Johann Gustav Droysen

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Johann Gustav Droysen
Johann Gustav Droysen
Johann Gustav Droysen fotografado por volta de 1870
Nascimento Johann Gustav Bernhard Droysen
6 de julho de 1808
Treptow
Morte 19 de junho de 1884 (75 anos)
Berlim
Sepultamento Alter Zwölf-Apostel-Kirchhof
Nacionalidade alemão
Cidadania Reino da Prússia
Progenitores
  • Johann Christoph Droysen
Filho(a)(s) Hans Droysen, Gustav Droysen, Ernst Droysen
Alma mater
Ocupação historiador, publicista, político
Prêmios
Empregador(a) Universidade de Quiel, Universidade de Jena, Universidade Humboldt de Berlim
Obras destacadas Historik
Escola/tradição Historicismo

Johann Gustav Droysen (Trzebiatów, Pomerânia, 6 de julho de 1808Berlim, 19 de junho de 1884) foi um dos mais importantes historiadores alemães do século XIX.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Droysen estudou na escola ginasial de Estetino, ingressando em 1826 na Universidade de Berlim, onde se graduou em Filologia Clássica e Filosofia.

Os primeiros anos do seu percurso acadêmico foram marcados pela relativa precariedade da sua situação material. Filho de um capelão militar prussiano, que falecera precocemente em 1816, o jovem Droysen somente pôde perceber educação ginasial e superior, porque os antigos companheiros de estudo de seu pai lhe ofereceram algum suporte financeiro. Tais circunstâncias desfavoráveis levaram-no cedo a desempenhar atividades profissionais paralelamente aos estudos. Já em 1826, ano em que se matriculara na universidade, passou a dar lições particulares, inclusivamente ao compositor Felix Mendelssohn, com quem cultivou estreita amizade.

Em 1831, começou a lecionar regularmente no Gymnasium do Grauenkloster, em Berlim, escola onde trabalharia por 12 anos. Também nesse 1831, obteve o doutoramento, com uma dissertação acerca do Egito na época helenística, na qual trabalhou sob a orientação do filólogo August Boeckh. De modo a custear os seus estudos doutorais, assumiu a tradução para o alemão das obras de Ésquilo, trabalho que foi publicado em 1832. Habilitou-se em 1833 com uma biografia do imperador macedônico Alexandre. Esta veio a constituir a primeira parte da sua História do Helenismo, à qual, respectivamente em 1836 e 1843, acrescentou mais dois volumes. Em 1835, passou a lecionar como professor extraordinário na Universidade de Berlim. Entre 1836 e 1838, publicou as suas traduções das comédias de Aristófanes.

Primeira Assembléia Nacional Constituinte Alemã, 1848-49, Igreja de São Paulo, Frankfurt.

Uma nova fase da sua carreira intelectual iniciou-se em 1840, quando foi chamado a assumir a cadeira de História na Universidade de Kiel. A partir daí, deslocou os seus interesses de investigação da antiguidade clássica para o período moderno, e da filologia para a história política. As Conferências sobre as Guerras de Libertação são o mais consistente testemunho dessa mudança. Publicadas em 1846, tratam da história das revoluções que inauguraram a modernidade política ocidental, destacando sobretudo a Independência dos Estados Unidos (1776), a Revolução Francesa (1779-1815) e o movimento prusso-alemão de resistência à dominação napoleônica (1813-1815).

A mudança para Kiel também marcou o início da sua participação ativa na vida política alemã. Engajou-se, a princípio, no movimento de oposição às pretensões dinamarquesas sobre os ducados de Schleswig e Holstein. A sua participação na primeira assembleia constituinte dos estados alemães que, entre 1848 e 1849, teve lugar na Igreja de São Paulo, em Frankfurt, foi um desdobramento de tal engajamento.

Derrotado o projeto de unificação nacional que defendera na assembleia constituinte, Droysen regressou à vida acadêmica. Em 1852, retaliações políticas em Kiel motivaram a sua transferência para a Universidade de Jena, onde passaria a concentrar as suas investigações na história do estado prussiano. Entre 1851 e 1852 publicou os três volumes da sua biografia do Conde Yorck von Wartenburg, um importante chefe militar prussiano da época das guerras contra a França napoleônica. Em 1855, iniciou a sua História da Política Prussiana, obra que alcançaria quatorze volumes e ficaria inconclusa em razão do seu falecimento.

