Lista de reis da Galiza
O reino da Galiza, ou unidade administrativa da Galiza, de jure dependente do reino das Astúrias (até depois do século X) ou de Leão[1], surgiu como reino de facto na primeira divisão das Astúrias por testamento de Afonso III, o Casto entre os seus três filhos (a saber: Garcia I de Leão, Ordonho II de Galiza e Fruela II das Astúrias). Tornando ora a anexar-se, ora a independentizar-se por curto período (não em sentido de autonomia permanente ou de esforços com fins de indepedência), a Galiza, não obstante a emancipassem politicamente testamentos e desavenças internas, consistiu, até Garcia II (1065-1071), numa dentre as três grandes unidades para fins de organização administrativa das Astúrias que esporadicamente se independentizou (demais unidades: Astúrias, propriamente dita, Leão e, pelos fins do século IX, Portucale)[1]. Deste marco em diante, não se lhe havendo mais conferido independência política, governou-se-a unicamente como território de jure[2] dos sucessivos e absorvidos reinos Leão (até 1230) e Castela (até 1516) pelo vindouro (e moderno) de Espanha, porquanto o termo Galiza constituísse mero "título" agregado aos das respectivas e sucessivas coroas.
No entanto, a ideia de um reino na Idade Média está longe da ideia de um reino na Idade Moderna [3], e em particular a historiografia castelhana ou espanhola subestimou a importância do reino da Galiza[4]. Explica isso o historiador Miguel-Anxo Murado: «Por exemplo o historiador Moyrata, em sua História Geral da Espanha, transforma "Gallaécia" na Cantábria; Gayangos, em uma edição das crônicas de Almacari, traduz "ardhu al-Jalalkah" (a terra dos galegos) por "Galiza e Astúrias", enquanto para Lafuente "Jalikiya" (um dos topônimos árabes para a Galiza) é, não se sabe como, "Reino de Leão"; Ordonho I é intitulado "Rei da Galiza" sem mais, e quando o Papa João IX se dirige a Afonso III, ele o chama de "Adefonsus Regi Gallaeciarum"; Claudio Sánchez Albornoz escreveu um ensaio sobre essa carta e intitulou: "sobre una epístola del Papa Juan IX a Alfonso II de Asturias", o que é bastante estranho, porque se formos ao texto original o que se lê é "Rex Gallaetiae"».[5]
Durante breve espaço de tempo, os reis portugueses Fernando I e Afonso V também consideraram-se reis da Galiza (bem como reis de Castela e Leão), por via matrimonial. Oficialmente, a Galiza manteve-se como «reino» até 1833, ano em que foi dividida conforme suas quatro actuais províncias. Em 1837, a denominação foi extinguida da intitulação régia, supondo-se-a sob o termo geral de Reino de Espanha.
Reis da Galiza[editar | editar código-fonte]
Dinastia Sueva[editar | editar código-fonte]
Primeira Dinastia Real (409–456)
Reis durante a Guerra Civil Sueva (457–469)
Nota: a Guerra Civil Sueva dividiu o Reino, com vários reis a governar diferentes porções da Galiza.
