Lista do Patrimônio Mundial no Estado da Palestina
A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) propôs um plano de proteção aos bens culturais do mundo, através do Comité sobre a Proteção do Património Mundial Cultural e Natural, aprovado em 1972.[1] Esta é uma lista do Patrimônio Mundial existente na Palestina, especificamente classificada pela UNESCO e elaborada de acordo com dez principais critérios cujos pontos são julgados por especialistas na área. O Estado da Palestina, que ocupa uma região de rico legado cultural deixado por vários povos árabes que a ocuparam ao longo da história, ratificou a convenção em 8 de dezembro de 2011, tornando seus locais históricos elegíveis para inclusão na lista.[2]
Local do nascimento de Jesus: a Igreja da Natividade e a Rota de Peregrinação em Belém foi o primeiro sítio da Palestina desginado como Patrimônio Mundial pela UNESCO por ocasião da 36ª Sessão do Comité do Patrimônio Mundial, realizada em São Petersburgo (Rússia) em 2012.[3] Desde a mais recente inclusão na lista, a Palestina totaliza três sítios listados como Patrimônio Mundial da UNESCO, sendo todos os 3 de interesse cultural. Por conta da instabilidade política e dos incessantes conflitos armados na região, os sítios Battir e Hebrom foram incluídos na Lista do Patrimônio Mundial em perigo em 2014 e 2017, respectivamente.[4]
O sítio Cidade Antiga de Jerusalém e seus Muros não é listado pela UNESCO como sendo localizado em nenhum Estado-membro específico, sendo que o status final de sua localização depende de negociações entre os governos de Israel e Palestina; o local também figura na lista do Patrimônio Mundial em perigo desde 1982. No entanto, de acordo com as resoluções adotadas pelas Nações Unidas e suas agências especializadas - o que inclui a UNESCO e todos os seus diretórios regionais - Jerusalém Ocidental permanece parte integrante do território ocupado da Palestina.[5]
Bens culturais e naturais[editar | editar código-fonte]
O Estado da Palestina conta atualmente com os seguintes lugares declarados como Patrimônio da Humanidade pela UNESCO:
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Local do nascimento de Jesus: a Igreja da Natividade e a Rota de Peregrinação, Belém |
Bem cultural inscrito em 2012. | |
Localização: Belém | |
A propriedade inscrita está localizada 10 quilômetros ao sul de Jerusalém, no local identificado pela tradição cristã como o berço de Jesus desde o século II. Uma igreja foi concluída pela primeira vez lá em 339 d.C. e o edifício que a substituiu após um incêndio no século VI preserva mosaicos elaborados do edifício original. O local também inclui conventos e igrejas latinas, gregas, franciscanas e armênias, além de torres de sino, jardins e uma rota de peregrinação. (UNESCO/BPI)[6]
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Palestina: terra das oliveiras e vinhedos - paisagem cultural do Sul de Jerusalém, Battir | |
Bem cultural inscrito em 2014, em perigo desde 2014. | |
Localização: Cisjordânia | |
Localizada a poucos quilômetros a sudoeste de Jerusalém, nas terras altas que se estendem de Nablus a Hebrom, a paisagem da vila de Battir, localizada nesta paisagem cultural, compreende uma série de vales (widian) com culturas em terraços escalonados: azeitona e vinhedos crescem nos bancos secos, enquanto nas irrigadas frutas e legumes são cultivados. A produção agrícola desses terraços, localizada em terrenos muito montanhosos, é apoiada por uma rede de valas alimentadas pela água de fontes subterrâneas. A distribuição de água captada por esta rede é realizada de acordo com um sistema de distribuição habitual estabelecido entre as famílias da vila de Battir. (UNESCO/BPI)[7]
