Julia Kristeva
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Julia Kristeva | |
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Julia Kristeva em 2008 | |
Nascimento | 24 de junho de 1941 (81 anos) Sliven, Bulgária |
Nacionalidade | ![]() |
Cidadania | França, Bulgária |
Cônjuge | Philippe Sollers |
Alma mater | |
Ocupação | Filósofa, escritora, crítica literária, psicanalista e feminista |
Prêmios |
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Empregador | Universidade Paris VII |
Obras destacadas | História da linguagem |
Movimento estético | pós-estruturalismo |
Página oficial | |
http://kristeva.fr | |
Julia Kristeva (em búlgaro: Юлия Кръстева; Sliven, 24 de junho de 1941) é uma filósofa, escritora, crítica literária, psicanalista, teórica feminista búlgaro-francesa.
Biografia[editar | editar código-fonte]
Kristeva viveu na França desde meados dos anos 1960[1]. Ela tornou-se influente na análise crítica internacional cultural e em teoria feminista após publicar o seu primeiro livro, Sèméiotikè, em 1969. Sua enorme produção inclui livros e ensaios que abordam a intertextualidade e a semiótica, nas áreas da linguística, teoria e crítica literária, psicanálise, biografia e autobiografia, análise política e cultural, arte e história da arte. Juntamente com Barthes, Todorov, Genette, Lévi-Strauss, Lacan, Greimas, Foucault, e Althusser, ela permanece como uma das principais filósofas estruturalistas. Suas obras têm também um lugar importante no pensamento pós-estruturalista.[2]. No Brasil sua influência é notada nos campos da teoria literária, comunicação, semiótica e feminismo, tendo sido orientadora, por exemplo, de Leda Tenório da Motta nos anos 1980.
Kristeva e a irmã frequentaram uma escola francófona de padres dominicanos. Mais tarde, ela ingressou na Universidade de Sófia e como pós-graduada obteve uma bolsa que lhe permitiu imigrar para França em Dezembro de 1965, aos 24 anos de idade. Continuou a sua formação em diversas universidades Francesas[2].
História da Linguagem[editar | editar código-fonte]
Esse artigo aborda uma parte do livro História da linguagem, escrito por Julia Kristeva [3].
Esta obra é para quem pretende se iniciar nos domínios da Semiótica e da Linguística. O livro traça a história das sociedades primitivas às contemporâneas, abordando as diversas concepções de linguagem até às modernas descobertas que permitiram à linguística se constituir como ciência.
Nele, é possível ver até que ponto esse sistema de signos convencionais a que chamamos língua, fala ou discurso, e que constitui a mais específica particularidade da espécie humana, é complexo nas suas origens e na sua função.
Origens da Linguagem[editar | editar código-fonte]
A linguística não tenta estabelecer como a linguagem apareceu, mas desde quando o homem fala. Os investigadores da pré-história da linguagem estão se dedicando ao estudo das mais antigas etapas de escrita conhecidas, a fim de que elas permitam hipóteses sobre estágios anteriores, dos quais ainda não tomamos conhecimento. A linguística comparada pode deduzir certas leis linguísticas que nos permitem reconstruir o passado longínquo da linguagem.
A partir de estudo dos escritos podemos fazer deduções referentes não apenas à vida linguística, mas à vida social dos povos. Os fenômenos sociais podem ser assimilados à linguagem, e a partir do funcionamento linguístico podemos ter acesso às leis do sistema social.
Os estudos da estrutura específica do sistema linguístico propiciaram a construção de uma teoria a respeito do relativismo linguístico.
Antropologia e Linguística[editar | editar código-fonte]
A antropologia e a linguística estudam as línguas e as teorias linguísticas nas sociedades primitivas, a fim de elaborar um quadro dos diferentes modos de representação que acompanharam a prática linguística. Franz Boas é o principal responsável pelas formulações mais significativas nesse domínio.