- Maldras (457–460)
- Frantano (457)
- Remismundo (457–464)
- Frumarário (460–464)
- Remismundo (464–469) - reunificação
Período obscuro (469–550)
Período final dos Suevos (550–585)
- Carriarico (550–558)
- Ariamiro (558–561)
- Teodomiro (561–570)
- Miro or Mirón (570–583)
- Eborico, ou Eurico (583–584)
- Andeca (584–585)
- Amalarico (585)
Dinastia Asturo-Leonesa[editar | editar código-fonte]
# | Nome | Início do governo | Fim do governo | Cognome(s) | Notas | |
---|---|---|---|---|---|---|
1 | Afonso III | ![]() |
866 | 10 de Dezembro de 910 | o Grande | também rei da Astúrias |
2 | Ordonho II | ![]() |
10 de Dezembro de 910 | 924 | Também rei de Leão (914-924)[2]; o seu domínio estende-se pelos antigos conventii de Lugo e Braga. | |
3 | Fruela II | 924 | 925 | também rei das Astúrias | ||
4 | Afonso Froilaz | 925 | 926 | o Corcunda | Filho de Fruela II | |
5 | Sancho Ordonhes | 926 | 929 | filho de Ordonho II[2]. | ||
6 | Afonso IV | ![]() |
929 | 931 | o Monge | Morre em 933 |
7 | Ramiro II | ![]() |
931 | 951 | ||
8 | Ordonho III | ![]() |
951 | 956 | o Grande | |
9 | Sancho I | ![]() |
956 | 958 | o Gordo | |
10 | Ordonho IV | ![]() |
958 | 960 | o Mau | |
9 | Sancho I | ![]() |
960 | 966 | o Gordo | |
11 | Ramiro III | ![]() |
966 | 982 | ||
12 | Bermudo II | ![]() |
982 | 999 | o Gotoso | |
13 | Afonso V | ![]() |
999 | 1028 | o Nobre | |
14 | Bermudo III | ![]() |
1028 | 4 de Setembro de 1037 |
Dinastia Jiménez[editar | editar código-fonte]
# | Nome | Início do governo | Fim do governo | Cognome(s) | Notas | |
---|---|---|---|---|---|---|
16 | Fernando I | ![]() |
1037 | 27 de Dezembro de 1065 | o Grande | primeiro rei de Castela |
17 | Garcia II | ![]() |
1037 | 1071 | ||
18 | Sancho II | ![]() |
1071 | 7 de Outubro de 1072 | o Forte | Também rei de Castela (1065-1072), irmão de Afonso VI. |
19 | Afonso VI | ![]() |
7 de Outubro de 1072 | 1 de Julho de 1109 | o Bravo | Também rei de Leão e de Castela (1065-1109), utilizando o título de imperador a partir de 1073 |
20 | Urraca I | ![]() |
1 de Julho de 1109 | 1111 | casada com Raimundo da Borgonha (m. 1107) e depois com Afonso I de Aragão, o Batalhador, rei-consorte, não de jure |
Dinastia da Borgonha[editar | editar código-fonte]
Depois da morte de Afonso VII, o reino foi repartido pelos seus dois filhos, Fernando (Leão) e Sancho (Castela e Toledo).
# | Nome | Início do governo | Fim do governo | Cognome(s) | Notas | |
---|---|---|---|---|---|---|
21 | Afonso VII | ![]() |
1111 | 21 de Agosto de 1157 | o Imperador | usando o título de imperador. |
22 | Fernando II | ![]() |
1157 | 1188 | ||
23 | Afonso IX | ![]() |
1188 | 1230 | o Baboso | Devido a Afonso VIII de Castela, Afonso tomou o número IX. Foi casado com Berengária de Castela. |
24 | São Fernando III | ![]() |
1230 | 30 de Maio de 1252 | o Santo | também rei de Castela. |
A lista prossegue com Lista de reis de Castela.
Portugueses que reclamaram posse da Galiza[editar | editar código-fonte]
Dinastia de Borgonha[editar | editar código-fonte]
- Fernando I de Portugal, último rei borgonhense, aclamou-se rei de Galiza e Leão após o assassínio de Pedro I de Castela, exigindo a submissão de várias cidades galegas e leonesas (1369-1373).
Dinastia de Avis[editar | editar código-fonte]
- Afonso V de Portugal e Joana de Castela, a Beltraneja, aclamados de jure reis da Galiza em 1475, viram as suas pretensões ao trono castelhano desbaratadas na batalha de Toro (1479).
Referências
- ↑ a b OLIVEIRA MARQUES, A. H. de. História de Portugal. 11ª ed. Lisboa: Palas, 1983. Vol. I , p. 55.
- ↑ a b c OLIVEIRA MARQUES, A. H. de. Op. cit., p. 57.
- ↑ «Anselmo López Carreira (historiador): "Cando se fala do Reino de Galicia, fálase de Galicia, Asturias e León ata a Extremadura"». Historia de Galicia (em galego). 3 de janeiro de 2022. Consultado em 15 de março de 2022
- ↑ «Anselmo Lopez Carreira - A desapariçom do reino da Galiza - Podcast Galiza celta - Podcast en iVoox». iVoox (em galego). Consultado em 15 de março de 2022
- ↑ Murado, Miguel-Anxo (3 de outubro de 2013). Outra idea de Galicia (em galego). [S.l.]: Penguin Random House Grupo Editorial España