Jornalismo gonzo

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Gonzo é um estilo de narrativa em jornalismo, cinematografia ou qualquer outra produção de mídia em que o narrador abandona qualquer pretensão de objetividade e se mistura profundamente com a ação.

Jornalismo gonzo[editar | editar código-fonte]

O originador do estilo foi o jornalista norte-americano Hunter S. Thompson. O termo foi criado por Bill Cardoso, repórter do Boston Sunday Globe, para se referir a um artigo de Thompson. Segundo Cardoso, "gonzo" seria uma gíria irlandesa do sul de Boston para designar o último homem de pé após uma maratona de bebedeira.

O mais famoso texto gonzo é "Fear and Loathing in Las Vegas" (literalmente "Medo e asco em Las Vegas", lançado no Brasil em 1984 pela editora Anima como "Las Vegas na Cabeça"), originalmente uma matéria sobre uma corrida no deserto, a Mint 400, encomendada pela revista Rolling Stone. Thompson gastou todo o dinheiro com drogas, fez enormes dívidas no hotel, destruiu quartos e fugiu sem pagar. Não cobriu o acontecimento e, no lugar da matéria que deveria escrever, descreveu o ambiente sob seu ponto de vista entorpecido e virou o precursor de um novo estilo jornalístico.

O jornalismo gonzo é por muitos nem considerado uma forma de jornalismo, devido à total parcialidade, falta de objetividade e pela não seriedade com que a notícia é tratada, fugindo a todas as regras básicas do jornalismo. O estilo vigora até os dias de hoje e ganha maior número de adeptos entre jovens, que se interessam pela narrativa literária de vivências e descobertas pessoais em situações extremas ou de transgressão. Se o jornalismo gonzo é ou não um modelo jornalístico, se é subjetivo demais ou se não é digno de crédito, são questões que permeiam o ambiente acadêmico.

Outros escritores[editar | editar código-fonte]

O jornalismo gonzo pode ser considerado uma extensão do New Journalism de Tom Wolfe, Lester Bangs, e George Plimpton. Outros escritores que poderiam ser classificados como gonzo são P. J. O'Rourke e Timothy Edward Jones. Kurt Vonnegut pode ser considerado uma espécie de precursor do estilo.

No Brasil, um dos pioneiros escribas a se aventurar no gênero Gonzo foi o jornalista Arthur Veríssimo, repórter da Revista Trip e, mais tarde, no Jornalismo de Estrada criado pelo jornalista mineiro Bernardo Biagioni. Outros experimentos Gonzo podem ser atualmente encontrados em matérias publicadas em revistas como a Código Nóize, a Void e na edição nacional da Vice, entre outras, como a publicação underground e independente Tarja Preta.

Outro adepto do estilo é o jornalista gaúcho e professor doutor em Comunicação Social, Eduardo Ritter, que lançou o livro "Jornalismo Gonzo: medo, delírio, mentiras sinceras e outras verdades" (1ª edição - 2018), que traz à tona toda sinceridade, mostrando como Hunter Thompson fez uso de sua parresía (fala franca) no jornalismo.

Livros e filmes[editar | editar código-fonte]

As matérias de Thompson viraram livros, que se tornaram best-sellers na categoria; e até filmes: "Where the Buffalo Roam", dirigido por Art Linson em 1980, com Bill Murray no papel de Thompson; e Fear and Loathing in Las Vegas (lançado no Brasil como "Medo e Delírio"), dirigido por Terry Gilliam em 1998, com Johnny Depp no papel de Thompson e Benicio del Toro como seu advogado; além de um documentário feito para a TV em 1978, "Fear and Loathing in Gonzovision".

Ver também[editar | editar código-fonte]

Ligações externas[editar | editar código-fonte]