Letícia da Espanha

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Letizia
Letícia da Espanha
Rainha Consorte da Espanha
Reinado 19 de junho de 2014
presente
Predecessora Sofia da Grécia e Dinamarca
 
Nascimento 15 de setembro de 1972 (51 anos)
  Oviedo, Astúrias, Espanha
Nome completo Letizia Ortiz Rocasolano
Marido Filipe VI de Espanha
Descendência Leonor, Princesa das Astúrias
Sofia da Espanha
Casa Bourbon (por casamento)
Pai Jesús José Ortiz Álvarez
Mãe María Paloma Rocasolano Rodríguez
Religião Catolicismo
Assinatura Assinatura de Letizia
Brasão

Letícia (Letizia Ortiz Rocasolano; Oviedo, 15 de setembro de 1972) é a rainha consorte da Espanha desde 2014, por seu casamento com o rei Filipe VI, sendo a primeira esposa de um rei da Espanha que não pertence à realeza; além de ser a quarta consorte de um soberano espanhol nascido na Espanha somente depois da arquiduquesa Ana da Áustria, esposa de Felipe II; do infante Francisco de Assis de Bourbon, marido de Isabel II, e da princesa Maria das Mercedes de Orleães, esposa de Afonso XII.

Família[editar | editar código-fonte]

Letícia é filha primogénita da enfermeira Paloma Rocasolano e do jornalista Jesús Ortiz. Tem duas irmãs, Telma e Erika (a última falecida em 7 de fevereiro de 2007). É neta pelo lado paterno de uma conhecida locutora de rádio asturiana, Menchu Álvarez del Valle. Os seus pais divorciaram-se em 1999.

Educação[editar | editar código-fonte]

Primeira educação[editar | editar código-fonte]

Iniciou os seus estudos na sua cidade natal, no Colégio Público Gesta de Oviedo e no Instituto Alfonso II. Quando tinha quinze anos, a família mudou-se para Madrid devido a compromissos de trabalho do pai, onde Letícia concluiu os seus estudos no Instituto Ramiro de Maeztu.

Ensino superior[editar | editar código-fonte]

Letícia graduou-se em ciências da informação, ramo de Jornalismo, pela Universidade Complutense de Madrid em 1995. De seguida, fez um mestrado em jornalismo audiovisual no Instituto de Estudos de Periodismo Audiovisual. Posteriormente mudou-se para o México, onde iniciou um doutoramento em jornalismo audiovisual na Universidade de Guadalajara que não concluiu.

Idiomas[editar | editar código-fonte]

A sua língua materna é o castelhano. Letícia também fala inglês.

Carreira profissional[editar | editar código-fonte]

Sua vocação para jornalista surgiu cedo. Quando o seu pai era o diretor da Rádio Antena 3, apresentou, junto a outras companheiras de turma, o programa infantil El Columpio.

Entre 1992 e 1993 foi estagiária no jornal Nueva España em Oviedo, dedicando-se às áreas de economia, televisão e mundo do espectáculo. Mais tarde trabalhou para o jornal ABC e para a agência EFE onde trabalhou na edição internacional.

Quando foi para o México tirar um doutoramento em jornalismo audiovisual, não concluído, trabalhou na revista cultural Tentaciones do jornal Siglo 21.

A carreira televisiva de Letícia iniciou-se na Bloomberg TV em espanhol, onde se especializaria em informação económica, carreira que depois prosseguiria na CNN+, onde trabalhou durante dois anos.

No ano 2000, começa a trabalhar na Televisão Espanhola (TVE). Nesse ano apresentou o Informe Semanal. Fez a cobertura das eleições presidenciais norte-americanas de 2000, foi enviada especial a Nova Iorque durante os atentados do 11 de setembro e cobriu igualmente o desastre do Prestige na Galiza e a Guerra do Iraque.

Em 2001, recebeu o prêmio "Larra", outorgado pela Associação da Imprensa de Madrid ao jornalista de menos de 30 anos que mais se distinguiu no ano.

Em 2002, apresentou os espaços dedicados à nova moeda, o Euro. Seguidamente foi redatora da área de sociedade, educação e ciência. A partir de setembro de 2003, três meses antes do anúncio do seu noivado com o príncipe, torna-se apresentadora do noticiário principal da TVE emitido às 21 horas, espaço que apresentava juntamente com o diretor de informação do canal, Alfredo Urdaci.

