Lixo zero
Lixo zero (do inglês, zero waste) é um conceito que promove o máximo aproveitamento e correto encaminhamento dos resíduos recicláveis e orgânicos. O objetivo é o fim do encaminhamento destes materiais para os aterros sanitários ou incineradores[1]. O processo recomendado é semelhante à forma que os recursos são reutilizados na natureza. Segundo o conceito estabelecido pela ZWIA - Zero Waste International Alliance[2] - Lixo Zero é
Uma meta ética, econômica, eficiente e visionária para guiar as pessoas a mudar seus modos de vidas e práticas de forma a incentivar os ciclos naturais sustentáveis, onde todos os materiais são projetados para permitir sua recuperação e uso pós-consumo.
Hierarquia Lixo Zero (5 R's)[3][editar | editar código-fonte]
REPENSAR: O que nos levou ao atual sistema linear de materiais e, portanto, o que precisa evoluir para avançar para um modelo de ciclo fechado? Como redesenhar sistemas para evitar consumo desnecessário e desperdiçador?
REDUZIR: Como reduzir o uso de matéria-prima, particularmente materiais tóxicos?
REUTILIZAR: Como aproveitar os produtos existentes com foco na retenção de valor e extensão de utilidade e função?
RECICLAR: Como garantir que os materiais voltam ao ciclo biológico ou técnico?
RECUPERAR: O que pode ser recuperado do lixo misto?
Gestão de resíduos sólidos[editar | editar código-fonte]
No estudo "What a Waste" de 2012, o Banco Mundial estimou-se que 3 bilhões de habitantes urbanos produziram 1,3 bilhão de toneladas anuais de resíduos sólidos (1,2 kg por pessoa por dia) e a estimativa era que em 2025 sejam atingidos 2,2 bilhões de toneladas produzidos por 4 bilhões de pessoas (1,42 kg/pessoa/dia).[4] A geração de resíduos sólidos urbanos (RSU) é influenciada por vários fatores econômicos, geográficos e culturais. Geralmente, quanto maior o desenvolvimento econômico e a taxa de urbanização, maior a quantidade gerada de RSU. Por exemplo, residentes urbanos produzem cerca de duas vezes mais lixo do que residentes rurais.
As taxas de coleta nas cidades do planeta variam de 41% em países de baixa renda a um máximo de 98% em países ricos[5]. Os métodos e taxas de destinação de RSU também variam significantemente ao redor do mundo. Um exemplo disso do estudo "What a Waste" do Banco Mundial é a comparação entre a situação nos países mais ricos (países da OCDE) e nas regiões mais pobres (África). Apesar de ter populações praticamente iguais, a região da OCDE produz cerca de 100 vezes mais lixo do que da África. Quase 100% do lixo coletado na região da África é destinado a lixões ou aterros, enquanto mais de 60% dos resíduos dos países do OCDE são desviados dos aterros.
Algumas regiões na Europa e na América do Norte se destacam em relação à gestão de resíduos sólidos. Uma cidade pioneira é São Francisco no estado de California (EUA). A Prefeitura de São Francisco estabeleceu em 2002 uma meta de lixo zero[6] e cidade alcançou um recorde de 80% de taxa de desvio do aterro em 2010, a maior taxa de desvio em qualquer cidade da América do Norte.
A situação no Brasil[editar | editar código-fonte]
Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil da Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (ABRELPE), o Brasil gerou 78,3 milhões de toneladas RSU, situando-se quase na média per capita mundial em 2012, ou seja, 1,16 kg/pessoa/dia.[7] O Panorama 2016 também mostrou que 3.326 municípios brasileiros destinaram seus resíduos sólidos para locais impróprios, equivalente a 59,7% dos municípios, e 76,5 milhões de pessoas sofrem os impactos negativos causados pela destinação inadequada dos resíduos.[8]
Florianópolis é uma cidade Lixo Zero pioneira no Brasil. A capital catarinense se comprometeu durante uma reunião promovida pela prefeitura a recuperar 90% dos resíduos orgânicos e 60% dos recicláveis secos até o ano de 2030.[9] O Programa Florianópolis Capital Lixo Zero foi instituído no município pelo DECRETO Nº 18.646, do dia 04 de junho de 2018.[10]
Jurisdições Lixo Zero[editar | editar código-fonte]
Vários governos municipais declararam o lixo zero como uma meta, incluindo:
- Brasil
- Emirados Árabes Unidos
- Estados Unidos
- Itália
- Japão
Referências
- ↑ «ILZB – Conceito Lixo Zero». ilzb.org. Consultado em 19 de julho de 2018
- ↑ «Zero Waste International Alliance». zwia.org (em inglês). Consultado em 19 de julho de 2018
- ↑ «Zero Waste Hierarchy | Zero Waste International Alliance». zwia.org (em inglês). Consultado em 19 de julho de 2018
- ↑ «Urban Development - What a Waste: A Global Review of Solid Waste Management» (PDF). documents.worldbank.org. 2012. Consultado em 25 de julho de 2018
- ↑ «Urban Development - What a Waste: A Global Review of Solid Waste Management» (PDF). documents.worldbank.org. 2012. Consultado em 25 de julho de 2018
- ↑ «| sfenvironment.org - Our Home. Our City. Our Planet». sfenvironment.org - Our Home. Our City. Our Planet (em inglês). 15 de outubro de 2011
- ↑ «Abrelpe - Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais». www.abrelpe.org.br. Consultado em 25 de julho de 2018
- ↑ «SITUAÇÃO ATUAL DOS RESÍDUOS SÓLIDOS NO BRASIL - portalresiduossolidos.com». portalresiduossolidos.com. 25 de março de 2017
- ↑ Spitzcovsky, Débora. «Florianópolis se compromete a ser 1ª cidade "Lixo Zero" do Brasil». The Greenest Post
- ↑ «Leis Municipais». leismunicipais.com.br. Consultado em 25 de julho de 2018
- ↑ «Leis Municipais». leismunicipais.com.br. Consultado em 25 de julho de 2018
- ↑ «Chapecó lança o programa lixo zero». Prefeitura de Chapecó. Consultado em 12 de abril de 2019
- ↑ SAPO. «Sem carros e sem lixo: conheça Masdar, a cidade do futuro - SAPO Viagens». SAPO Viagens
- ↑ GreenNation. «São Francisco é a cidade que mais recicla nos EUA»
- ↑ «CAPANNORI RESÍDUO ZERO EM 2020». Aliança Resíduo Zero Brasil. 27 de julho de 2015
- ↑ «Kamikatsu, uma cidade sem lixo». Colabora. 7 de junho de 2018