que substituiu os pesados escafandros, e também participou como piloto de testes da criação de aparelhos de ultrassom para levantamentos geológicos do relevo submarino e de equipamentos fotocinematográficos para trabalhos em grandes profundidades.[2]

Cousteau conquistou a Palma de Ouro de 1956, com o filme O mundo silencioso, rodado no Mar Mediterrâneo e Vermelho. Mas o próprio Cousteau confessou que, em seus primeiros filmes, não tinha nenhum tipo de preocupação ecológica. No total, foram quatro longas-metragens e setenta documentários para a televisão.

Em 1965, Cousteau criou uma casa submarina onde seis pessoas viveram por um mês, a cem metros de profundidade. Em 1990, o músico francês Jean Michel Jarre lançou um álbum em homenagem a seu 80.º aniversário, com o título Waiting for Cousteau.

Juventude[editar | editar código-fonte]

Cousteau nasceu em 11 de Junho de 1910 em Saint-André-de-Cubzac, filho de Daniel e Élisabeth Cousteau e irmão de Pierre-Antoine. Cousteau completou os estudos no prestigiado Collége Stanislas em Paris. Em 1930, ingressou na escola naval e graduou-se como oficial de artilharia. Após um acidente de carro que acabou com a sua carreira na aviação naval, Cousteau voltou seu interesse para o mar.

Em Toulon, onde serviu no Condorcet, Cousteau executou sua primeira experiência científica debaixo d'água, graças a seu amigo Philippe Tailliez que, em 1936, enviou-lhe alguns óculos de proteção subaquáticos Fernez, predecessores da moderna máscara de mergulho. Cousteau também fez parte do serviço de informações da Marinha Francesa, e foi enviado em missões para Xangai e Japão (1935–1938) e para a União Soviética (1939).

Em 12 de julho de 1937 casou com Simone Melchior, com quem teve dois filhos, Jean-Michel (nascido em 1938) e Philippe (nascido em 1940). Seus filhos fizeram parte de aventuras a bordo do Calypso. Teve ainda uma filha Diane Cousteau (nascida em 1981) e um filho Pierre-Yves Cousteau (nascido em 1982), ambos nascidos no segundo casamento de Cousteau. Um ano depois da morte de sua esposa Simone por câncer, casou-se com Francine Triplet.

Início dos anos 1940: Inovação do mergulho moderno[editar | editar código-fonte]

Os anos da Segunda Guerra Mundial foram decisivos para a história do mergulho. Depois do Armistício de 1940, a família de Simone e de Jacques refugiaram-se em Megève, onde se tornaram amigos da família Ichac que também moraram lá. Jacques-Yves Cousteau e Marcel Ichac compartilhavam o mesmo desejo de mostrar ao público geral lugares desconhecidos e inacessíveis — no caso de Cousteau, o mundo submarino e, no caso de Ichac, as montanhas altas. Os dois vizinhos fizeram o primeiro ex aequo do Congresso de Filmes Documentários, em 1943, para o primeiro filme subaquático francês Par dix-huit mètres de fond (18 metros de profundidade), feito sem equipamento de respiração no ano anterior na ilha Embiez com Philippe Tailliez e Frédéric Dumas, sem esquecer papel primordial desempenhado, como criador da câmera de profundidade pressurizada, pelo engenheiro mecânico Léon Vèche.

Em 1943, fez um filme Épaves (Naufrágios); para essa ocasião, usou dois dos primeiros protótipos do Aqualung. O protótipo foi feito em Boulogne-Billancourt pela Companhia Air Liquid seguindo as instruções de Gagnan e de Cousteau. Quando faziam Épaves, Cousteau não conseguiu achar rolos de filme em branco necessários, porém havia comprado centenas de rolos de câmera da mesma largura, planejados para câmeras infantis, e uniu todas formando assim um rolo de filme longo.

Mantendo vínculos com falantes de língua inglesa (passou parte de sua infância nos Estados Unidos e casualmente falava inglês) e com soldados franceses na África do Norte (sob comando do Almirante Lemonnier), Cousteau ajudou a Marinha Francesa para juntar-se novamente aos Aliados, montando uma operação de comando contra o Serviço de Espionagem Italiano na França e recebendo várias condecorações por seus atos. Naquela época manteve distância de seu irmão Pierre-Antoine Cousteau, um escritor anti-semita o qual escreveu o jornal colaboracionista Je suis partout (Eu estou em todo lugar) e recebeu sentença de morte em 1946. Entretanto, este foi depois modificado para uma sentença de vida da qual foi liberto em 1954.