Primeiro casamento e divórcio[editar | editar código-fonte]

Em agosto de 1998 casou, em cerimônia civil com Alonso Guerrero em Almendralejo, Badajoz, professor de Literatura, após um namoro de cerca de dez anos. Um ano depois o casal decide divorciar-se.

Namoro e casamento com o príncipe de Astúrias[editar | editar código-fonte]

Namoro[editar | editar código-fonte]

Letícia conheceu Filipe de Bourbon em meados de 2002, tendo iniciado com ele uma relação que se consolidou durante o ano de 2003 e que permaneceu desconhecida dos meios de comunicação social.

Os Reis da Espanha recebem o presidente da República do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva e a primeira-dama, Janja, no Palácio Real de Madrid.

Noivado[editar | editar código-fonte]

No dia 1 de novembro de 2003, a Casa Real espanhola emitiu uma comunicado no qual anunciava o compromisso matrimonial do príncipe Filipe com Letícia Ortiz Rocasolano.

Casamento[editar | editar código-fonte]

O casamento celebrou-se no dia 22 de maio de 2004 na Catedral de Santa María la Real de la Almudena, em Madrid. A partir de então Letícia tornou-se Princesa das Astúrias e presuntiva futura Rainha de Espanha.

Filhos[editar | editar código-fonte]

Ambas possuem o título de princesa das Astúrias e Infanta de Espanha e o tratamento de Sua Alteza Real.

Residência oficial e património[editar | editar código-fonte]

O rei e a rainha residem oficialmente no Palácio de Oriente, em Madrid.

Quando princesa das Astúrias, Letícia Ortiz, seu marido e as filhas as infantas Leonor e Sofia, viviam num palacete desde junho de 2002, construído dentro do terreno do Palácio da Zarzuela, (a 400 metros do palácio original). Repartia com a sogra e as duas cunhadas um total de 375 mil euros/ano. Da sua fatia, que quase se pode considerar dinheiro de bolso, Letícia asseguraria apenas a aquisição do vasto guarda-roupa que as suas funções de princesa herdeira lhe exigiam.

Quanto às restantes despesas – de todo o pessoal que trabalhava na residência do então príncipe, a casa de 700 m² onde vivia o casal, às amas e colégio das filhas, Leonor e Sofia –, essas ficavam a cargo de Filipe, que recebia de salário 146 mil e 375 euros.

Vida como princesa[editar | editar código-fonte]

Letícia com a rainha Sofia na Páscoa Militar em 2009

Letícia juntou-se desde o início aos deveres de seu marido Filipe, príncipe das Astúrias, e viajou pela Espanha, em representação do rei.

Eles também representaram a Espanha em outros países: a princesa viajou junto com o príncipe para a Jordânia, México, Hungria, República Dominicana, Panamá, Estados Unidos, Sérvia, Brasil, Uruguai, Suécia, Dinamarca, Japão, China e Portugal. Ela também saudou, juntamente com outros membros da família real, dignitários internacionais. Letícia também participou em reuniões da realeza estrangeira no Luxemburgo e na Holanda, para a bodas de prata do Grão-Duque e Grã-Duquesa do Luxemburgo, bem como as comemorações do 40.º aniversário do Príncipe de Orange.

Sua agenda a solo foi anunciada em 2006, logo após o anúncio de sua segunda gravidez. Letícia já se apresentou num par de audiências e seu trabalho vai se concentrar em questões sociais, tais como os direitos das crianças, cultura e educação.

No final de 2007, sua agenda a solo começou a crescer na quantidade de eventos realizados por ela mesma e Filipe e Letícia começaram a ter agendas mais distintas e separadas.

Rainha de Espanha[editar | editar código-fonte]

A 2 de junho de 2014, o rei Juan Carlos abdicou do trono a favor do filho Filipe. A proclamação aconteceu no dia 19 de junho. Com a proclamação de Filipe, Letícia tornou-se Rainha Consorte de Espanha.

Privilégio do Branco[editar | editar código-fonte]

O Privilégio do Branco, (Privilège du Blanc) é uma honra protocolar pela qual as consortes dos monarcas católicos podem se vestir de branco ante o Papa. A rainha Sofia entrava de branco, com mantilha e no seu caso com a tradicional peineta española, que só está reservada para as soberanas espanholas.[1] Até então, Letícia Ortiz, como era princesa, devia ir de preto e com mantilha preta, mas depois de se tornar rainha consorte da Espanha, obtém esse privilégio protocolar.

