Linha do Corgo
Linha do Corgo | ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|---|
| ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
| ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
| ||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||||
ver referências a fontes no texto do(s) artigo(s)
|
A Linha do Corgo é uma linha de caminho-de-ferro desactivada, que unia as localidades de Chaves e Régua, em Portugal; foi inaugurada em 12 de Maio de 1906, com a chegada do comboio a Vila Real, e concluída a 28 de Agosto de 1921, com a chegada a Chaves.[1] O troço entre Vila Real e Chaves foi encerrado em 1990[2], enquanto que a ligação entre a Régua e Vila Real foi desactivada para obras em 25 de Março de 2009[3][4], sendo totalmente encerrada pela Rede Ferroviária Nacional em Julho de 2010.[5][6]
Descrição[editar | editar código-fonte]
Material circulante[editar | editar código-fonte]
Em 1975, a operadora Caminhos de Ferro Portugueses empregou, nesta linha, locomotivas da Série 9000[7], e, em 1982, da Série 9020.[8]
Via[editar | editar código-fonte]
Possui uma extensão de 71,400 Km, sendo totalmente em bitola métrica.[9]
Troço entre o Ribeiro de Varges e Pedras Salgadas[editar | editar código-fonte]
Segundo o plano aprovado em 1905, o lanço entre o Ribeiro de Varges e Vila Pouca media, exactamente, 14.076,40 m, sendo 3803,16 m em curva, com um desnível de apenas 73 m; este traçado apresentava-se muito menos sinuoso do que o primeiro da Linha do Corgo, tendo apenas 40 curvas, tendo 5 um raio de 80 m, e 14, de 100 m.[10] A extensão das vias em patamar era de cerca de 5 Km, sendo 976,40 m em declive, e o traçado restante em rampas de reduzida inclinação, excepto três; uma situava-se imediatamente antes da estação de Vila Pouca, que media 25 milímetros em 580 m, outra tinha 20 mm por 580 m, e a terceira apresentava 19 mm em 560 m.[10] Todas as outras rampas no troço tinham 2 a 10 mm de inclinação.[10] Em termos de obras de arte, este troço incluía numerosos sifões e aquedutos, dois pontões, com 6 e 4 m de comprimento, e duas pontes metálicas, uma sobre a sobre a Ribeira de Tourencinho, e outra sobre o Rio Corgo.[10] Depois de Vila Pouca, a linha segue o vale do Rio Avelâmes até à povoação de Pedras Salgadas.[10]
Já o lanço de Vila Pouca de Aguiar a Pedras Salgadas caracteriza-se como mais difícil do que o anterior; com efeito, para descer de Vila Pouca de Aguiar até às proximidades de Pedras Salgadas, a via tem de vencer 151,60 m em 7,200 km, o que corresponde a uma inclinação média de 22 mm.[10] A via faz, logo a Norte da localidade de Vila Pouca, um lacete, de reduzidas dimensões, uma vez que as vertentes na margem do Rio Avelâmes não eram propícias para este traçado.[10] Assim, o troço apresentava, segundo o plano aprovado em 1905, 63 curvas, totalizado 3037,77 m; 29 com cerca de 75 m de raio, 12 de 80 m, e 11 com 100 m.[10] Entre as curvas de sentidos opostos, apenas foi necessário deixar, num ponto, um alinhamento de 21,28 m.[10] O perfil da linha demonstrava três patamares, um de 340 m no extremo da estação de Pedras Salgadas, e dois com 160 m cada um; o traçado restante, com 6540 m de extensão, era em rampa, com inclinações entre os 22 e 23 mm, excepto um, de 16 mm em 260 m.[10] Apenas num pequeno declive de 500 m é que foi necessário ultrapassar o limite de 25 mm de inclinação.[10] Em termos de obras de arte, só foi preciso construir alguns aquedutos, e uma passagem inferior de 3 m; neste troço, só estava projectada uma estação, de 2.ª classe, em Pedras Salgadas, estando prevista a instalação de um apeadeiro ao PK 3,500, para servir as localidades de Vila Meã (freg. São Tomé do Castelo), Sampaio e Nuzedo.[10] A estação de Pedras Salgadas ficou situada entre a Estrada Real e a Estrada Municipal de acesso ao estabelecimento balnear.[10]
