Lista de jornais empastelados do Brasil

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Esta lista reúne os jornais brasileiros que sofreram empastelamento ou tentativas de destruição de suas sedes:

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Jornal Cidade Data do ato Observações
Corsário[1] Rio de Janeiro 1881 (20 de outubro) O jornal ataca virulentamente o Império e seus governantes; sofre várias agressões nos meses finais de 1881, até que o Chefe de Polícia da então Capital do Império, Trigo de Loureiro, manda empastelar o jornal, assumindo as responsabilidades do ato; após o empastelamento, continua o jornal a ser publicado e a sofrer ataques e exílio de redatores, até culminar no assassinato de Apulcro de Castro, redator, por militares como Antônio Moreira César diante da própria secretaria de polícia, onde fora pedir proteção.
O Paiz Rio de Janeiro 1930
A Tribuna[2] Santos 1930 (24 de outubro)
Gazeta do Povo[2] Santos 1930 (24 de outubro) Provocou o fechamento do periódico
Folha de Santos[2] Santos 1930 (24 de outubro)
Folha do Amazonas[3] Manaus 1912 (fevereiro) Empastelamento comandado pelo coronel Rego Barros que, inspetor da região militar, foi exonerado pelo presidente Hermes da Fonseca.
A Crítica[4] Manaus 1959 (20 de janeiro) A redação do jornal A Crítica foi vítima de um atentado a bomba. O artefato explodiu sobre a mesa de trabalho do jornalista e fundador Umberto Calderaro Filho.
Diario de Pernambuco[3] Recife 1912 Feito por ordem do governador, este atribuiu o fato ao próprio dono do jornal, Rosa e Silva, para se livrar de dificuldades financeiras. (houve outros ataques a este jornal em 1911, 1931 e 1945)
Diário Carioca[5] Rio de Janeiro 1932 (fevereiro) Jornal de oposição a Vargas, foi atacado por tenentes do Clube 3 de Outubro.
Liberdade[6] Rio de Janeiro 1897 (8 de março) Empastelado por supostamente manifestar apoio aos revoltosos de Canudos.
Gazeta da Tarde[6] Rio de Janeiro 1897 (8 de março) Empastelado por supostamente manifestar apoio aos revoltosos de Canudos.
A Gazeta[7] São Paulo 1930 (13 de fevereiro) Jornal de Cásper Líbero, foi empastelado por policiais após ataque a um comício da Aliança Liberal, pela oposição ao presidente Washington Luís e ao governador Aristeu Aguiar; o jornal ficou fora de circulação por vários meses.[8]
Correio Paraense[9] Belém 1894 (18 de março) Jornal de cunho político, fez críticas ao governo de Floriano Peixoto; ficou sem circular de 18 a 25 de março.
O Nacional[10] São Luís 1890
O Paraense[11] Belém 1822 (cerca de) Primeiro jornal da Província do Grão-Pará. Empastelado por conta do vintismo.
Il Piccolo[12] São Paulo 1928 (25 de setembro) Ataque nacionalista brasileiro a supostas ofensas à mulher do país feita pelo fascista Luigi Freddi, em resposta a matéria da jornalista Maria Lacerda de Moura publicada em O Combate. O ataque partiu por alunos da Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, fazendo com que conflitos ocorressem pela cidade, amainados por ações como a retirada de Freddi do país.[13]
Deutsche Post[12] Porto Alegre 1928 (29 de setembro) Jornal luterano fundado em 1880, circulou até 13 de outubro daquele ano.
Deutsches Volksblatt (ou Gazeta Alemã)[12] Porto Alegre 1895 (20 de setembro) Empastelamento da Tipografia do Centro pela comunidade italiana que se julgou ofendida pelo jornal em pleno dia nacional da Itália.
A Gazeta do Sertão[14] Campina Grande 1891 Fundado em 1888 por Irineu Ceciliano Pereira da Costa, o jornal durou até seu empastelamento.