Atualmente podem usar o Privilégio do Branco apenas as rainhas da Espanha, Letícia e Sofia, as rainhas de Bélgica, Paola e Matilde, assim como a grã-duquesa Maria Teresa de Luxemburgo e a princesa Charlene de Mônaco.[2]

Ascendência nobre e real de Letícia[editar | editar código-fonte]

O rei Fernando II de Leão

O genealogista Javier Cordero investigou os ancestrais dos dois avós asturianos de Letícia: José Luis Ortiz Velasco e a sua mulher María del Carmen "Menchu" ​​Álvarez del Valle, porque o genealogista achou mais interessante o campo dos Ortiz. A conclusão é de que essa ascendência conecta-se com o rei Fernando II de Leão, nascido em 1137, e morto em 1188, que foi monarca entre 1157 e 1188.

Tudo começa com José Ortiz Pool e María del Carmen Velasco Gutiérrez, pais de José Luis Ortiz Velasco, ovietense e avô da princesa. Um dos avôs foi Diego Pool Cornforth, nascido James Pool em Tipton[desambiguação necessária], do condado de Staffordshire, uma cidade perto de Birmingham, na Inglaterra. Como explica Cordero, a cidade de Tipton está envolvida na mineração de carvão, e especialistas em mineração mudaram-se para Espanha por volta de 1850. O ramo de Diego Pool Cornforth está definido para Trubia.

Outro dos avós de Ortiz Pool era José Ortiz de Torres-Pardo, nascido em Évora (Portugal), devido à fuga de seus pais para lá, possivelmente ligado ao regime liberal.

Por sua vez, José Ortiz de Torres-Pardo da linha de Torres-Pardo de Estepa (Sevilla), que em 1670 foram representados por Sebastián de Torres-Pardo e Ana de Baena. Era uma família cristã católica tradicional e ilustre da linha de Estepa. Três gerações antes, um antepassado de Sebastián, Juan de Torres de Vera y Aragón, foi conquistador e fundador da cidade de Corrientes (Argentina) e - diz Javier Cordero - governou, como preposto, a província do Rio da Prata, além de ser juiz da Corte Real.

O genealogista se documentou de tal forma que pôde contar em detalhes a história dos antepassados da princesa Letícia. Ele explica que, quando o conselho de Estepa celebrou, em 27 de outubro de 1680, a defesa da Imaculada, com grande magnificência e fazer alarde sobre uns eventos luxuosos, Sebastián, filho mais velho do casal de Baena - de Torres-Pardo, foi um ano casado com Isabel de Aguilar de Raya, filha de Alonso de Aguilar Saavedra e Catarina de Raya, ambos estepeños e de linhagens ilustres. Sebastián diz em seus documentos (escritos em 1724): "E eu levo casamento com 4 mil reais e não em capital."

Mas não foi Sebastián (seu casamento não teve filhos) o ancestral de José Luis Ortiz Velasco e da princesa, mas um sobrinho, também chamado Sebastián e filho de seu irmão Francisco. Sendo declarado único herdeiro, recebe a maior parte dos bens da família, sabe-se que, entre outros bens, herda "a casa da praça de San Sebastián, cinco hectares de terra com alguns grandes desafios, Enzinas e seis olivais (3 ha ), três anos e meio aranzadas e olivais no prazo de Estepa, chamada Cuesta de Madrid (equivalente a 1,7 hectares), três aranzadas olival em Lora, faz fronteira com a estrada para Casariche (equivalente a 1,5 hectares) da média de oliva em Villas del Pozo (0,25 hectares) ... ".

O genealogista ficou surpreso quando, então, em 1724, o testador não faz distinção entre homens e mulheres quando se trata de legar a sua propriedade, porque ele diz isso no testamento: "... e meu sobrinho dho morte de subzeder um em zinco Dhas chão Chaparal bushels com estacas seus hixos lexitimos para a acusação e a obrigação memória dha duas missas propriedade anual Dhas sendo preferido mais para o menos sem atenzion a qualidade do sexo ...".

Sebastian é o pai de Thomás de Torres-Pardo, que foi para Espejo (Córdova) para ser na prática como administrador e ali se casou com Agustina de Castro Serrano, que pertence à linhagem do Castro de Espejo, vila onde nasceu, em 1727.

