Juarez Távora

Juarez Távora | |
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Nascimento | 14 de janeiro de 1898 Jaguaribemirim, atual Jaguaribe, Ceará |
Morte | 18 de julho de 1975 (77 anos) Rio de Janeiro, RJ |
Nacionalidade | brasileiro |
Ocupação | Militar, política |
Assinatura | |
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Juarez do Nascimento Fernandes Távora (Jaguaribemirim, 14 de janeiro de 1898 — Rio de Janeiro, 18 de julho de 1975) foi um militar e político brasileiro.
Primeiros anos: formação militar e participação política no Governo Vargas[editar | editar código-fonte]
Juarez Távora nasceu na fazenda do Embargo no atual município de Jaguaribe, Estado do Ceará.[1] Estudou na Escola Militar do Realengo no Rio de Janeiro e tornou-se aspirante em 1919. Em julho de 1922, participou do levante armado então deflagrado contra o governo federal, tendo sido preso nessa ocasião. No ano seguinte, foi condenado a três anos de prisão e perdeu sua patente militar.
Em 1924 participou ativamente do movimento revolucionário paulista contra o Presidente Arthur Bernardes, inclusive buscando reforços na Região Sul do país. Em 1926 integrou-se à Coluna Prestes, sendo preso em combate e libertado no governo de Washington Luís.

Nas eleições de 1930, chegou a ser eleito deputado federal no Ceará, porém não chegou a assumir o mandato em razão da Revolução de 1930 (que dissolveu o Parlamento).[2] Seu retorno em 1930 somente foi possível após um período de exílio na Argentina e após fortes discussões com Luís Carlos Prestes sobre o apoio para Vargas nas eleições. Por ter comandado as forças nordestinas e nortistas que apoiavam Getúlio Vargas em 1930 e 1931, recebeu o apelido de "Vice-Rei do Norte" pela imprensa. Juarez Távora comandava, então, a delegacia militar do Norte-Nordeste com a capacidade de interferir nas intervenções estaduais. Porém, por sua própria sugestão, o cargo foi extinto em dezembro de 1931.[3]
Casou-se em 14 de janeiro de 1931, no Rio de Janeiro, com sua prima Nair Belisário Távora. Enquanto aliado de Vargas, participou da repressão à Revolução Constitucionalista de 1932.
Durante a Era Vargas, ocupou dois ministérios diferentes: foi ministro da Agricultura entre 22 de novembro de 1932 e 24 de julho de 1934 e também ministro provisório dos Transportes entre 4 e 5 de novembro de 1930. Na condição de ministro da Agricultura, Juarez Távora era também membro automático da Assembleia Constituinte que produziu a Constituição democrática de 1934. Após a promulgação da nova constituição, Távora deixa o cargo e decide retomar a carreira militar. Entre 1936 e 1938, realiza curso na Escola de Estado-Maior do Exército e, posteriormente, colabora com a organização da Força Expedicionária Brasileira (FEB).
O retorno ao cenário político e a candidatura presidencial[editar | editar código-fonte]
Em 1945, com o final da II Guerra Mundial e o desfecho da Era Vargas, Juarez Távora resolveu voltar ao cenário político - agora com novas ideias e experiências. Por discordar da política desenvolvida por Getúlio Vargas (especialmente durante a ditadura do Estado Novo), Távora filiou-se ao principal partido de oposição naquele ano: a União Democrática Nacional (UDN). Após atingir a patente de General do Exército em 1946, passou a se envolver também em debates sensíveis da política brasileira como a questão do petróleo ao defender a participação do capital estrangeiro em sua exploração (entrando em colisão com militares e políticos nacionalistas).
Foi comandante da Escola Superior de Guerra, entre 11 de dezembro de 1952 e 20 de agosto de 1954.[4] Em seguida, em 1954, foi eleito vice-presidente do Clube Militar e se manifestou pela imediata renúncia de Getúlio Vargas. Por tais razões, é considerado um dos líderes da articulação política que resultou no suicídio de Vargas. Durante o Governo do Presidente Café Filho, Juarez Távora ocupou a chefia do Gabinete Militar.
No ano seguinte candidatou-se à presidência da República pela UDN, perdendo na eleição para Juscelino Kubitschek. Após formar uma coligação entre União Democrática Nacional (UDN), o Partido Democrata Cristão (PDC), o Partido Libertador (PL) e o Partido Socialista Brasileiro (PSB), Juarez Távora conseguiu uma campanha competitiva. Como a Constituição de 1946 não exigia a realização de segundo turno, Juscelino Kubitschek foi eleito com cerca de 35% dos votos (uma diferença de aproximadamente 5%, uma vez que Juarez Távora conseguiu 30%). Naquela eleição, também estavam concorrendo o governador de São Paulo, Adhemar de Barros (PSP), e o líder integralista Plínio Salgado (PRP) que obtiveram respectivamente 25,77% e 8,28%.
