Língua xetá

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Xetá
Falado(a) em: Brasil
Região: Serra dos Dourados, Paraná
Total de falantes:
Família: Tronco tupi
 Tupi-guarani
  Xetá
Códigos de língua
ISO 639-1: --
ISO 639-2: ---

Xetá é uma língua indígena brasileira que era falada pelos Xetá, habitantes da Serra dos Dourados (Paraná)[1] à época do contato (regularmente a partir de 1950). Esta língua, pertencente ao tronco Tupi, está classificada no sub-ramo I, cf. os estudos do prof. Aryon Rodrigues. Atualmente, os descendentes tentam reaprender a língua de seus ancestrais, já que, devido ao massacre ocorrido na região, nenhum deles pôde aprender a falar com proficiência esta língua indígena.

Verbos para ingerir[editar | editar código-fonte]

Em português existem diversos verbos para ingerir: comer, beber, inspirar entre outros, mas em língua tupi há um único verbo para isso: .

Porém, como os xetás eram caçadores coletores seus verbos para tal têm 4 formas especiais:[2]

  • pawâwa - comer carne de tamanduá;
  • jururi - comer carne de animais agressivos, predadores;
  • pókai - comer carne de animais aquáticos;
  • ú - carne de animais não incluídos nos casos acima, produtos animais (leite, mel), vegetais, beber líquidos.

Vocabulário[editar | editar código-fonte]

Vocabulário xetá (Fernandes 1958: 10-13):[3][4]

Português Xetá
língua inko
boca dióri
dente nénai
nariz sapôta
olho imahâ
orelha ñambi
cabeça (parte superior) tixapotê
cabeça (total ñakankaue
cabelo ñâka
barba tirá
mão êpo
cotovelo ama
polegar tikaáudio
dedo mínimo inkanawakan
unha puâpe
pé em geral prohá
coxa ñôr
panturrilha etâma-la
joelho enápua
perna etâma
unha do pé posiâpe
casco de animal posiâbe
costela ñalóka
peito pasiá
mamelão do homem ikãta
seio kamoá
mamelão feminino ikãta
pele êti
osso inkã
sangue hôga
veia (vaso sangüíneo) hâdia
carne haikâ
coração henia
água hôñe
rio ?
regato ?
fogo haikela
fumaça tatâde
cinza tatâupa
carvão de madeira tátâbui
céu tataka
cerração, nevoeiro hawãndie
chuva atêg
orvalho achabue
vento awôto
relâmpago auêra
arco-íris nitiô
sol enexâve
aurora kádo
dia alâdia
noite poá
manhã memóe
tarde kerakadso
lua nhanetavetoa
estrela iatêda
plêiades hetai
terra, solo ewûa
caminho (trilha de índio) péka
selva, floresta ñyata
areia takarói
pedra itá
casa tâpui
cesta pinako, eváitá
lenha niapiá
aparelho ignígeno tatail
lasca de madeira (cavaco) hágue
abanador, esteira tapéguá
machado nepraka
arco guarâba
corda de arco napádia
flecha vûá
emplumação da flecha upéba
flecha com ponta de madeira barbelada alauête
flecha para pássaro narâpia
clava auêrapingebo
punção (pequeno osso aguçado) haikiinka
tanga hamiakâ
flauta de Pã tâgua
cabaça (fruto) kôgua
cabaça (recipiente) amawá
canto aprai
nome (grupo de índios de Dourados) xetá
botocudo (homem com ornato labial) heméta
varão (homem) kanome
marido teiradwa
pai mai
mãe hai
criança nieue kauai
filho timêmo
menino txigoi, xigoi
irmão mendjâgoi
irmã nadsiaguê
mulher ñanekoinha, kôña
esposa simirâda
filha (menina) tiguá
filha (jovem moça) timémo
velho diâlei, diarei
velha dihárei
amigo diakâda
inimigo nhadiakáte
fantasma möuel
alma nhang
sonho ákâña
macaco krâkoi
bugio huimá
onça pintada haiköpintai
puma punahai
veado hehehai
lontra hame-ai
anta telâgoihai
capivara haikehüra
paca hum-hai
porco-do-mato huhai
queixada haikenhuai
quati haikancai
tamanduá-bandeira moko hehai
tamanduá-mirim moko-atai
camundongo hararau
ratazana hararau
lebre têká
tatu hekeldiâve
pássaro pequeno gurokihánge
ovo [em branco]
jacu kukai
jacutinga pinpiai
urubu (corvo)-preto fofoai
urubu (corvo) branco peke-hararau
urubu (corvo)-de-cabeça-vermelha niampine
pombo grande hãhãhai
pombo pequeno hehai
peixe radja
cobra moi
cobra cascavel diagoi
sapo ndoi
lagarto moihiruai
formiga arará
mosquito malêgue
mosca mêro
abelha êi
mel ikânge
gafanhoto toko
vespa kawá
piolho
aranha ñadú
árvore áuéra
folha
casca de árvore ipegwa
raiz hâpó
espinho hâté
resina huawaai
flor debótérame
taquara (bambu) tákua
cana, caniço (criciúma) kailekomhuá
grande halêdja, hauidja
pequeno teai
alto niauai
velho inama
frio ñrandja
quente hâko
molhado awaba
doente hâde
branco katahai
preto hûntai
vermelho putâdai
azul awete
verde awete
não ñiá
Ortografia utilizada por Fernandes (1958)
  • â - quantidade
  • à - acentuação
  • tx - como em espanhol ch
  • di - como em tcheco d'
  • h - aspirado como para indicar vogal nasal em alemão
  • ñ - como em espanhol
  • x - como em português (= ch)
  • ti - como em português
  • j - como em português
  • n - após vogal

Referências

  1. Rodrigues, A. D. (2013). Relações internas na família linguística Tupí-Guaraní. Revista Brasileira De Linguística Antropológica, 3(2). https://doi.org/10.26512/rbla.v3i2.16264
  2. Línguas Brasileiras, autor Aryon Dal'Igna Rodrigues; Edições Lyola - São Paulo - 1968
  3. FERNANDES, José Loureiro. Os índios da serra dos Dourados (os xetá). In: Anais da III Reunião Brasileira de Antropologia. 10-13 fev. 1958. Recife: [Imprensa Universitária], 1959. p. 42-4.
  4. Vocabulário xetá. Site Línguas Indígenas Brasileiras, de Renato Nicolai.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

  • Vocabulário xetá 1 - FERNANDES, José Loureiro. Os índios da serra dos Dourados (os xetá). In: Anais da III Reunião Brasileira de Antropologia. 10-13 fev. 1958. Recife: [Imprensa Universitária], 1959. p. 42-4.
  • Vocabulário xetá 2 (Noroeste do Paraná - Brasil, Serra dos Dourados) - RODRIGUES, Aryon; FERNANDES, José Loureiro (1959); GREENBERG, Joseph H., Language in the Americas, 1987.