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Centro histórico de Hebrom/Al-Khalil |
Bem cultural inscrito em 2014, em perigo desde 2017. | |
Localização: Hebrom | |
O uso de um tipo de calcário local marcou a construção da Cidade Velha de Hebron/Al Khalil no período mameluco, entre 1250 e 1517. O centro de interesse da cidade foi o local da Mesquita/Túmulo dos Patriarcas de Al-Ibrahim, cujos edifícios estão localizados em um recinto construído no século I de nossa época para proteger os túmulos do Patriarca Abraão/Ibrahim e seus parentes. Este lugar tornou-se um local de peregrinação para as três religiões monoteístas: judaísmo, cristianismo e islã. A cidade estava na encruzilhada das rotas comerciais para caravanas que viajavam entre o sul da Palestina, o Sinai, o sul da Jordânia e o norte da Península Arábica. Embora no período otomano que se seguiu (1517-1917) a cidade se espalhou para áreas circundantes e atraiu inúmeras novas realizações arquitetônicas, em particular a elevação do nível dos telhados das casas e a construção de mais plantas nelas, a morfologia geral da cidade de Mamuccas tem persistido na organização hierárquica dos bairros, dividida entre diferentes grupos étnicos, religiosos ou profissionais e casas com grupos de salas organizadas de acordo com um sistema de arborescência. (UNESCO/BPI)[8]
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Lista Indicativa[editar | editar código-fonte]
Em adição aos sítios inscritos na Lista do Patrimônio Mundial, os Estados-membros podem manter uma lista de sítios que pretendam nomear para a Lista de Patrimônio Mundial, sendo somente aceitas as candidaturas de locais que já constarem desta lista.[9] Desde 2020, o Estado da Palestina conta com 14 locais na sua Lista Indicativa.[10]
Sítio | Imagem | Local | Ano | Dados UNESCO | Descrição |
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Monte Gerizim e os Samaritanos | ![]() |
Nablus | 2012 | Cultural: (iii)(vi) | O Monte Gerizim, ou Jebel et-Tor, é a montanha sagrada dos samaritanos há milhares de anos. Consiste em três picos, o cume principal, a ampla colina plana ocidental e Tell er-Ras ao norte. Têm sido tradicionalmente identificado como um local demarcado com a bênção divina, uma reivindicação que - na crença samaritana - anula o caráter sacro do Templo de Jerusalém. No cume, há uma rocha que os samaritanos acreditam ser o lugar onde Abraão estave prestes a sacrificar seu filho Isaque.[11] |
Qumran: Cavernas e monastérios dos Manuscritos do Mar Morto | ![]() |
Hebrom | 2012 | Cultural: (iii)(iv)(vi) | O local, identificado por alguns estudiosos como a bíblica "Cidade do Sal", foi ocupado principalmente durante o período greco-romano (150 a.C.-68 d.C.) pelos essênios, uma seita religiosa que vivia isolada nesta região a oeste do Mar Morto. Qumran tornou-se internacionalmente conhecida em 1947 como local de descoberta dos Pergaminhos do Mar Morto.[12] |
el-Bariyah: natureza e monastérios | ![]() |
Jericó | 2012 | Cultural: (i)(ii)(iii) | A maior parte da área de el-Bariyah é classificada como parte da região Irano-turaniana, sendo um habitat montanhoso e desértico. Essencialmente, um planalto de calcário sem árvores, de solo fino e em erosão dramática é dissecado por wadis que drenam em direção ao Mar Morto.[13] |
Wadi Natuf e a Gruta de Shuqba | ![]() |
Ramala e Al Bireh | 2013 | Cultural: (ii)(iii)(iv) | A caverna, formada por atividades cársticas, foi descoberta para o mundo científico por Alexis Mallon em 1924. Foi escavada em 1928 por Dorothy Garrod, que descobriu a evidência de uma cultura pré-agrícola tardia da Idade da Pedra até então não reconhecida, que foi nomeada depois como "Cultura natufiana".[14] |
