Lúcio, ou o Burro

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Lúcio, ou o Burro
Λούκιος ἢ Ὄνος
Lúcio, ou o Burro
Autor(es) Luciano de Samósata
Idioma Grego antigo
País Síria, Império Romano
Gênero Romance, Sátira
Linha temporal século II d.C.

Lúcio, ου ο Burro (em grego: Λούκιος ἢ Ὄνος; Loukios ē Onos) é uma sátira que conta sobre um homem que se transforma em burro e suas experiências como animal. Tendo chegado até nós entre as obras de Luciano, é agora considerado apócrifo; seu autor é, portanto, muitas vezes referido como "Pseudo-Luciano".

História[editar | editar código-fonte]

A obra é frequentemente atribuída a Luciano, mas sua autenticidade também foi questionada. A versão preservada pode ser uma versão abreviada do texto original de Luciano escrito por outra pessoa. A mesma história aparece em um enredo mais longo e detalhado, parcialmente diferente, na obra O asno de ouro de Apuleio, contemporâneo de Luciano, que se baseia em um texto grego.

Conteúdo[editar | editar código-fonte]

A obra de Luciano consiste em 56 capítulos relativamente curtos. A história se passa na Grécia e o personagem principal da obra é Lúcio, que está viajando em Ipata, na Tessália, atraído pela fama mágica da cidade. Aqui ele é hospedado pelo avarento Hiparco e sua esposa, que é uma poderosa feiticeira, dedicada a práticas ocultas.[1]

Lúcio, muito interessado nas artes mágicas, pede a criada da casa, Palaistra, que o deixe presenciar uma magia de sua senhora. Ele testemunhará, portanto, uma prática particular: a transmigração da alma de um corpo para outro.[2] Depois de alguns dias, Palaistra informa a Lúcio que sua senhora vai se transformar em um pássaro. Escondido atrás da porta, Lúcio presencia a magia que se inicia com a incineração de dois grãos de incenso, procedimento este acompanhado de uma fórmula e, a seguir, Lúcio vê a feiticeira tirando um óleo de um baú com o qual cobre completamente seu corpo nu, então começa a transformação em um corvo. A essa altura ele também sente vontade de voar no corpo de um pássaro, Lúcio pede a Palaistra a mesma substância milagrosa que a bruxa usou, mas Palaistra involuntariamente faz Lúcio borrifar a substância errada, fazendo-o se transformar em burro, mantendo a sensibilidade e os pensamentos humanos. Palaistra diz que o antídoto para retornar à forma humana é comer rosas.[3]

Impossibilitado de ser reconhecido, Lúcio é sequestrado junto com outro burro e seu próprio cavalo por um grupo de ladrões que invadem a casa. Ele tenta escapar junto com uma mulher capturada, mas a tentativa falha.[4] No final, porém, Lúcio e a mulher são soltos. Lúcio é recompensado sendo um burro livre na companhia de éguas. Logo, porém, ele tem que trabalhar no moinho, continuar carregando cargas pesadas e sofrer as artimanhas do burro. Ele também corre o risco de ser castrado.[5]

Em seguida, Lúcio é vendido aos catamitas, e ele tem que carregar uma estátua de uma deusa síria nas costas. Os praticantes do culto são revelados como fraudes e são pegos roubando.[6] Em seguida, Lúcio é vendido a um padeiro. Ele entra na fábrica novamente e é um valentão.[7]

O próximo proprietário é um servo de um homem rico. Lúcio finalmente consegue comer a comida das pessoas, pois consegue roubar guloseimas para si mesmo. Ele é pego fazendo isso, mas os donos apenas riem do fato de Lúcio comer alimentos que os burros normalmente não comem e até beber vinho. Então ele acaba sendo exibido como um animal treinado por uma taxa.[8] Ao mesmo tempo, uma mulher rica e bonita se apaixona por ele e o alugará para passar a noite.[9]

No anfiteatro, seu mestre organiza um espetáculo no teatro que demonstrará a performance sexual do burro, nessa ocasião Lúcio finalmente consegue rosas para comer e voltando assim a sua forma humana e decepcionando o público. No entanto, ele ainda quer conhecer a mulher com quem passou a noite — porém, a mulher não está mais interessada em Lúcio depois de vê-lo nu, porque ela não amava Lúcio tanto quanto sua virilidade de burro.[10]

Referências

  1. Luciano, Lúcio, ou o Burro, 1–4.
  2. Luciano, Lúcio, ou o Burro, 5–11.
  3. Luciano, Lúcio, ou o Burro, 12–15.
  4. Luciano, Lúcio, ou o Burro, 16–25.
  5. Luciano, Lúcio, ou o Burro, 26–34.
  6. Luciano, Lúcio, ou o Burro, 35–41. Luciano conta mais sobre o mesmo culto em sua obra Sobre a Deusa Síria.
  7. Luciano, Lúcio, ou o Burro, 42–45.
  8. Luciano, Lúcio, ou o Burro, 46–50.
  9. Luciano, Lúcio, ou o Burro, 50–52.
  10. Luciano, Lúcio, ou o Burro, 53–56.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]