Londínio

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Modelo de Londínio entre 85 e 90, em exibição no Museu de Londres, mostrando a primeira ponte construída sobre o Tâmisa
Antoniniano de Caráusio, cunhado em Londínio

Londínio[1][2] (em latim: Londinium) foi uma cidade fundada pelos romanos em meados do século I, no território ocupado pela atual Londres, capital da Inglaterra. Rapidamente tornou-se a capital da Britânia romana, servindo como um dos principais centros comerciais imperiais até o seu abandono, durante o século V.

A cidade teria sido estabelecida após a invasão de 43 d.C., liderada pelo imperador Cláudio. Alguns arqueólogos propuseram que a localidade teria sido fundada como um povoado civil (civitas) por volta do ano 50. Um ralo de madeira encontrado ao lado da principal estrada romana escavada em No 1 Poultry[3] foi datado, através de dendrocronologia, ao ano de 47, tido também como outra possível data de fundação.

Antes da chegada das legiões romanas, a área era quase certamente um campo aberto, cruzado por riachos como o Walbrook.[4] Londínio foi fundada no ponto em que o rio Tâmisa é estreito o suficiente para que se construa uma ponte e bastante profundo para que navios vindos do mar possam cruzá-lo. Em 1981, foram encontrados restos de um enorme cais romano utilizado como base para a construção de uma ponte, próximo à atual Ponte de Londres.

Acredita-se, tradicionalmente, que Londínio tenha tido seu início como um povoado civil, embora também existam evidências de que tenha sido uma fortaleza romana. Escavações arqueológicas realizadas pelo Departamento de Arqueologia Urbana do Museu de Londres (MOLAS) desde a década de 1970, no entanto, não foram capazes de mostrar traços de ocupação militar do sítio, portanto muitos arqueólogos acreditam atualmente que Londínio tenha sido fruto da iniciativa privada.[5] Sua localização, ao lado de um concorrido ponto de cruzamento do rio, fazia dela local perfeito para comerciantes de todo o Império Romano montarem seus negócios.

Etimologia[editar | editar código-fonte]

O nome seria pré-romano (e talvez mesmo pré-celta) em sua origem, embora não exista consenso sobre o seu significado. Era prática comum dos romanos adotar os nomes nativos nos povoados que fundavam. Uma teoria comum é que o nome seria derivado de um topônimo celta hipotético, Londinion,[6] que provavelmente era derivado do nome próprio Londinos, onde lond significaria "selvagem".

Uma teoria proposta pelo linguista inglês Richard Coates,[7] que não foi amplamente aceita, sugere que o nome deriva de um nome de rio europeu antigo 'celtificado', que formaria parte do estrato mais antigo da toponímia europeia, no sentido estabelecido pelo filólogo alemão Hans Krahe; Coates sugeriu uma derivação do termo pré-céltico Plowonida — formado por duas raízes, plew e nejd, possivelmente significando "o rio que corre" ou "o amplo rio que corre". Assim, Londínio significaria "o povoado no amplo rio". Coates ainda sugere que o rio era chamado de Tâmisa nos locais onde era mais estreito, e Plowonida correnteza abaixo, onde era largo demais para ser cruzado.[8]

Inscrições e grafitos encontrados por arqueólogos confirmam que o latim era o idioma oficial. Acredita-se que os povos locais falavam a língua celta chamada de língua britânica ou britônica pelos estudiosos atuais, e de Lingua Gallica ("língua gaulesa") pelos romanos; esse idioma seria o ancestral do galês, do córnico e do bretão.

Referências

  1. Neves 2014.
  2. History.
  3. «"Summary of the excavation reveals much about the planning of Londinium."». Consultado em 19 de abril de 2011. Arquivado do original em 16 de julho de 2011 
  4. Ver rios subterrâneos de Londres.
  5. Wacher: Towns of Roman Britain, 88-90
  6. Esta etimologia foi sugerida pela primeira vez em 1899, por d'Arbois de Jubainville, e foi aceita de maneira geral (como por F. Haverfield, "Roman London" The Journal of Roman Studies 1 (1911:141-172) p. 145
  7. Coates (Universidade de Sussex), "A New Explanation of the Name of London" Transactions of the Philological Society 96.2 p. 203-229.
  8. Uma crítica da mitografia de Geoffrey de Monmouth e outras origens lendárias do topônimo podem ser encontradas em "Legendary Origins and the Origin of London's place name", adaptado de Kevin Flude e Paul Herbert, The Citisight's Guide to London (Virgin Book 1990)

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Billings, Malcolm (1994), London: a companion to its history and archaeology, ISBN 1 85626 153 0
  • Brigham, Trevor. 1998. “The Port of Roman London.” In Roman London Recent Archeological Work, editado por B. Watson, 23–34. Michigan: Cushing-Malloy Inc. Documento lido em seminário realizado no Museu de Londres, 16 de novembro.
  • Hall, Jenny, and Ralph Merrifield. Roman London. Londres: HMSO Publications, 1986.
  • Haverfield, F. "Roman London." The Journal of Roman Studies 1 (1911): 141–72.
  • Inwood, Stephen. A History of London (1998) ISBN 0333671538
  • John Wacher: The Towns of Roman Britain, Londres/Nova York 1997, p. 88–111. ISBN 0-415-17041-9
  • Gordon Home: Roman London: A D 43–457 Eyre and Spottiswoode (Londres), 1948, sem ISBN.
  • Milne, Gustav. The Port of Roman London. Londres: B.T. Batsford, 1985.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]