Nas sociedades primitivas a linguagem é uma substância e uma força material. O homem primitivo não consegue distinguir matéria de espírito, real de linguagem, e ainda menos significante de significado: para ele, todos estes participam igualmente de um mundo diferenciado. O homem primata compreende a rede da linguagem como uma matéria consistente de tal forma que as semelhanças fônicas são para ele o índice de semelhança dos significados, e por conseguinte dos referentes.
A escrita irá marcar a formação das palavras e das coisas, em um processo de diferenciação e de classificação. Essa participação da linguagem no mundo e a sua complexa sistematização constituem o traço fundamental da concepção da linguagem em sociedades primitivas.
Os egípcios: a sua escrita[editar | editar código-fonte]
A decifração dos signos egípcios só foi possível com Champollion, que estudou a Pedra de Roseta e comparou o alfabeto grego aos hieróglifos, utilizando como eixo de correspondência os nomes Ptolemeu e Cleópatra.
Os tipos de escrita (segundo Champollion)[editar | editar código-fonte]
- Hieroglífica: signos estilizados, pictóricos
- Hierática: abreviação dos hieróglifos.
- Demótica: mais popular, para assuntos cotidianos, como a administração.
A utilização dos signos[editar | editar código-fonte]
- "signo-palavra" ou logograma: união significante-significado.
- fonograma: só representa sons e serve para escrever consoantes. Exemplo: péri significa "casa", mas como fonograma é utilizado para escrever palavras que contenham p e r. A noção de sílaba é ausente.
- determinativo: evoca uma noção e não é pronunciável. Evita confusão de palavras com as mesmas consoantes relacionando-as a classes diferentes. Isso demonstra uma sistematização lógica da linguagem.
O desaparecimento da escrita[editar | editar código-fonte]
O cristianismo, substituindo a religião egípcia, é uma hipótese para o declínio dos escribas-sacerdotes e sua escrita hieroglífica. Além disso, a escrita egípcia era muito diferente da fala, ou seja, estava distante das relações sociais. Quando os egípcios passaram a realizar trocas com os gregos (a sociedade comercial), essa escrita revelou-se ineficaz.
A civilização mesopotâmica: sumérios e acádios[editar | editar código-fonte]
Escrita cuneiforme[editar | editar código-fonte]
A civilização mesopotâmica elaborou a escrita cuneiforme, representada por grupos de cunhas gravados em argila, que tem suas origens no pictograma.
Houve uma profunda evolução desse sistema linguístico, que o fez passar da ideografia ao alfabetismo.
Evolução fonética[editar | editar código-fonte]
O sumério, língua viva desde o 4 a.C até 2 mil a.C, já era de certa forma fonográfico. E sua utilização pelos acádios, que teve por consequência o bilinguismo sumério-acádio intensificou a evolução fonética do sistema, e a formação da consciência de uma alfabetização da linguagem.
Com a apropriação de determinados sons dos Sumérios pelos Acádios, ocorre a separação entre o significante e o significado, o que explicaria a mudança fonética dessa escrita; que, no entanto, nunca se tornou uma escrita alfabética.
A China: a escrita como ciência[editar | editar código-fonte]
Não há propriamente uma linguística chinesa. O conhecimento da linguagem é o estudo dos emblemas gráficos.
A polivalência chinesa[editar | editar código-fonte]
No sistema fonético chinês, cada sílaba pode ser pronunciada em 4 tons que modificam o seu valor. Além disso, a língua é monossilábica e há muitos homófonos. Essa polivalência estende-se ao campo morfológico e sintático. É o contexto, ou seja, o discurso, que define o valor preciso da palavra.
A relação coisa-som-sentido[editar | editar código-fonte]
Essa múltipla funcionalidade da palavra chinesa é muito assustadora, pois o homem busca, desde que nasce, relações fixas entre o nome (significante) e o que é nomeado (referente), formando em sua mente uma imagem também fixa (o significado) para essa associação. No chinês, a relação referente-significante-significado não aparece hierarquizada. Os três elementos confundem-se no ideograma. Mais do que um signo, a palavra torna-se um emblema (reprodução pictórica de algo abstrato). A palavra, ao representar a coisa, não a perde, apenas situa-a num plano em que artifícios gramaticais e sintáticos tornam sua compreensão possível. A palavra chinesa, então singularizada, aproxima-se da coisa que ela evoca, formando "língua" e "real" um só elemento.
