Longosomatidae

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Como ler uma infocaixa de taxonomiaLongosomatidae[1]
Heterospio catalinensis (foto de K. Barwick).
Heterospio catalinensis (foto de K. Barwick).
Classificação científica
Reino: Animalia[1]
Sub-reino: Bilateria[1]
Infrarreino: Protostomia[1]
Superfilo: Lophozoa[1]
Filo: Annelida[1]
Classe: Polychaeta[1]
Subclasse: Sedentaria[1]
Infraclasse: Canalipalpata[1]
Ordem: Spionida[1]
Subordem: Spioniformia[2]
Família: Longosomatidae[1]
Resumo dos táxons reconhecidos
Gênero Heterospio Ehlers, 1874[3]
  • Heterospio angolana Bochert & Zettler, 2009[3]
  • Heterospio catalinensis (Hartman, 1944)[3]
  • Heterospio indica Parapar, Vijapure, Moreira & Sukumaran, 2016[3]
  • Heterospio longissima Ehlers, 1874[3]
  • Heterospio mediterranea Laubier, Picard & Ramos, 1973[3]
  • Heterospio peruana Borowski, 1995[3]
  • Heterospio reducta Laubier, Picard & Ramos, 1973[3]
  • Heterospio sinica Wu & Chen, 1966[3]

Longosomatidae é uma família de animais anelídeos poliquetas marinhos bentônicos pouco conhecidos.[4][5] Eles são caracterizados por terem alongados filamentos branquiais anteriores e segmentos medianos do corpo alongados, cada um rodeado por um anel quase completo de cerdas.[4]

Morfologia[editar | editar código-fonte]

Os longosomatídeos possuem corpo com cerca de 40 a 70 mm de comprimento e 1 mm de largura, tendo, provavelmente, em torno de 30 segmentos.[4][6][7] Pouco se conhece desses animais, ainda mais porque seus exemplares se fragmentam facilmente.[8]

Sendo do grupo dos anelídeos poliquetas, seu corpo possui três regiões principais: a cabeça, o tronco e o pigídio.[7][9] A cabeça é formada por duas partes: o prostômio, que é a mais anterior, e o peristômio, a mais posterior, onde fica a boca.[7][9] O tronco é formado por vários segmentos repetidos.[7][9] E o pigídio é a extremidade posterior, onde fica o ânus.[7][9]

O prostômio é pequeno e tem uma forma quase triangular, sendo desprovido de olhos e apêndices. Em suas bordas posteriores, há os órgão nucais, que são eversíveis.[4][6][8] O peristômio está reduzido à região bucal e é portador de um par de palpos sulcados. Estes são facilmente perdidos e dificilmente observados, mas é dito que marcas de sua presença são observáveis.[4][6][7]

Esquema da região anterior de Heterospio longissima em vista dorsal (adaptado de Rouse & Pleijel, 2001).

No tronco é possível distinguir as regiões chamada tórax, mediana e posterior.[4][6][7]

Os segmentos do tórax são curtos e semelhantes entre si, exceto pelo primeiro, que não possui parapódios.[6][8] Os parapódios são birremes, reduzidos, sem acículas nem cirros.[4][6][7] [8]Eles também são portadores de brânquias filiformes longas.[4][6][7][8][10] Os seus neuropódios podem ter ganchos.[6][7]

Esquema da região posterior de Heterospio longissima em vista dorsal (adaptado de Rouse & Pleijel, 2001).

A região mediana, também chamada de pós-tórax ou abdômen, possui segmentos muito longos.[6][4][10] Seus parapódios são ainda mais reduzidos, de forma que as cerdas aparentam surgir da parede do corpo.[6][7] Cada segmento possui um anel quase completo de cerdas alongadas capilares e espinhos.[4][6][7][8][10]

A região posterior é bulbosa e, basicamente, não possui parapódios. Também apresenta espinhos, que parecem ganchos.[7]

O pigídio não possui cirros .[7][8]

Como muitos dos espécimes encontrados são apenas fragmentos de extremidades anteriores e alguns segmentos medianos, pouco se conhece sobre suas estruturas internas.[8]

Diversidade e hábitos[editar | editar código-fonte]

Os longosomatídeos vivem em sedimentos moles (não consolidados), desde águas costeiras rasas até águas abissais.[4][6]

Chamam a atenção por ocorrerem em localidades muito distantes entre si, como nos oceanos Pacífico e Atlântico, e mares Mediterrâneo, Vermelho e da China Oriental.[4][8][6]

O grupo possui oito espécies, sendo que, no Brasil, há o registro de uma, Heterospio longissima.[3][11]

Por conta de seus palpos, supõe-se que sejam comedores de depósito superficiais.[4][12]

Nada se sabe sobre sua reprodução, exceto que seus ovos possuem envoltório semelhante ao de Poecilochaetus, Trochochaeta e Spionidae.[4][6]

Não são conhecidos fósseis de Longosomatidae.[7]

Taxonomia e filogenia[editar | editar código-fonte]

Longosomatidae é uma família constituída de um único gênero, Heterospio, com oito espécies nominais.[4][8][3]

História taxonômica[editar | editar código-fonte]

A primeira espécie do grupo foi descrita em 1874, chamada Heterospio longissima, e não foi incluída em nenhuma família.[4][6][7][8][13]