O Piauhy[15] Teresina 1946 (23 de outubro) Jagunços invadem a sede, empastelam as máquinas e, ao começarem um incêndio, são surpreendidos por um vigilante, que é assassinado.
O Diário do Povo[16] Maceió 1949 (22 de dezembro) Fundado por Lourival Melo Mota como órgão da União Democrática Nacional, fazia oposição ao governador Silvestre Péricles de Góis Monteiro. Empastelado por grupo garantido por policiais; o estado foi condenado a indenizar o proprietário.
O Gutenberg[16] Maceió 1913 Mais antigo jornal alagoano à época, foi empastelado por guardas civis à paisana a mando do governador; o estado foi condenado a pagar indenização, mas isto nunca ocorreu.
A Imprensa[16] Maceió 1930 (cerca de) Fundado em 1930, foi empastelado por 15 homens armados, numa madrugada, por fazer oposição ao governo.
Pedro II[17] Fortaleza 1841 - 1844 Empastelada a tipografia Constitucional, que imprimia o jornal, durante o governo do pai do escritor José de Alencar, padre José Martiniano de Alencar (1841 - 1844), não se sabendo a data precisa. Consta que Alencar, sendo fustigado pelo jornal, recomendou aos amigos: “...que por menos disso quebravam-se typographias no Rio e em alto dia."; com isto seus seguidores destruíram a tipografia e jogaram boa parte dos tipos ao mar; para isentar Alencar os responsáveis pelo jornal Cearense, aliados, assumiram a culpa.
A República[18] Rio de Janeiro 1873 (27 de janeiro) Órgão de defesa da república, tinha por redatores, entre outros, Quintino Bocaiuva e Aristides Lobo.
Folha da Manhã[19] São Paulo 1930 (outubro) Jornal do grupo da Folha de S.Paulo, apoiou a candidatura de Júlio Prestes à presidência e o empastelamento tirou as publicações da Empresa Folha da Manhã Ltda de circulação; esta só voltou a ocorrer em janeiro do ano seguinte, após a sua aquisição por Octaviano Alves de Lima.
Diário de Notícias[20] Salvador 1912 (24 de janeiro) Empastelado durante os eventos que levaram ao bombardeio da capital baiana, por ser favorável ao governo do estado.
A Bahia[20] Salvador 1912 (24 de janeiro) Órgão oficial do governo do estado, foi empastelado durante as lutas que levaram ao bombardeio da capital baiana.
O Momento[21] Salvador 1945 (27 de maio) a 1957 (várias vezes) Por ser órgão de imprensa do Partido Comunista Brasileiro (PCB), foi várias vezes empastelado pela polícia estadual por razões políticas, durante os anos de sua existência (1945-1957). Seu primeiro empastelamento se deu em 1945 durante o governo de Otávio Mangabeira que, apesar de democrata, cedia assim aos ditames do governo federal do presidente Dutra.[22]
A Hora[23] Salvador 1917 Jornal de oposição aos governos municipal de João Propício Carneiro de Fontoura, e estadual de Antônio Moniz, fora fundado pelo jornalista carioca Arthur Ferreira; o jornal foi empastelado após publicar uma caricatura do governador onde o rosto deste era retratado no formato de nádegas.
Diário da Bahia[24] Salvador 1895 (janeiro — tentativa) Durante o governo de Rodrigues Lima o jornal ligado a Rui Barbosa e ao governador deposto José Gonçalves publicou críticas pesadas, fazendo com que vários praças da polícia tentassem empastelar a redação; o grupo político responsabilizou o governador.
O Constitucional[25] Salvador 1822 (21 de agosto) Empastelado no contexto das lutas pela Independência da Bahia, a mando do general português Inácio Luís Madeira de Melo, por ser órgão de defesa dos interesses brasileiros.
Tribuna da Imprensa[26] Rio de Janeiro 1954 (24 de agosto — tentativa) Com o suicídio de Getúlio Vargas o povo atacou a sede do jornal que maior oposição lhe fazia, através dos artigos de Carlos Lacerda, a quem acusavam de ter provocado a morte do presidente.