Cidade Antiga de Nablus e seu entorno | ![]() |
Nablus | 2012 | Cultural: (ii)(iv) | Tell Balata, identificado com a antiga Siquém, representa o primeiro assentamento na área de Nablus. Está localizada na entrada leste da atual Nablus, entre os montes Ebal e Gerizim. Siquém foi mencionada nos textos de execração egípcios e na estela Sebek-Khu do século XIX a.C. Foi mencionada também nas Cartas de Amarna no século XIV a.C. como um importante centro cananeu.[15] |
Tell Umm el-'Amr | ![]() |
Deir al-Balah | 2012 | Cultural: (ii)(iii)(vi) | O primeiro assentamento no local foi estabelecido durante a era romana em Wadi Gaza, perto da costa. Consta no mapa de Madaba com o nome de "Tabatha", datado do período bizantino até o início do período islâmico (400-670 d.C.). O local abriga ruínas do mosteiro de Santo Hilário (nascido em 291 d.C.), que consiste em duas igrejas, um cemitério e uma sala batismal.[16] |
Aldeias do trono | 2013 | Cultural: (iii)(iv) | As aldeias do trono representam um horizonte arquitetônico homogêneo, confinado ao planalto central da Palestina. Durante os séculos XVIII e XIX, essas terras altas foram divididas em vinte e quatro domínios administrativos (xecados), governados por xeques que pertenciam a famílias nobres. As aldeias em que os xeques e seus clãs residiam eram chamadas de "aldeias do trono".[17] | ||
Sebastia | ![]() |
Nablus | 2013 | Cultural: (ii)(v) | Sebastia, identificada como a antiga Samaria, foi a capital do Reino do Norte durante a Idade do Ferro da Palestina e um importante centro urbano durante os períodos helenístico e romano. Uma série de escavações foram realizadas no local entre 1908 e 1910 pela Universidade de Harvard sob a direção de G.A. Reisner e C.S. Fisher.[18] |
Porto de Anthedon | Gaza | 2013 | Cultural: (ii)(iv) | Anthedon é o primeiro porto marítimo conhecido de Gaza, mencionado na literatura islâmica com os nomes de Tida, aparentemente uma abreviação de Blakhiyeh. A cidade foi habitada de 800 a.C. a 1.100 d.C. e abrigou uma série de diferentes culturas: neo-assírios, babilônicos, persas, gregos, romanos, bizantinos e os primeiros mouros islâmicos (omíadas, abássidas, tulúnidas e fatímidas).[19] |
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Lista do Patrimônio Mundial em Israel
- Lista do Patrimônio Mundial na Síria
- Reconhecimento internacional do Estado da Palestina
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- «Página oficial da UNESCO»
- «Critérios oficiais da UNESCO» (em inglês)
- «Patrimônio Mundial da UNESCO na Palestina»
Referências
- ↑ «Convenção para a Proteção do Património Mundial, Cultural e Natural» (PDF). UNESCO. 21 de novembro de 1972
- ↑ «Estado da Palestina». UNESCO
- ↑ «UNESCO World Heritage Centre - Decision - 36 COM 8B.5». UNESCO. 14 de julho de 2017
- ↑ «The site of the Birthplace of Jesus in Bethlehem (Palestine) removed from the List of World Heritage in Danger». UNESCO. 7 de julho de 2019
- ↑ «UNESCO replies to allegations». UNESCO. 15 de julho de 2011
- ↑ «Birthplace of Jesus: The Nativity Church and Pilgrimmage Route of Bethlem». UNESCO
- ↑ «Palestine: Land of Olives and Vines – Cultural Landscape of Southern Jerusalem, Battir». UNESCO
- ↑ «Hebron/Al-Khalil Old Town». UNESCO
- ↑ «World Heritage List Nominations». UNESCO
- ↑ «Tentative Lists - Palestine». UNESCO
- ↑ «Monte Gerizim». UNESCO
- ↑ «Qumran». UNESCO
- ↑ «El-Bariyah». UNESCO
- ↑ «Wadi Natuf». UNESCO
- ↑ «Cidade Antiga de Nablus». UNESCO
- ↑ «Tell Umm el-'Amr». UNESCO
- ↑ «Aldeias do trono». UNESCO
- ↑ «Sebastia». UNESCO
- ↑ «Porto de Anthedon». UNESCO