Lineus longissimus
Lineus longissimus | |||||||||||||||
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Classificação científica | |||||||||||||||
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Nome binomial | |||||||||||||||
Lineus longissimus (Gunnerus, 1770) |
Lineus longissimus, popularmente conhecido como “bootlace worm” ou verme-cordão-de-bota, é uma espécie do Filo Nemertea distribuída ao longo da costa europeia do Oceano Atlântico.[1] Com apenas 0,5cm de largura, esse nemertino é considerado o animal mais longo do mundo pelo “Guinness World Records” com base num indivíduo possuindo 55m encontrado após fortes tempestades na cidade de St. Andrews, Escócia, em 1864.[2] Entretanto, esse dado não é amplamente apoiado pela literatura científica, pois não houve a preservação do animal, o que impossibilita a constatação da informação. Em geral, os maiores indivíduos da espécie possuem cerca de 30m de comprimento (Gittenberger & Schipper, 2008).
Classificação e características gerais
[editar | editar código-fonte]A espécie tratada, L. longissimus, pertence ao reino Metazoa, Filo Nemertea, superclasse Neonemertea, classe Poliophora, ordem Heteronemertea, família Lineidae, gênero Lineus.[3] Apesar de muito parecidos e comumente associados com os platelmintos, os nemertinos estão mais relacionados na sistemática com os moluscos e anelídeos.[4] Como o resto dos nemertinos, L. longissimus apresenta características que os distinguem como um grupo único, por exemplo: probóscide reversível posterior à boca, corpo não segmentado, simetria bilateral, cérebro em forma de anel, protostomia, clivagem em espiral, sistema digestivo completo, vasos sanguíneos laterais e rincocele (o que os colocam como animais celomados).[5] É encontrado entre as espécies ampla variedade de tamanho, de 3mm até 40-50 m de comprimento, sendo L. longissimus a maior delas.[3]
Em L. longissimus, assim como toda a ordem Heteronemertea, a musculatura da parede corporal consiste em três camadas cruzadas , sendo uma longitudinal, uma circular e outra longitudinal. Na espécie a derme é tipicamente muito espessa e densamente fibrosa e, em geral, inclui uma variedade de células glandulares. Cérebro e cordões nervosos laterais encontrados entre a parede muscular.[3] Achatamento dorso-ventral. Larva pilidial, o que configura como desenvolvimento indireto. Espermatozóide com duas ou mais mitocôndrias. Cirro caudal; no caso de indivíduos jovens, usado para aderência no substrato (Brusca & Brusca, 2019). A musculatura circular permite que o animal apresente contrações peristálticas. Na probóscide há uma musculatura interna comprida usada para reversão do aparato. Outro fato interessante sobre a probóscide é a presença de terminais nervosos, o que a faz sensível.[6]
Distribuição e hábitos de vida
[editar | editar código-fonte]O L. longissimus é muito encontrado nas margens inferiores, onde se encontram contorcidos sob pedras e na areia lamacenta, ele pode ser achado com frequência também em poças rochosas emaranhadas e em fissuras rochosas, em áreas mais profundas ele ocorre em substratos lodosos, arenosos, pedregosos ou conchíferos. Os locais onde são encontrados a espécie é por toda a Grã-Bretanha e Irlanda, mas também é encontrado em menor quantidade na costa báltica da Europa.[7] Esse nemertino se locomove por cílios ou por contrações peristálticas devido a falta de quaisquer apêndices externos, ao encontrar com sua presa eles lançam sua probóscide extensível.[8] Quando tocado o L. Longissimus pode se retrair rapidamente ao longo de vários metros da superfície para a sua fenda, como forma de fugir do perigo.
Toxina
[editar | editar código-fonte]O L. longissimus não possui nenhum tipo de veneno, porém seu muco possui uma toxina que é capaz de paralisar pequenos insetos e matar caranguejos e baratas. Após recolherem exemplares do verme e analisarem o muco do L. longissimus em laboratório, cientistas suecos descobriram uma nova família de toxinas, entre elas a alfa-1-nemertida, a toxina peptídica mais tóxica que foi encontrada entre os animais da Suécia.[9] A toxina age nos canais de sódio das células nervosas do sistema periférico dos insetos, inativando esses canais e bloqueando a passagem de íons, resultando em paralisia. Essa toxina pode apresentar aplicações comerciais, podendo ser utilizada como bioinseticida. Quando comparada com outras toxinas de aranhas e escorpiões que são utilizadas na indústria farmacêutica e na agricultura, a alfa-1-nemertida é três vezes mais potente.[9]
Referências
- ↑ Cantell, Carl‐Erik (dezembro de 1976). «Complementary Description of the Morphology of Lineus longissimus (Gunnerus, 1770) with Some Remarks on the Cutis Layer in Heteronemertines». Zoologica Scripta (1-4): 117–120. ISSN 0300-3256. doi:10.1111/j.1463-6409.1976.tb00688.x. Consultado em 18 de setembro de 2023
- ↑ McIntosh, William Carmichael (1873). A monograph of the British marine annelids. By William Carmichael McIntosh. London,: The Ray society,
- ↑ a b c Chernyshev, A. V. (setembro de 2021). «An updated classification of the phylum Nemertea». Invertebrate Zoology (3): 188–196. ISSN 1812-9250. doi:10.15298/invertzool.18.3.01. Consultado em 18 de setembro de 2023
- ↑ Brusca, Richard C.; Giribet, Gonzalo; Moore, Wendy (25 de março de 2022). «Phylum Nemertea». Oxford University Press. ISBN 978-0-19-755441-8. Consultado em 18 de setembro de 2023
- ↑ Paule, Juraj; von Döhren, Jörn; Sagorny, Christina; Nilsson, Maria A. (28 de agosto de 2021). «Genome Size Dynamics in Marine Ribbon Worms (Nemertea, Spiralia)». Genes (em inglês) (9). 1347 páginas. ISSN 2073-4425. doi:10.3390/genes12091347. Consultado em 18 de setembro de 2023
- ↑ Chernyshev, Alexei V. (dezembro de 2015). «CLSM Analysis of the Phalloidin-Stained Muscle System of the Nemertean Proboscis and Rhynchocoel». Zoological Science (em inglês) (6): 547–560. ISSN 0289-0003. doi:10.2108/zs140267. Consultado em 18 de setembro de 2023
- ↑ Cantell, Carl‐Erik (dezembro de 1976). «Complementary Description of the Morphology of Lineus longissimus (Gunnerus, 1770) with Some Remarks on the Cutis Layer in Heteronemertines». Zoologica Scripta (1-4): 117–120. ISSN 0300-3256. doi:10.1111/j.1463-6409.1976.tb00688.x. Consultado em 20 de setembro de 2023
- ↑ Norenburg, JL (18 de fevereiro de 2021). «Peer Review #1 of "Pseudocnidae of ribbon worms (Nemertea): ultrastructure, maturation, and functional morphology (v0.1)"». doi:10.7287/peerj.10912v0.1/reviews/1. Consultado em 20 de setembro de 2023
- ↑ a b Jacobsson, Erik; Andersson, Håkan S.; Strand, Malin; Peigneur, Steve; Eriksson, Camilla; Lodén, Henrik; Shariatgorji, Mohammadreza; Andrén, Per E.; Lebbe, Eline K. M. (22 de março de 2018). «Peptide ion channel toxins from the bootlace worm, the longest animal on Earth». Scientific Reports (em inglês) (1). ISSN 2045-2322. doi:10.1038/s41598-018-22305-w. Consultado em 20 de setembro de 2023