La beauté est dans la rue

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
O cartaz que popularizou o slogan, do Atelier populaire (1968)

La beauté est dans la rue (em português: A beleza está nas ruas) é um slogan do Maio de 1968.[1][2][3] O slogan foi daqueles popularizados através de cartazes feitos pelo Atelier populaire, um agrupamento de artistas marxistas.[4] O cartaz correspondente ao slogan mostra uma jovem lançando pedras retiradas de uma calçada.[5]

Contexto[editar | editar código-fonte]

O slogan A beleza está nas ruas não possui um criador conhecido. O cartaz que popularizou o slogan foi composto coletivamente por artistas do Atelier populaire durante uma ocupação realizada na École des Beaux-Arts de Paris, originalmente como serigrafia.[6] Os artistas do Atelier populaire buscavam produzir propaganda e material de agitação relacionados às greves e ocupações estudantis de maio de 1968. Ideologicamente, o Atelier populaire foi influenciado pela Internacional Situacionista.[7]

É comum atribuir ao poster certa inspiração na obra A Liberdade guiando o povo.[8][9] Para além do contexto revolucionário comum a ambas, assim como Marianne na barricada da pintura de Eugène Delacroix, o cartaz mostra uma mulher em pé, na mesma posição e com um braço estendido; Ao invés de segurar uma bandeira, porém, ela atira pedras.

Interpretações[editar | editar código-fonte]

De acordo com a pesquisadora francesa Odile Dupagne: "Esse pôster é um dos poucos que retrata e até representa as mulheres. Assim, além da luta dos estudantes que atiram pedras, um símbolo do protesto do Maio de 68, o cartaz representa a luta das mulheres. O slogan é dividido em duas partes; Em primeiro lugara "Beleza" (La beauté), que designa a mulher, e depois o "está nas ruas" (est dans la rue), representando a luta que os revolucionários conduziam. [...] também simboliza a luta das mulheres para adquirir o direito de lutar ao lado dos homens, ou de modo mais geral para alcançar um nível de igualdade ante eles. [...] o fato da jovem jogar pedras da calçada em quem olha o cartaz dá a impressão de que ela o exclui da luta, e não que o incentiva a vir lutar ao seu lado [... ] ela parece estar lutando contra o espectador, e não ao lado ele, o que sugere que essa luta não é uma luta que todos podem liderar, mas que é reservada às mulheres".[10]

Em outra interpretação, o historiador Christian Delporte disse que "'A beleza está nas ruas' não representa de forma alguma a produção visual de 68, mas sim o que o movimento feminista conseguiu ser pela primeira vez nos eventos de maio; mas a sociedade atual, esmagando a cronologia, inscrevendo 68 em um continuum histórico, acabou confundindo o próprio acontecimento e seus efeitos supostos ou reais".[11]

Referências

  1. Cristina Onesta, Mai 68 au service de l’interdiscursivité médiatique : entre mémoire révolutionnaire et mémoire discursive. Deux approches interdisciplinaires : lexiculture et mots événements, Academic Journal, vol. 2, n°2, décembre 2014/janvier 2015, lire en ligne.
  2. Gérard Mordillat, Le Miroir voilé : Et autres écrits sur l'image, Calmann-Lévy, 2014, page 46.
  3. André Santini, Le Santini, Le Cherche Midi, 2011, page 113.
  4. Patricia Badenes Salazar, Affiches y pintadas: la "verdadera" revolución del Mayo francés del 68, Dossiers Feministes, 12, 2008, page 135.
  5. Graham Robb, Une histoire de Paris par ceux qui l'ont fait, trad. Isabelle Taudière, Flammarion, 2010, page 317.
  6. «Beauty is in the Street». The Independent (em inglês). 31 de maio de 2011. Consultado em 25 de maio de 2023 
  7. McGuirk, Justin (23 de março de 2011). «Beauty Is in the Street: the power of protest posters». The Guardian. Consultado em 25 de maio de 2023 
  8. Justin L. Baggett, “L’héritage” is in the Streets: The text, images and legacy of May 1968, Honors Theses, University of Southern Mississippi, 2014, page 37.
  9. VHF Scott, La beauté est dans la rue : art & visual culture in Paris, 1968, University of British Columbia, 2000, page 1.
  10. Odile Dupagne, Mai 68, Révolution artistique ?, Ville de Liège, Athénée Léonie de Wahan, année scolaire 2011-2012, lire en ligne.
  11. Mai, la force de l'imaginaire in Christian Delporte, Denis Maréchal, Caroline Moine, Images et sons de Mai 68, Nouveau Monde éditions, 2008, lire en ligne.