Artacho Jurado

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Artacho Jurado
Artacho Jurado
Nascimento 3 de setembro de 1907
Morte 18 de outubro de 1983
Cidadania Brasil
Ocupação arquiteto

João Artacho Jurado (São Paulo, 3 de setembro de 1907 - São Paulo, 18 de outubro de 1983)[1] foi um arquiteto autodidata e empresário paulista, proprietário da Construtora e Imobiliária Monções S/A, responsável pela construção de diversos edifícios residenciais - alguns de uso misto - nas cidades de São Paulo e Santos.

Filho dos imigrantes espanhóis Ramón Artacho e Dolores Jurado[2], João começou a trabalhar na década de 1930 e sua produção se aprofundou nas décadas de 40 e 50. Apesar de não ser arquiteto, Artacho Jurado idealizava os prédios e pedia para algum arquiteto assinar as plantas. Artacho não frequentou escolas pois seu pai, que era anarquista, se recusava a deixar seu filho jurar a bandeira, cerimônia obrigatória nas escolas da época.[3][4]

Projetava suas obras ao som de ópera.[4] Sua arquitetura reflete os sonhos hollywoodianos do pós-guerra em uma mistura de estilos e linguagens: o moderno, o nouveau, o déco e o clássico. Visando a classe média-alta e alta, seus edifícios eram projetados com uma série de serviços e opções de lazer: piscina, terraço com bar na cobertura, onde eram promovidas as festas de inauguração.

Iniciou sua carreira entre a publicidade - projetando placas e letreiros em neon[5] - e as feiras,[6] desenhando estandes inspirados no art-déco, de 1930 a 1944, ano em que se tornou construtor. Fundou, junto do irmão Aurélio Artacho Jurado, a construtora Anhanguera - construindo casas e pequenos edifícios - , que depois se tornou Construtora e Imobiliária Monções, em 1946, iniciando suas grandes obras.[4][7]

Constantemente fiscalizado pelo CREA, nas placas de suas obras seu nome não podia figurar em tamanho maior do que o nome do engenheiro responsável. No entanto, Artacho Jurado dificilmente obedecia à imposição, aumentando a ira de alguns arquitetos, que consideravam ultrajante sua atuação profissional, visto que ele não era arquiteto formado.[3]

O reconhecimento de suas obras foi tardio, uma vez que nunca lhe foi permitido assiná-las. Inicialmente refutado, como kitsch, a partir da década de 1990, já após sua morte, recuperou o prestígio.[4]

Principais edifícios[editar | editar código-fonte]

Edifício Louvre.
Em São Paulo
Em Santos

Informações[editar | editar código-fonte]

Edifício Viadutos.
  • A revista inglesa Wallpaper apontou o Bretagne como um dos melhores edifícios para viver no mundo.[8]
  • Ao tombar o Edifício Viadutos, o Patrimônio exigiu a retirada do luminoso,[9] que foi concebido no projeto original para aplacar os custos condominais.[8][9]
  • O Parque das Acácias, que foi concluído pela família Scarpa, tem, entre seus destaques arquitetônicos, um grande pátio de colunas próximo ao jardim, cujo teto é significativo: no teto pastilhado foram produzidos desenhos em formas que lembram "amebas" coloridas.
  • O Edifício Viadutos possui 12 elevadores.[10][11]
  • O Viadutos foi um dos primeiros edifícios na cidade a possuir painel luminoso em sua cobertura.[11]
  • O filme "Domésticas", de Fernando Meirelles e Nando Olival (2001) foi rodado no Edifício Cinderela.[9]
  • Há um CD-ROM sobre a vida e a obra de Artacho Jurado chamado de “uma Arquitetura Cênica” de 1999, autoria de Ricardo Barreto e Paula Perissinoto. O CD-ROM, foi realizado a partir de uma série de documentos pertencentes ao arquivo pessoal de João Artacho Jurado. Contempla 106 fotos da época de prédios construídos pelo arquiteto e seu irmão Aurélio Artacho, além de desenhos e plantas de sua autoria.[7]

Referências

  1. «Artacho Jurado nos deu sonho de presente». 3 de setembro de 2021. Consultado em 3 de setembro de 2021 
  2. Guilherme Giufrida. «Que audácia: aprendendo com Artacho Jurado». Consultado em 23 de setembro de 2022 
  3. a b Portal Vitruvius - "As primeiras obras de Artacho Jurado em São Paulo" por Ruy Eduardo Debs Franco http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq000/esp250.asp
  4. a b c d Angiolillo, Francesca (13 de novembro de 2021). «Entenda como Artacho Jurado, do Bretagne e do Viadutos, foi de kitsch a cult». Folha de S. Paulo. Consultado em 13 de novembro de 2021. Cópia arquivada em 13 de novembro de 2021 
  5. Lores, Raul Juste (10 de julho de 2016). «Edifício de Artacho Jurado abriu Higienópolis para a classe média». Folha de S. Paulo. Consultado em 13 de novembro de 2021. Cópia arquivada em 13 de novembro de 2021 
  6. Lores, Raul Juste (26 de novembro de 2017). «Edifício de Artacho Jurado foi um dos primeiros a levar lazer para os prédios». Folha de S. Paulo. Consultado em 13 de novembro de 2021 
  7. a b «Obra não faz jus à produção do arquiteto». Folha de S. Paulo. 4 de setembro de 1999. Consultado em 13 de novembro de 2021 
  8. a b Revista Quem - "Túnel do tempo" por Cinthia Rodrigues http://revistaquem.globo.com/Quem/0,6993,EQG927769-2157,00.html
  9. a b c Estado de São Paulo - 11/12/06 "O empreiteiro que virou o mais paulistano dos arquitetos" por Lilian Primi http://txt.estado.com.br/editorias/2006/12/11/cid-1.93.3.20061211.14.1.xml[ligação inativa]
  10. Site Administrador.net - "Raio-X: Condomínio Edifício Viadutos" http://www.administradornet.com.br/materias/viaduto.htm
  11. a b Portal Sindiconet - "Viadutos tenta acertar o caixa" http://www.sindico.com.br/informese/view.asp?id=1247#viadutos

Ligações externas[editar | editar código-fonte]