José de Faria Costa

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José de Faria Costa
Nascimento 1950
Cidadania Portugal
Prêmios
  • Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo

José Francisco de Faria Costa GCC (Porto, 26 de janeiro de 1950) é, desde 2019, Diretor da Faculdade de Direito da Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, professor catedrático da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, presidente da Mesa da Assembleia Geral do Instituto de Direito Penal Económico e Europeu e Coordenador Científico da Secção de Direito Penal da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra.[1] Foi Provedor de Justiça de Portugal entre 2013 e 2017 e Presidente da Federação Ibero-Americana de Ombudsman (FIO).

Vida[editar | editar código-fonte]

Filho de Joaquim Costa e de sua mulher Maria Fernanda Esteves de Faria, fez os seus estudos a nível do ensino secundário no Liceu de D. Manuel II, no Porto, tendo-se matriculado, em 1968, na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde veio a concluir a licenciatura, em fevereiro de 1974, com a classificação final de 17 valores. Pós-graduou-se, na mesma Faculdade, em 1980, em Ciências Jurídico-Criminais, apresentando a dissertação "A caução de bem viver. Um subsídio para o estudo da evolução da prevenção criminal", tendo obtido a classificação final de Muito Bom, com 18 valores.

Em 10 de março de 1992, doutorou-se, na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, apresentando-se a provas públicas com a tese "O perigo em direito penal (Contributo para a sua fundamentação e compreensão dogmáticas)", tendo sido aprovado, por unanimidade, com distinção e louvor. Em 1997, é aprovado por unanimidade nas provas, por concurso documental, para a categoria de professor associado. Em 6 e 7 de março de 2003, faz provas públicas de agregação, tendo sido aprovado por unanimidade. Em janeiro de 2004, é aprovado, por unanimidade, em concurso público documental, para a categoria de professor catedrático.

Em 31 de julho de 2013, tomou posse como Provedor de Justiça de Portugal, exercendo o cargo até 2 de novembro de 2017, quando foi substituído por Maria Lúcia Amaral.

Em 10 de março de 2016, assumiu a Presidência da Federação Ibero-Americana de Ombudsman (FIO).

Em 5 de dezembro de 2017, foi agraciado com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo.[2]

Obra[editar | editar código-fonte]

Os pontos fundamentais da sua obra científica são a doutrina geral da infração penal, em especial os fins das penas, o conceito de culpa e a noção de perigo, o direito penal médico, o direito penal secundário e a filosofia do direito. No tocante à Parte Especial do Código Penal, tem tratado alguns "problemas gerais" e, mais aprofundadamente, dos crimes contra a vida, dos crimes contra a honra e, também, dos crimes contra o património. Tem extensa obra publicada e muitos dos seus textos encontram-se traduzidos em espanhol, em italiano e em alemão.

Na sua dissertação de Doutoramento, como também no seu manual e em diversos outros escritos, afirma-se como neoretribucionista, defendendo uma fundamentação onto-antropológica do direito penal, em que a pena repõe o sentido primevo da relação de cuidado-de-perigo. No âmbito do direito penal secundário, tem aprofundado a temática da responsabilidade penal das pessoas colectivas, manifestando-se favorável à existência de um sujeito passivo da relação punitiva que é uma entidade construída, na justa medida em que os seus alicerces dogmáticos sejam materialmente fundamentados. Recorre, aqui, à racionalidade material dos lugares inversos, argumentação que se recorta de uma linha metodológica apoiada nos cortes permitidos pela unidade intra-ordenativa do ordenamento jurídico-penal. Particularmente controversas têm sido as posições assumidas por si no patamar do direito penal médico, em concreto, quanto ao conceito de acto médico. O conceito alargado que defende, onde aceita, mediante restritos e apertados pressupostos, a ideia de "curar para além da cura" como uma ajuda ao "deixar de viver", tem marcado a actual discussão que se faz sobre o tema.

O seu pensamento encontrou forte acolhimento também no Brasil, sobretudo a partir dos trabalhos de Fabio Roberto D'Avila, Professor Titular de Direito Penal da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

Percurso profissional[editar | editar código-fonte]

  • Presidente da Federação Ibero-Americana de Ombudsman (FIO) (10 de março de 2016)
  • Provedor de Justiça de Portugal (desde 2013)
  • Coordenador Científico da Secção de Direito Penal da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (desde 2014)
  • Comissário externo da Comissão avaliadora, referente aos Professores Catedráticos e Associados (sector concursal 12/G1 - Direito Penal), no âmbito da Abilitazione Scientifica Nazionale, Itália (2013-2014)
  • Presidente da Mesa da Assembleia Geral do Instituto de Direito Penal Económico e Europeu (desde 2013)
  • Presidente do Instituto de Direito Penal Económico e Europeu (2009-2013)
  • Vogal do Conselho Superior de Magistratura (2009-2013)
  • Membro do Conselho Geral da Universidade de Coimbra (2008-2013)
  • Presidente do Conselho Directivo da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (2005-2009)
  • Director da Imprensa da Universidade de Coimbra (2005-2009)
  • Avaliador do Departamento de Direito Penal da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (2005)
  • Presidente do grupo português da Associação Internacional de Direito Penal (1998)
  • Membro do Conselho de Redacção e do Conselho Científico das mais prestigiadas revistas, nacionais e estrangeiras, da sua especialidade.

Publicações (Seleccionadas)[editar | editar código-fonte]

  • Noções Fundamentais de Direito Penal (Fragmenta iuris poenalis), 4.ª Edição, Coimbra: Coimbra Editora, 2015
  • Beccaria e o Direito Penal: três estudos, 1.ª Edição, Coimbra: Coimbra Editora, 2015
  • Noções Fundamentais de Direito Penal (Fragmenta iuris poenalis), 3.ª Edição, Coimbra: Coimbra Editora, 2012
  • Direito Penal e Globalização, Coimbra: Coimbra Editora, 2010
  • Linhas de Direito Penal e de Filosofia, Coimbra, Coimbra Editora, 2005
  • Direito Penal Especial. Contributo a uma sistematização dos problemas "especiais" da Parte Especial", Coimbra: Coimbra Editora, 2004
  • O Perigo em Direito Penal, Coimbra: Coimbra Editora, 1992, reeditado em 2000.

Vida Literária[editar | editar código-fonte]

Não é apenas penalista, mas afirma-se também como escritor, poeta e cultor da doutrina do Estado. Publica, em nome próprio, duas obras, A Razão das Coisas e Cartas a Sofia. Sob o nome literário de Francisco d'Eulália, inicia a sua vida nas letras em 1999, com a obra Belém e outros escritos breves, publicando, em 2002, a obra A cor da manhã. Em 2006, publica o seu primeiro livro de poemas, A Raíz do Teu Gesto, dois anos após o que surge o seu segundo livro de poemas, No Regaço da Memória. A terceira obra poética de Francisco d'Eulália, Poesia & Minuscula Moralia, é editada em 2010. Em 2013, é publicada a quarta obra poética de Francisco d'Eulália, 66 Poemas e Onze Repetições. Em 2015, é publicada a quinta obra poética de Francisco d'Eulália, Canto Longo & Outros Poemas.

Referências

  1. «JOSÉ FRANCISCO DE FARIA COSTA». Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Consultado em 16 de dezembro de 2010 
  2. «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "José de Faria Costa". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 5 de janeiro de 2018 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]