E aqui é onde ocorre a ascendência que liga José Luis Ortiz Velasco e a sua neta princesa das Astúrias com os descendentes diretos do rei Fernando II de Leão. Augustina descende de Pay Arias de Castro, ''el Mozo'', que nasceu por volta de 1325 e foi o primeiro senhor de Espejo. O seu pai era Ruy Páez de Castro, nascido em 1300, que foi guarda do rei e prefeito de Córdoba, e o seu avô era Pay Arias de Castro, ''el Viejo'', que nasceu em 1275 e teve os mesmos títulos de seu filho. Ocupou a fortaleza que, explica o genealogista da princesa, é uma antiga vila que repousa sobre o topo de uma colina na região do campo de Córdoba. "No topo, e dominando as casas brancas em camadas está o imponente castelo, da propriedade da atual duquesa de Osuna", diz Cordeiro.

O pai de Pay "el Viejo" foi Ruy Peres de Castro, que nasceu em 1252 e foi também prefeito de Córdoba, e a sua avó era Sancha Alfonso, nascida em 1232. Sancha era, por sua vez, filha de Lope Sánchez, senhor de Lopera, El Carpio e Jódar, e neta de Sancho (1186-1218), que morreu em conseqüência do ataque de um urso em Cañamero. Era infante de Leão e senhor de Monteagudo e Aguilar.

E finalmente, o genealogista chega ao cerne da questão, como o infante Sancho era filho de Fernando II, um monarca que se casou em primeiras núpcias com Urraca de Portugal. Em 1185, após a morte de Teresa Fernandes de Trava - sua segunda esposa - ele se casou com a sua terceira esposa, Urraca Lopes de Haro (que por sua vez era filha de Lope Díaz I de Haro, senhor da Biscaia, Nájera e Haro). Sancho é o filho do terceiro casamento de Fernando II.

Árvore genealógica[editar | editar código-fonte]

Títulos, honras e armas[editar | editar código-fonte]

Monograma

Títulos[editar | editar código-fonte]

  • 15 de setembro de 1972 - 2004: Senhorita Letizia Ortiz Rocasolano
  • 22 de maio de 2004 - 19 de junho de 2014: Sua Alteza Real, a Princesa das Astúrias.
  • 19 de junho de 2014 - presente: Sua Majestade, a Rainha da Espanha.

Honras[editar | editar código-fonte]

Outras distinções[editar | editar código-fonte]

Na cultura popular[editar | editar código-fonte]

Cinema[editar | editar código-fonte]

No ano de 2010 a televisão espanhola Telecinco realizou o telefilme Felipe y Letizia sobre o namoro, noivado e casamento de Letizia e Felipe, Príncipe das Asturias.

Biografias e livros[editar | editar código-fonte]

Foram vários os livros publicados sobre a Princesa Letizia.

  • 2003 - Tu Serás mi Reina, de Ângela Portero e Paloma Garcia-Pelayo
  • 2006 - Letizia en Palazio, de Jaime Peñafiel
  • 2010 - Letizia Ortiz. Una Republicana En La Corte Del Rey Juan Carlos I de Isidre Cunill
  • 2013 - Ladies de Espanha de Andrew MortonLe
  • 2013 - Adiós, Princesa de David Rocasolano
  • 2014 - Princesa Letizia de Maria Teresa Campos

Referências

  1. «Los Reyes conocen al papa Francisco en la canonización de Juan XXIII y Juan Pablo II». HOLA (em espanhol). 27 de abril de 2014. Consultado em 15 de setembro de 2021 
  2. «Doña Letizia irá con falda por la rodilla, mantilla y sin peineta a la misa de inicio del Pontificado de Francisco». abc (em espanhol). 18 de março de 2013. Consultado em 15 de setembro de 2021 
  3. a b «Cidadãos Estrangeiros Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Rainha D. Letizia das Astúrias". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 26 de maio de 2018 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

Commons
Commons
O Commons possui imagens e outros ficheiros sobre Letícia da Espanha


Letícia Ortiz Rocasolano
15 de setembro de 1972
Precedida por
Sofia da Grécia e Dinamarca

Rainha Consorte da Espanha
19 de junho de 2014 – presente
Incumbente
Precedida por
Maria Antónia de Nápoles
Princesa Consorte de Astúrias, Girona e Viana
22 de maio de 2004 – 19 de junho de 2014
Vacante