Lide (jornalismo)

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Em jornalismo, o lide (do inglês lead; em latim incipit) é a primeira parte de uma notícia. Geralmente o primeiro parágrafo com duas linhas posto em destaque que fornece ao leitor informação básica sobre o conteúdo.[1][2] A expressão inglesa lead tem, entre outras, a tradução de “primeiro”, “guia” ou “(o que vem) à frente”.

O lide é um elemento fundamental para a funcionalidade do texto jornalístico, que expressa a função das linhas iniciais de uma matéria, no intuito de atrair e conduzir  o leitor aos demais parágrafos. 

De uma maneira geral, o lide deve responder a seis perguntas: o quê (a ação), quem (o agente), quando (o tempo), onde (o lugar), como (o modo) e por que (o motivo) se deu o acontecimento central da história. No caso de não conseguir colocar todas as informações no início, o jornalista tem a opção de colocar o restante no sub-lead que representa o segundo parágrafo do assunto noticiado. 

O lide, portanto, deve informar qual é o fato jornalístico noticiado e as principais circunstâncias em que ele ocorre. Segundo Adelmo Genro Filho, em “O Segredo da Pirâmide”, o lide deve descrever a maior singularidade da notícia.

Já o lide do texto de reportagem, ou de revista, não tem necessidade de responder imediatamente às seis perguntas. A sua principal função é oferecer uma prévia, como a descrição de uma imagem, do assunto a ser abordado.

O lide deve ser objetivo e direto, evitando a subjetividade, e pautar mais pela exatidão, linguagem clara e simples. O leitor ganha interesse pela notícia quando o lide é bem elaborado e coerente.

História[editar | editar código-fonte]

Fruto de obstáculos de comunicação o lide surgiu no século XIX nos Estados Unidos. Jornalistas que cobriam a Guerra Civil Americana entre os anos de 1861 e 1865, enfrentavam sérios problemas para noticiar. Nessa época o problema girava em torno de muitos jornalistas e poucas linhas de telégrafo para fazer a transmissão das notícias, então era necessário criar uma tática para que as informações mais importantes fossem passadas primeiro. Um parágrafo de cada matéria era transmitido, depois passavam para o segundo e assim por diante, até o fim da notícia. E assim surgiu o lide.

No Brasil, o lide chegou no ano de 1950, trazido pelas agências de notícia norte-americanas. Antes as matérias eram escritas a partir de comentários e uma combinação entre interpretação e informação em que a principal notícia ficava no final.  Esse período foi responsável pelo declínio do jornalismo literário, que era desenvolvido desde o princípio da imprensa.

Após a chegada do lide se desencadeava mais uma estruturação para o texto jornalístico, a pirâmide invertida que é uma técnica de hierarquização dos fatos, da ordem decrescente de relevância dos fatos. Segundo Ricardo Carde, em [3] Manual do Jornalismo “a verdade é que o sistema do lide e da pirâmide invertida possui potencialidades que seria um erro menosprezar”, por isso é importante que o jornalista tenha domínio da técnica na construção da notícia.

O lide permite que a resposta se estruture no esquema da pirâmide invertida:

Hierarquia da pirâmide
Hierarquia da pirâmide

Devido ao surgimento do lide o nariz de cera foi eliminado dos textos jornalísticos. O nariz de cera nada mais é que criar um suspense, ou até mesmo como alguns chamam: “enrolação”. Esse esquema fazia com que o cerne da notícia fosse compreendido apenas no fim da matéria.  A padronização para os textos com o uso do lide e da pirâmide invertida tornou a escrita mais objetiva.

Radiojornalismo[editar | editar código-fonte]

O lide no texto para o rádio é algo mais simplificado, menos complicado que no jornal. Atende basicamente “o quê”, o “onde”, e o “quando” tem menos relevância, porém não sendo descartado podendo aparecer em uma outra parte da notícia.

Advérbios de modo e adjetivos devem ser evitados, pois fazem a leitura ser demorada. Verbos no presente indicativo são bem-vindos por dá a ideia de atualidade, evidenciando a linguagem oral, pois imediatismo e instantaneidade são características do rádio.

No lide para o rádio também deve ser rejeitado frases negativas ou interrogativas. Outro ponto importante é o tratamento dado a última frase, por ser a que fixa na mente do ouvinte. 

Telejornalismo[editar | editar código-fonte]

Assim como para o impresso e para o rádio, o lide para TV deve ser claro, com breves parágrafos e gerar impacto. Já que um elemento a mais é incluído, a imagem, tal deve está em perfeita sincronização com o texto, fazendo ambos caminharem juntos.

O lide na TV pode ser dito pelo repórter, ou antecipadamente na introdução do assunto anunciado pelo apresentador. Tradicionalmente na TV a abertura da matéria não vai atender absolutamente ao fato principal da notícia, porém com um detalhe atraente que prenda a atenção do telespectador.

A combinação entre a imagem e o texto, o título que corresponde ao lide do jornal impresso, são os principais atributos do lide no texto para o telejornalismo.

Crítica[editar | editar código-fonte]

Alguns críticos do jornalismo são contra ao uso do lide nos textos jornalísticos, alegam ser algo que cortou a criatividade dos jornalistas, que passaram a escrever de forma automática, sempre respondendo as seis perguntas. Outros são a favor, afirmam que há como ser criativo e dinâmico mesmo fazendo o tradicional uso do lide.

Para Dimas Kunsch, jornalista e filósofo, o jornalismo sem o lide seria melhor, argumenta que o mundo nem as pessoas cabem em um simples lide. Ricardo Noblat também se contrapõe a questão, e diz que o texto sem lide, que esteja  mais próximo do literário, visualmente atrativo, tem mais significado.

Referências

  1. «Significado / definição de lead no Dicionário Priberam da Língua Portuguesa». priberam.pt. Consultado em 27 de dezembro de 2015 
  2. «lide». infopédia. Consultado em 27 de dezembro de 2015 
  3. «Manual» (PDF). Consultado em 6 de setembro de 2017. Arquivado do original (PDF) em 7 de setembro de 2017