A Federação[27] São Paulo 1901 (segundo empastelamento) Impresso na tipografia que fora do jornal Diário Mercantil, tinha papel político de apoio a Américo Brasiliense; sofreu dois empastelamentos, sendo que o último destruiu suas instalações.
Novo Jornal[28][29] Natal 2008 O Observatório da Imprensa sugeriu que o Novo Jornal [nota 1] sofreu empastelamento "virtual", com uso da justiça mineira, a fim de omitir notícias negativas sobre Aécio Neves e outros políticos do estado, configurado o empastelamento não somente pela retirada do ar do site que publicara a Lista de Furnas e prisão de seu editor, como pelo desaparecimento de seus arquivos após apreensão pela polícia civil com anuência do Ministério Público estadual.
Vespa e A Caveira[30][31] Moji das Cruzes 1940 Jornais escritos por Antônio Mauricio de Sousa, pai de Mauricio de Sousa, que eram críticos do Estado Novo. A gráfica, que ficava atrás de uma barbearia, foi destruída pelas autoridades estatais e a família se mudou para São Paulo.

Notas

  1. O Novo Jornal referido pertencia a Marco Aurélio Flores Carone. Não confundir com o Novo Jornal, da Empresa Norte Riograndense de Conteúdo Editorial Ltda

Referências

  1. Hermeto Lima (13 de setembro de 1924). «"O Corsario"». Rio de Janeiro. Revista da Semana (38): 30. Disponível no acervo digital da Biblioteca Nacional (Brasil) 
  2. a b c s/a (5 de julho de 2016). «População incendiou A Tribuna, em 1930». Novo Milênio. Consultado em 17 de outubro de 2016 
  3. a b s/a (2 de março de 1912). «Dois pesos; Echos e Factos». O Paiz, ed. 10.009, ano XXVIII, pág. 1, Rio de Janeiro. Consultado em 18 de outubro de 2016 
  4. Cavalcante, Larissa (3 de março de 2019). «Atentado a bomba e promessa de Ritta: vida de Calderaro no desfile da Vitória Régia». A Crítica. Consultado em 16 de outubro de 2019 
  5. Institucional. «A Era Vargas: dos anos 20 a 1945 - Imprensa». CPDOC FGV. Consultado em 18 de outubro de 2016 
  6. a b Alberto Dines (6 de novembro de 2006). «Empastelamento, modo de emprego». Observatório da Imprensa, edição 405. Consultado em 17 de outubro de 2016 
  7. Institucional. «Jornal A Gazeta». Fundação Cásper Líbero. Consultado em 18 de outubro de 2016 
  8. Carlos Fernando Lindenberg Neto, José Carlos Correa, Antonio Carlos Leite, Sandra Medeiros (12 de junho de 2013). «A Gazeta 85 anos: Anos 30: o empastelamento em 1930 e a Segunda Guerra Mundial». Gazeta Online. Consultado em 26 de outubro de 2016 
  9. Institucional. «Correio Paraense : diario noticioso commercial e litterario». Biblioteca Digital Luso-Brasileira. Consultado em 23 de outubro de 2016 
  10. Institucional. «Nacional, O». Biblioteca Digital Luso-Brasileira. Consultado em 23 de outubro de 2016 
  11. Camille Nascimento da Silva; et al. (13 de novembro de 2012). «Percurso da mídia impressa de Belém: entre jornais e revistas do século XIX». UFRGS. Consultado em 24 de outubro de 2016 
  12. a b c Rosemary Fritsch Brum. Uma cidade que se conta. Imigrantes italianos e narrativas no espaço social da cidade de Porto Alegre nos anos 20-30. [S.l.]: ed. Animal. ISBN 8578620402 
  13. João Fábio Bertonha (1999). «Observando o littorio do outro lado do Atlântico: a opinião pública brasileira e o fascismo italiano, 1922-1943» (PDF). Tempo, Rio de Janeiro, nº 9, pp. 155-177. Consultado em 24 de outubro de 2016 
