Jan Jolles

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Jan Jolles
Nome completo Leon Jan Jolles Vallée
Nascimento 1906
Freiburg, Alemanha
Morte 1938 (32 anos)
Guaiaquil, Equador
Ocupação Ativista político

Leon Jan Jolles Vallée (Freiburg, 1906Guaiaquil, 1938) foi militante comunista alemão enviado pelo Komintern para dirigir e reorganizar o PCB na América Latina em 1933.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Jan Jolles, homem de muitos codinomes - Alonso, Emilio, Eoles, Cázon e Macário -, era filho de um professor de filosofia da Universidade de Leipzig - que vivia de direitos autorais - e levou uma vida tranquila até que, aos 18 anos, saiu de casa para aventurar-se, segundo a sua autobiografia, concluída em 25/08/1933 e guardada em arquivo de Moscou.[1]

Primeiras ações na América Latina[editar | editar código-fonte]

Após juntar-se à jovens comunistas na Holanda, em sua breve passagem pelo país, seguiu para a Argentina, onde se apresentou como enviado da Juventude Comunista Holandesa. Passou a integrar, a partir de 1924, o quadro efetivo dos membros do PC argentino, e teve dois filhos com a militante argentina Maria Banejas (Antonia) a quem abandonou mais tarde. Nesse país foi um ativo estrategista até 1930, quando ocorreu um golpe militar.[2] O novo governo, liderado pelo General Uriburu, o prendeu e o deportou para Montevidéu.

No Uruguai sobreviveu do dinheiro enviado pela família e buscou aproximar-se de líderes do Komintern na América Latina como Abraham Guralsky e Arthur Ewert, tarefa facilitada por ser o único membro do PC argentino que podia comunicar-se com eles sem a necessidade de um tradutor.[3]

Enviado clandestinamente por Guralsky para participar de um congresso do PC argentino, na cidade de Rosário, e com o objetivo de intrigar e afastar o agente comunista Rodolfo Ghioldi da liderança do partido, apresentou-se farsescamente como representante do BSA - Bureau-sul americano do Komintern -, dirigido oficialmente por Abraham e por Ewert.[4]

Indignado, após descobrir a farsa que Jolles representara, Ghioldi foi pessoalmente a Montevidéu protestar contra ele, sendo despachado rispidamente por Ewert sob a alegação de que sua reclamação não passava de hipersensibilidade de intelectual. Gurasky, intrigante contumaz, temendo o protetor de GhioldiVictor Codovilla, o homem do dinheiro que chegava de Moscou -, negou qualquer participação no caso e declarou ser Jolles um mentiroso. Jolles, sem defesa, foi afastado do Comitê Central do PC argentino e designado para trabalho de base ilegal na Argentina. Preso em Tucumán, é, então, deportado para a Alemanha de Hitler em primeiro de abril de 1933. Uma vez lá, buscou apoio na KPD, organização comunista local, que, perseguida, nada pode fazer. Ameaçado de ser denunciado à Gestapo pelo tio e pelo irmão, membros do Partido Nazista, se não saísse da Alemanha, Jolles partiu para Moscou clandestinamente, utilizando-se de seu passaporte espanhol.[2]

Jolles no Brasil[editar | editar código-fonte]

Na capital russa, foi perdoado e teve o desempenho avaliado positivamente pelo Komintern, graças ao apoio do irmão de Ghioldi – Orestes – que não se intimidou, apesar dos protestos de Rodolfo Ghioldi e Abraham Guralsky. Redimido, Jolles foi indicado por Sinani - pseudônimo de G.B. Skalov, o chefe para América Central, Sul e Caribe do Ländersekretariat para as Américas - para o cargo de "instrutor" do Partido Comunista Brasileiro, tendo essa indicação confirmada por instância superior do organismo comunista internacional.[5]

Em terras brasileiras, foi sempre descrito pelos camaradas como sectário, oportunista e hesitante e atuou de maneira duvidosa em muitos casos que envolveram o partido como: afastou, com o apoio dos líderes Martins (Honório de Freitas Guimarães) e Queiroz ou Miranda (Antônio Maciel Bonfim), Lacerda da liderança do PCB, falsificando atestado médico, e durante um ano, deu as cartas naquela entidade política; expurgou os intelectuais do partido e foi responsável direto, apoiado por outros membros da cúpula do PCB, pela decisão de assassinar o jovem militante Tobias Warchavski.[4]

Os últimos anos[editar | editar código-fonte]

Transferido do Brasil em abril de 1935 por incompatibilidade com Rodolpho José Ghioldi, permaneceu uma temporada no Chile participando de atos terroristas e, de lá, foi para o Equador.[3] Já vivendo e atuando nas terras equatorenhas, foi expulso do Komintern pela Comissão Internacional de Controle, denunciado como agente da Gestapo e de Sinani - este, em desgraça com o ditador Stalin. Os jornais comunistas de toda a América Latina o descreveram como perigoso espião fascista, trabalhando a serviço do Japão e de assassinos trotskistas. Em Guaiaquil, no ano de 1938, morreu tragicamente, atropelado por um carro.[3]

Literatura[editar | editar código-fonte]

  • Abrahão, Miguel M. – A Escola - 2007. várias páginas – Ed. Espaço Jurídico
  • Waak, William – Camaradas - 1993. pg. 297 – Ed. Companhia das Letras

Referências

  1. Jolles, Jan (1933). Autobiografia. [S.l.]: Arquivos de Moscou 
  2. a b Ramos, Jorge Abelardo (1969). História del stalinismo en Argentina. [S.l.]: s/r 
  3. a b c Waak, William (1993). Camaradas. [S.l.]: Editora Companhia das Letras. p. pg. 297 
  4. a b Abrahão, Miguel M. (2007). A Escola. [S.l.]: Editora Espaço Jurídico. p. várias páginas 
  5. Fischer, Ruth (1948). Stalin and German communism. [S.l.]: Cambridge 
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