Em 1859, transferiu-se para a Universidade de Berlim. Em 1866, passou a integrar a Academia Berlinense de Ciências. Em 1877, foi nomeado historiógrafo da Casa Real de Brandemburgo, honraria que lhe facultou acesso irrestrito aos arquivos prussianos.

Droysen foi casado por duas vezes. A sua primeira esposa foi Marie Mendel (1820-1847), que faleceu precocemente, deixando-lhe dois filhos e duas filhas. Posteriormente, em 1849, casou-se com Emma Michaelis (1829-1883), com quem teve mais um filho.

Droysen e a teoria da história[editar | editar código-fonte]

Túmulo de Droysen no Cemitério da Igreja dos Doze Apóstolos, em Berlim-Schöneberg.

Droysen notabilizou-se não somente pelos trabalhos acerca da antiguidade grega e da história moderna européia e prussiana, mas também pelas suas reflexões sobre teoria e metodologia da ciência histórica. Estas foram expostas em cursos acadêmicos que, a partir de 1857, passou a oferecer frequentemente, muitas vezes sob a designação Historik.

A originalidade da teoria da história de Droysen decorre da síntese de três perspectivas teóricas, que até então não haviam sido interconectadas de forma sistemática, nomeadamente: a teoria da historicidade do mundo humano, exposta exemplarmente pela filosofia da história de Hegel, a teoria do conhecimento histórico e a teoria do método histórico. Tal síntese foi concebida por Droysen no contexto da autonomização da história enquanto disciplina acadêmica nas universidades alemãs. Tinha em vista, portanto, delimitar e fundamentar a especificidade do conhecimento histórico, sobretudo por contraposição à filosofia e às ciências naturais. Ao contrário da reflexão filosófica, a historiografia é, para Droysen, o resultado de uma cognição empírica e não especulativa. Por outro lado, essa orientação empírica diverge do padrão característico das chamadas ciências naturais, uma vez que promove o conhecimento do mundo empírico sem recorrer ao procedimento da remissão de fenômenos particulares a leis gerais.

Tal posição intermediária entre a especulação filosófica e a explicação causal das ciências naturais foi o que estimulou historiadores, filósofos, filólogos e sociólogos, a partir da segunda metade do século XIX, a investigar e ressaltar a especificidade metodológica das ciências humanas. Droysen é o nome mais importante da primeira fase dessa discussão. O procedimento metódico característico da ciência da história foi por ele definido por meio da fórmula “compreensão mediante pesquisa” (forschendes Verstehen).

Principais obras[editar | editar código-fonte]