  14. Fernando Gil Portela Vieira (2011). «A História se Escreve Com Documentos: A Busca de Irineu Joffily pela Verdade Sobre Branca Dias na Paraíba» (PDF). ANPUH. Consultado em 24 de outubro de 2016 
  15. Francisco Chagas Oliveira Atanásio (2012). «Notas sobre um "homem infame" e suas desventuras pela "terra maldita": tensões sociais, conflitos políticos e cultura de violência no Piauí a partir das incursões de Zezé Leão (1940-1950), um breve ensaio.» (PDF). Escritas da História: Ver – Sentir – Narrar, Universidade Federal do Piauí. Consultado em 24 de outubro de 2016 
  16. a b c Rachel Rocha (1976). Maceió de Outrora, vol. 2. [S.l.]: UFAL. p. 188 e seg. ISBN 8571770972 
  17. Ana C. Sabino Fernandes (2004). «A imprensa em pauta: entre as contendas e paixões partidárias dos jornais Cearense, Pedro II e Constituição na segunda metade do século XIX» (PDF). repositorio.ufc.br. Consultado em 27 de outubro de 2016. Arquivado do original (PDF) em 8 de dezembro de 2015 
  18. A. S. Simões Júnior (2006). «Da literatura ao jornalismo: periódicos do século XIX». Patrimônio e Memória, repositorio.unesp.br. Consultado em 27 de outubro de 2016 
  19. Elaine Muniz Pires (dezembro de 2007). «Imprensa, ditadura e democracia». Projeto História, São Paulo, n.35, p. 305-313,. Consultado em 10 de novembro de 2016. Cópia arquivada em 10 de novembro de 2016 
  20. a b Nelson Cadena (13 de janeiro de 2012). «O bombardeio midiático». Correio. Consultado em 3 de março de 2017 
  21. Antônio Matos, "A censura política nos anos de chumbo", in: José Bomfim (31 de março de 2014). «Ecos da ditadura militar: a censura nas redações». Sertão Baiano. Consultado em 3 de março de 2017 
  22. Emiliano José (10 de janeiro de 2017). «Os comunistas do Colégio Central da Bahia». Vermelho. Consultado em 3 de março de 2017 
  23. Nelson Cadena (6 de agosto de 2012). «O jornalista que matou o ex-prefeito de Salvador». iBahia. Consultado em 3 de março de 2017 
  24. Institucional. «Diário da Bahia». FGV. Consultado em 3 de março de 2017 
  25. J. Péricles Diniz (2009). «Uma breve trajetória da imprensa no Recôncavo da Bahia durante o século XIX» (PDF). UFRGS. Consultado em 3 de março de 2017. Cópia arquivada em 3 de março de 2017 
  26. Institucional. «Tribuna da Imprensa». FGV. Consultado em 3 de março de 2017 
  27. Matías M. Molina (5 de setembro de 2011). «Muito admirado, pouco conhecido». Observatório da Imprensa, nº 658 (após Valor Econômico de 2/9/2011). Consultado em 21 de outubro de 2017. Cópia arquivada em 30 de abril de 2016 
  28. José de Souza Castro (16 de agosto de 2008). «O empastelamento do Novo Jornal». Observatório da Imprensa. Consultado em 30 de junho de 2019. Cópia arquivada em 1 de julho de 2019 
  29. «Aécio Neves usava Justiça mineira para calar a imprensa sobre crimes». Correio do Brasil. 18 de janeiro de 2018. Consultado em 30 de junho de 2019. Cópia arquivada em 1 de julho de 2019 
  30. «Mauricio de Sousa lança biografia com gênese de 500 personagens». Jornal Cruzeiro do Sul. 13 de agosto de 2017. Consultado em 24 de fevereiro de 2022. Cópia arquivada em 25 de fevereiro de 2022 
  31. SOUSA, Mauricio de (2017). «Capítulo 4 - A descoberta dos gibis». Mauricio - A história que não está no gibi. [S.l.]: Sextante. p. 33-34. ISBN 9788568377147