O troço do Ribeiro de Varges e Pedras Salgadas media exactamente 21.276,40 m, dos quais 14.435 14.435,47 eram em alinhamento recto, enquanto que 6.840,93 eram em curva; a extensão dos alinhamentos rectos variava entre os 21,28 e os 1.511,25 m, enquanto que das 103 curvas, 29 eram de 75 m, 18 de 80 m, 28 de 100 m, 7 de 150 m, 9 de 200 m, 6 de 300 m, 4 de 500 m, e 2 de 1000 m.[10] Os 11 patamares totalizavam 5.660 m, os 9 declives 7.516,40 m, e as 9 rampas 8.100 m.[10] Nas rampas contavam-se 2.140 m a 2 mm, 820 m a 6 mm, 1.480 m a 9 mm, 1.140 m a 10 mm, 560 m a 19 mm, 580 m a 20 mm, e 1080 m a 25 mm.[10] Para as terraplanagens, seriam feitas 183.451,820 m³ de escavações, ou 8.622 m³ por metro corrente.[10] Deste valor, 15.679,800 m³ foram empréstimos, e 14.274,660 m³ foram depósitos.[10] Nas escavações, a rocha branda seria de 20%, enquanto que a dura teria 38%.[10]
Obras de arte[editar | editar código-fonte]
Ponte de Tourencinho[editar | editar código-fonte]
Esta ponte, de construção metálica, apresenta 8 metros de comprimento, sendo constituída por uma viga de alma cheia, sobre encontros de alvenaria.[10]
Ponte do Corgo[editar | editar código-fonte]

Esta obra de arte atravessa o Rio Corgo junto a Vila Pouca de Aguiar; o tabuleiro tem cerca de 20 metros de comprimento e 2 metros de altura, e apresenta-se como sendo de rótula, com o tabuleiro inferior em vale muito aberto.[10] As avenidas têm, cada uma, 15 m de comprimento.[10]
Ponte do Corgo (Linha do Douro)[editar | editar código-fonte]
Esta ponte insere-se no troço entre as Estações de Régua e Pinhão da Linha do Douro, que foi inaugurado a 1 de Junho de 1880.[11]
História[editar | editar código-fonte]


Fases da Construção[editar | editar código-fonte]
[12] Troço | Extensão | Inauguração | Encerramento |
---|---|---|---|
Régua – Vila Real | 25 km | 12 de Maio de 1906 | 25 de Março de 2009 |
Vila Real – Pedras Salgadas | 41 km | 15 de Julho de 1907 | 1 de Janeiro de 1990 |
Pedras Salgadas – Vidago | 12 km | 20 de Março de 1910 | 1 de Janeiro de 1990 |
Vidago – Tâmega | 14 km | 20 de Junho de 1919 | 1 de Janeiro de 1990 |
Tâmega – Chaves | 7 km | 21 de Agosto de 1921 | 1 de Janeiro de 1990 |
Em Setembro de 1878, o engenheiro e estadista João Crisóstomo de Abreu e Sousa apresentou um relatório sobre o transporte ferroviário em Portugal, onde estava projectada uma linha de Bragança a Beja, passando pela foz do Rio Sabor.[13]
Esta linha foi planeada desde o Século XIX, como forma de ligar as estâncias termais de Vidago e Pedras Salgadas, e as importantes localidades de Vila Pouca de Aguiar, Vila Real e Chaves à Linha do Douro.[1][14]
Depois de várias tentativas e concursos infrutíferos[1][14], o governo decidiu construir esta linha por sua conta, através da operadora estatal Caminhos de Ferro do Estado.[15] As obras iniciaram-se em 1903[16], tendo o primeiro troço, de Régua a Vila Real, sido inaugurado em 12 de Maio de 1906.[1][17]
A linha chegou às Pedras Salgadas em 15 de Julho de 1907, a Vidago a 20 de Março de 1910, a Tâmega em 20 de Junho de 1919, e a Chaves em 28 de Agosto de 1921.[1]
Em 1990, foi encerrado o troço entre Chaves e Vila Real.[2]; o resto da Linha, entre Vila Real e Régua, ficou sem serviços, invocando motivos de obras, em 25 de Março de 2009[3][4], tendo sido definitivamente suprimida nos finais de 2011.[18] Os serviços de autocarros, que tinham sido criados para substituir os comboios nesta linha, terminaram no dia 1 de Janeiro de 2012.[19][20] Em março de 2012 a Linha do Corgo foi removida formalmente, pela entidade reguladora, da rede em exploração.[21]
Movimento Cívico pela Linha do Corgo[editar | editar código-fonte]
O Movimento Cívico pela Linha do Corgo, ou simplesmente MCLC, é um grupo de cidadãos que pretende promover e divulgar a Linha do Corgo tanto na região onde esta se insere como fora desta, através da informação sobre as condições da via, sua história e necessidades da população por ela servida.
