Kizito Mihigo

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Kizito Mihigo
Informação geral
Nome completo Kizito Mihigo
Nascimento 25 de julho de 1981
Local de nascimento Kibeho, Nyaruguru
Ruanda
Morte 17 de fevereiro de 2020 (38 anos)
Gênero(s) gospel, música religiosa,
Ocupação(ões) cantor, compositor, organista
Instrumento(s) vocal, órgão
Extensão vocal tenor
Período em atividade 1995-2014
Página oficial kizitomihigo.com

Kizito Mihigo (Kibeho, 25 de julho de 198117 de fevereiro de 2020) foi um cantor cristão, organista e compositor militante pela paz e reconciliação.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Kizito Mihigo foi o terceiro de seis filhos. Seus pais foram Buguzi Augustin e Ilibagiza Placida.[1]

Sobrevivente do genocídio de 1994, no qual ele perdeu seu pai e muitos membros de sua família, foi o autor de 400 canções em 20 anos.[2]

Depois de participar da composição do novo hino nacional de Ruanda em 2001, ele foi enviado para a Europa pelas autoridades ruandesas para se formar no Conservatório de Música de Paris.[1]

Ativismo pela paz e reconciliação[editar | editar código-fonte]

Durante a sua estadia na Europa, apoiado por Dom Leonard, Mihigo organizava concertos de paz para a comunidade ruandesa que vive na Europa.[3] Em 2010 ele criou a Fundação Kizito Mihigo pela a Paz, uma organização não-governamental ruandesa pela paz e reconciliação após o genocídio.[4], [5]

Após seu retorno ao país em 2011, as atividades desta fundação lhe renderam diferentes prêmios, inclusive um destes foi oferecido pela Primeira Dama do Ruanda Jeannette Kagame.[6] Em 2012 tornou-se apresentador na televisão nacional.[7]

Prisão e julgamento[editar | editar código-fonte]

Em março de 2014, ele publicou no YouTube uma música intitulada "Igisobanuro cy'Urupfu" em que o cantor diz que a homenagem é para as vítimas de todas as violências, não só o genocídio, mas também da guerra e vinganças.[8][9]

A canção foi imediatamente proibida pelas autoridades ruandesas e Mihigo foi preso por "ameaça contra o Estado". Mihigo foi preso em 2014 e condenado no ano seguinte a 10 anos de prisão depois que ele foi considerado culpado de conspiração por assassinar ou ferir Kagame e outros líderes importantes. Ele também foi condenado por cumplicidade em derrubar o governo e conspiração para formar alianças com grupos para desestabilizar o país. Ele se declarou culpado de todas as acusações, levando o juiz a dizer que recebeu uma sentença branda por ter facilitado o trabalho do tribunal.[10]

Em 27 de fevereiro de 2015, ele foi condenado a 10 anos de prisão por conspiração contra o governo do presidente Paul Kagame.[11]

Reações[editar | editar código-fonte]

Desde a prisão do cantor até o veredicto do julgamento, os Estados Unidos, o Reino Unido e as organizações internacionais não-governamentais para a Defesa dos Direitos Humanos têm criticado o julgamento. Human Rights Watch e Anistia Internacional denunciaram a detenção ilegal do artista vários dias antes do início do procedimento, a tortura e a politização do julgamento.[12][13][14][15]

Morte[editar | editar código-fonte]

Mihigo foi encontrado morto pelos policiais na manhã do dia 17 de fevereiro de 2020 durante a verificação de rotina na delegacia de Remera.[16]

Referências

  1. a b Nadine R.Umutoni (20 novembro de 2012). «Kizito Mihigo uses music to promote peace and reconciliation». The New Times 
  2. «Rwanda: La perpétuité requise pour Kizito Mihigo». BBC". 20 novembro de 2010 
  3. Ruhumuza Mbonyumutwa (30 julho de 2015). «Mgr Léonard : Je ne peux pas voir en Kizito Mihigo un homme qui serait dangeureux pour la société». Jambo News 
  4. Richard Mugarura (10 abril de 2014). «Kizito Mihigo urges artists to promote peace through music». The New Times 
  5. Colette Braeckman (25 abril de 2014). «Kizito Mihigo, chanteur vedette accusé en aveux». Le Soir 
  6. Edmund Kagire (20 agosto de 2011). «First Lady awards young Rwandan archivers». The New Times 
  7. Hervé Cheuzeville (13 maio de 2016). «Kizito Mihigo, chantre embastillé de la paix et de la réconciliation au Rwanda». Vexilla Gallae" 
  8. Jonathan W. Rosen (11 dezembro de 2014). «Dissident 'choir boy' : Rwandan gospel star on trial». Al Jazeera" 
  9. Faustin Kabanza (11 outubro de 2015). «Rwanda: le chanteur populaire Kizito Mihigo n'aura pas été libéré pour autant». The Huffington Post" 
  10. «Popular Rwandan singer found dead in police cell: Police». www.aljazeera.com. Consultado em 18 de fevereiro de 2020 
  11. Stéphanie Aglietti (28 fevereiro de 2015). «Rwanda: le chanteur populaire Kizito Mihigo condamné à 10 ans de prison». France 24" 
  12. Stéphanie Aglietti (24 abril de 2014). «Washington préoccupé par la vague d'arrestations». Radio France Internationale" 
  13. «Rwanda: country case study». "Gov.uk". 16 outubro de 2014 
  14. «Human Rights Watch world report 2015-2016». Human Rights Watch". 27 janeiro de 2016 
  15. «Amnesty International world report 2015-2016». "Amnesty International". 27 janeiro de 2016 
  16. «Kizito Mihigo: Singer found dead in Rwandan police cell» (em inglês). BBC. 17 de fevereiro de 2020. Consultado em 17 de fevereiro de 2020 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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