Durante os anos 1940, Cousteau é creditado pelo design do "improvável" Aqualung que deu origem à tecnologia do circuito aberto de mergulho autônomo usado atualmente, isto é, regulador de demanda e cilindro de ar comprimido. De acordo com o seu primeiro livro Mundo do silêncio: uma história de descobertas e aventuras submarinas (1953), Cousteau começou com óculos de proteção Fernez em 1936, e em 1939 usou o aparelho autônomo de respiração subaquático, inventado em 1926 pelo Comandante Yves le Prieur. Cousteau não estava satisfeito com o período de tempo que passava debaixo d'água com o aparelho de Le Prieur, então resolveu improvisar, adicionando um regulador de demanda, inventado em 1942 por Émile Gagnan. Em 1943, Cousteau experimentou o primeiro protótipo do Aqualung que finalmente fez estender o tempo de exploração submarina possível.

Final dos anos de 1940: GERS e Élie Monnier[editar | editar código-fonte]

Em 1946, Cousteau e Talliez mostraram o filme Épaves ao Almirante Lemonnier, e o almirante responsabilizou-se por montar o Groupement de Recherches Sous-Marines (GRS ou, em português, Grupo de Pesquisas Submarinas) da Marinha Francesa em Toulon. Um pouco depois este se tornou Groupemente d'Études et de Recherches Sous-Marines (GERS, ou, em português, Grupo de Estudos e Pesquisas Submarinas), em seguida, Commandement des Interventions Sous la Mer (COMISMER, ou, em português, Comando de Intervenções Subaquáticas) e, finalmente, o CEPHISMER. Em 1947, o suboficial principal Maurice Fargues tornou-se o primeiro mergulhador a morrer usando um aqualung enquanto tentava estabelecer um novo recorde de profundidade com a GERS em Toulon.

Em 1948, envolvido em missões de desativação de minas, explorações submarinhas e testes técnicos e físicos, Cousteau empreendeu a primeira campanha no Mediterrâneo a bordo da corveta Élie Monnier com Philippe Talliez, Frédéric Dumas e Jean Alinat, além do escritor Marcel Ichac. A pequena equipe também empreendeu no Naufrágio Romano de Mahdia (Tunísia). Esta foi a primeira operação arqueológica que utilizou mergulho autônomo, assim abrindo caminho para o mergulho científico arqueológico.

Cousteau e o Élie Monnier participaram no resgate da esfera de mergulho de navio do professor Jacques Piccard, o FRNS-2, durante a expedição de 1949 para Dacar. Agradecida pelo resgate, a Marinha Francesa foi capaz de utilizar a esfera do batiscafo para construir o FRNS-3. As aventuras deste período foram contadas em dois livros, O Mundo do Silêncio (1953, por Cousteau e Dumas) e Plongées sans câble (1954, por Philippe Talliez).

Anos de 1950 a 1970[editar | editar código-fonte]

Em 1949, Cousteau deixou a Marinha da França. No ano seguinte, fundou a campanha Oceanográfica Francesa, e arrendou o navio chamado Calypso de Thomas Loel Guinness por, simbolicamente, um franco por ano. Cousteau reformou o Calypso como um laboratório móvel para pesquisas de campo e como sua principal embarcação para mergulho e filmagem. Também cumpriu escavações arqueológicas submarinas no Mediterrâneo, dentre as quais podemos destacar Grand-Congloé (1952).

Com a publicação do seu primeiro livro em 1953, O Mundo do Silêncio, previu a existência da habilidade de ecolocalização dos golfinhos. Informou que seu navio de pesquisas, o Élie Monier, estava se dirigindo para o Estreito de Gibraltar, noticiando que um grupo de phocoenidae os estava seguindo. Cousteau mudou o curso para poucos graus a menos que o curso ideal para o centro do estreito, e os golfinhos os seguiram por poucos minutos, separando-se em sentido ao meio do canal de novo. Aquilo foi uma evidência de que os golfinhos sabiam qual o curso ideal estabelecido, até mesmo se os humanos não soubessem. Cousteau concluiu que os cetáceos possuíam algo semelhante a um sonar.

Cousteau ganhou a Palma de Ouro no Festival de Cannes in 1956 pelo O Mundo do Silêncio, coproduzido por Louis Malle. Com assistência de Jean Mollard, fez o "Pires de Mergulho" SP-350, um veículo de mergulho experimental que podia alcançar a profundidade de 350 metros. O sucesso do experimento foi batido rapidamente em 1965 por dois veículos que alcançavam 500 metros. Um ano depois, foi eleito como diretor do Centro Oceanográfico de Mônaco. Dirigiu experimentos de mergulho em saturação (imersões de longa duração e casas debaixo d'água). Além disso foi admitido na Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.

Referências

  1. «Cousteau Society» (em inglês). Cousteau.org. Consultado em 25 de junho de 2012. Arquivado do original em 25 de janeiro de 2009 
  2. «Quem foi Jacques-Yves Cousteau, você sabe me dizer?». iGUi Ecologia. 15 de fevereiro de 2020. Consultado em 17 de janeiro de 2021 

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