Acompanhando as várias notícias sobre a Linha do Corgo, e reivindicando e apresentando soluções aos autarcas dos vales do Corgo e do Alto Tâmega, promoveu já uma concentração na estação de Vila Real pela reabertura tanto do troço Régua - Vila Real como do restante troço até Chaves, que contou com a presença de cerca de cem populares da região, servidos pela Linha do Corgo, incluindo ex-ferroviários e ferroviários no activo.
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ a b c d e TORRES, Carlos Manitto (16 de Fevereiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 70 (1684): 93, 94
- ↑ a b CARDOSO, José António (27 de Dezembro de 2010). «Linha do Corgo parada e sem obras vítima da crise». Diário de Notícias. Consultado em 5 de Outubro de 2012
- ↑ a b CARDOSO, Almeida (3 de Abril de 2011). «Exigem regresso dos comboios». Correio da Manhã. Consultado em 2 de Outubro de 2012
- ↑ a b LUZIO, Margarida (25 de Março de 2009). «Falta de segurança fecha Linha do Corgo». Jornal de Notícias. Consultado em 24 de Julho de 2010
- ↑ CIPRIANO, Carlos (8 de Julho de 2010). «Refer trava a fundo e reduz investimento de 800 para apenas 200 milhões de euros». Jornal Público. Consultado em 24 de Julho de 2010
- ↑ «Antigo ferroviário oferece-se para recolocar os carris na Linha do Corgo». Jornal de Notícias. 30 de Outubro de 2011. Consultado em 2 de Outubro de 2012
- ↑ «El Ferrocarril del Tajuña». Maquetren (em espanhol). 5 (42): 15, 18. 1996
- ↑ «FEVE 1600». Barcelona: Associació d'Amics del Ferrocarril-Barcelona. Carril (em espanhol) (1). 16 páginas. Setembro de 1982
- ↑ «Instrução de Exploração Técnica n.º 50». Rede Ferroviária Nacional e Instituto Nacional do Transporte Ferroviário. 11 de Dezembro de 2005. 17 páginas
- ↑ a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v SOUSA, José Fernando de (16 de Setembro de 1905). «A linha da Regoa a Chaves». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 18 (426): 273, 275
- ↑ «Cronologia». Comboios de Portugal. Consultado em 8 de Dezembro de 2011
- ↑ TORRES, Carlos Manitto (1 de Janeiro de 1958). «A evolução das linhas portuguesas e o seu significado ferroviário». Gazeta dos Caminhos de Ferro (1686). 15 páginas Texto "http://hemerotecadigital.cm-lisboa.pt/OBRAS/GazetaCF/1958/N1686/N1686_master/GazetaCFN1686.pdf" ignorado (ajuda);
- ↑ TEIXEIRA, Augusto César Justino (1 de Setembro de 1903). «Evora a Ponte de Sôr» (PDF). Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (377): 295-297. Consultado em 3 de Janeiro de 2015
- ↑ a b SOUSA, José Fernando de (1 de Março de 1903). «A linha da Régua a Chaves e à fronteira». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (365): 65, 67
- ↑ «Parte Official». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (366). 84 páginas. 16 de Março de 1903
- ↑ «Linhas Portuguezas». Gazeta dos Caminhos de Ferro. 16 (377). 304 páginas. 1 de Setembro de 1903
- ↑ Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006, p. 12
- ↑ «Governo encerra 300 quilómetros de linha ferroviária». Diário de Notícias. 29 de Dezembro de 2011. Consultado em 5 de Outubro de 2012
- ↑ MADEIRA, Paulo Miguel (17 de Dezembro de 2011). «CP encerra linhas do Leste e Beja-Funcheira a 1 de Janeiro». Público. Consultado em 5 de Outubro de 2012
- ↑ «CP suprime transporte rodoviário alternativo nas Linhas do Corgo e Tâmega». Público. 16 de Dezembro de 2011. Consultado em 5 de Outubro de 2012
- ↑ 58.º Aditamento à Instrução de Exploração Técnica N.º 50. IMTT, 2012.03.03. («Distribuída pelo 58.º aditamento»)
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Os Caminhos de Ferro Portugueses 1856-2006. [S.l.]: Público-Comunicação Social S. A. e CP-Comboios de Portugal. 2006. 238 páginas. ISBN 989-619-078-X
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- «Revista de Imprensa sobre a Linha do Corgo, no sítio electrónico O Comboio» (PDF)
- «Encerramento de circulações ferroviárias no troço da linha do Corgo, entre Vila Real e Chaves. (1990-01-17)». RTP
- «The Corgo Line». Documentário produzido para a série da BBC "Great Little Railways" em 1982
- «Página oficial do Movimento Civico Pela Linha do Corgo»
- «Galeria de fotografias da Linha do Corgo, no sítio electrónico Transportes XXI»
- «Página oficial da operadora Rede Ferroviária Nacional»