Língua crioula da Guiana

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Crioulo da Guiana

Creolese

Falado(a) em: Guiana e em comunidades guianenses no Reino Unido, Canadá e Estados Unidos.
Total de falantes: 700.000[1]
Família: Crioulo de base inglesa
 Atlântico
  Leste
   Sul
    Crioulo da Guiana
Estatuto oficial
Língua oficial de: Nenhum Estado.
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: ---
ISO 639-3: gyn

A língua crioula da Guiana (conhecida como creolese, por seus falantes, ou simplesmente guianês) é uma língua crioula de base inglesa falada por cerca de 650 mil pessoas, na Guiana (250 mil negros e 400 mil indianos e descendentes), principalmente em Georgetown, no litoral e ao longo do rio Rupununi.

Características[editar | editar código-fonte]

O guianês é uma língua crioula de léxico inglês com influências do neerlandês, de línguas da África Ocidental, de línguas aruaques, do Caribe e em menor grau por línguas da Índia. É relacionada com as línguas dos Paramacanos e dos Aluku do Suriname e da Guiana Francesa.

Tal como acontece com outras línguas do Caribe, as palavras e frases do crioulo da Guiana são muito elástica, e novas palavras até podem ser feitas, alteradas ou evoluir dentro de um curto período de tempo. Eles também podem ser usadas ​​dentro de um grupo muito pequeno, até serem incorporadas em definitivo à língua.

Diferentes grupos étnicos do país também são conhecidos por alterar ou incluir palavras de seus próprios fundos.

Dialetos[editar | editar código-fonte]

Há muitos sub-dialetos do crioulo da guiana conforme sua localização geográfica, raça (hindus, ameríndios ou negros), vida rural ou urbana. Por exemplo, ao longo do rio Rupununi onde a população é em grande parte ameríndia, existe uma forma distinta do crioulo guianês, o dialeto dito Rupununi. A área urbana de Georgetown (a capital) tem um sotaque próprio, enquanto que a cerca de meia hora de carro a partir desta área as mudanças no dialeto/sotaque é percebida, especialmente seguindo o litoral, onde estão localizadas as vilas rurais, percebem-se sotaques bem diversificados.

Os dialetos mais conhecidos são: o afro-guianês, o já citado de Rupununi, o indo-guianês, que podem ser mutuamente inteligíveis com formas crioulas inglesas faladas em Trindade e Tobago (crioulo inglês de Trindade e crioulo inglês de Tobago) e mesmo com o inglês da Guiana e mesmo com a língua inglesa padrão. Dialetos de origem neerlandesa como o crioulo de Berbice e o quase extinto crioulo Skepi são inteligíveis pelos falantes do Rupununi.

Falantes[editar | editar código-fonte]

Diferentes etnias do país são conhecidas por alterar ou incluir palavras de acordo com seu ambiente de vida. Um "continuum" de modos de falar que é função da estratificação do país se mostra entre o crioulo e o inglês básico. Como exemplo, veja-se a frase "I told him" (eu lhe disse) pode ser pronuciada de forma diversa em várias pontos desse continuum:

Frase Forma de
[ai tɔuld hɪm] “acrolect” – falantes de classe mais alta
[ai toːld hɪm] ”mesolect” – falantes de classe média
[ai toːl ɪm] variantes mesolect – classe média e baixa de áreas urbanas
[ai tɛl ɪm]
[a tɛl ɪm]
[ai tɛl ɪ]
[a tɛl i]
[mi tɛl i] trabalhadores rurais
[mi tɛl am] ”basilect” – analfabetos rurais.

Inglês nas escolas[editar | editar código-fonte]

A língua inglesa padrão ensinada nas escolas guianesas é a variedade britânica. Os guianeses falam inglês e crioulo guianês, aprendem a ler e escrever inglês nas escolas, porém, num sistema ligeiramente diferente da forma padrão.

É comum a repetição de adjetivos para ênfase em crioulo guianês, como para dizer “muito”, “demais”. Exemplos:

  • "Dis wata de col col" - "This water is very cold" – Essa água está muito fria.
  • "Come now now" - "come right now" – Venha imediatamente

Exemplos de palavra e frases[editar | editar código-fonte]

Comparação com o inglês para que se perceba alguma semelhança

  • a go do it - 'I will do it' (vou fazê-lo)
  • dem a waan sting yu waan bil - 'they usually want to take money from you' (habitualmente querem tirar dinheiro de ti)
  • evri de mi a ron a raisfil - 'Every day I hurry to the ricefield' (todo dia corro à lezíria)
  • i bin get gon - 'he had the gun' (ele teve a arma)
  • i wuda tek awi lil taim but awi bin go kom out seef - 'it would have taken us a little time but we would have come out all right' (teria demorado um bocadinho, mas teríamos saído bem)
  • mi a wok abak - 'I'm working further inland' (trabalho mais no interior)
  • suurin - uma forma de cortesia

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Derek Bickerton 1973 - The nature of a creole continuum volume=49 - issue=3 - pages=640–669
  • Walter Edwards 1989 -Suurin, koocharin, and grannin in Guyana: Masked intentions and communication theory - American Speech - volume=64; issue=3; pages=225–232
  • Genevieve Escure 1999 - The pragmaticization of past in creoles - volume=74; issue=2; pages=165–202
  • Kean Gibson 1986 - The ordering of auxiliary notions in Guyanese Creole; issue 3; pages=571–586
  • Kean Gibson 1988 - The habitual category in Guyanese and Jamaican creoles - volume=63; issue=3; pages=195–202; doi=10.2307/454817
  • Diversas obras de David Holbrook sobre o Criulo da Guiana
    • HOLBROOK, David J., author. 2001. "Exploring the potential for Creole language development through religious literature: the current sociolinguistic situation in Guyana, South America."
    • HOLBROOK, David J., author. 2006. The classification of the English-lexifier creole languages spoken in Grenada, Guyana, St. Vincent, and Tobago using a comparison of the markers of some key grammatical features: a tool for determining the potential to share and/or adapt literary development materials.
    • HOLBROOK, David J.; HOLBROOK, Holly A., authors. 2002. "Guyanese Creole survey report."
    • HOLBROOK, David Joseph, author. 2012. The Classification of the English-Lexifier Creole Languages Spoken in Grenada, Guyana, St. Vincent, and Tobago Using a Comparison of the Markers of Some Key Grammatical Features.

Referências

  1. «Guyanese Creole English» (em inglês). Ethnologue. Consultado em 3 de fevereiro de 2018 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]