Apesar da fragmentação política na eleição de 1955, Juarez Távora conseguiu vencer na maioria dos estados nordestinos (Ceará, Paraíba, Pernambuco, Alagoas e Sergipe) e recebeu mais votos que JK no Estado de São Paulo e no antigo Distrito Federal (locais onde Adhemar de Barros venceu), além de ficar em segundo lugar em outros estados. Importante ressaltar que essa foi a primeira vez na história republicana brasileira em que a diferença entre os dois primeiros colocados ficou abaixo dos 10% e um Presidente da República foi eleito com menos de 40% dos votos.
Em 1962, se elegeu deputado federal pelo estado da Guanabara, com 33 361 votos, tornando-se o quinto mais bem votado do estado naquele pleito, fazendo parte da 42.ª legislatura da Câmara dos Deputados, que iniciava em 1963 e expirava em 1967.
Defendia a posição que ficou conhecida como "entreguista" em relação à exploração de petróleo no Brasil, tendo sido o principal líder dos que se opunham à criação da Petrobras (ver: Monopólio estatal do petróleo no Brasil).
Participou da eleição presidencial de 1964, ficando em 2º lugar com 3 votos, perdendo para Castelo Branco (361 votos recebidos) e estando à frente do ex-Presidente Eurico Gaspar Dutra (2 votos recebidos).
Durante a Ditadura Militar, no Governo do Presidente Castelo Branco, foi Ministro de Viação e Obras Públicas, de 15 de abril de 1964 a 15 de março de 1967.
Infelizmente foi dele a decisão que determinou o fechamento da Empresa Estrada de Ferro Bragança, conhecida por ser responsável na integração de diversos municípios do Estado do Pará e por ser a primeira ferrovia a ser construída em solo amazônico, pois seu início se deu no ano de 1883. Uma decisão que trouxe muitos prejuízos para colonos que não tinham mais como transportar suas mercadorias, cidades que ficaram isoladas e para o transporte do povo paraensePredefinição:Https://www.youtube.com/watch?v=N5gQi0OVBbo.
Promoções[5]
Patente | Data |
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1919 |
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1920 |
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1921 |
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1922 |
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1931 |
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1936 |
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1941 |
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1946 |
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1952 |
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1956 |
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ TÁVORA, JUAZREZ (1974). Uma Vida e Muitas Lutas - Memórias. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio
- ↑ «Resultados». www.tre-ce.jus.br. Consultado em 5 de julho de 2020
- ↑ CPDOC, FGV. «A Era Vargas: dos anos 20 a 1945 - Juarez Távora». Fundação Getúlio Vargas. Consultado em 4 de julho de 2020
- ↑ «Galeria dos antigos Comandantes da ESG». Consultado em 12 de novembro de 2014
- ↑ «Juarez do Nascimento Fernandes Távora»
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- MUNDIM, Luiz Felipe C. — Juarez Távora e a organização do estado Brasileiro: racionalismo administrativo,sindicalismo-cooperativista e cristianismo social no pensamento militar pré-golpe de 1964
- Biografia
Precedido por Paulo de Moraes Barros |
Ministro dos Transportes do Brasil 1930 |
Sucedido por Paulo de Moraes Barros |
Precedido por Joaquim Francisco de Assis Brasil |
Ministro da Agricultura do Brasil 1932 — 1934 |
Sucedido por Edmundo Navarro de Andrade |
Precedido por Aguinaldo Caiado de Castro |
Chefe do Gabinete Militar 1954 — 1955 |
Sucedido por José Bina Machado |
Precedido por Augusto Rademaker |
Ministro dos Transportes do Brasil 1964 — 1967 |
Sucedido por José Crisanto Seabra Fagundes |
- Nascidos em 1898
- Mortos em 1975
- Candidatos à Presidência da República do Brasil
- Marechais do Brasil
- Ministros do Governo Vargas (1930-1945)
- Ministros do Governo Café Filho
- Ministros do Governo Castelo Branco
- Ministros do Governo Carlos Luz
- Ministros do Gabinete de Segurança Institucional do Brasil
- Ministros da Agricultura do Brasil
- Ministros dos Transportes do Brasil
- Deputados federais do Brasil pela Guanabara
- Membros da União Democrática Nacional
- Membros da Aliança Renovadora Nacional
- Naturais de Jaguaribe
- Tenentismo
- Família Távora