Estágios dos emblemas[editar | editar código-fonte]
- Pictogramas (formas figuradas)
- Símbolos indiretos (formados por substituição). Exemplo: fu, "cheio", deriva do ideograma de "jarra".
- Complexos lógicos ou associativos (combinação de dois ou mais emblemas/encontro de ideias). Exemplo: hao, verbo "amar", é combinação dos emblemas de "mulher" e "criança".
- Os determinativos fonéticos (imagem e som): acrescentados a outros emblemas, podem estabelecer uma ponte semântica ou indicar a presença de radicais comuns. Por exemplo, t'ong ("juntamente") + jin (metal) = "cobre"
Nota-se, na composição dos caracteres chineses, uma articulação semântico-lógica, em que os signos não transpõem a fonética, mas esta surge de forma autônoma como resultado das manobras com significantes, significados e referentes.
A linguística indiana[editar | editar código-fonte]
A organização da linguagem na Índia talvez constitua a mais antiga base da abstração da linguística moderna, sua linguística se aproxima da teoria da enunciação.
No início, a escrita era quase inexistente e a fonetização da escrita foi tardia. Suas fonéticas e gramáticas foram organizadas em estreita relação com a religião e o ritual védicos.
Teoria do Sphota[editar | editar código-fonte]
Segundo o gramático Patanjali, o sphota apareceria no fim da articulação de todos os sons da palavra, seria o ponto da explosão do sentido. Enquanto, para Bhartrhari, sphota é a unidade mínima do universo infinitamente divisível.
Ele considera que o som não é uma simples exterioridade do sentido e que a significação é um processo. A partir de suas reflexões, a linguística indiana vai mais longe que a europeia ao declarar que não se pode parar a divisão da cadeia sonora em elementos sempre menores.
O alfabeto fenício[editar | editar código-fonte]
A escrita fenícia é, geralmente, considerada como a antepassada do alfabetismo moderno.
Foi no mundo siro-palestiniano, mais particularmente entre os Fenícios, que se produziu uma notação puramente fonética das línguas, por meio de um número limitado de signos, que deram mais tarde o modelo do alfabeto que marca cada fonema.
Février a considera, porém, incompletamente fonética, pois, apesar de ter banir os ideogramas, continua a ser até certo ponto ideográfica.
Obras publicadas[editar | editar código-fonte]
- Séméiotiké. Recherches pour une sémanalyse, 1969;
- Le Texte du roman. Approche sémiologique d´une structure discurcive transformationnelle, 1970;
- História da Linguagem, 1974
- About Chinese Women, 1974;
- Revolution in Poetic Language, 1974;
- Polylogue, 1977;
- Powers of Horror. An Essay on Abjection, 1980;
- Tales of Love, 1983;
- Black Sun, 1987;
- Strangers to Ourselves, 1988;
- The Incredible Need to Believe, 2007;
- Possessions: A Novel, Murder in Byzantium, Seule une femme, Teresa, my love, 2008;
- Pulsions du temps, 2013;
- L’Horloge enchantée, 2015[4].
Ver também[editar | editar código-fonte]
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
Referências[editar | editar código-fonte]
- ↑ O VELHO E OS LOBOS Os laços de "Cora" nas linhas de Julia Kristeva[https://web.archive.org/web/20220328221053/https://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq03079912.htm Arquivado em 2022-03-28 no Wayback Machine]
- ↑ a b Honse, Alek (2020). Só Podia Ser Mulher !. [S.l.]: Clube de Autores, 2020. 675 páginas
- ↑ Kristeva, Julia (1969). História da Linguagem.Tradução de Maria Margarida Barahona. 70. [S.l.]: Lisboa: Edições
- ↑ Kristeva, Julia. «Julia Kristeva». Consultado em 28 de março de 2022