Leão Focas, o Velho

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Leão Focas, o Velho
Leão Focas, o Velho
Nacionalidade Império Bizantino
Progenitores Pai: Nicéforo Focas, o Velho
Cônjuge Irmã de nome desconhecido do eunuco Constantino, o Paflagônio
Ocupação Doméstico das escolas
Religião ortodoxia oriental

Leão Focas (em grego: Λέων Φωκᾶς, fl. década de 910) foi um general bizantino do início do século X oriundo do nobre clã dos Focas. Como doméstico das escolas, o comandante-em-chefe do exército bizantino, ele liderou uma grande campanha contra os búlgaros em 917, mas foi derrotado nas batalhas de Anquíalo e Catasirtas.

Ele então tentou tomar o trono do jovem imperador Constantino  VII Porfirogênito (r. 913–959), mas foi ultrapassado pelo grande drungário ("almirante") Romano I Lecapeno, que conseguiu se tornar guardião e, posteriormente, sogro do imperador. Após Lecapeno ter tomado o trono bizantino, Leão liderou uma revolta — também fracassada — e acabou preso e cegado.

História[editar | editar código-fonte]

Fólis de Constantino VII Porfirogênito (r. 913–959) e Zoé Carbonopsina (r. 906–912)
Soldo de Romano I Lecapeno (r. 920–944) e Constantino VII Porfirogênito (r. 913–959)

Leão era filho de Nicéforo Focas, o Velho, um eminente general bizantino que se distinguiu no sul da península Itálica. Seu irmão, Bardas, que também era um graduado general, assim como os filhos dele, Nicéforo — que se tornaria imperador em 963[1][2] — e Leão. Pouco se sabe sobre os primeiros anos de Leão. Durante o final do reinado do imperador Leão VI, o Sábio (r. 886–912), ele se casou com a irmã de Constantino, o Paflagônio, o poderoso paracemomeno, e ascendeu ao posto de doméstico das escolas.[3] Embora pessoalmente corajoso e não sem algum sucesso contra os árabes abássidas no oriente, sua habilidade como general era algo limitada. Steven Runciman atribuiu sua ascensão à sua origem aristocrática e suas conexões familiares com o paracemomeno Constantino.[4]

Durante a regência da imperatriz Zoé Carbonopsina em 913–919, Leão aparece novamente como doméstico das escolas e tendo também a dignidade de magistro. Em 917, ele foi colocado a cargo de uma grande expedição contra os búlgaros. O plano envolvia um assalto em duas frentes, uma vinda do sul pelo exército principal bizantino liderado por Leão Focas e outra, pelo norte, pelos pechenegues, que seriam transportados através do Danúbio pela marinha bizantina sob Romano I Lecapeno. Contudo, os pechenegues não ajudaram os bizantinos, parcialmente por Lecapeno discutir com o líder deles (ou, como sugere Runciman, eles podem ter sido subornados pelos búlgaros) e parcialmente por que eles já haviam iniciado uma onda de saques por conta própria, desconsiderando o plano bizantino. Sem o apoio dos pechenegues e da frota, Focas sofreu uma devastadora derrota pelas mãos do czar Simeão I na Batalha de Anquíalo. O exército imperial foi quase que inteiramente aniquilado e o próprio Focas escapou por pouco. Conforme Simeão marchava para o sul em direção à capital Constantinopla, Focas juntou uma força de fontes disparatadas e tentou brecar o avanço, mas foi novamente derrotado por Simeão, desta vez num ataque surpresa noturno na Batalha de Catasirtas.[5][6][7]

A derrota bizantina na Batalha de Anquíalo.Iluminura no Escilitzes de Madrid.
A captura e mutilação de Leão Focas.
Iluminura no Escilitzes de Madrid.

Estes desastres militares enfraqueceram a regência de Zoé e rumores passaram a circular dando conta que Focas, cujo exército remanescente estava acampado do outro lado do Bósforo de frente para Constantinopla, e seu cunhado, Constantino, o Paflagônio, planejavam tomar o trono do jovem imperador Constantino VII Porfirogênito (r. 913–959). De acordo com Runciman, a própria Zoé parece ter planejado se casar com o general para solidificar sua posição. O tutor do imperador, porém, um tal Teodoro, se voltou para Romano Lecapeno; mesmo tendo grande parte da culpa pelo fracasso da campanha búlgara, Romano ainda era muito poderoso, pois sua frota estava intacta e à sua disposição.[8][9] O paracomomeno Constantino tentou neutralizar essa ameaça desmobilizando a frota, mas foi preso por Lecapeno quando chegou para supervisionar a dispensa das tripulações. Com este golpe, Zoé perdeu completamente o controle da situação e, a pedido de Teodoro, o jovem imperador apontou o patriarca de Constantinopla Nicolau I Místico como regente. O primeiro ato dele foi dispensar Leão Focas de suas funções e substituí-lo por João Garidas[9] [10][11]

Leão aparentemente acreditou que Lecapeno, tendo em vista sua origem humilde, jamais poderia ter sucesso em tomar para si o trono imperial. Os eventos mostraram que ele subestimou muito o seu novo aliado: em 25 de março de 919, Lecapeno invadiu o palácio imperial, ocupou-o e assegurou para si os cargos de magistro e comandante da Heteria. Poucas semanas depois, ele casou sua filha Helena com o jovem imperador e assumiu o título de basileopátor, tornando-se assim o efetivo governante do Império Bizantino[9] [12]

Leão Focas então recebeu uma carta em nome do imperador que sugeria que ele não reagisse aos eventos. Inevitavelmente, o enganado Leão se levantou em revolta, mas falhou em assegurar a lealdade de suas próprias tropas: seus soldados começaram a desertar para o lado do imperador, especialmente após uma carta do jovem Constantino VII, que aclamava Lecapeno como seu protetor e denunciava Leão como rebelde, chegou ao acampamento rebelde e foi lida para os soldados. Leão acabou por ser forçado a fugir, mas foi capturado e cegado pelos agentes do imperador na Bitínia. Após a descoberta de um plano articulado por seus amigos uns poucos meses depois, Focas sofreu a humilhação final, sendo desfilado pelas ruas de Constantinopla no dorso de uma mula. Seu destino depois disso é desconhecido[11] [13][14]

Referências

  1. Kazhdan 1991, p. 1666.
  2. Guilland 1967, p. 439–440.
  3. Guilland 1967, p. 181, 205, 440.
  4. Runciman 1988, p. 54.
  5. Runciman 1988, p. 54–56, 85.
  6. Treadgold 1997, p. 474–475.
  7. Guilland 1967, p. 440.
  8. Runciman 1988, p. 57–58.
  9. a b c Treadgold 1997, p. 475.
  10. Runciman 1988, p. 58–59.
  11. a b Guilland 1967, p. 441.
  12. Runciman 1988, p. 59–60.
  13. Runciman 1988, p. 60–61.
  14. Treadgold 1997, p. 476.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Guilland, Rodolphe (1967). Recherches sur les Institutions Byzantines, Tome I–II (em francês). Berlim: Akademie-Verlag 
  • Kazhdan, Alexander Petrovich (1991). The Oxford Dictionary of Byzantium. Nova Iorque e Oxford: Oxford University Press. ISBN 0-19-504652-8 
  • Runciman, Steven (1988). The Emperor Romanus Lecapenus and His Reign: A Study of Tenth-Century Byzantium (em inglês). Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 0-521-35722-5 
  • Treadgold, Warren (1997). A History of the Byzantine State and Society (em inglês). Stanford, Califórnia: Stanford University Press. ISBN 0-8047-2630-2 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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