Posteriormente, foi descrito o gênero Longosoma, no qual a autora do nome incluiu Heterospio longissima, e estabelecido a família Longosomidae.[4][6][7][8][14] Mais tarde, a mesma autora percebeu a prioridade de Heterospio sobre Longosoma, dado que ele havia sido descrito antes. Ela, então, sinonimizou Longosoma e Heterospio e propôs mudança do nome da família, para Heterospionidae.[4][6][7][8]

Depois verifica-se a prioridade de Longosomidae em relação a Heterospionidae, como nome de família, e altera-se a grafia, para Longosomatidae. Além disso, incluiu-se todos os integrantes da família Longosomatidae no gênero Heterospio.[4][6][7][8][15]

Filogenia[editar | editar código-fonte]

Evidências morfológicas da monofilia de Longosomatidae seriam os seus segmentos medianos bastante alongados, portadores de anéis quase completos de cerdas.[8]

O grupo foi incluído em Spionida devido a semelhanças com Spionidae, como palpos peristomiais sulcados e densos conjuntos anteriores de cerdas.[4][6] Entretanto, a família também possui semelhanças com Cirratulidae, pertencente à ordem Terebellida, como brânquias filiformes e palpos peristomiais.[4][6] Aparentemente, muitos dos caracteres analisados constituem homoplasias e reversões.[4][6]

Além disso, em um estudo posterior, Longosomatidae apareceu dentro de Spionidae, tornando este grupo parafilético.[16]

Dessa forma, mais estudos são necessários para que se saiba a posição de Longosomatidae em Spionida.[4][6]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k Fauchald, Kristian; Rouse, Greg W. (1997). «Longosomatidae Hartman, 1944». ITIS Standard Report Page. Consultado em 14 de junho de 2020 
  2. Read, G.; Fauchald, K. (Ed.) (2020). World Polychaeta database. «Spionida». World Register of Marine Species. Consultado em 26 de junho de 2020 
  3. a b c d e f g h i j k Read, G.; Fauchald, K. (Ed.) (2020). World Polychaeta database. «Heterospio Ehlers, 1874». World Register of Marine Species. Consultado em 16 de junho de 2020 
  4. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w Beesley, Pamela L.; Ross, Graham J. B.; Glasby, Christopher J. (2000). Polychaetes & Allies: The Southern Synthesis. Col: Fauna of Australia (em inglês). 4A Polychaeta, Myzostomida, Pogonophora, Echiura, Sipuncula. [S.l.]: CSIRO Publishing. p. 193-194 
  5. Hartman, Olga (1944). «Longosomatidae Hartman, 1944». WoRMS - World Register of Marine Species. Consultado em 14 de junho de 2020 
  6. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v González, Jesús A. L.; Zavala, José R. B.; Parra, Luis F. C.; Garza, María E. G.; Rivera, Alejandro P.; Vallejo, Sergio I. S.; Weiss, Vivianne S. (2009). Poliquetos (Annelida: Polychaeta) de México y América Tropical. México: Universidad Autónoma de Nuevo León. pp. 251–254 
  7. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s Rouse, Greg W.; Pleijel, Fredrik (2001). Polychaetes. Estados Unidos: Oxford University Press. p. 18, 264-265 
  8. a b c d e f g h i j k l m n o Fauchald, Kristian; Rouse, Greg (1997). «Polychaete systematics: Past and present». Zoologica Scripta (em inglês). 26 (2): 102. ISSN 1463-6409. doi:10.1111/j.1463-6409.1997.tb00411.x 
  9. a b c d Brusca, Richard C.; Brusca, Gary J. (2018). Invertebrados 3ª ed. [S.l.]: Guanabara Koogan 
  10. a b c Fauchald, Kristian (1977). The Polychaete Worms: Definitions and Keys to the Orders, Families and Genera. [S.l.]: Natural History Museum of Los Angeles County. p. 27-28 
  11. Amaral, A. Cecília Z.; Nallin, Silvana A. H.; Steiner, Tatiana M. (2010). Catálogo de Espécies de Annelida Polychaeta do Brasil. Campinas: Instituto de Biologia, UNICAMP. p. 120 
  12. Fauchald, Kristian; Jumars, Peter A. (1979). «The diet of worms: a study of polychaete feeding guilds» (PDF). Oceanography and marine Biology annual review: 27-28 
  13. Ehlers, E. (1874). «XXXIX.—Annulata nova vel minus cognita in Expeditione 'Porcupine'capta: To the editors of Annals and Magazine of Natural History.». Journal of Natural History. 13 (76): 292-298. Consultado em 11 de agosto de 2020 
  14. Hartman, Olga. (1944). Polychaetous annelids. Part VI. Paraonidae, Magelonidae, Longosomidae, Ctenodrilidae, and Sabellariidae. Allan Hancock Pacific Expeditions. 10(3): 311-389
  15. Borowski, C. (1995). New records of Longosomatidae (Heterospionidae)(Annelida, Polychaeta) from the abyssal southeast Pacific, with description of Heterospio peruana sp. n. and general remarks on the family. Mitt. hamb. zool. Mus. Inst. Ergänzungsband, 1(92), 129-144.
  16. Blake, J. A., & Arnofsky, P. L. (1999). Reproduction and larval development of the spioniform Polychaeta with application to systematics and phylogeny. Hydrobiologia, 402, 57-106.