  • (1832) Des Aischylos Werke, 2 vols. (Tradução).
  • (1833) Geschichte Alexanders des Großen (2. ed., 1877-78: Geschichte des Hellenismus, vol. 1).
  • (1835-38) Des Aristophanes Werke, 3 vols. (Tradução).
  • (1836) Geschichte der Diadochen. Geschichte des Hellenismus, vol. 1 (2. ed., 1877-78: Geschichte des Hellenismus, vol. 2).
  • (1843) Geschichte der Epigonen. Geschichte des Hellenismus, vol. 2 (2. ed., 1877-78: Geschichte des Hellenismus, vol. 3).
  • (1846) Vorlesungen über die Freiheitskriege (2 vols.).
  • (1849) Die Verhandlungen des Verfassungs-Ausschusses der deutschen Nationalversammlung.
  • (1849) Beiträge zur neuesten deutschen Geschichte
  • (1850) Die Herzogthümer Schleswig-Holstein und das Königreich Dänemark. Aktenmäßige Geschichte der dänischen Politik seit dem Jahr 1806.
  • (1851-1852) Das Leben von Feldmarschall Graf York von Wartenburg (3 vols.).
  • (1855-1886) Geschichte der preußischen Politik (14 vols).
    • (1855) 1. Teil. Die Gründung (2. ed., 1868).
    • (1857) 2. Teil. 1. Abteilung. Die territoriale Zeit (2. ed., 1868).
    • (1859) 2. Teil. 2. Abteilung. Die territoriale Zeit (2. ed., 1870).
    • (1861) 3. Teil. 1. Abteilung. Der Staat des Großen Kurfürsten (2. ed., 1870).
    • (1863) 3. Teil. 2. Abteilung. Der Staat des Großen Kurfürsten (2. ed., 1871).
    • (1865) 3. Teil. 3. Abteilung. Der Staat des Großen Kurfürsten (2. ed., 1872).
    • (1867) 4. Teil. 1. Abteilung. Friedrich I., König von Preußen (2. ed., 1872).
    • (1869) 4. Teil. 2. Abteilung. Friedrich Wilhelm I., König von Preußen. 1. Bd.
    • (1869) 4. Teil. 3. Abteilung. Friedrich Wilhelm I., König von Preußen. 2. Bd.
    • (1870) 4. Teil. 4. Abteilung. Zur Geschichte Friedrich I. Und Friedrich Wilhelm I. von Preußen (Eine Sammlung von 33 Abhandlungen und Quellenveröffentlichungen: I. Zur Kritik der Quellen, II. Aktenstücke zur Geschichte König Friedrichs I., III. Aktenstücke zur Geschichte König Friedrich Wilhelms I.).
    • (1874) 5. Teil. Friedrich der Große. 1. Bd.
    • (1876) 5. Teil. Friedrich der Große. 2. Bd.
    • (1881) 5. Teil. Friedrich der Große. 3. Bd.
    • (1886) 5. Teil. Friedrich der Große. 4. Bd.
  • (1857-1858) Grundriß der Historik (3. ed., 1882).
  • (1876) Abhandlungen zur neueren Geschichte.
  • (1893-1894) Kleine Schrifften zur alten Geschichte (2. vols; ed. Rudolf Hübner).
  • (1929) Briefwechsel (2 vols; ed. Rudolf Hübner).
  • (1933) Politische Schriften. (ed. Felix Gilbert).
  • (1937) Historik. Vorlesungen über Enzyklopädie und Methodologie der Geschichte (ed. Rudolf Hübner).
  • (1972) Texte zur Geschichtstheorie (ed. Günther Birtsch; Jörn Rüsen).
  • (1977) Historik. Band 1. Rekonstruktion der ersten vollständigen Fassung der Vorlesungen (1857); Grundriß der Historik in der ersten handschriftlichen (1857/58) und in den letzten gedruckten Fassung (1882) (ed. Peter Leyh).
  • (2007) Historik. Band 2. Texte im Umkreis der Historik (1826-1882) (ed. Horst-Walter Blanke).

Traduções da Historik[editar | editar código-fonte]

  • (1887) Précis de la Science de l'Histoire (trad. P.-A. Dormoy, da 3. ed. do Grundriss der Historik, 1882). Paris: E. Leroux.
  • (1893) Outline of the Principles of History (trad. Benjamin Andrews, da 3. ed. do Grundriss der Historik, 1882). Boston: Ginn & Co.
  • (1937) 史学綱要 (Shigaku Kouyou) (trad. Toshio Kanba, do Grundriss der Histork). Tokyo: Toukou Shyoin.
  • (1943) Sommario di Istorica (trad. D. Cantimori, do Grundriss der Historik, 1882). Firenze: Sansoni.
  • (1966) Istorica. Lezioni sulla Enciclopedia e Metodologia della Storia (trad. Luigi Emery, da ed. Hübner, 1937). Milano; Napoli: Ricciardi.
  • (1983) Histórica. Lecciones sobre la Enciclopedia y Metodologia de la Historia (trad. Ernesto Garzón Valdés & Rafael Gutiérrez Girardot, da ed. Hübner, 1937). Barcelona: Alfa.
  • (1986) 歷史知識的理論 (Lìshǐ Zhīshì de Lǐlùn) (trad. Hu Chang-Tze, de excertos da ed. Leyh, 1977). Taipei: Linkingbooks.
  • (1989) Compendio di Istorica (Prima versione manoscritta completa, 1857-1858) (trad. Silvia Caianiello, da 1. ed. priv. do Grundriss der Historik, 1957-1958). In: Archivio di Storia della Cultura, a.2, p. 325-339.
  • (1994) Istorica. Lezioni di Enciclopedia e Metodologia della Storia, 1857 (trad. Silvia Caianiello, das eds. Leyh, 1977 e Birtsch & Rüsen, 1972). Napoli: Guida.
  • (2002) Précis de Théorie d'Histoire (trad. e nts. Alexandre Escudier, do Grundriss der Historik, 1882). Paris: Ed. du Cerf.
  • (2004) Историка (Istorika) (trad. G. I. Federov, da ed. Hübner, 1937). Sankt-Peterburg: Vladimir Dal'.
  • (2009) Manual de teoria da história (trad. Sara Baldus & Júlio Bentivoglio, do Grundriss der Historik, 1882). Petrópolis: Vozes.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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